Saiu do forno mais um Datafolha. Revela que a vantagem de Dilma Rousseff sobre Serra ampliou-se para 12 pontos percentuais: em votos válidos, 56% a 44%.
Para entender melhor o que se passa, vale a pena traduzir percentual em votos: 12 pontos correspondem a cerca de 13 milhões de votos.
Como só há dois candidatos no páreo, cada ponto perdido por um engorda o cesto do outro. E vice-versa.
Assim, para manter vivo o sonho de chegar à cadeira de presidente, Serra teria de subtrair de Dilma pelo menos 6,5 milhões de votos.
Significa dizer que, a dez dias da eleição, o tucano precisaria tocar o coração de algo como 650 mil votos por dia. Impossível? Claro que não. Mas não parece fácil.
Há, de resto, outras duas variáveis com potencial para interferir na conta. Segundo o Datafolha, existem ainda na praça 6% de eleitores indecisos.
Outros 10%, embora pendam para um dos contendores, ainda admitem mudar de opinião até o dia da eleição.
O problema de Serra é que a irresolução dos indecisos também pode se resolver pelo voto em Dilma. Quanto aos potenciais vira-casacas, estão presentes dos dois lados.
Em matéria de análise de pesquisas, é sempre conveniente levar em conta uma máxima de Marco Maciel, ressuscitada dias atrás pelo repórter Elio Gaspari:
"As consequências vêm depois", costuma dizer o ex-vice presidente da República.
Gaspari recordou um diálogo que Maciel travou certa feita com um marqueteiro:
“Nosso candidato está em segundo lugar, em ascensão. O adversário lidera, mas está em queda”, disse o especialista.
E Maciel: “Na sua opinião a intersecção das duas linhas ocorrerá antes do dia da eleição?”
Para desassossego do tucanato, na fase atual, a adversária, além de liderar, voltou a ostentar trajetória de leve ascensão.
Segundo o Datafolha, estancou-se a sangria de votos que Dilma amargava desde o final de setembro.
Na última semana, a pupila de Lula oscilou dois pontos para o alto. Na conta dos votos válidos (sem brancos, nulos e indecisos), Dilma foi de 54% para 56%.
Em movimento inverso, Serra deslizou dois pontos para baixo: Tinha 46% e agora amealha 44%.
Aplicando-se a fórmula Maciel, para que “a intersecção das duas linhas” ocorra antes de 31 de outubro, Serra terá de se revelar um portento da sedução.
De novo: Impossível? Não, não. Absolutamente. Mas fácil também não é. Como Serra, Dilma não é propriamente um monumento à simpatia. Porém...
Porém, a candidata oficial tem do seu lado um cabo eleitoral cuja popularidade ora serve de alavanca ora de escudo.
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