Foi em Dezembro de 2010.
Tenho 43 anos e sou casada. Vinha estudando ha algum tempo acerca do assunto. Li inúmeros artigos na internet, analisava as fotos minuciosamente. Conversei com alguns naturistas pela Internet e pude concluir que não havia contradições nas diversas declarações decorrentes do meu interrogatório. Sempre fui curiosa de carteirinha e este assunto sempre me fascinou.
Trabalho muito, me chamam de Senhora Certinha. Queria mesmo nestas férias sair de mim, ser outra pessoa, exorcizar valores, radicalizar.
O momento de tirar a roupa foi por demais complicado. Eu olhava para as pessoas nuas e num local um pouco mais reservado eu retirava as minhas roupas. Nossa! A impressão era a de que todos me olhavam, mas não era verdade. Ninguém me olhava. Eu achei que seria mais fácil, mas não foi. Tive vontade de voltar.
Ocorre que meu marido estava lá só por minha causa, eu não poderia fazer isso com ele. Essa iniciativa foi exclusivamente minha, eu quis essa aventura por muito tempo, não poderia fazer isso comigo ou decepcioná-lo. Meus pensamentos fervilhavam: sou forte e nada vai me acontecer!
Primeiramente fui caminhando para o mar tentando ignorar a minha nudez e não perceber que todos estavam igualmente nus. Depois percebi que olhar para as outras mulheres nuas me confortava. Tomei um banho de mar e permaneci lá por bastante tempo. Quando saí da água, já não havia mais constrangimentos. Tudo era muito natural, não havia aventura naquele ato nem radicalismo. Eu só estava na praia. Roupas? Eu estava sem roupas? Cheguei a conclusão de que usar um biquini e ficar nua é a mesma coisa. Eu só estava na praia.
Cheguei das férias contando detalhes sobre a minha viagem para todos os da familia, incluindo o naturismo. A reação dos familiares não foi nada boa. As pessoas confundem com imoralidade, suruba, troca de parceiro... Não vamos mais comentar este assunto. Quem nunca praticou não pode entender. Quando percebemos a decepção, resolvemos brincar com o tema e eles ficaram pensando tratar-se de uma brincadeira. Contornamos dizendo que ficamos numa outra parte da praia onde não se pratica o naturismo. Mas a experiência foi muito boa e a parte que eu mais gosto de recordar foi a hora de tirar as roupas e a caminhada até o mar. Fico tentando me recordar de cada emoção e cada pensamento, mas não consigo. Eu estava muito confusa e a minha mente fervilhava à 400 graus.
Foi em Tambaba, aquela praia é linda demais. Espero que dê tudo certo e voltemos lá nas próximas férias. Foi uma experiência bem legal, só que não me senti como uma aventureira ou como quem desafia os costumes ou a sociedade. É totalmente indolor e natural. A única coisa que mudou em mim depois daquele dia é que me sinto com uma vantagem com relação as outras pessoas. Não tenho mais vergonha do meu corpo. Só o cubro por respeito às pessoas. Não vou mais me sentir constrangida ao tirar a roupa na frente do meu médico ou de quem quer que seja. Não fico mais morrendo de vergonha se alguém me diz que paguei peitinho, ou que apareceu a calcinha quando cruzei as pernas... Passei a achar isso uma verdadeira idiotice. Me sinto liberta desse tipo de valor ou preconceito ou sei lá o que é. Nós somos muito complicados mesmo. Não sei porque existe isso em nós. Eu tenho que encontrar um ponto de equilíbrio para não destoar tanto dos outros e não parecer vulgar ou desajeitada ou uma pessoa que quer mesmo se mostrar ou aparecer. É muito fácil ganhar um rótulo. Vou me vigiar agora no trabalho. Talvez eu ensaie uma vergonhazinha só para não parecer um ET.
Eu não quero mais usar biquini para entrar na minha piscina. Me preocupa os vizinhos. Sempre tem um ângulo que permite olhar para o quintal dos outros. Eu estou pouco ligando para o que eles virão, me preocupa problemas, reclamações e exposição. Bom, voltei das férias agora e se as coisas não se arrumarem sozinhas, terei que tratar.
Zuleide
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