sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Constrangedor: dois momentos na vida de Mônica Serra

Hipocrisia: e aí Mônica, quem mata criancinha?
Ex-alunas de Mônica Serra confirmam relato sobre aborto


Alunas da então professora de Psicologia do Desenvolvimento aplicada à Dança, no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Mônica Serra, confirmaram na quinta-feira, dia 14, estarem presentes à aula em que a mulher do presidenciável tucano, José Serra, relatou ter sido levada a interromper a gravidez, após quarto mês da concepção. A coreógrafa Sheila Canevacci Ribeiro revelou o fato após o debate realizado domingo, dia 10, na TV Bandeirantes, em sua página na rede social Facebook.

Colega de Sheila Ribeiro, a professora de dança de um instituto federal de Brasília, que preferiu não ter seu nome citado “por medo do que essa gente pode fazer”, afirmou, lembra que no primeiro semestre de 1992, no segundo período que cursava na Unicamp, o depoimento de Mônica Serra a impressionou. Ela estava sentada no chão em uma sala de dança, onde não há móveis e apenas um grande espelho e a barra de exercícios, ao lado das colegas Kátia Figueiredo, que mora atualmente na Suécia, Ana Carla Bianchi, Ana Carolina Melchert e Érika Sitrângulo Brandeburgo, entre outras estudantes, residentes aqui no País.

“Eu confirmo aqui o depoimento da Sheila Ribeiro. Foi aquilo mesmo. A professora Mônica Serra nos relatou que havia feito um aborto em um período difícil da vida do casal, durante a ditadura militar. Foi um fato tocante, que marcou a todas nós. Lembro-me que o assunto surgiu quando ela falava sobre a dissociação do corpo e a imagem corporal, que até hoje dirige meu comportamento.”

Pressão
Sheila Ribeiro, após o protesto consignado em sua página, disse na quinta-feira, dia 14, que, apesar da pressão dos meios de comunicação e de eleitores de todo o País que passaram a visitá-la no Facebook, não se arrepende de ter relatado a sua indignação ao perceber a mudança de atitude da professora que, em 1992, revelava às alunas um episódio marcante na vida de qualquer mulher, como o aborto realizado diante o exílio iminente, ao lado do marido, e a possível primeira-dama que, em uma campanha política, acusa a adversária do casal de “matar criancinhas”.

“Pior do que isso foi o silêncio do Serra, que deveria ter saído em defesa da mulher, fosse qual fosse a situação em que se encontrava ali, diante das câmeras”, emendou a ex-aluna de Mônica Serra.

Coreógrafa e doutoranda em Comunicação e Semiótica, na PUC de São Paulo, Sheila Ribeiro mora em uma “praia linda” e, apesar de estar no centro de uma discussão que mobiliza o País, faz questão de seguir a sua rotina de estudos e de trabalho.

“Procuro me manter leve. Respiro”, diz, emocionada.

Sheila tem recebido, ao lado de agressões de partidários dos dois candidatos, o apoio dos amigos e “mesmo de estranhos que entenderam a minha indignação”, afirma. Das colegas que estavam a seu lado, na oportunidade em que a mulher do presidenciável tucano optou por revelar um momento difícil da vida, também recebe a solidariedade e o apoio.

“Estou aliviada por ter visto a Sheila questionar toda essa hipocrisia que permeia a sociedade brasileira. Ela foi muito corajosa e só merece nosso aplauso”, conclui a colega que, hoje, mora em Brasília e se destaca pelo trabalho também na área da coreografia e da dança.

Sem resposta
Com as novas entrevistas realizadas pelo Correio do Brasil, na quinta-feira, dia 14, a reportagem voltou a procurar o presidenciável tucano na tentativa de ouvi-lo acerca dos depoimentos das ex-alunas da mulher dele, Mônica Serra. O CdB o procurou, novamente, no Twitter, às 12h41:

“@joseserra_Senhor candidato. Três outras ex-alunas confirmaram o relato sobre o aborto feito por sua esposa. O sr. poderia repercutir isso?”

Da mesma forma, foram encaminhados e-mails à assessoria de imprensa que, por intermédio de uma das assessoras, acusou o contato do CdB e ponderou que, se até o fechamento desta matéria, às 15h04, não houvesse qualquer resposta do candidato, como de fato não ocorreu, o fato deveria ser interpretado como sua recusa em tocar no assunto, em linha com a decisão tomada durante o debate.

Clique aqui para ler a íntegra da reportagem do Estadão, de 14/09/10, “Mulher de Serra faz campanha no Rio e ataca Dilma”

 

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