O Estado de São Paulo precisa que as autoridades adotem providências na medida necessária
As medidas fixadas pelo acordo de conveniência entre os governos
paulista e federal, para enfrentar a onda de criminalidade em São Paulo,
capital, e seu entorno, só incluem uma que a experiência indica ser
capaz de algum resultado em prazo mais curto -como a situação precisa. É
contra tal medida que vêm de agentes penitenciários advertências
suspei- tas, dando-a como estimuladora de rebeliões de presos a título de
reação do PCC & cia.
Iniciada com Fernandinho Beira-Mar, a transferência de chefes de bandos
para o isolamento em penitenciárias de segurança máxima revelou, no Rio,
efeitos surpreendentes e decisivos para que José Mariano Beltrame,
secretário de Segu- rança, aplicasse o pla- nejamento que vem mudando a
cidade. O primeiro dos efeitos foi, com alcance até maior do que o
esperado, conturbar todo o sistema entre hierarquia e ação do crime
organizado. É o que interessa a São Paulo.
O governo paulista ainda não saiu da fase de dar prioridade à sua
imagem. Em seguida à noite/madrugada de quarta para quinta com nove
assassinados, o governador Geraldo Alckmin deixou de calar-se para dizer
que os crimes "já estão em processo de queda". Na noite/madrugada
seguinte, de quinta para sexta, a CBN noticiava 12 mortos e 11 feridos a
tiros até as 9h. A queda vista por Alckmin era para cima.
Ainda sem saber sequer o motivo da repentina e persistente onda de
criminalidade armada, o governo paulista e os "especialistas" ocupam-se
em tergiversar com estatísticas comparativas entre Estados. Como o
"especialista" coronel José Vicente, vários deles tiveram oportunidades
cujo aproveitamento vê-se qual foi. Voltam, agora, ao mesmo truque das
comparações usado quando a Folha o interrompeu, ao descobrir que as estatísticas criminais, em São Paulo, reduziam à metade os números reais.
Ao menos em relação às transferências de chefes, São Paulo precisa que
suas autoridades paulistas deixem de subterfúgios verbais e adotem a
providência na medida necessária. Sem ceder a a- legadas cautelas com
reação de presos à transferência dos seus chefes. O que no Rio começou
pelas transferências já está no estágio de retirar a posse de fuzis por
vários batalhões da PM, que voltam a ser mais polícia do que militar.
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