sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A DITADURA DAS ROUPAS

Uma das perguntas que nos vem à mente, depois que atingimos a maturidade, é: Por que nos vestimos sempre? Ou, por que seria errado não andar cobertos por roupas? Além das razões advindas da necessidade de proteção contra agentes nocivos ao corpo e para manter o equilíbrio térmico, não há uma razão justificável para tal imposição.
Dentre os principais motivos que leva as pessoas à tal postura, está o desejo de ostentação, ou seja, querer impressionar os outros com uma aparência mais bela, que esconda ou disfarce pequenos defeitos, que podem ser características peculiares não necessariamente feias. Tal impressão, geralmente se obtém considerando-se o padrão estético vigente. Este vem se alterando no decorrer das épocas, e tem se tornado cada vez mais difícil de ser alcançado.
Observando outros seres da Criação, observamos que não apresentam o hábito de se cobrir de forma similar à espécie humana. As árvores mantém seus troncos desnudos e algumas variedades ficam boa parte do ano inteiramente desprovidas de folhagem. Os animais não usam outras vestimentas além de seus pêlos e penas, mas há aqueles que são completamente lisos e alguns são até transparentes, como é o caso de alguns peixes.
De onde veio a vergonha ou a compulsão por se cobrir? Possivelmente da desconfiança de que eu possa ser considerado feio ou venha a ser ridicularizado pelos que me observam. Uma desconfiança que se origina de uma perspectiva tacanha da mentalidade alheia. Como se o outro não tivesse um corpo também humano, com suas peculiaridades e possíveis imperfeições.
Para se portar confortavelmente nu diante dos demais é preciso o sentimento de auto-aceitação e mútua aceitação. Se  eu aceito o outro como é, e sei que ele está disposto a me aceitar como sou, extingue-se a vergonha.
Uma terceira razão alegada para justificar o uso contínuo de roupas é o assédio sexual. Os que admitem tal fato como elemento decisivo para a imposição de roupas, acreditam que a atração física é o único elemento capaz de despertar a paixão ou amor romântico. Isto não é verdadeiro. E se for para alguns, neste caso não seria indicado só o uso de vestimentas convencionais, mas também o uso da burqua.
A experiência tem mostrado que quanto mais se vela o corpo, mais interesse desmedido se tem por ele.  Se o corpo todo coberto fosse a solução para os atos de assédio e crimes sexuais, não se teria registro destes fatos durante alguns séculos atrás, nos quais se cobria tudo, até certos objetos como  pernas de cadeiras e mesas.
A reflexão clara e coerente leva-nos a entender que a imposição das roupas em nossa sociedade não tem razão plausível. Com certeza  é mais um caso em que o hábito se tornou regra moral  por  imposição arbitrária.  
Autor: Aguinaldo da Silva

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