DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O dissidente chinês Liu Xiaobo obteve nesta sexta-feira o Prêmio Nobel da Paz 2010 devido ao uso da não-violência na defesa dos direitos humanos no seu país natal. A China reagiu duramente, qualificando a decisão de uma "blasfêmia" ao próprio prêmio.
O regime chinês imediatamente bloqueou a notícias sobre o assunto na TV e na internet, censurando mensagens na rede com o nome do dissidente, e afirmou que a decisão põe em risco as relações entre a China e a Noruega, país-sede do instituto que confere o prêmio.
Nos últimos dias, diplomatas chineses já vinham pressionando o comitê do Nobel a não premiar Liu, advertindo que a decisão poderia comprometer as relações bilaterais entre a China e a Noruega, país que sedia o comitê organizador da premiação.
YM Yik/Efe | ||
Mulher chora ao lado de foto do ativista chinês Liu Xiaobo, em vigilia por sua libertação ainda em janeiro deste ano |
O instituto, no entanto, conferiu o prêmio recebido no ano passado pelo presidente americano, Barack Obama, ao dissidente e louvou a via pacifista adotada por ele nos protestos ao regime chinês.
ATIVISMO
Liu, 54, tem defendido uma mudança política pacífica e gradual, em vez da confrontação com Pequim. O dissidente participou dos protestos da Praça da Paz Celestial duramente reprimidos pelo governo em 1989.
Há dois anos, Liu foi coautor de um documento exortando o governo chinês a conceder mais liberdade ao país e a acabar com o domínio absoluto do Partido Comunista sobre a política chinesa.
Devido a essa carta, o Prêmio Nobel 2010 foi condenado no ano passado a 11 anos de prisão, pena que cumpre atualmente em uma penitenciária de Pequim.
O advogado de Liu, Shang Baojun, disse esperar que, "graças a essa decisão, ele seja liberado rapidamente, embora ainda seja muito cedo para se saber se será assim mesmo".
"Espero que nesta ocasião, a China se abra ainda mais, que se levantem as restrições à liberdade de expressão.
REAÇÃO
O Ministério das Relações Exteriores da China atacou a decisão e disse que o prêmio deveria, em vez disso, ser usado para a promoção da amizade internacional e do desarmamento.
"Liu Xiaobo é um criminoso sentenciado pela Justiça chinesa por violar as leis da China", disse a Chancelaria em Comunicado. "[A decisão] é completamente contrário ao próprio espírito do prêmio e é uma blasfêmia ao Nobel da Paz."
O anúncio em emissoras de TV como a americana CNN foi imediatamente censurado, e sites da internet que fazem a cobertura da premiação foram bloqueados. Tentativas de envio de mensagens de texto por celular com sobre "Liu Xiaobo" não eram possíveis.
Apesar da censura, em Pequim mais de uma dúzia de apoiadores de Liu se reuniram na entrada de um parque na região central da cidade para parabenizar o dissidente. Eles entoavam os gritos "Vida longa à liberdade de expressão, vida longa à democracia!".
Liu, no entanto, é conhecido na China apenas por ativistas políticos, e a maior parte das pessoas que passavam pelo local não paravam por não saber do que se tratava.
CRÍTICA
O presidente do comitê do Nobel, o norueguês Thorbjoern Jagland disse que "a China tem se tornado uma grande potência em termos econômicos e políticos, e é normal que grandes potências estejam sob críticas". Jagland disse que Liu é um símbolo da luta pelos direitos humanos na China.
O premiê norueguês, Jens Stoltenberg, afirmou não ver motivo para a China punir a Noruega como país pelo prêmio. "Eu acho que seria negativo para a reputação da China no mundo se eles decidissem fazer isso."
Veja a lista dos vencedores do Nobel da Paz nos últimos 10 anos:
- 2010: Liu Xiaobo.
- 2009: Barack Obama
- 2008: Martti Ahtisaari
- 2007: Intergovernmental Panel on Climate Change, Al Gore
- 2006: Muhammad Yunus, Grameen Bank
- 2005: Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed ElBaradei
- 2004: Wangari Maathai
- 2003: Shirin Ebadi
- 2002: Jimmy Carter
- 2001: ONU, Kofi Annan
- 2000: Kim Dae-jung
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