BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Dois meses depois de deixar o Planalto com popularidade recorde, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estreia hoje no circuito de palestras para executivos.
Segundo fontes do mercado, ele cobrará o cachê mais alto do país: cerca de R$ 200 mil por participação em feiras e eventos de negócios.
A fala inaugural será em São Paulo, no lançamento da nova linha de produtos da coreana LG Electronics. Lula e a empresa não quiseram divulgar as cifras do contrato.
"Sem dúvida, ele será o palestrante com o valor mais alto do Brasil", diz Priscila David, diretora da agência Palavra Speakers Bureau, que representa estrelas do ramo como ex-presidentes do Banco Central e jornalistas de TV.
Segundo ela, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também liderou o mercado de palestras após deixar o governo. Hoje, seu cachê chegaria a R$ 150 mil.
AUTOESTIMA
A LG informou que Lula falará sobre macroeconomia, em reunião fechada com clientes e representantes.
O diretor do futuro Instituto Lula, Paulo Okamoto, diz que ele cobrará o preço de um "líder global, respeitado em todo o mundo".
"Lula é uma figura global, tem muita credibilidade. Ele vai contar sua experiência e trabalhar a autoestima do pessoal", afirmou.
Segundo Okamoto, que assessora Lula desde os anos 70 e presidiu o Sebrae no governo do amigo, já existem palestras marcadas no exterior, a valores mais altos.
"Estamos sendo procurado por empresas que querem animar os vendedores, se posicionar no mercado e ouvir o que o Lula tem a dizer, como está vendo as coisas", disse.
"Esse é o papel de um líder, animar as coisas. Lula ajudou os brasileiros e ainda tem muito a contribuir com as causas da paz e da democracia. Ele quer elevar a autoestima do país."
Na LG, o ex-presidente é reverenciado como responsável pela explosão do consumo nas classes populares, que alavancou a empresa no país. O grupo mantém complexos industriais em Manaus (AM) e Taubaté (SP).
"Lula é uma figura global e representa o crescimento da economia brasileira nos últimos anos", exaltou o gerente-geral de marketing da empresa, Humberto de Biase.
AMIGOS COREANOS
O petista mantém boas relações com a gigante coreana desde os tempos da Presidência. Ele participou da inauguração da segunda fábrica do grupo no interior paulista, em julho de 2005.
Em discurso, tratou os executivos como "nossos amigos coreanos da LG".
Apesar da proximidade com o presidente, a empresa teve embates em 2009 com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, filiado à CUT.
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