Partidos que devem travar o principal embate na eleição presidencial de 2014 nacionalizam crise envolvendo governo tucano de São Paulo
O Estado de S. Paulo
PT e PSDB nacionalizaram, nesta sexta-feira, 9, a guerra
política originada com a denúncia de pagamento de propinas em processos
de licitação dos trens do Metrô nos governos tucanos em São Paulo. O
presidente nacional do PT, Rui Falcão, batizou o caso de "trensalão",
numa referência ao esquema do mensalão, que atingiu o PT em 2005. Na
outra ponta, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o
PSDB "não é farinha do mesmo saco", numa referência ao PT.
PT e PSDB nacionalizaram, nesta sexta-feira, 9, a guerra política
originada com a denúncia de pagamento de propinas em processos de
licitação dos trens do Metrô nos governos tucanos em São Paulo. O
presidente nacional do PT, Rui Falcão, batizou o caso de "trensalão",
numa referência ao esquema do mensalão, que atingiu o PT em 2005. Na
outra ponta, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o
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Falcão reclamou do tratamento dado pela imprensa ao caso em São
Paulo. "Se houvesse alguns de nossos partidos envolvidos, seria a maior
corrupção da história. Mas dizem que é cartel e que a vítima é o
Estado", discursou o dirigente petista no Rio, em seminário que
analisava os protestos de junho.
"As manifestações não vão cessar. Haverá uma em São Paulo, no próximo
dia 14, contra o propinoduto ou o trensalão", disse. À noite, em
encontro do PT em Bauru, Falcão retomou o caso e foi mais direto: "Chega
de tucanos em São Paulo.
Se não passar uma CPI na Assembleia, vamos passar no Congresso".
Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique saiu em defesa dos
quadros tucanos, apesar de o presidente da legenda, Aécio Neves (MG),
não ter assinado a única nota oficial do diretório nacional do partido
sobre o caso.
Segundo FHC, "há muita agitação, mas pouca coisa concreta a respeito"
da denúncia. "Não houve acusação de que o governo de São Paulo tivesse
sido favorecido ou que algum político do PSDB tivesse se beneficiado",
disse o tucano, que também estava no Rio nesta sexta.
"Quando começam a misturar as águas, não é bom. Isso pode dar a
impressão de que é parecido com o que outros fizeram. (...) A população
ficaria pensando que é tudo farinha do mesmo saco. E não é", disse FHC.
"Do que eu saiba, os governadores de São Paulo Mário Covas (morto em
2001), Geraldo Alckmin e José Serra são pessoas que não entram neste
campo de corrupção", enfatizou.
O caso de acerto em licitações foi delatado pela multinacional
Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A empresa
fez com o Cade um "acordo de leniência", ou seja, admite negociatas e,
em troca, fornece provas e informações sobre o ilícito.
Fernando Henrique Cardoso admitiu que licitações podem gerar
corrupção e afirmou que o ex-governador José Serra foi transparente ao
dar respostas sobre denúncias.
Reportagem publicada no jornal Folha de S.Paulo na quinta-feira
revelou a existência de e-mail de executivo da Siemens relatando
conversa com o então governador José Serra na qual ele teria sugerido
que a empresa fizesse acordo com a primeira colocada, a espanhola CAF,
para a licitação não ter de ser cancelada. Serra nega.
"A concorrência para compra de 40 trens de São Paulo, realizada em
2008, foi uma verdadeira ação anticartel (...) Ganhou a CAF, uma empresa
espanhola que ofereceu o menor preço. O Estado economizou cerca de R$
200 milhões (...) A Siemens ofereceu preços bem mais altos. Por isso
perdeu, ficando em segundo lugar. Diga-se que não recebeu nenhum tipo de
compensação. Não foi subcontratada nem ganhou contratos novos. Ou seja,
os fatos sugeridos nesse(s) e-mail(s) de executivo(s)da Siemens não
aconteceram", disse Serra, em nota.
Resistência. O comando nacional do PT trabalha para
criar em Brasília, na Câmara, uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para apurar as denúncias que atingem o PSDB. A estratégia encontra
resistência nos partidos da base. A situação não interessa às demais
legendas, como o PSB, PDT, PP, PTB, que fazem alianças com tucanos e
petistas nos Estados.
Como na Câmara há 17 investigações à espera de instalação, o PT quer
emplacar uma Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, envolvendo
deputados e senadores, que teria criação facilitada. "Os fatos estão
vindo muito rapidamente. Isso requer uma investigação forte", justificou
Paulo Teixeira (PT-SP), encarregado pelo partido de recolher as
assinaturas.
"Por que vamos nos meter nisso?", questiona o 2.º vice-presidente do
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). "O que move isso é uma questão política.
Nós não vamos entrar nessa briga", avisou o líder do PDT na Câmara,
André Figueiredo (CE).
"Nossa tendência é de não assinar a CPI nesse momento de crise e de
véspera de eleição. Há uma investigação grande do Ministério Público e
da Polícia Federal. Não estamos a fim de participar dessa guerra entre
PT e PSDB", emendou o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (SP).
"Ninguém vai assinar isso agora com a nuvem de dúvidas sobre a eleição
do ano que vem", resumiu um parlamentar.
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