Por Ângela Janoni, especial para o Yahoo! Brasil
Em função do crescimento econômico e do maior volume de investimentos no Brasil, vem aumentando o interesse de estrangeiros para trabalhar no país. Segundo pesquisa divulgada em agosto deste ano pelo Ministério do Trabalho, numa comparação entre o primeiro semestre deste ano e o do ano passado, houve um acréscimo de 18,8% na autorização de vistos de trabalho para estrangeiros.
"Hoje o Brasil é visto por outros países como um nicho de mercado, uma oportunidade de desenvolvimento de negócios e de carreira para um executivo", argumenta Fátima Motta, professora do núcleo de gestão de pessoas da ESPM e sócia-diretora da FM Consultores.
Mas não é só o motivo econômico que faz do Brasil um pólo de atração para os estrangeiros. A hospitalidade, o clima agradável, a riqueza cultural, a possibilidade de ter um padrão de vida elevado em relação ao país de origem e de crescimento profissional são razões para o trabalhador querer atuar aqui.
"Não impomos nenhum obstáculo ao estrangeiro, somos receptivos. Então muitos executivos saem do exterior, vêm para cá para permanecer por alguns meses, mas acabam se apaixonando pelo Brasil e pelo povo e acabam ficando", afirma a professora.
Foi o que aconteceu com o holandês Leo Vlasveld. Em 2001, ele veio ao Brasil para abrir uma filial de um grupo holandês que vendia produtos de manutenção e de segurança para o setor de transporte. A companhia fechou as portas dois anos depois, mas Leo abriu uma empresa de trading para representar holandeses e não voltou mais. "O Brasil é ótimo para negócios, tem um clima agradável e pessoas maravilhosas", diz.
Com a vinda de estrangeiros, profissionais brasileiros têm se preocupado em perder a vaga em áreas onde a competição já está muito acirrada, mas Fátima Motta tenta amenizar este medo: "Não vejo a competição como um problema, o profissional tem que se preparar para investir não só nas suas competências técnicas, mas nas humanas também, não perder o foco, planejar sua carreira e estar atento às mudanças do mercado."
Há estrangeiros no Brasil em vários setores: automobilístico, farmacêutico, financeiro, construção civil, hotelaria, seguros, entre outros. Alguns vêm para o país para trabalhar por tempo indeterminado e outros só para participar de projetos específicos. "Muitas companhias investem na compra de máquinas que só existem na matriz no exterior, e no momento de instalá-las aqui, importam alguns técnicos e mão de obra qualificada de fora para ensinar os brasileiros a utilizá-las por um determinado período", explica a professora.
Com a globalização, as empresas deixaram de ter contornos nacionais e hoje a carreira também internacionalizada. Segundo Fátima, do mesmo jeito que o brasileiro quer desenvolver sua carreira no exterior, os estrangeiros querem desenvolver a sua aqui. "Há profissionais que já são selecionados pelas empresas com o objetivo de trabalhar lá fora. Outros, por interesse próprio, não querem permanecer na cidade natal, mas sonham em atuar em vários países", afirma.
Nova paixão
Alberto Parra González, economista venezuelano, sempre teve interesse em trabalhar fora do seu país. Conheceu o Brasil há dez anos numa visita à cunhada casada com um brasileiro, e gostou muito. Em 2002, cursou um MBA nos Estados Unidos, onde aproveitou para aprender português. Em 2003, voltou à Venezuela e foi convidado para trabalhar na área de planejamento e análise financeira na Movistar, operadora de celulares do grupo Telefônica. Na empresa, sempre ficou atento a oportunidades em outros países, e em 2008 comunicou para a sua chefia o interesse de trabalhar no Brasil.
Passados alguns meses, uma vaga apareceu na área dele. Após uma série de entrevistas por videoconferência com diretores brasileiros e espanhóis da Telefônica, o economista foi aprovado para trabalhar no Brasil como gerente de controle de gestão da operadora de telefonia fixa.
Já faz dois anos que González mora em São Paulo com a mulher e os filhos venezuelanos. Adora o país e vê o Brasil como uma ótima oportunidade de crescimento profissional e pessoal.
"Encaro o meu trabalho como um desafio e um aprendizado. Troco experiências com profissionais brasileiros para implementar aqui melhorias em gestão de processos e controles que adquiri na Venezuela e também compartilho com profissionais do meu país as boas práticas que eu aprendi no Brasil. Além disso, eu e a minha família temos a possibilidade de conhecer uma nova língua e uma nova cultura diferente da nossa", afirma.
Alberto acha que a proximidade entre as duas culturas e a hospitalidade do brasileiro facilitou muito a sua adaptação no país: "Os brasileiros e os venezuelanos são muito parecidos, o jeito de pensar é semelhante. A diferença está mais na língua mesmo".
Além do interesse em progredir na carreira, existem outros benefícios oferecidos pelas companhias aos estrangeiros que motivam ainda a mais a vinda desses profissionais ao Brasil. Entre eles estão auxílio-moradia, pagamento da escola dos filhos e de despesas relacionadas ao visto de trabalho, passagens aéreas e a possibilidade de conseguir um padrão de vida mais elevado.
Serviço
As solicitações de visto de trabalho deverão ser feitas diretamente ao Ministério do Trabalho. As instruções específicas estão disponíveis no item "Trabalho Estrangeiro".
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