Jornal o Norte Por Vanessa Furtado com informações da TV Clube E-mail: vanessafurtado.pb@dabr.com.br
Carta de Nelci Rones Junior, filho.
Meu nome é Nelci Rones de Sousa Júnior, tenho 27 anos, sou casado, bancário, formado em Marketing e moro em João Pessoa há 10 anos. Como devem perceber pelo nome sou filho de Nelci Rones Pereira de Sousa, que está sendo acusado pelo crime de Pedofilia.
Queria roubar um pouco do precioso tempo de vocês para relatar e esclarecer algumas coisas:
Minha família (meu pai, minha mãe, minhas duas irmãs e eu) veio morar em João Pessoa no ano de 2000, pois minha irmã mais velha, hoje com 29 anos, havia passado no vestibular da UFPB para sociologia. Morávamos em Porto Seguro – BA, e escolhemos João Pessoa pelo paraíso que é, pois não podíamos deixar um paraíso, que é Porto Seguro, por um lugar menos maravilhoso. Tambaba trouxe a família a Paraiba
A nossa vinda também estava motivada pela existência da praia de Tambaba, que meu pai conheceu por volta de 1996 ou 1997 em umas férias, e ficou apaixonado pela beleza do local. Desde que me entendo por gente convivo com o naturismo. Já freqüentamos todas as praias do país, de norte a sul. Meu pai tem o naturismo como filosofia de vida, e defende com unhas e dentes a moralidade e decência nas praias, motivo pelo qual foi alvo de inúmeras ameaças durante esse tempo pelos praticantes de swing e outras formas banais de sexo. Há dez anos meu pai é militante na praia de Tambaba, na maioria das vezes o que recebe as pessoas e explica o que é o naturismo e não deixa ninguém entrar de roupa.
Quando presidente moralizou a praia, deixando entrar somente famílias, muitas vezes com avós e netos, todos em clima de harmonia e tranqüilidade. Lá estávamos eu e a minha também, junto minha avó e amigos. Jogávamos vôlei, futebol, surfávamos, tínhamos amigos verdadeiros que freqüentavam todos os finais de semana.
Separação dos pais
Infelizmente, há 7 anos, meus pais se divorciaram. Fomos morar com minha mãe e meu pai foi morar em Jacumã, pois ficava mais perto da vida dele: Tambaba. Os primeiros anos foram muito difíceis, eu tinha 20 anos, minha irmã mais velha 22 e a mais nova apenas 10. Mas com o passar do tempo fomos nos acostumando. Desde que eu era pequeno meu pai guarda fotos do naturismo. Na maioria nossas, existem fotos minhas de quando eu tinha 7 ou 8 anos. Fazia parte de seu álbum, que hoje está exposto à sociedade e está sendo deturpado pela imprensa e pelas autoridades.
Casa era "extensão de Tambaba"
A nossa casa era a extensão de Tambaba, meu pai ficava nu e isso era comum para nós, que crescemos com a filosofia. Ao se separar da minha mãe, o nu virou obrigatório em sua casa.
Quando íamos visitá-lo tínhamos que nos despir também. Muitos achavam isso anormal, mas nós já éramos acostumados e respeitávamos sua filosofia. Minha irmãzinha, hoje com 17 anos, era a que mais visitava meu pai, passava diversos finais de semana com ele. Para não ficar sozinha, levava alguma amiguinha com ela. Os pais delas sabiam para onde estavam indo e muitos também freqüentavam a praia e estão em muitas fotos.
Toda criança gosta de tirar foto, e meu pai nunca as obrigou, como não nos obrigava quando pequenos. Acontece que na casa dele a lei era a do naturismo. Essas fotos iam para as famílias e ficavam também em seu acervo. Tirou as fotos para tambaba.com.br, quando era presidente. Quando meu pai era presidente da Sonata, colocou no ar o site tambaba.com.br, no qual ele o alimentava. Era um site naturista com notícias e fotos sobre a filosofia.
Todas as fotos eram expressamente autorizadas, inclusive fotos da nossa família. Ao sair da presidência, meu pai deixou de alimentar o site. Este é o ÚNICO site que ele postou fotos, há dez anos atrás.
Na maturidade, vida simples de estudante
Diferente do que estão escrevendo por aí, meu pai vive numa condição muito simples. Não está trabalhando, pois se dedica em tempo integral ao curso de engenharia na UFPB, sonho antigo que está tentando realizar depois da maturidade. A universidade foi muito importante para o meu pai, que vivia muito sozinho. Nós, os filhos, tínhamos encontros esporádicos, pois tínhamos também nossos afazeres e nossa vida social. A que mais o via era a mais nova, que adorava a praia e estar com meu pai.
Execração pública
Hoje, estamos sendo massacrados com as inverdades divulgadas na mídia. A execração pública a meu pai está nos matando por dentro e por fora. Sabemos da filosofia do meu pai, que não é aceita pela sociedade hipócrita que nós vivemos. Sociedade esta que não aguarda a apuração dos fatos para condenar. Meu pai já é considerado culpado. Mesmo que prove sua inocência ele nunca mais será o mesmo. Nós nunca mais seremos os mesmos. Os traumas ficam. E quem vai pagar por isso? A imprensa ou os órgãos competentes não vão à mídia fazer um pedido de desculpas público. O caso vai acabar no esquecimento, mas os traumas ficarão para o resto da vida.
"Sou uma das 'vítimas'"
Dizem 500 fotos e mais de 100 vítimas. Cadê as “vítimas”? Porque ninguém aparece? Bom, eu sou uma delas, já que foram divulgadas fotos minhas também. Minha irmã mais nova é a que mais aparece, será que ela é vítima também?
O Ministério Público está fazendo a parte dele, investigando. Mas será que era necessário esta prisão, da forma que foi e todo esse alarde sem provas concretas?
Cadê os sites que, dizem, “comercializar as fotos de Rones”. Aliás, cadê o dinheiro que meu pai supostamente ganha com esse tráfico? Cadê as mães na televisão chorando dizendo que suas filhas foram molestadas, como em todo caso desse tipo? Cadê as tais fotos, que em cinco meses não acharam? Cadê as tais fotos pornográficas, se até agora só divulgaram fotos de pessoas nuas? O que não é crime, pois a imprensa divulga muitas vezes fotos e imagens de crianças nuas em reportagens sobre pobreza e há uma diferença ENORME entre nudez e pornografia.
Bom, meus amigos, se em cinco meses de investigação não acharam, será que vão achar com meu pai preso? Não dá pra voltar no tempo, nem pra apagar o que já foi dito em todo o Brasil. Fico muito triste em ver o sensacionalismo que se tornou a imprensa brasileira, que não investiga os fatos, apenas os divulga como lhes é dito, com uma boa dose de exagero, pois o exagero vende e dá audiência.
"Meu pai, o que me ensinou ... sobre honestidade e caráter"
Queria deixar os meus esclarecimentos sobre quem é o meu pai, o que me ensinou quase tudo o que sei sobre honestidade e caráter.
Peço também que leiam o blog http://peladista.blogspot.com/?zx=8625f57166273942 e reflitam. Foi escrito por uma pessoa de outro estado que nem conhecemos, mas foi a única sensatez que lemos nos últimos dias.
Dia 25 todos terão um feliz Natal com suas famílias, pena que a minha não. Creio que nada do que escrevi será divulgado, pois não dá mídia. Mas fica meu desabafo.
Leiam a bíblia e acreditem mais em Deus.
“Se tombares mil a teu lado e dez mil à tua direita, não serás atingido. Basta abrires os olhos e verás o castigo dos ímpios” .
Salmo 91:7,8.
Nelci Rones de Sousa Júnior
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