Presépio
Em 1583, o Padre Fernão Cardim registra: “Tivemos pelo Natal um presépio na povoação, aonde algumas vezes nos ajuntávamos com boa e devota música, e o irmão Barnabé nos alegrava com seu berimbau”. Presépio e Folia de Reis, obrigatórios no Natal, estão nesta e nas duas páginas seguintes.
Na cidade, na roça, por todo o Brasil, é tradição armar o presépio, representação da Natividade. “Quem armar um ano terá que armá-lo sete anos seguidos, senão acontecerá uma desgraça. O marido armará primeiramente sete anos, depois a mulher poderá armar outros sete.” Assim diz a crendice popular. Montam o presépio em dezembro, fiéis ao hábito português, e atraem visitas pelo esplendor e novidade da apresentação. Exibem-no nas igrejas, residências. Curiosos e devotos o visitam e deixam, depois da oração, a espórtula, a esmola.
Na cena de adoração, na manjedoura de Belém, estão José, Maria, Anjo da Glória, Anjo da Guarda, pastor com ovelha nos ombros, tocador de pífano, de sanfona, camponesa com flores, caçador e seu cão, o profeta Simeão. O galo do céu, carnei-rinho de São João, vaca, jumenta, gambá, cabrito e mula. A caminho, Gaspar, Melchior e Baltasar. Em 6 de janeiro, os três Reis Magos se aproximam para contemplar o nascimento do Deus-menino. Nas casas onde não há presépio, tem-se a Lapinha, maneira mais singela de abrigar o menino Jesus. Lapa ou gruta também pode ter sido o lugar onde Jesus nasceu.
Após o pôr-do-sol, luz artificial ilumina o presépio por toda a noite. A sabedoria popular ensina que “o presépio tem que pousar iluminado, porque quando nasce uma criança é preciso ter uma luz acesa na casa até ser batizada”.
Após o pôr-do-sol, luz artificial ilumina o presépio por toda a noite. A sabedoria popular ensina que “o presépio tem que pousar iluminado, porque quando nasce uma criança é preciso ter uma luz acesa na casa até ser batizada”.
De onde vem a palavrapresépio
Vem do latim praesepium, palavra formada por prae (por causa de) e sepes (cerca, sebe), ou seja: estábulo, curral, cocheira. Na língua portuguesa, designa a instalação que representa o nascimento de Cristo.
Hoje, em muitas regiões, grupos de pastoras se dividem em cordões azul e encarnado. Diante do presépio, cantam e dançam em louvação ao Natal. Ordenando as fileiras, vêm a mestra do cordão encarnado e a contramestra do azul. Oferecem flores ao público e vestem chapéus de palha, saias de chita, laços de filó. A Diana, elemento neutro, traja vestido metade encarnado, metade azul. Fazendo folia, bailam o anjo, a cigana, o velho e outras figuras. As pastoras cantam com pandeiros, acompanhando a orquestra de violões, cava-quinhos e pífanos.
Entrai, entrai pastorinhas
por este portal sagrado
vinde ver a Deus-menino
numas palhinhas deitado.
por este portal sagrado
vinde ver a Deus-menino
numas palhinhas deitado.
Os foliões relembram os três Reis-Magos que, guiados por uma estrela, foram adorar o recém-nascido Jesus na manjedoura, levando oferendas.
Da noite de 24 de dezembro até 6 de janeiro, grupos de músicos percorrem zonas urbanas e rurais, cantando e louvando o nascimento do Deus-Menino. Imitam os Reis Magos, que viajavam guiados por uma estrela. Por isso, a Folia de Reis só sai à noite.O rancho de foliões se compõe de umas 15 pessoas. Cantam e respeitam o Alferes, porta-estandarte da Folia. Tocam violões, cavaquinho, pandeiro, pistão, tantã, clarinete, rabeca. É costume receber os foliões, dar-lhes um dinheiro (o óbolo), oferecer café e receber a bênção. São emissários do Deus-menino, representam os Reis Magos e cantam o nascimento divino. “Como reis devem ser recebidos.”
As folias também cumprem a função de pagar promessa ou alcançar graça. Para isso, é necessário que saia às ruas por, no mínimo sete anos. Os foliões passam somente pelas casas onde há presépio. E quando, no local visitado, se acende uma luz, vem a música.
As folias também cumprem a função de pagar promessa ou alcançar graça. Para isso, é necessário que saia às ruas por, no mínimo sete anos. Os foliões passam somente pelas casas onde há presépio. E quando, no local visitado, se acende uma luz, vem a música.
Os três Magos do Oriente / foram visitar Jesus,
trouxeram por sua guia / a brilhante estrela luz.
trouxeram por sua guia / a brilhante estrela luz.
O dono da casa convida a entrar. Eles tiram os chapéus em frente do presépio:
Foi onde Jesus nasceu, / no presépio de Belém,
salvamos a Deus-menino / e a Maria também.
salvamos a Deus-menino / e a Maria também.
Nesta jornada, ao lado da bandeira, sem nunca passar-lhe à frente, seguem os palhaços mascarados, saltando, dançando, recitando chulas e fazendo brincadeiras. Tentam desviar os Reis do caminho. Na folia capixaba, eles representam satanás. Em Minas Gerais, fazem alusão a Herodes. São também chamados “guardas da companhia” ou mocorongos. Os palhaços têm a obrigação de “tirar” os sete anos. Segundo o dito popular, são seres malfazejos, soldados de Herodes, e só por meio da árdua penitência das máscaras poderão livrar-se do mal. Os rostos devem estar sempre cobertos, os pés descalços.
Quando a bandeira se ergue, o Alferes convida a família para a missa, agradece a hospitalidade e o grupo parte.
Quando a bandeira se ergue, o Alferes convida a família para a missa, agradece a hospitalidade e o grupo parte.
Minha bandeira se despede / vai no giro de Belém.
Adeus, senhores e senhoras, / até o ano que vem.
Adeus, senhores e senhoras, / até o ano que vem.
Você sabia…
… que para lembrar aos fiéis o ambiente em que Jesus nasceu, São Francisco de Assis construiu o primeiro presépio, em Greccio, Itália, em 1223? Ele o exibia à meia-noite, hora simbólica do Natal. Seguia-se missa, que entrava pela hora em que os galos cantam. Daí surge o nome de missa do galo para esta celebração.
… que para lembrar aos fiéis o ambiente em que Jesus nasceu, São Francisco de Assis construiu o primeiro presépio, em Greccio, Itália, em 1223? Ele o exibia à meia-noite, hora simbólica do Natal. Seguia-se missa, que entrava pela hora em que os galos cantam. Daí surge o nome de missa do galo para esta celebração.
Da Redação
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