terça-feira, 30 de novembro de 2010

PARA NÃO VIRAR UM IRAQUE



por Laerte Braga

É inegável que o atual governador do Rio Sérgio Cabral decidiu enfrentar o crime organizado, o tráfico de drogas especificamente. Mas é preocupante constatar que o aparelho policial é em boa parte corrupto e ao longo de muito tempo vem favorecendo e sendo cúmplice do crime.
É despreparado para ações de grande envergadura (exceto quando trata de professores reivindicando melhorias salariais, movimentos sociais buscando reforma agrária, etc). Esse despreparo não é só conseqüência de baixos salários e falta de estrutura, é de corrupção também.
Não é da natureza das forças armadas intervir em conflitos dessa natureza, mas o apoio emprestado pelas três armas tornou possível que as polícias militar e civil do Rio de Janeiro viabilizassem operações concretas contra os traficantes.
Nem é cabível colocar a culpa no governador. As chamadas Unidades de Polícia Pacificadora foram como que estopim para a reação do tráfico. Estava perdendo espaço.
É claro que a imensa e esmagadora maioria da população favelada do Rio de Janeiro e em qualquer lugar é ordeira, formada por trabalhadores e vive atemorizada pelo tráfico, até pela ausência do Estado.
Existem no ar muitos outros bichos voando além dos aviões da carreira.
É preciso, por exemplo, ir fundo na questão das milícias. O embrião dessas organizações está lá nos tempos da ditadura, no antigo esquadrão da morte, em organizações como a Escuderia Le Coq.
Funcionavam à margem da lei, no discurso de defesa da lei da ordem diante da ausência do Estado. No fundo eram organizações criminosas ligadas ao jogo do bicho, à época senhor absoluto do crime organizado no Rio de Janeiro. Um dos principais banqueiros, o capitão Guimarães, era de fato capitão do exército e ligado aos grupos de tortura àquela época. Foi cooptado.
As primeiras tentativas de combater de forma efetiva o tráfico de drogas começaram no governo Leonel Brizola e se estendiam para além da ação policial pura e simples. Os CIESP eram uma raiz de uma árvore que se plantava para gerar frutos a médio e longos prazos.
As organizações GLOBO, por interesses comerciais, econômicos, trataram de criar um “vínculo” inexistente entre o governador Brizola e o crime organizado.
Se nos reportarmos ao Rio de Janeiro da ditadura militar, governos como os de Chagas Freitas, Marcelo de Alencar, Wellington Moreira Franco foram omissos em matéria de políticas de segurança. Desde o feijão com o arroz ao planejamento a médio e longo prazo.
A retomada das grandes facões criminosa ocorreu nos governos de Anthony e Rosinha Garotinho, principais responsáveis pela formação das milícias. Responsáveis e comandante no caso de Anthony Garotinho.
Usando setores das igrejas evangélicas ligadas e controladas por ele o governo entrou nos presídios, nas favelas, formou os grupos de milicianos (a maior parte deles com policiais militares e civis) e gerou um imenso aparato de controle político do estado, tanto quanto de lucro em operações de “proteção”. O distinto cidadão pagar um valor qualquer para ficar livre do tráfico.
Em pouco tempo milícias e tráfico se articularam e se organizaram para atuar em conjunto, ainda que pareçam antagônicas. Uma aliança estratégica.  Um dos secretários de segurança do governo Garotinho, Álvaro Lins, foi preso e perdeu o mandato de deputado estadual por suas ligações com essas milícias.
Na campanha eleitoral de 2006 numa das favelas do Rio o deputado Marcelo Itagiba, também do esquema Garotinho recebeu 18 mil votos com ostensivo apoio das milícias e do tráfico. Nenhum outro candidato conseguiu fazer campanha naquela favela.
A exacerbação dos fatos via mídia, sobretudo pela rede GLOBO por pouco não atinge às raias da insanidade. É simples entender porque não chegaram a tanto. O GLOBO detém os direitos de transmissão da Copa do Mundo e em 2014 a competição será no Rio. Terminada a Copa, se prepare a RECORDE, que detém os direitos em relação às Olimpíadas, 2016.
Por trás da fingida indignação os “negócios”.
No caso do jornalista TIM Lopes a rede tirou o corpo fora de todas as formas possíveis, como revelou o jornalista Mário Augusto Jakobskind e livro detalhado e minucioso sobre o assunto.
A questão para essa gente não é acabar com o tráfico de drogas, mesmo porque os chefões estão nos bairros das elites, ou são presidentes, como era Álvaro Uribe na Colômbia.
O diretor do BBB, o tal Boninho, admitiu em determinado momento ser consumidor de drogas e a seu talante e de seus amigos determinavam quem era “vadia” ou não e “vadias” eram aquinhoadas com baldes de água suja.
O câncer da sociedade está aí, o crime organizado nasce aí.
A ação policial é necessária, mas a reestruturação das polícias, o fim da polícia militar e o surgimento da instituição polícia em sua essência, como força de prevenção e combate ao crime é fundamental. Não interessa às elites. Como não interessa uma profunda reforma do Judiciário, nas várias mazelas que enfrenta, inclusive a corrupção em alguns setores. Daniel Dantas, por exemplo está solto e o delegado Protógenes Queiroz condenado. E Gilmar Mendes continua ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)
O Rio é vítima de traficantes, de milícias justiceiras (mas altamente lucrativas para o ex-governador Garotinho e seus cúmplices, inclusive setores de igrejas evangélicas) e o desafio que o governador Sérgio Cabral tem pela frente, nesse seu segundo mandato, já que se dispôs a enfrentar as quadrilhas que controlam o estado, atemorizam a população, passa por aí.






Como o respeito pelos direitos humanos é fundamental.
Há policiais do BOPE envolvidos em crimes, inclusive seqüestros. Em breve, como os antigos “HOMENS DE OURO” da polícia carioca (era o antigo estado da Guanabara), essa linha entre a lei e o crime vai acabar sendo cruzada. É sedutora e se confere uma força e uma imagem exageradas a policiais que em boa parte das ações que desfecha viola direitos básicos do cidadão e exibe uma sociedade boçal, bárbara, violenta.
Quem não se lembra de Mariel Mariscot? O endeusamento daquele policial é semelhante ao que se faz hoje dos policiais do BOPE.
Há uma cultura da violência e da barbárie sendo vendida. Os fatos acontecidos nos últimos dias no Rio foram uma reação às Unidades de Polícia Pacificadora.
É preciso ir mais longe que ocupar as favelas do Cruzeiro e do Alemão e depois, como previsto, a Rocinha.
É necessário identificar os freqüentadores de salões requintados que comandam toda essa estrutura criminosa. E não há no Rio cidadão consciente que não saiba que um dos chefões é o ex-governador Anthony Garotinho.
Não tem diferença nenhuma, só no status, para qualquer Elias Maluco, ou Marcinho VP, ou Fernandinho Beira-mar.
O que a mídia tenta fazer é transformar o Rio num grande Iraque e prosseguir impávida em seus “negócios”.
Vem aí a edição do BBB-11.
A vitória deste domingo deve ser seguida de políticas públicas de educação, saúde, saneamento básico e outras capazes de integrar essa massa de cidadãos afastados e abandonados pelo Estado.
Um detalhe decisivo. Não vai ser só subir o Alemão do contrário, quando saírem, os traficantes voltam e os moradores vão pagar o pato.
 É imensa a responsabilidade do governo da cidade, do estado e federal.
Do contrário, daqui a pouco, William Bonner vai estar gritando histérico que estamos virando um Iraque e pedindo a presença dos mariners norte-americanos.

Acusado de torturar Dilma leva vida tranquila no Guarujá

Acusado pelo Ministério Público Federal de participar da morte de seis presos políticos e torturar outras 20 pessoas, entre elas a presidenta eleita  Dilma Rousseff, o tenente-coronel reformado do Exército Maurício Lopes Lima descreve a violência nos porões da ditadura como algo “corriqueiro”. Na mesma semana em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o torturador de sua sucessora hoje deve estar se torturando, a reportagem do iG encontrou o militar levando uma vida calma na praia das Astúrias, no Guarujá. 

Foto: iG
Homem apontado como torturador de Dilma pediu para não ser fotografado e permitiu apenas reprodução de imagem sua tirada na época
Hoje aposentado, ele fala tranquilamente sobre os acontecimentos relatados em 39 documentos que serviram de base para a ação civil pública ajuizada na 4ª Vara Cível contra ele. Questionado sobre o uso da tortura nos interrogatórios, comentou: “Era a coisa mais corriqueira que tinha”, afirmou. Embora negue ter torturado Dilma, ele admite que teve contato com a presidenta eleita. Diz que na época não podia sequer imaginar que a veria na Presidência. “Se soubesse naquela época que ela seria presidenta teria pedido: ‘Anota meu nome aí. Eu sou bonzinho’”, afirma. 
A ação aberta contra Lima e os demais acusados – dois ex-militares e um ex-policial civil - se refere ao período entre 1969 e 1970, quando Lima e outros três acusados integraram a equipe da Operação Bandeirante e do DOI-Codi, ambos protagonistas da repressão política durante a ditadura militar (1964-1985). Entre os documentos, está um depoimento de Dilma à Justiça Militar, em 1970, no qual ela pede a impugnação de Lima como testemunha de acusação, alegando que o então capitão do Exército era torturador e, portanto, não poderia testemunhar.

“Pelos nomes conhece apenas a testemunha Maurício Lopes Lima, sendo que não pode ser considerada a testemunha como tal, visto que ele foi um dos torturadores da Operação Bandeirante", diz o depoimento de Dilma. Na época com 22 anos, a hoje presidenta eleita foi presa por integrar a organização de esquerda VAR-Palmares. No mesmo depoimento Dilma acusa dois homens da equipe de Lima de ameaçá-la de novas torturas quando ela já havia sido transferida para o presídio Tiradentes. Ela teria questionado se eles tinham autorização judicial para estarem ali e recebido a seguinte resposta: “Você vai ver o que é juiz lá na Operação Bandeirante”.

   Outros depoimentos deixam mais evidente a ação do militar, como o do frade dominicano Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, descreve em detalhes como foi colocado no pau-de-arara e torturado por uma equipe de seis homens liderados por Lima. “O capitão Maurício veio buscar-me em companhia de dois policiais e disse-me: ‘Você agora vai conhecer a sucursal do inferno’”, diz um trecho do depoimento, no qual ele diz ter recebido choques elétricos e “telefones” (tapas na orelha), entre outras agressões.
O então capitão do Exército é acusado também de ter participado da morte de Vírgilio Gomes da Silva, o "Jonas" da ALN, outra organização de esquerda que defendia a luta armada. Líder do sequestro do embaixador dos EUA Charles Elbrick, Virgílio foi assassinado no DOI-Codi, conforme admitiu oficialmente o Exército em 2009. Lima nega todas as acusações. Leia abaixo trechos da entrevista concedida por Lima ao iG:
iG - Como era chegar em casa e pensar que uma moça como a Dilma, de vinte e poucos anos, havia sido torturada?
Lima - Nunca comentei isso com ninguém, mas desenvolvi um processo interessante. Eu não voltava mais para casa, pois achava que podia morrer a qualquer momento. Me isolei dos amigos e das pessoas que gostava. O quanto mais pudesse ficar longe melhor. Era uma fuga.
iG - O senhor fugia do que?
Lima - De uma realidade. Eu sabia que ia morrer. Minha mulher estudava história na USP. Ela soube por terceiros que eu estava no DOI-Codi. As colegas dela todas presas.
iG - Então não era a tortura que o incomodava?
Lima - É como um curso na selva. No primeiro dia você vê cobras em todo canto. No terceiro dia você toma cuidado. Depois do décimo dia passa um cobra na sua frente e você chuta. É adaptação.
iG - Se tornou uma coisa banal?
Lima - Sim.
iG - E hoje em dia o que o senhor pensa daquilo?
Lima - Penso que só é torturado quem quer. Agi certo. Arrisquei minha vida. Não tive medo. Não tremi, não. E não torturei ninguém. Pertenci a uma organização triste, sim. O DOI-Codi, a Operação Bandeirante eram grupos tristes.
iG - O senhor está pesquisando no projeto Brasil Nunca Mais para preparar sua defesa?
Lima - Sim. Primeiro porque não sei quem falou. Uns me citam, outros "ouvi dizer".
iG - O MPF cita sua participação em torturas contra 16 pessoas.
Lima - É. Outro que me deixa fulo da vida é o Diógenes Câmara Arruda (ex-dirigente do PCB preso na mesma época que Dilma). Ele faz a minha ligação como torturador dele e o CCC (Comando de Caça aos Comunistas, grupo de extrema direita que atuou nas décadas de 60 e 70). Eu tinha uma bronca desgraçada do CCC. Me referia a eles como "aqueles moleques chutadores de porta de garagem". É o que eles eram. Nunca tive nada com o CCC.
iG - O senhor também é acusado de participar da morte do Virgílio Gomes da Silva (o "Jonas" da ALN, morto no DOI-Codi em 29 de setembro de 1969).
Lima - Me acusam de ter matado o Virgílio e de ter torturado o filhinho dele (então com quatro meses de idade). Eu não estava lá e demonstro para quem quiser ver (se levanta e pega um livro do Exército com os registros de todas suas mudanças e transferência ao longo da carreira). Isso são minhas folhas de alterações militares. Pode olhar aí. Fui transferido para a Operação Bandeirante no dia 3 de outubro. O Virgílio foi morto no dia 29 de setembro.
iG - Não havia entre os militares a questão moral de que a tortura desrespeita os direitos humanos?
Lima - A tortura diz respeito a direitos humanos e o terrorismo também.
iG - Um erro justifica o outro?
Lima - Estão ligados. Tortura no Brasil era a coisa mais corriqueira que tinha. Toda delegacia tinha seu pau-de-arara. Dizer que não houve tortura é mentira, mas dizer que todo delegado torturava também é mentira. Dependia da índole. As acusações não podem ser jogadas ao léu. Têm que ser específicas. Eu sei quem torturava e não era só no DOI-Codi, era no Dops também. Mas eu saber não quer dizer que eu possa impedir e nem que eu torturasse também. A tortura é válida para trocar tempo por ação.
iG - Quem torturava?
Lima - O maior de todos eles já morreu e não dá para falar dos mortos.
iG - Alguma vez o senhor contestou a prática de tortura no DOI-Codi?
Lima - Não porque existia um responsável maior, o comandante do DOI-Codi. Eu fiz a minha parte. Se eu fosse mandado torturar, não torturaria. Outros não. O Fleury (delegado Sérgio Paranhos Fleury), por exemplo, até dava um sorriso.

Ilustres Brasileiros


CARTOLA

“Foi um sonho que a gente teve”

{novembro de 2002}
Um amigo o definiu com a frase acima. “Faço samba, música para você guardar dentro de si eternamente”, eis uma autodefinição do mangueirense que deslumbrou eruditos como Villa-Lobos.
Cartola
Cartola
Não teve samba na Mangueira. Era 30 de novembro de 1980. Morreu Cartola. Em Mangueira passou quase a vida toda, fez amigos, casou, cuidou dos filhos e netos. Desde que a família saiu de Laranjeiras, o morro foi seu universo, sua inspiração.
Menino, não demorou a se ambientar à malandragem. Entregou-se ao samba. Não parava em emprego. Como ajudante de pedreiro, usando chapéu-coco para não sujar os cabelos com cimento, ganhou o apelido célebre. Fazia parte do grupo mais barra-pesada. Eram bons de briga e de samba. Respeitado pelo talento com o violão e a criatividade para compor, parou com as arruaças, uniu os sambistas e criou uma escola de samba.

Chega de Demanda
Num samba, convocou:
Chega de demanda / Chega! / Com este time temos que ganhar / Somos da Estação Primeira / Salve o morro da Mangueira.
Em 28 de abril de 1928, fundaram a Mangueira. Cartola escolheu cores e nome. “Resolvi chamar de Estação Primeira porque, contando a partir da Central do Brasil, era a primeira estação de trem, onde tinha samba.”
Envolvido com assuntos da escola, levava a vida. Nada o afastou das farras, nem o casamento com Deolinda, mulher mais velha, experiente.
Compunha com tanta facilidade, que criava hoje e esquecia amanhã. Certa vez, o compositor Nelson Sargento cantou um samba lindo. Cartola quis saber de quem era. “É teu.” E para provocar: “Se me der parceria, canto mais uns dez que tu não lembra.”
A produção crescia. Cantores famosos paravam carros luxuosos no pé do morro para comprar seus sambas.

Não Quero Mais Amar a Ninguém
Período difícil. Decepciona-se com a escola. Os desfiles seguem padrões da classe média, deixando de lado as tradições enraizadas nos morros. Deolinda morre. Cartola chora em versos.
Desaparece. Chegou a ser dado como morto. Cantaram sambas “em memória”. A vida mudaria com um grande amor. Zica, cunhada do amigo e parceiro Carlos Cachaça. Passaram a viver juntos no início da década de 1950. Em 1964, quando decidiram casar, ao dar entrada nos papéis, descobriu chamar-se Angenor de Oliveira, e não Agenor. Com ela, Cartola voltou para a Mangueira. Deprimido, bebia até duas garrafas de cachaça por dia. Quem segurava a onda era Zica, cozinhando e vendendo marmitas.

O Sol Nascerá
Certa noite, o jornalista Sérgio Porto, que assinava Stanislaw Ponte Preta, tomava café num bar em Copacabana, quando deu de cara com um lavador de carros. “O senhor não é o Cartola da Mangueira?” Ele mesmo.
Ponte Preta promoveu seu retorno. Publicou notas, levou-o a seu programa na Rádio Mayrink Veiga.
Cartola e Zica montaram restaurante, o Zicartola. Vivia abarrotado de compositores e músicos. Mal administrado, faliu.
Em 1974, aos 63 anos, Cartola grava o primeiro disco, graças ao empenho do produtor J. C. Botezelli, o Pelão. Ganhou todos os prêmios do ano e a oportunidade de assentar a vida. Shows, programas de televisão e rádio, madrugadas em estúdios, excursões.

Tempos Idos
Cartola, que mal concluiu o primário, encantava compositores como Villa-Lobos. Musicólogos derramaram-se em elogios. Diziam que Cartola era um dos maiores elos entre nosso passado lírico profundo e nossa gente mais simples.
No final dos anos 1970, descobriu que tinha câncer. Até morrer, aos 72 anos, continuou a compor e cantar. Sobre o caixão, bandeiras da Mangueira e do Fluminense. A multidão cantando As Rosas Não Falam. E o sentimento de todos expresso na frase do sambista Nelson Sargento:
“Cartola não existiu. Foi um sonho que a gente teve.”


“O MELHOR PRODUTO DO BRASIL AINDA É O BRASILEIRO”
Câmara Cascudo

Janaina Abreu

Eleição deixa rombo de R$ 9,6 mi a Serra

A campanha do tucano José Serra à Presidência deve deixar uma dívida de R$ 9,6 milhões para o partido.. O tesoureiro José Gregori afirmou ontem que a contabilidade a ser entregue hoje ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve indicar que as receitas somaram R$ 120 milhões ante despesas de R$ 129,6 milhões.
'Infelizmente, não estamos conseguindo empatar o custo com a receita', afirmou Gregori. Além de Serra, a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e os políticos que disputaram o segundo turno para os governos estaduais e do Distrito Federal terão de encaminhar hoje suas contabilidades à Justiça Eleitoral. Os 16.683 políticos que disputaram apenas o primeiro turno gastaram R$ 2,77 bilhões na campanha, conforme dados divulgados ontem pelo TSE.
No caso de Serra, segundo Gregori, se o prazo fosse prorrogado em 15 a 20 dias as contas fechariam. 'Embora não se tenha dúvida de que a diferença não coberta vai ser paga, era preciso de mais 15 a 20 dias para entrar essa receita', disse. 'Na realidade objetiva, não é um débito. São restos a pagar que estariam cobertos por receitas prometidas se o prazo (para a prestação de contas) não fosse nesta terça à meia-noite', afirmou.
'Na realidade, é uma doação, não é um contrato. Não pode ir lá com um oficial de Justiça e dizer: 'me pague no dia 29'. É uma relação de confiança. As pessoas fazem um gesto unilateral, de oferecer para o candidato e o partido uma determinada quantia. Então não dá para fazer com eles uma coisa que seria feita se a gente estivesse falando de uma contabilidade comercial', declarou.
Gregori explicou que a legislação determina que se houver diferença entre receitas e gastos esse débito passa para o partido. 'Há uma transferência contratual em que os responsáveis pela campanha dizem que há um débito para ser resgatado pelo partido e o partido dá um documento para o comitê que vai ser apresentado para a Justiça Eleitoral dizendo que ele aceita', afirmou.
Balanço. De acordo com o TSE, a eleição, no primeiro turno, teve um custo médio de R$ 20,41 por eleitor. O consumo de recursos será ainda maior quando forem computados os gastos feitos pelos candidatos que enfrentaram o segundo turno para presidente e governos estaduais.
Em valores absolutos, o recorde de gastos no primeiro turno ficou com os candidatos de São Paulo, Estado onde votam 30.301.398 eleitores, ou 22,31% do eleitorado do País. Segundo os dados do TSE, os 2.552 candidatos de São Paulo gastaram R$ 482,04 milhões. Com isso, o custo médio da campanha foi de R$ 15,91 por eleitor. Mas Roraima teve o custo individual do voto mais elevado do Brasil. Com 271.890 eleitores, a média de gasto com cada eleitor foi de R$ 96,30.
Ao todo, os gastos dos candidatos a deputado federal, estadual e distrital foram os maiores em valores absolutos. Segundo as informações divulgadas pelo TSE, foram gastos R$ 1,83 bilhão, ou seja, 66,13% do total de R$ 2,77 bilhões consumidos com as campanhas de todos os candidatos que disputaram o primeiro turno e já prestaram contas.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Nova suspeita de corrupção na Fifa inclui Ricardo Teixeira



Nova suspeita de corrupção na Fifa inclui Ricardo Teixeira   
[+]AFP

ZURIQUE, Suíça (AFP) - Novas acusações de corrupção sobre dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) foram feitas nesta segunda-feira pela imprensa suíça, a poucos dias do anúncio das sedes das Copas do Mundo de 2018 e de 2022.
Segundo o jornal Tages-Anzeiger, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, o presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), Issa Hayatou, e o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o paraguaio Nicolás Leoz, estiveram vinculados a uma lista secreta de pagamentos após a falência de uma empresa associada à Fifa.
Há quase uma década, em 2001, a agência de marketing ISMM/ISL faliu em meio a uma polêmica sobre acusações de que subornos foram pagos na atribuição de contratos de televisão.
Neste caso, um tribunal do cantão suíço de Zug impôs multas a três executivos da ISMM/ISL em 2008 por fraude e crimes contábeis.
Leoz já figurava na lista como receptor de pagamentos suspeitos da agência de marketing, além de outras empresas com sedes em paraísos fiscais, segundo os dados apresentados pela procuradoria suíça em 2005.
Teixeira, Leoz e Hayatou integram o grupo de 22 dirigentes do Comitê Executivo da Fifa que escolherão na próxima quinta-feira as sedes dos Mundiais de 2018 e de 2022.
As acusações do Tages-Anzeiger se somam, entre outras, às denúncias que deixaram o taitiano Reynald Temarii e o nigeriano Amos Adamu de fora da votação do dia 2 de dezembro.
Inglaterra, Rússia e as candidaturas conjuntas Espanha-Portugal e Holanda-Bélgica disputam a organização da Copa de 2018, enquanto Austrália, Estados Unidos, Japão e Qatar desejam organizar o Mundial de 2022.

Confronto inevitável

E quando Meirelles disse “ou ele ou eu” teria selado definitivamente o seu destino. 
Por Mino Carta

Um velho amigo comentou dias atrás: “Ele se meteu em uma enrascada sem saída quando disse: ou ele, ou eu, como Golbery”. Bom assunto para um almoço pacato. Comparava o chefe da Casa Civil de três ditadores, Castello Branco, Geisel e Figueiredo, com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que se prepara a deixar seu posto para Alexandre Tombini, diligente funcionário do próprio banco do qual é o atual diretor de Normas.
  O impasse para Golbery deu-se logo após a desastrada operação que resultou na tragicomédia do Riocentro, a 1º de maio de 1981. A bomba explodiu no colo do terrorista de Estado que a carregava de carro, destinava-se a provocar uma hecatombe em meio a um espetáculo musical que reunia 20 mil pessoas. Felizmente, uma apenas foi para o Além, quem sabe o Inferno, enquanto o que dirigia o veículo ficou gravemente ferido. O inspetor Clouseau não se sairia melhor.
 O humor negro do episódio não haveria de abrandar a profunda irritação que tomou conta do chefe da Casa Civil de João Baptista Figueiredo. Logo depois de ser informado a respeito do evento, caminhou até o gabinete presidencial e exigiu a demissão imediata do comandante do I Exército, sediado na Vila Militar do Rio, o general Gentil Marcondes, primeiro responsável por uma missão de inauditas dimensões criminosas, da qual ele teria de estar necessariamente a par.
 Na visão de Golbery, era nítido o propósito da operação fracassada, inserida em um programa de atentados em escalada, que já haviam visado bancas de jornais no Rio e em São Paulo, a sede da OAB nacional e as oficinas da Tribuna da Imprensa. Pretendia-se precipitar um clima de tensão extrema, de sorte a implodir o plano da chamada abertura e a justificar a permanência dos militares no poder. Quer dizer, depois de Figueiredo, previsto como o derradeiro ditador, viria outro da casta fardada, e ele já tinha nome, o general Octávio Medeiros, chefe do SNI e protetor do general Gentil.
 Uma guerra surda eclodiu dentro do Palácio do Planalto, a cheirar cada vez mais a quartel, o comandante do I Exército ficou onde se encontrava, o inquérito sobre a tragicomédia debandou para a farsa, e foi então que Golbery impôs: ou Medeiros, ou eu. Figueiredo optou por aquele. Assim como Dilma Rousseff escolheu Mantega e, portanto, Tombini.
 É o pensamento do velho amigo, também sábio. Está claro que enredo e protagonistas são bem diversos daqueles, mas a chave da compreensão da saída de Meirelles aí estaria. De todo modo, o confronto era inevitável, em um caso e noutro. Há na imprensa quem se esforce para provar que Mantega foi escolha de Lula, bem como a dos demais da equipe econômica. É do conhecimento até do mundo mineral, contudo, que, desde a composição do primeiro gabinete de Lula presidente, Meirelles foi indicado por ele, e depois, anos a fio, por ele mantido a despeito das críticas crescentes, partidas de conselheiros importantes e de largos setores do empresariado, às políticas rígidas do BC.
 A autonomia do presidente do banco é reivindicação teoricamente aceitável. Assim se dá em outros países reconhecidamente democráticos, onde se enxerga o presidente do Banco Central como alto funcionário a serviço do Estado e não deste ou daquele governo, estável na função independentemente dos resultados eleitorais, personagem imanente, digamos assim, em lugar de contingente. No Brasil atual, a ideia de Meirelles é impraticável.
 De fato, ou Mantega ou Meirelles. CartaCapital não se surpreendeu com a escolha final da presidente eleita, e aqui manifesta seu apreço pela decisão. E sabe que Tombini chega com o aval da presidente e do seu futuro ministro da Fazenda. No mais, é perfeitamente possível que meu velho e sábio amigo esteja certo: na hora azada, o aut-aut de Meirelles foi a gota decisiva. O mesmo amigo murmura: “É um bancário que deu certo”.

domingo, 28 de novembro de 2010

A lista dos cem "pensadores globais" mais importantes do mundo segundo a prestigiosa revista internacional "Foregin Policy" aponta o ministro brasileiro das Relações Exteriores Celso Amorim como o 6º lugar do seu ranking. A lista completa, que sai na edição de dezembro da publicação, foi divulgada neste domingo (28) no site da revista.Veja a lista completa no site da revista, em inglês
Segundo a "FP", Amorim se esforçou para transformar o Brasil em uma potência internacional sem seguir cegamente o governo dos Estados Unidos nem romper com os americanos como fizeram outros governos de esquerda. A participação dele na negociação com o Irã, diz, "colocou o Brasil no mapa".
"Sob a liderança de Amorim, o Brasil abraçou entusiasticamente a aliança dos BRIC, com Rússia, Índia e China, que ele acha que tem o poder de 'redefinir a governabilidade mundial'".
A revista trouxe ainda uma longa entrevista com o ministro brasileiro.
A lista completa dos pensadores ainda cita a candidata derrotada à Presidência Marina Silva, mencionada em 32º lugar junto a outros líderes de partidos verdes.

A situação está preocupantemente tranquila demais

Arthur Guimarães
Enviado especial do Rio de Janeiro
Daniel Milazzo
especial para o UOL Notícias

As forças de segurança que atuam neste domingo (28) no Complexo do Alemão, reduto de narcotraficantes na zona norte da capital fluminense, não encontraram resistência até agora e estranham a ausência de combates no local. Há suspeitas de que bandidos tenham fugido, mas muitos ainda estariam na região.
“A situação está preocupantemente tranquila demais”, afirmou o delegado Marcos Vinicius Braga. “Não é normal um estado de tranquilidade desse no Complexo do Alemão”, disse, sem especular o que teria acontecido para a falta de embate. Ainda não é completa a ocupação da região, de acordo com policiais.
Segundo o delegado, não há registro de mortos ou feridos na favela e a polícia está encontrando poucos moradores nas casas. O comandante-geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte, determinou varredura geral na região. As galerias pluviais do Complexo do Alemão poderão ser verificadas na busca.
No sábado (27), a polícia deu ultimato aos criminosos para que se rendessem na rua Joaquim de Queiroz, dentro do complexo de dez favelas. Nenhum deles o fez. As forças de segurança estimavam em cerca de 600 o número de suspeitos no local.
O relações públicas da Polícia Militar, coronel Lima Castro, afirmou que a calmaria pode ser momentânea. "Não pensem que essa tranqüilidade quer dizer que não haverá confronto. É grande a possibilidade de que confrontos armados aconteçam”, disse.
Varredura
Ele afirmou que a operação está avançando com sucesso e que agora os policiais entram na fase de varredura do território, em busca de mais armas, drogas, suspeitos, feridos e até corpos. “Pretendemos a captura com a menor letalidade possível. O que nos interessa em primeiro lugar é não por em risco a população”, afirmou. Ele diz que a melhor maneira de confrontar um grupo com forte arsenal é miná-los pouco a pouco.
O delegado Rodrigo Oliveira, responsável pela operação por parte da Polícia Civil, demonstrou dúvida sobre se os narcotraficantes estão ainda no Complexo do Alemão. "É possível que estejam aí dentro", disse ele, que notou rastros de sangue na comunidade, mas não soube dizer se há criminosos feridos.
"A comunidade é subjugada pelo tráfico. É possível que eles estejam escondidos em casa. Ainda vai levar tempo até que todas as residências sejam vasculhadas", afirmou ele. "O complexo pertence de volta à comunidade. O objetivo principal já foi feito e não temos hora para sair."

sábado, 27 de novembro de 2010

No freezer

Marcone Formiga
Engana-se quem imagina que o ainda presidente Luiz Inácio Lula da Silva está satisfeito com o destino de seus adversários, embora ele tenha feito de tudo para evitar que fossem eleitos.
Mesmo tendo conseguido o que pretendia, nem assim ele se considera realizado, muito pelo contrário.
Todos continuam em seu caderninho.

O bate-boca dos tucanos!

Os outrora confiantes e auto-suficientes tucanos planejavam que, depois da eleição do umbroso FHC, governariam até os confins dos tempos. Eis que aparece um atrapalho inesperado, um analfabeto aleijado que derrotado o candidato ungido, um secretário de saúde de qualidade nunca antes visto no país... Perdeu!
Vem nova eleição, ungem novo paulista, o melhor governador paulista nunca antes houve melhor... Perdeu!
Agora não tem mais ninguém, o Lula não pode ser mais candidato, oba! É nosso novamente a cadeira de presidente. O maluco do Lula bota uma mulher para ser candidata em nunca antes na história ter sido candidata a nada. Começa a disputa para ver quem seria o felizardo: Serra ou Aécio! O ungido foi o primeiro.
Lascou-se perdeu para um aleijado e agora pra uma mulher!
Não podia haver nada pior no ninho.
Os outrora confiantes e auto-suficientes tucanos começam a se digladiar entre si.
A última foi entre o candidato derrotado José Serra e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, o bate-boca, com direito a elevação da voz e dedo na cara. Serra acusou Guerra de espalhar que ele vai para a presidência do Instituto Teotônio Vilela, como forma de tirá-lo da disputa pela presidência do partido. Guerra retrucou que Serra pode ser o que achar melhor, mas não tinha o direito de falar com ele naquele tom.
E por aí a cizânia no ninho dos tucanos.

Violência no Rio muda a rotina dos artistas

Por RENATA DAFLON
RIO DE JANEIRO - A onda de violência e o clima de insegurança que tomaram conta da cidade do Rio de Janeiro na última semana afetaram o dia-a-dia do cidadão carioca. Muitos mudaram sua rotina tentando se proteger do perigo que se instalou de norte a sul do estado.
Indignados, vários famosos usaram o Twitter para desabafar e criticar a situação caótica na maior cidade turística brasileira. O Famosidades conversou com algumas celebridades que revelaram como essa “guerra” afetou suas vidas.
Rafael Zulu, o Adriano de "Ti-Ti-Ti", é morador de São Gonçalo e revelou que não conseguiu voltar para sua residência normalmente. "Muda a vida da sociedade inteira, e de uma maneira muito negativa. Eu não pude voltar pra casa na quarta-feira pela Linha Amarela, que é o caminho mais rápido pra mim. Tive que seguir pela zona sul e fiquei muito apreensivo no caminho. Mas a gente precisa trabalhar”, disse o ator.
Quem também trabalhou no meio do caos foi Marcelo Valle, que atua ao lado de Alexandra Richter no espetáculo “A História de Nós 2″, no Teatro Vanucci, na Gávea. O ator falou ao Famosidades como se apresentou na noite desta quinta-feira (25), quando a cidade estava em guerra.
“Medo dá. A gente fica assustado com essa violência toda, mas, ao mesmo tempo, como cidadão, eu estou muito encorajado. Ontem nós recebemos uma plateia de quase 200 pessoas, e no final a Alexandra [Richter] agradeceu e falou sobre nosso compromisso com a arte. A gente tem que ter coragem de levar a vida, claro que com precaução, mas também não pode se sentir acuado”, desabafou.

Divulgação/TV Globo
Divulgação/TV Globo











Já os espetáculos do Teatro Leblon foram cancelados na última quarta (24) por causa de um boato sobre um arrastão no bairro nobre da zona sul carioca. Elisa Pinheiro (à esquerda da foto ao lado), atriz que está no elenco de “Clandestinos”, falou ao Famosidades sobre o cancelamento da peça.
“Disseram que ia ter uma guerra na zona sul e cancelaram todos os espetáculos, mas era só um boato. Foi uma pena porque a casa estava lotada, mas, ao mesmo tempo, não tinha o que fazer”, lamentou.
A mineirinha Adelaide de Castro (à direita da foto), colega de elenco de Elisa, confessou que está assustada com tanta violência, e que, como muitos amigos, tem evitado sair às ruas. “Eu fiquei assustada demais! Eu nunca tinha visto nada assim. Eu nem estou saindo à noite, e estou tomando muito cuidado”, disse.

Cinco civis são baleados no Alemão; 39 morreram desde domingo

Moradores tentam se proteger da troca de tiros entre membros da Forças Armadas e traficantes no complexo de favelas do Alemão, zona norte do Rio
RIO - Os confrontos no Complexo do Alemão deixaram pelo menos cinco civis baleados, entre eles uma criança, duas senhoras e um jornalista que trabalhava na cobertura da operação.
A criança se chama Giovana Isabela da Penha Vasconcelos, de apenas 3 anos de idade, e estava dentro de casa quando levou um tiro de raspão no braço esquerdo, mas já teve alta. Outro ferido foi o fotógrafo Paulo Whitaker, da agência de notícias Reuters, que levou um tiro no braço esquerdo na altura do ombro no Morro da Grota e foi transferido para o Hospital Pasteur, no Meier. Ele foi ferido por volta das 18h na Rua Itararé, na entrada da Grota. Paulo contou aos médicos que ele mesmo tirou a bala do braço. Segundo o hospital, o ferimento não é grave, mas ele passou a noite internado por estar com pressão alta.
Além deles, duas senhoras - Luiza de Moraes, de 61 anos, e Eliane de Almeida Machado, de 62 anos - foram alvejadas por balas perdidas e continuavam internadas. A primeira foi atingida por estilhaços de tiros no abdômen e a segunda foi baleada na panturrilha esquerda. Um homem ainda não identificado também foi baleado no tórax no Morro da Grota e não havia sido transferido a algum hospital até as 20h.
Balanço. A PM do Rio informou que até o fim desta tarde, ao menos 39 pessoas haviam morrido após a onda de ataques que ocorrem no Estado desde domingo. Este número inclui tanto supostos traficantes quanto inocentes baleados durante as incursões realizadas em várias favelas. O balanço informava ainda que ao menos 197 pessoas haviam sido presas ou detidas e várias armas, drogas e materiais explosivos e inflamáveis também foram apreendidos. Por enquanto, pelo menos 97 veículos foram incendiados em ataques no Estado.
Só nesta sexta-feira, pelo menos quatro suspeitos foram mortos em confrontos com policiais. Uma das mortes ocorreu em São Cristóvão, outro no Morro do Juramento e o terceiro, identificado como 'Thiaguinho G3', em Inhaúma.
Segundo o balanço, dois suspeitos foram detidos em Mesquita, onde foram apreendidos uma pistola e um revólver. Em São Cristóvão, oito coquetéis molotov, uma garrafa de gasolina e um revólver 38 foram apreendidos. Um foi preso. Já no Morro do Juramento, uma pistola 380 foi encontrada.
Nesta sexta dez veículos foram incendiados - seis carros, três ônibus e um caminhão.
(Rodrigo Burgarelli, Gabriela Moreira, Ítalo Reis, Solange Spigliatti e Pedro da Rocha).

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Forças de segurança fecham cerco ao Complexo do Alemão; traficantes estão encurralados, diz PM

Daniel Milazzo 
Especial para o UOL Notícias 
No Rio de Janeiro     

O Coronel Lima Castro, porta-voz da Polícia Militar, afirmou que o cerco formado por 1.500 homens do Exército, Marinha e das policiais Militar, Civil e Federal ao Complexo do Alemão foi finalizado e que os traficantes já estão encurralados. As forças de segurança estão de prontidão em 44 saídas do conjunto, mas o porta-voz disse que não há pressa para entrar nas favelas.

  “Estamos no coração da facção”, afirmou Lima Castro, referindo-se ao Comando Vermelho. “O tempo é favorável a nós. Uma das táticas utilizadas quando se tem que tirar alguém de um território é a inquietação”, disse. A estimativa da polícia é que cerca de 500 traficantes estejam no conjunto.
Segundo Lima Castro, essa concentração de bandidos já era esperada e faz parte da estratégia de pacificação das favelas cariocas. O PM disse que o governo resolveu começar a ocupar comunidades menores para depois com mais inteligência e maior efetivo, entrar nas grandes.  “Numa guerra urbana, o avanço é mais lento, temos que separar o joio do trigo. Já numa guerra convencional, a missão é tomar todo o território que há pela frente."
O cerco ao Complexo do Alemão foi motivado pela fuga de aproximadamente 200 criminosos da favela Vila Cruzeiro, na tarde de ontem. A polícia e as Forças Armadas pretendem impedir, inclusive, o acesso dos criminosos a mantimentos com o objetivo de sufocá-los. Em resposta à operação, os traficantes fizeram vários disparos em direção às forças de segurança.

  Segundo Lima Castro, a operação de hoje não permite brecha para que os bandidos rompam o cerco formado. O PM disse que a operação é um sacrifício para os moradores e toda a cidade e não descarta que inocentes podem acabar sendo atingidos. “A operação ocorre visando não pôr inocentes em risco, o que não significa que algumas pessoas não sejam feridas”.
Quinze blindados do Exército também estão no local --cinco modelo Clanf (Carro Lagarto Anfíbio), quatro modelo Piranha e seis modelo M113. Outros dez blindados da Marinha devem ser utilizados.

  Varredura na Vila Cruzeiro

O coronel informou que nesta sexta-feira está sendo feita uma varredura, inclusive com auxílio de cães farejadores, na Vila Cruzeiro, em busca de mais armamentos, drogas e também corpos. “Há que se fazer um pente fino, verificar casa por casa”.
A polícia apreendeu 3,2 toneladas de maconha apenas ontem na comunidade. Lima Castro confirmou que foi encontrada na favela uma espécie de “enfermaria do tráfico”, uma casa com estrutura razoável para receber bandidos com ferimentos mais graves.
Homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM) apreenderam três fuzis, duas metralhadoras, um revólver, mais de 1.200 munições, bombas caseiras e duas granadas. Também foi apreendida uma farda cinza sem identificação.

Já os policiais do 16º Batalhão (Olaria), apreenderam uma submetralhadora 9 mm, de fabricação italiana, um fuzil .30, um fuzil 762 (FAL), uma granada, 33 bombas caseiras, 15 mil papelotes de cocaína prontos para a venda, 57 kg de maconha, uma balança de precisão, três coletes a prova de bala, seis fardas semelhantes às utilizadas pelo Bope e seis pares de coturno.


  Balanço

De acordo com o último balanço da PM, desde domingo, dia do início dos ataques em série dos criminosos, 96 veículos foram incendiados, entre eles, vários ônibus. Nos seis dias de conflito entre policiais e traficantes até hoje, a PM diz que foram apreendidas dezenas de armas, granadas, drogas e garrafas de gasolina. Pelo menos 217 pessoas foram presas ou detidas, quatro policiais foram feridos e 34 pessoas foram mortas.

Pelas informações passadas pelos hospitais e pela Secretaria Estadual de Saúde, mais seis pessoas morreram ao longo do conflito --quatro na quarta-feira e mais duas hoje.

O Rio de Janeiro vive uma guerra contra o tráfico. As operações em morros e favelas visam acabar com a série de ataques, arrastões e incêndios em veículos. Falar em cena de guerra não é exagero: veículos blindados da Marinha estão sendo usados nas operações. Mesmo assim, os bandidos desafiam as autoridades e continuam impondo tentativas de ataques.

As autoridades fluminenses consideraram os ataques uma resposta à política de ocupação de favelas por UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para presídios federais. A intenção seria colocar medo na população.

A polícia investiga se os ataques estão sendo orquestrados pelas facções criminosas Comando Vermelho e ADA (Amigos dos Amigos). Na quarta-feira, oito presidiários foram transferidos do Rio para o presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR). Ontem, líderes que estavam em Catanduvas foram transferidos para Porto Velho (RO).