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domingo, 19 de março de 2017

Superação: vendedor de cremosinho passa na Federal para Medicina

O jovem Cleyton Domingos dos Santos Campos de apenas 18 anos, de família humilde é um dos aprovados e convocados para ingressar no curso de medicina no Campus da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) na cidade de Pinheiro (MA).
Cleyton é filho de pais separados sua mãe é vendedora ambulante de roupas seu padastro é fotografo e vive de “bicos” para aumentar a renda da família. Clayton filho exemplar ajuda a família como vendedor de cremosinho nas ruas da cidade.
O jovem que ainda cursa o 3º ano do ensino médio em uma escola Publica Estadual “Escola Dom Francisco” no município de São Bento foi aprovado para cursar medicina pela universidade mais conceituada do Estado a UFMA um sonho de milhares e uma conquista de poucos.
 Cleyton é hoje o orgulho da população de São Bento e da região da Baixada Maranhense, pois foi o único aprovado entre os 40 alunos que irão iniciar o curso de medicina em Pinheiro da região.
Festejado pela família, pelos colegas de escola, pelos professores, diretores, cleyton disse que está feliz, e não deixa de agradecer seus educadores.
Ele diz que sempre gostou de estudar, mesmo quando morava no interior do município de São Bento, sempre gostou de ler e de ver os livros. Cleyton Campos confirmou que sempre desejou ser médico e poder estudar perto da sua família e da sua casa é muito melhor ainda. Completou.





sábado, 10 de setembro de 2016

Ex-presidiário do Carandiru vira empreendedor e investe em Miami


*
Eu não sou normal. Entre 19 e 29 anos eu vivia de bater carteira. Nessa época eu tinha uma conta em banco chamada "habeas corpus", que usava para me livrar da prisão quando era pego. Aí pensei: "Se com essa determinação, com essa disciplina, eu começar a trabalhar sério, só vai dar eu".

Sou um cara que não sabe nem ler nem escrever, mas tenho 13 imóveis na Flórida e uma frota de cem táxis em Belém e Manaus. E mais 50 em Fortaleza que um filho cuida.

Eu roubava carteira desde os 19 anos em Belém do Pará. Tinha saído de casa aos sete anos, morei na rua, embaixo de viaduto e no mercado Ver-o-Peso. Aos 14 comecei a sair com prostitutas.

Tinha gente que matava, um monte de coisa, mas eu só batia carteira. Vim para São Paulo para ganhar respeito, virar referência, mas acabei preso. Fui duas vezes para o presídio do Carandiru.

Nessa época tinha muita superlotação. Cabiam 7.000 pessoas e tinham 10 mil. Foi aí que decidi deixar o crime.

Peguei minhas coisas, reuni alguns dos meus filhos e voltei para Belém. Eu tenho nove filhos, o mais novo tem 36 anos e hoje estão todos bem. Eu fiz muita burrada quando era mais novo, tive muitas mulheres, mas hoje estou casado.

Eu também levei minha mãe de volta para Belém, ela sempre me acompanhou. Quando roubei pela primeira vez, levei para ela o dinheiro, porque queria tirar ela daquela situação.

Fico muito emocionado quando falo da minha mãe, ela morreu há seis meses, que Deus a tenha.

Tudo o que fiz foi para ajudá-la: entrar no crime, sair do crime, largar as drogas. Eu usei tudo. Até crack. Só consegui parar em 2000. Estou há 14 anos limpo.

Quando voltei para Belém, em 1979, trabalhei em um mercado de peixe e juntei dinheiro para comprar um Fusca. Virei taxista. E coloquei na minha cabeça: vou ter uma frota de dez carros. Consegui. Depois, queria ter 50. Aí pulei para 100. Muita gente da polícia e da Justiça acreditava que eu não ia ser um trabalhador honesto, sempre seria um ladrão. Eu sempre digo: tudo que o homem quer, o homem consegue.

Meu sonho agora é ganhar a cidadania americana e morar em Miami. Estou investindo lá por isso. Compro, reformo e alugo os imóveis. Eu sou como um cão farejador e sinto as oportunidades.

Dentro do crime eu aprendi muita coisa. Eu trouxe a experiência de sofrimento e a visão aguçada.

Quando você coloca a mão no bolso de alguém para roubá-lo, você não olha para ele. Você vê as pessoas em volta, para ver se pode, se ninguém está vendo. É um sentido a mais que eu tenho.

Também aprendi na prisão a conviver com o ser humano, bom ou ruim. O ser humano é a mola do mundo.

Tem humano nos Estados Unidos, em Belém, em São Paulo e na prisão. É esse o segredo do meu trabalho, eu vejo o ser humano, leio a mente dele.







sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Caso Eliza Samudio em quadrinhos: Kajuru diz que entrevista com goleiro Bruno nunca existiu

     O apresentador Jorge Kajuru afirmou à revista “Placar” deste mês que a entrevista com o goleiro Bruno Souza –que está preso acusado de matar sua ex-amante Eliza Samudio, em 2010– nunca existiu.
     A informação sobre a suposta entrevista foi divulgada pelo site da Folha, o F5, em setembro do ano passado. A entrevista nunca foi ao ar. Na época, o ex-advogado do goleiro, Ércio Quarema, negou que a conversa tivesse acontecido. “Essa entrevista nunca ocorreu. Eu jamais negociei entrevista alguma, não tenho contrato nenhum e não estou para receber R$ 150 mil de quem quer que seja”, disse ao UOL na época.
Segundo Kajuru, Quaresma negociou a entrevista e depois a cancelou, pois teria recebido da Record “uma proposta milionária” –o que a emissora nega.
     “Foi uma mancha nos meus 35 anos de carreira”, afirma Kajuru à revista.


Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais concluíram que o goleiro Bruno Souza está envolvido na morte da ex-namorada, Eliza Samudio. 
 Segundo o inquérito, ele nunca aceitou pagar pensão ao bebê que era dele. Por isso, propôs um acordo para atraí-la ao cárcere privado e depois, à morte. O atleta nega as acusações. Entenda que provas a polícia tem contra o goleiro nos quadrinhos a seguir

Um dos primeiros passos da polícia foi a quebra de sigilo telefônico de Eliza. Ainda no Rio de Janeiro, ela telefone para a advogada e diz que está indo falar com Bruno sobre a pensão do bebê. Segundo a defensora, desde então, o celular da ex do goleiro permaneceu desligado.
Um telefonema é registrado no RJ.
 No momento da ligação, Eliza está no Hotel Transamérica, na Barra da Tijuca, pago por Bruno; o amigo do goleiro, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, está na rua do hotel, na Range Rover do goleiro, conforme registro das antenas de telefonia locais. 
Segundo a polícia, Macarrão convenceu Eliza a ir com o filho para o sítio de Bruno, em Contagem (MG)



O registro de ligações telefônicas de Bruno também mostrou contato com outros acusados. Segundo um deles, que foi anexado como prova pela Polícia de MG no inquérito, Bruno falou ao telefone com o primo adolescente enquanto o menor e Macarrão iam buscar Eliza no hotel. Com base na cobertura da antena de telefonia, a polícia traçou o roteiro de onde estava o veículo que ocupavam.
 Ainda segundo a polícia, Eliza relatou a um amigo que se encontraria com Bruno para resolver seu problema; a ligação foi registrada ainda do Hotel Transamérica e confirmada pelo amigo em depoimento nas investigações
Do caminho do hotel ao apartamento de Bruno no Recreio dos Bandeirantes, é registrada uma infração de trânsito do veículo Range Rover, pertencente ao goleiro. Nesse momento, Eliza é golpeada com três coronhadas, segundo relatou o adolescente à polícia.
Laudo revelou que o sangue encontrado no carro pertencia a Eliza e ao adolescente
A polícia também acredita que Fernanda Castro, ex-amante do goleiro, tenha ajudado a manter Eliza em cárcere privado no apartamento do goleiro. 
Registros telefônicos comprovam seu contato com Bruno e o menor, e o condomínio registrou sua entrada na noite em que Eliza teria sido sequestrada
Quebra de sigilo telefônico do goleiro mostra também que Bruno telefonou para o menor e, em seguida, para o administrador de seu sítio em Esmeraldas (MG), Elenílson Vitor da Silva. 
A polícia acredita que o telefonema seria um aviso ao caseiro de que Eliza seria levada para o local
Segundo a polícia, Fernanda Castro cuidava do bebê de Eliza no apartamento de Bruno, no Recreio dos Bandeirantes. A entrada da ex-amante foi registrada pelo condomínio, e o menor relatou a situação de cárcere em depoimento
 Nova ligação foi registrada do aparelho do adolescente, primo de Bruno. 
 O cruzamento dos dados comprovou que Eliza utilizava o aparelho para falar com um amigo. Mais tarde, ele confirmou ter recebido o telefonema, em que Eliza dizia já estar em Minas Gerais resolvendo problemas com o goleiro
A entrada de Bruno em seu condomínio com uma BMW preta é registrada na portaria. 
Às 23h42, o veículo comete uma infração de trânsito na Linha Vermelha (RJ), traçando o roteiro do início da viagem dos acusados a Minas Gerais
A Range Rover onde estão Macarrão, Eliza, o adolescente e o bebê comete uma infração de trânsito em Esmeraldas (MG). 
A polícia incluiu a prova no inquérito para comprovar que o veículo deixou o Rio de Janeiro neste dia e horário
- Registro telefônico de Bruno mostra ligação para Macarrão, no momento em que ambos estão na BR 040, estrada que vai do Rio a Belo Horizonte
O trajeto do veículo usado por Bruno é remontado com base nas infrações de trânsito; outra delas é registrada já em Ribeirão das Neves (MG), cidade natal do goleiro, às 5h36
 Fernanda também falava ao celular com o adolescente, segundo quebra de sigilo telefônico. 
Após um dos telefonemas, os dois carros entram em um motel em Contagem (MG). Para a polícia, Fernanda combinava a entrada no local com o menor

 A polícia anexou ao inquérito depoimentos de camareiras do motel e o recibo do cartão de débito de Bruno, usado para pagar pelas duas suítes
Para a polícia, o grupo deixou Eliza e seu bebê no sítio, sob a vigilância do caseiro Elenílson. Depois, foram para Ribeirão das Neves (MG), onde haveria um jogo do time de futebol do goleiro, chamado 100%. 
 Testemunhas confirmaram que Bruno chegou com Fernanda a um bar na cidade naquela noite 
 Segundo depoimento à polícia prestado por Dayanne Souza, mulher de Bruno, o bebê era chamado por todos no sítio de Ryan, e o goleiro afirmou que sua mãe o havia abandonado. A versão também é corroborada por Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno que colabora desde o início com as investigações 
Bruno é visto por testemunhas em uma lanchonete em Ribeirão das Neves (MG) com Fernanda, para encontrar o time 100%. Em seguida, chegaram na Range Rover Macarrão, Cleiton Gonçalves, motorista do goleiro, e Elenílson. Eles permaneceram no local até as 3h30, segundo o dono do bar, e o diálogo da cena é presenciado por Sérgio

O trajeto da BMW de Bruno mais uma vez é traçado por meio de uma nova infração, cometida na estrada em Esmeraldas (MG). A bordo, estão Fernanda e Macarrão, indo para o RJ devolver o veículo emprestado. Às 21h do mesmo dia, Macarrão volta a BH de avião
A Range Rover é apreendida em uma blitz com a documentação atrasada na estrada próxima ao sítio de Bruno. No veículo, estavam Sérgio, o menor e Cleiton Gonçalves, conforme o relato dos policiais e registro da apreensão
O cárcere privado de Eliza continuava. Segundo o testemunho de amigos de Bruno, os acusados jogaram futebol no sítio e fizeram um churrasco, enquanto Eliza estaria trancada em um dos quartos. Os convidados, por ordem do goleiro, não tinham acesso à casa, como normalmente era permitido

Segundo Cleiton Gonçalves afirmou à polícia, Bruno o impediu de entrar na casa do sítio, à qual normalmente ele tinha acesso livre; Cleiton dirigia a Range Rover do goleiro quando o veículo foi apreendido em uma blitz por irregularidades
Dayanne afirmou à polícia que retornou ao sítio, onde ouviu música alta, o que não era habitual. Insistiu em entrar, mas Bruno a impediu. Com a insistência, ele a arrastou para dentro, onde viu Sérgio segurando o bebê de Eliza, a ex de Bruno, o menor, Coxinha, Elenílson e Macarrão. As informações foram prestadas em depoimento
Bruno e Macarrão vão até a casa da avó do goleiro, em Ribeirão das Neves, com o bebê de Eliza; a avó de Bruno, no entanto, negou que tivesse visto o neto neste dia. A informação é baseada em depoimentos de outras testemunhas no caso
A quebra do sigilo telefônico de Eliza mostra que ela conversou ao telefone com uma amiga, que confirmou a ligação. Segundo o depoimento dela, Eliza disse que estava em Minas Gerais, que iria morar lá e que Bruno havia levado seu bebê para conhecer o restante da família
A polícia baseia a saída dos réus do sítio em depoimento de Sérgio, primo de Bruno; segundo ele, Elenílson deixou o local com Coxinha, e Eliza, Macarrão e Bruno permaneceram no sítio
O adolescente disse ter presenciado uma discussão no sítio entre Macarrão e a mulher. Em seguida, Macarrão teria dito para Bruno que "estava na hora". Eliza e o bebê são colocados na EcoSport e levados por Macarrão e o menor para Vespasiano. Bruno continua no sítio 
A mesma antena em Vespasiano (MG) capta ligações entre Bola, o menor e Macarrão, evidências que comprovariam que eles chegaram ao local na EcoSport de Bruno, mas que o goleiro não estava presente. Também com base na narração do adolescente, a polícia concluiu que Eliza foi morta por asfixia
Ainda segundo o adolescente e Sérgio, Eliza teria pedido para não apanhar mais. A forma como Eliza teria sido morta é baseada nos dois depoimentos, já que o corpo nunca foi encontrado para ser examinado pelo IML (Instituto Médico Legal) 
Sérgio diz ainda à polícia que ele, Macarrão e o menor voltaram ao sítio com o bebê e a mala vermelha de Eliza após a morte. Depois, Bruno pediu para Dayanne cuidar do bebê até o dia 14 de junho, porque teria um jogo marcado no RJ. Sobre a ausência de Eliza, o goleiro disse à mulher que a ex voltou a São Paulo para buscar suas roupas 
Sérgio, Macarrão e o menor queimam a mala vermelha de Eliza no sítio, junto com um álbum de bebê; a polícia não encontrou a mala, mas um repórter do jornal 'Folha de S. Paulo' encontrou partes queimadas de fotos de criança em um local próximo ao sítio de Bruno -provas entregues posteriormente aos responsáveis pelas investigações 
Testemunhas dizem à polícia que Bruno e Macarrão chegaram juntos na EcoSport, veículo supostamente usado para levar Eliza à morte, a Ribeirão das Neves (MG), de onde partiriam com o time do goleiro, o 100%, para o Rio de Janeiro. Ambos foram vistos por mais de um dos ocupantes do veículo
Após uma denúncia anônima, de que uma mulher com um bebê teria sido espancada no sítio do goleiro, a polícia vai até o local. 
A essa altura, uma amiga já havia dado parte do desaparecimento de Eliza. Ao receber os policiais, o caseiro José Roberto Machado confirma a presença de uma criança dias antes, mas Elenílson nega. Diante da contradição, ele é conduzido à Delegacia de Homicídios de BH  
A polícia tenta encontrar o bebê de Eliza quando Dayanne Souza, mulher de Bruno, comparece espontaneamente à delegacia em Contagem (MG), acompanhada por Flavio Caetano de Araújo e Wemerson de Souza, o Coxinha. Ela confessa que entregou o bebê a Coxinha. A criança é encontrada na casa de uma mulher chamada Lúcia, a quem teria sido entregue por Flávio, com base em depoimentos
Na casa de Bola, a polícia afirma que o menor descreveu com detalhes os ambientes e o bairro. O menor também conta como Eliza foi morta, embora a polícia não tenha encontrado evidências concretas, como sangue. Enquanto isso, a prisão dos acusados é decretada, e Dayanne e Sérgio são presos temporariamente 
De posse das informações do adolescente, a polícia chega ao ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Depois, o menor alterou seus depoimentos, dizendo que desconhecia o acusado
Bruno, Macarrão, Flávio, Coxinha e Elenílson são presos e levados à penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG); a Justiça mineira recebeu a denúncia do Ministério Público, tornando todos réus em ação penal por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante meio cruel e sem chance de defesa da vítima), cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor. O corpo de Eliza não foi encontrado 











quinta-feira, 1 de maio de 2014

Cercada de brancos, crianças negras recebiam alimentos "ocidentais" como se fossem animais.

Vários países do hemisfério norte organizaram exposições cujos "números" principais eram desempenhados por humanos apresentados como selvagens. Um dos mais chocantes foi a reprodução de uma tribo congolesa, país então colonizado pela Bélgica, durante a Feira Mundial de 1958. Cercada de brancos, crianças negras recebiam alimentos "ocidentais" como se fossem animais.
Essas exposições, na maioria das vezes, tinham por objetivo legitimar a presença de países europeus em suas colônias.
Apesar de abandonar a exposição de humanos, parques temáticos até hoje utilizam o apelo dos "selvagens" em várias atrações. No ano passado, um hotel da África do Sul apresentou como diferencial o fato de reproduzir favelas do país em seus quartos.






terça-feira, 22 de abril de 2014

“Comer uma mulata” não lhe fará menos racista


“Deixar de ser racista, meu amor, não é comer uma mulata!”. A seguir, cinco considerações sobre elogios racistas

Elogio racista é toda demonstração de admiração, afetividade ou carinho que se concretiza por meio de ideias ou expressões próprias ao racismo. Com ou sem a intenção de, que fique bem claro. Um dos mais conhecidos é o famoso “negro de alma branca” que nossos antepassados tanto ouviram. Mas não são apenas nossos homens que conhecem muito bem os elogios racistas. Nós mulheres negras também somos agraciadas com esses pequenos monstrinhos, usados inadvertidamente por amigos, familiares. Muitas vezes até por nossos parceiros.Decidi fazer uma lista com 5 elogios racistas (e sexistas, diga-se de passagem) que muitas de nós escutamos quase que diariamente. Alguns são consenso, acredito. Outros nem tanto. Fico aguardando ansiosa para que você, mulher negra, deixe seu comentário dizendo se também acontece com você.


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Se concorda, se discorda. E sobretudo, o que você faz para deixar bem claro que o elogio racista pode ser tudo, menos bem vindo e apreciado.

01. “Você é uma morena muito bonita”

Esse é o elogio racista que mais escutei em toda minha vida. Minhas primeiras lembranças são do tempo da escolinha. Mesmo mulheres como Adriana Alves ainda são chamadas de morenas, pois se acredita que chamar alguém de negra é uma ofensa racial. Se você precisa se expressar, tente um simples “você é bonita ou atraente”. Ou ainda “você é uma negra linda”, o que, dependendo do contexto pode ser tão ruim quanto.
Mas em hipótese alguma diga que uma negra é morena, moreninha, morena escura. Que não é negra. Isto sim é racismo dos graúdos, pura e simplesmente. Quando acontece comigo, digo que não sou morena e nem moreninha, sou n.e.g.r.a. O bom é que, dependendo de como essa resposta é dada, a pessoa já se toca que ela não deveria ter começado oconversê, que simplesmente não estou disponível para esse tipo de diálogo. Nem com conhecidos, muito menos com estranhos.

02. “Seu cabelo é muito bonito, posso pegar?”

Há alguns anos atrás, uma senhora ultrapassou todos os limites de uma convivência pacífica ao se aproximar de mim, cheia de dedos, me tocando sem permissão e dizendo que eu tinha uma “peruca muito bonita”. Não retruquei de caso pensado, antecipando seu constrangimento por jamais ter cogitado que uma mulher negra pudesse ter um cabelo comprido, ao natural. Minha vingancinha, e sou dessas, foi olhar aquela expressão de arrependimento por ter percebido o que fez.
elogios racistas negras
Alek Wek também é uma modelo de traços delicados (Imagem / Blogueiras Negras)
Entendo que simples visão de uma negra com cabelo natural pode ser inebriante. Que persiste a completa desinformação sobre o nosso cabelo. Porém, isso não justifica o toque sem permissão. Não importa se é cabelo natural ou não. A menos que você conheça muito bem a pessoa, não toque em seu cabelo sem consentimento. Eu iria mais longe. Para mim a boa etiqueta simplesmente reza que não se deve nem mesmo pedir para tocar o cabelo de uma pessoa desconhecida.

03. “Você tem os traços delicados”

Dizer que uma negra tem traços “delicados” muitas vezes tem a ver com a ideia de que será bonita se tiver uma expressão “fina”, leia-se semelhante a de uma pessoa branca. Como se determinado tipo de nariz (ou bochechas) fosse exclusivamente dessa ou daquela etnia. Uma de suas variantes é outra expressão igualmente racista – “você é uma mulher negra bonita” – algo que ao meu ver é a mesma coisa de dizer que “você é bonita para uma negra”.
Afinal, qual a dificuldade de dizer que uma mulher negra simplesmente é… Uma mulher bonita? Porque Alek Wek tem de ser descrita como uma “mulher negra bonita” enquanto as mulheres brancas são apenas “mulheres bonitas”? Mais uma vez, toda a sutileza do elogio racista. Ele reconhece que você é uma pessoa admirável, mas sempre fazendo questão de te colocar “no seu lugar”, como se algumas fronteiras jamais pudessem ser cruzadas.

04. “Você tem a bunda linda”

Essa é uma opinião que certamente não é unânime. Faço questão de expressá-la como uma provocação que representa o pensamento de uma parcela significativa de mulheres negras. Para muitas de nós, esse comentário expressa ahiperssexualização a que somos historicamente submetidas como exemplifica a triste biografia de Saartjie, denominada a Vênus Hotentote, exposta como atração circense em função da admiração que suas nádegas causaram na Europa do século XIX.
mulata elogios racistas
Mulata da Leandro de Itaquera (Reprodução)
Apesar de todo respeito que tenho por tudo aquilo que acontece entre duas pessoas, preciso considerar a tradição racista secular desse tipo de discurso. Trata-se de reduzir a mulher a um pedacinho do seu corpo, desconsiderar sua humanidade, transformá-la num pedaço de carne exposto no açougue como aconteceu e acontece diariamente. Meu conselho é pergunte antes se a mulher a quem você pretende cumprimentar tem a mesma leitura desse tipo de elogio.

05. “Você é uma mulata tipo exportação!”

Esse elogio ainda o tratamento dispensado à mulher negra no seio da senzala, da casa grande. O pensamento que nos reduz em brinquedos sexuais. Dizer que uma mulher negra é uma “mulata tipo exportação” é esquecer uma tradição escravocrata secular, que transforma a mulher negra em “peça” que alcançará boa cotação no mercado onde a carne mais barata é a nossa. O nome desse mercado é exotificação. Em alguns casos, hiperssexualização.
Infelizmente também estamos falando sobre o modo racista com que as mulatas de escola de samba, mulheres que respeito e admiro, são mostradas e consumidas. Mulheres que levam o samba no pé, no sorriso, na raça. Que, ao invés de serem uma referência de beleza, são vendidas como frutas exóticas na temporada do carnaval. Mulheres que recentemente tem sido preteridas por “personalidades da mídia” em nome de uma pretensa “democracia racial” e muitas vezes com a anuências de algumas agremiações.
Qual é a sua opinião?
Porém, preciso dizer que os elogio racistas podem (e devem) subvertidos. Quando o assunto são as mulatas de quem já falei aqui, isso é bastante evidente. Ser uma mulata exportação também atesta um padrão de excelência e traduz qualidades como perseverança, força. Minha professora de dança adora dizer que a graça de uma bailarina é diretamente proporcional à sua força. Mulatas são a expressão mais concreta desse enunciado.
Por isso fiz questão de usar como título desse post, um trecho do poema de Elisa Lucinda, Mulata Exportação, que resume tudo o que tentei dizer até aqui: “deixar de ser racista, meu amor, não é comer uma mulata” como muita gente gosta de pensar. E acrescento, “opressão, barbaridade, genocídio, nada disso se cura trepando com uma escura!”. Muito menos tecendo elogios racistas, diga-se de passagem. Quem o diz é a mulata exportação do poema. Sou eu, somos todas nós que já ouvimos essas porcarias.
Confesso que essa lista tem algo de muito pessoal, cujas entrelinhas tem muitas dedicatórias alimentadas por ironia. Nem por isso menos pertinente. Por isso adoraria ouvir a opinião de vocês. Esqueci algum elogio racista que te incomoda? Que te fez espumar de ódio, revirar os zóios e dizer algumas verdades? Você também acredita que esse tipo de comentário, como tudo aquilo que é racista e preconceituoso, diz muito sobre a pessoa que o faz do que sobre a pessoa a quem se destina?
Texto revisado / Pragmatismo Político