Fausto Macedo | Agência Estado
Três transferências, ao todo, foram realizadas em abril de 1994, segundo documentos que a Procuradoria da República juntou aos autos da ação penal que resultou na condenação de Nicolau e Estevão pelo desvio de recursos das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo.
O dinheiro migrou para a conta Nissan, que Nicolau mantinha na Suíça, dois anos depois da licitação que beneficiou uma empreiteira que teria Estevão como sócio oculto. Eleito pelo Distrito Federal em 1998, Estevão se tornou o primeiro senador cassado da história, em 2000, no âmbito da CPI do Judiciário, no Senado. "Comprovadamente US$ 1 milhão foi enviado para a conta Nissan pelo ex-senador e isso precisa ser lembrado", diz a procuradora regional da República em São Paulo Maria Luísa Carvalho, que investigou o caso.
Quando a fraude foi descoberta peritos do Ministério Público Federal calcularam em R$ 169 milhões o tamanho do rombo. "Isso era em valores de 1999, estamos falando em um desvio atualizado de R$ 1,2 bilhão, ", destaca a procuradora.
Nicolau e Estevão foram condenados, respectivamente, a 28 anos e 30 anos de prisão, por quadrilha, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e uso de documento falso. O ex-juiz cumpre pena na Penitenciária de Tremembé (SP). Estevão recorre em liberdade.
O ex-senador rechaça a acusação e diz que vai provar que é inocente. Em 2012 fechou acordo com a União para pagar R$ 468 milhões em parcelas mensais de R$ 4,3 milhões.
Na última terça feira, o Ministério da Justiça e a Advocacia-Geral da União anunciaram a recuperação dos US$ 4,8 milhões de Nicolau. "O que precisa ser destacado é que US$ 1 milhão foi enviado pelo ex-senador, mas ele continua em liberdade enquanto o ex-juiz está preso. Nicolau é bode expiatório do ex-senador", afirma Maria Luísa. A procuradora alerta para o "risco de prescrição" de crimes atribuídos ao ex-senador, parte deles em maio de 2014.
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