A jornalista potiguar Micheline Borges que em uma declaração nas redes sociais disse que os médicos cubanos “tem uma cara de empregada doméstica”, se retratou da declaração após a repercussão que sua fala teve não só nas redes sociais como na mídia. Esse foi mais um episódio de preconceito contra os 400 profissionais cubanos recém chegados ao Brasil para participar do programa Mais Médicos.
“Eu peço desculpas, foi um comentário infeliz, foi mal interpretado, era para ser uma brincadeira, por isso peço desculpa para as empregadas domésticas”, disse a jornalista.
“Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica. Será que são médicas mesmo? Afe, que terrível. Médico, geralmente, tem postura, tem cara de médico, se impõem a partir da aparência... coitada da nossa população. Será que eles entendem de dengue? E febre amarela? Deus proteja o nosso povo”, foi a declaração postada por Micheline no Facebook, o que gerou uma séria de discussões com outros internautas.
Em virtude da proporção que o caso tomou, Micheline deixou as redes sociais, mas diz que não chegou a ouvir ameaças mais graves. “Só baixarias e palavras de baixo calão, mas as pessoas interpretam as coisas da forma que querem, e nas redes sociais não tem como controlar”, afirmou.
Escravos
Também no Nordeste, médicos cubanos foram hostilizados na saída da Escola de Saúde Pública, em Fortaleza, onde passam pela avaliação do programa federal. De acordo com o jornal O Povo, um grupo de 50 médicos chamou os estrangeiros de escravos. O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado, José Maria Pontes, disse ao jornal que os manifestantes não são contra a vinda dos cubanos, mas por esses profissionais não precisarem passar pela prova de revalidação do diploma para trabalhar no Brasil.
Os médicos cubanos no Brasil devem receber cerca de 40% da bolsa de R$ 10 mil que será paga pelo governo federal, o resto do dinheiro será transferido para o Ministério da Saúde de Cuba. Isso tem sido alvo de muitas críticas da classe médica. Ao responder uma pergunta sobre o assunto, o ministro da Saúde Alexandre Padilha disse que preconceitos não podem ser reforçados.
“Acho que não podemos ficar reforçando preconceito e não vamos permitir qualquer debate ideologizado sobre isso”, disse.
A vinda dos profissionais de Cuba faz parte de acordo do Ministério da Saúde com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A previsão é trazer ao Brasil, até o final do ano, 4 mil médicos cubanos. Os primeiros 400 profissionais chegaram ao Brasil nesse fim de semana. Eles vão atuar nas cidades que não atraíram profissionais inscritos individualmente no Programa Mais Médicos.
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