sábado, 22 de junho de 2013

Governador da Bahia cobra foco de protestos e diz que atos violentos 'atrapalham democracia'

Tiago Décimo - O Estado de S. Paulo
Protesto no centro de Salvador ontem
SALVADOR - Em
seu primeiro pronunciamento após o violento confronto entre manifestantes do
Movimento do Passe Livre e a Polícia Militar ocorrido na quinta-feira, 20, no
centro de Salvador, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), cobrou foco nos
protestos, afirmou que os atos violentos "atrapalham a democracia" e
disse que as estruturas de segurança pública devem ser reforçadas em próximas
manifestações.

O governador
prometeu, por outro lado, investigar "todas as acusações de abuso por
parte da força policial" e condenou a participação de grupos de partidos
políticos - incluindo o seu - nos eventos. "Se é só para fazer número, não
faz sentido", avaliou.

Wagner disse
que "se empolga" com o "despertar para a cidadania da
juventude", lembrou de manifestações das quais participou, quando era
estudante e depois de ingressar no sindicalismo, mas cobrou uma pauta de
reivindicações dos manifestantes.


preciso mostrar claramente quais são as reivindicações, para que possamos ir à
mesa negociar", argumentou. "Para ir às ruas, a população precisa ter
uma bandeira concreta para pressionar. Acho que o grito dessa manifestação foi
'melhora Brasil'. Esse grito já foi dado. Agora, precisamos das pautas."

O governador
evitou entrar em polêmica sobre os confrontos. Disse que não entraria "no
debate sobre quem começou (as agressões)" e defendeu a forte repressão
feita pela Polícia Militar. "Nossa polícia é altamente experimentada na
atuação em grandes eventos, nosso carnaval é muito elogiado, no mundo, por
isso", argumentou.

De acordo com
ele, foi usada a tática do uso progressivo da força. "Eu mesmo instruí
dois coronéis, que estavam sozinhos, para negociar", disse. "Houve
afrouxamento das barreiras até o ponto em que não se podia mais avançar, para a
segurança do evento (a partida entre Nigéria e Uruguai, na Arena Fonte Nova,
que era o destino final da manifestação). Aí, foi preciso agir."

Risco. Para
Wagner, a grande depredação de estabelecimentos comerciais, prédios e
equipamentos públicos e veículos registrada após o início dos confrontos põe em
risco a proposta da manifestação. "Do jeito que está sendo (os atos de
vandalismo), esse rio não corre para um caminho bom", avalia. "Quero
fazer um apelo para esses jovens que despertam para a cidadania, para que as
manifestações não sirvam de guarda-chuva para quem não prega a democracia.
Porque quem está lá para promover quebra-quebra está contra a democracia, que é
nossa maior joia."

Sobre a nova
manifestação, que está sendo organizada para ocorrer neste sábado, 22, mais uma
vez nas proximidades do estádio - que vai receber a partida entre Brasil e
Itália, às 16 horas -, o governador contou que deve fortalecer ainda mais as barreiras
policiais.



"Será um
evento maior, que vai exigir mais cuidados", avalia. "Vamos manter o
padrão (de atuação da polícia), priorizando o diálogo, mas com o aparato
necessário para garantir a 
realização do evento e o direito de ir e vir da população e do torcedor."



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