BRASÍLIA _ As últimas visitas, o governador eleito de Brasília, Agnelo Queiroz, e sua família, deixaram o Palácio da Alvorada pouco depois da uma hora da manhã desta segunda-feira. O casal Silva se despediu dos quatro hóspedes da casa cansado, mas feliz, e se recolheu com uma cara de missão cumprida, como se tivesse encerrado apenas mais um dia de trabalho.
A comemoração pela vitória de Dilma Rousseff para suceder Lula na presidência da República só começou após a confirmação do resultado da eleição no telão do cinema do Alvorada. Os primeiros telefonemas foram para a própria Dilma e o vice José Alencar, que está internado num hospital em São Paulo. Em seguida, Lula e Marisa abraçaram os amigos, a nora Marlene, o ministro Franklin Martins e os funcionários do Alvorada.
Aos poucos, começaram a chegar governadores e senadores eleitos pelos partidos aliados, o presidente do Senado, José Sarney, o vice eleito Michel Temer, presidente da Câmara, e alguns outros amigos do casal, como os médicos Roberto Kalil e Cláudia Coser.
Dilma chegou pouco depois das dez da noite com seus três mosqueteiros, Dutra, Palocci e Zé Eduardo, e foi festejada por todos com fortes abraços e pedidos de fotografias. A nova presidente, Lula e Marisa se abraçaram demoradamente.
Mais do que de euforia, foram sentimentos de alívio pelo final da campanha e uma felicidade contida que marcaram o primeiro encontro das turmas do antigo chefe com a da nova presidente, na sala de cinema do Palácio da Alvorada, onde foi servido um lanche de salgadinhos acompanhado de refrigerantes e bebidas diversas. Não houve discursos.
No dia seguinte, assim como no resto do Brasil, nada mudou no Palácio da Alvorada e na vida do casal presidencial. Lula acordou mais tarde do que de costume, por volta das nove da manhã, esgotado pelos últimos dias de campanha, e já encontrou Marisa se divertindo com o noticiário dos jornais, que comentavam o futuro do casal e do novo governo.
Lula não deu nem recebeu, até a hora do almoço, qualquer telefonema de Dilma e seus assessores para falar da transição de governo. Fiel à sua velha rotina de não falar de trabalho nos dias de folga, o presidente em final de mandato não atendeu a nenhuma ligação e aproveitou o feriadão para fazer um longo passeio com Marisa e um casal de amigos do Paraná, Jorge e Marió Samek, pelos jardins do Alvorada.
Lula e Marisa discutiram o que vão fazer, quando tiverem que voltar para o apartamento deles em São Bernardo do Campo, com os pavões e outros bichos que ganharam de presente em sua passagem por Brasília. Eles não têm nenhum plano para o futuro. Lula quer deixar o governo livre de tudo, sem nenhum compromisso com nada nem com ninguém.
“Vou descansar um pouco e só depois vou ver o que faço da vida. Só sei que não vou ficar parado”, disse-me ele durante o jogo de mexe-mexe, na beira da piscina, fazendo troça com o que a imprensa publicou sobre o seu futuro no final de semana. “Eles estão sabendo mais do que eu…”. O almoço também não fugiu do cardápio de rotina: uma bela rabada com agrião acompanhada de polenta e arroz branco.
E o que o leitor acha que Lula vai fazer na vida depois de deixar o poder?
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