Na Grande SP, dez pessoas morreram entre a noite de sexta e ontem à tarde
Na zona leste, PM foi preso após matar dois homens que fecharam seu veículo; polícia apura se houve abuso
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE SÃO PAULO
Na zona leste, PM foi preso após matar dois homens que fecharam seu veículo; polícia apura se houve abuso
A Igreja Católica informou ontem que igrejas estão cancelando reuniões e
missas à noite devido à violência na periferia de São Paulo.
Em nota na sexta-feira, dom Milton Kenan Júnior, o bispo auxiliar da
Arquidiocese de São Paulo na Brasilândia, disse que a insegurança se
instalou na região, que sofre com toques de recolher e o clima de
ameaça.
"Lamentamos o fato de que esta situação já era prevista e não faltaram
aqueles que advertiram as autoridades para medidas serem tomadas", diz a
nota de dom Milton.
Ele disse à reportagem que o medo está generalizado. "Já cancelei duas
reuniões, porque as pessoas estão com medo de vir para cá", disse.
Não há uma orientação geral para que os padres cancelem as missas. Por enquanto, cada padre tem julgado a gravidade da situação.
As paróquias mais afetadas -todas localizadas na Brasilândia- são a Bom
Pastor, no Jardim Carumbé, a São Francisco de Assis, no Jardim Guarani e
a Santa Terezinha, na Vila Terezinha. Porém, há relatos de
cancelamentos em outras regiões também.
"Quando parece tranquilo, a gente faz [reuniões e missas], mas quando
acontece alguma coisa e o clima fica tenso, desmarcamos", conta o padre
Konrad Körner, da Paróquia Bom Pastor.
O arcebispo metropolitano, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, rezará missa
hoje no evento do Dia Nacional da Juventude na praça da Sé e convocou
ato de protesto por paz.
ONDA DE MORTES
Só entre a noite de sexta e a tarde de ontem, dez pessoas morreram na capital e na Grande São Paulo. Um ônibus foi incendiado.
Na noite de sexta, a polícia encontrou corpos no Jaçanã (zona norte) e
no Cursino (zona sul). Na Grande São Paulo, duas pessoas morreram em
Itaquaquecetuba e Suzano durante a madrugada.
Na manhã de ontem, no Campo Limpo (zona sul), outro homem encontrado baleado chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu.
No mesmo bairro, dois homens foram mortos em suposto confronto com policiais.
Outro suposto assaltante foi baleado por um PM de folga na Mooca, na zona leste, na tarde de ontem.
"ENGANO"
A Polícia Civil investiga se um PM de folga matou por engano dois homens
na região de São Mateus, na zona leste, na noite de sexta.
Segundo a versão do soldado Edcarlos Oliveira Lima, 36, ele passava de
carro com a mulher e o filho, quando notou que era perseguido por uma
moto. Em seguida, disse que foi fechado por uma perua e que um dos
ocupantes apontou uma arma.
Na reação, o policial atingiu dois homens.
A versão do policial é contestada por parentes das vítimas. Segundo
eles, Jefferson de Oliveira Santos, 27, e seu cunhado Renato Silva
Ferraz, 22, trabalhavam em uma empresa de polimento de peças de metal.
"Inventaram uma versão para o assassinato do meu irmão", disse a
estudante Geine de Oliveira Santos, 26, irmã de Jefferson.
O policial foi preso em flagrante e indiciado sob suspeita de duplo homicídio doloso.
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