Pico
de repasses se deu na gestão de José Serra; ampliação da marginal Tietê foi
maior obra vencida por construtora
Em
atrito com o governo Alckmin, deputados estaduais ameaçam instalar uma CPI na
Assembleia Legislativa
RODRIGO
VIZEU, DANIELA
LIMA DE
SÃO PAULO
O
governo de São Paulo pagou à construtora Delta, investigada por envolvimento
com o empresário Carlinhos Cachoeira, R$ 281 milhões de 2003 a abril deste ano.
O
pico de gasto com a empresa, segundo dados da Secretaria de Fazenda, foi no
governo de José Serra (PSDB), atual pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. Em
2008, ano de maior desembolso, foram pagos R$ 91 milhões.
O
maior contrato com a empresa foi assinado em 2009 para a ampliação da marginal
Tietê. Um lote da obra foi vencido por consórcio integrado pela Delta.
A
licitação foi vencida pela empresa por R$ 287 milhões. O contrato foi aditado
para R$ 358 milhões, 24,9% acima do valor inicial.
A
Folha mostrou ontem escutas telefônicas que indicam contato direto entre
Cachoeira e o diretor responsável pelos negócios da Delta em São Paulo, Heraldo
Puccini Neto.
Neto
aparece como responsável legal no processo que analisa a ampliação da marginal
no Tribunal de Contas do Estado. Técnicos que ainda analisam o contrato não
identificaram irregularidade.
CPI
Deputados
estaduais do PT pediram anteontem ao Ministério Público Estadual "apuração
de possível irregularidade, ilegalidade e improbidade" na conduta de Serra
na obra, citando o aumento de preço e as supostas relações da Delta com
Cachoeira.
O PT
calculou que o governo firmou R$ 800 milhões em contratos com a Delta desde
2002, incluindo despesas ainda não pagas e com estatais. O governo disse não
ter "tempo hábil" para checar o dado.
Ontem,
questionado, o presidente da Assembleia Legislativa, Barros Munhoz (PSDB),
disse não "descartar" a instalação de uma CPI para investigar
contratos da Delta com o governo do Estado.
A CPI
seria uma forma de fustigar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que enfrenta
dificuldades com sua base na Assembleia.
Questionado,
Alckmin disse ser "a favor" de "toda investigação". Serra
adotou mesmo discurso: "Qualquer coisa deve ser investigada".
A
assessoria do governo disse que o aditivo da obra da marginal está dentro do
limite legal e que "resultou de dificuldades climáticas e materiais
imprevistas".
Sobre
relações do governo com o diretor da Delta, disse que "o governo contrata
empresas, e não pessoas".
O
governo disse ter hoje três contatos com a Delta, no valor total de R$ 75,9
milhões.
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