Despachante de luxo
As gravações feitas pela Polícia Federal, na Operação Monte Carlo, das
conversas telefônicas entre o senador Demóstenes Torres (GO) e Carlos
Cachoeira, revelam que o parlamentar era um faz tudo do contraventor.
Elas revelam a intimidade e a parceria de ambos. Mostram ainda que o
governador Marconi Perillo (PSDB-GO) é mais articulado com o
contraventor do que admitiu até agora.
Ligações perigosas
Na
gravação de dois de março de 2011, Demóstenes diz que tem "um recado de
Marconi". Noutra, de 22 de março, Cachoeira fala: "Outra coisa: o
Marconi falou procês chamar ele para jantar com o Maguila (?) para olhar
aquele negócio". No mesmo dia, noutra conversa, Demóstenes diz: "O
Marconi, eu falei com ele sobre aquele assunto e ele disse que prefere
só comigo e você, sem o prefeito, e que pode ser amanhã ou depois, ele
vai avisar." Em três de maio, Demóstenes: "Nós vamos ter a reunião com o
Marconi amanhã. Ele vem aqui. Vamos marcar o jantar ou já toca o pau?".
Cachoeira responde: "Não, marca o jantar com ele aí, então'. O jantar
teria ocorrrido em cinco de maio e no dia seguinte eles ironizam: "que
cachaçada!"
"Parabéns! Que Deus continue te abençoando aí, te dando saúde, sorte. Um grande abraço pra você, viu?” — Marconi Perillo, governador (GO), para o contraventor Carlos Cachoeira, em três de maio de 2011
EM DEFESA DA DELTA.
O diálogo foi travado em abril de 2011. "Cachoeira: Viu a matéria da
DELTA aí"; Demóstenes: "Isso, estou te ligando por isso, avisar o
pessoal que está todo mundo em cima. Vamos fazer um requerimento, é
convite, o cara pode recusar..." Cachoeira: "É, mas eu não gosto da
(.....) a coisa é o seguinte eu convivo com eles direto, não tem essa
ligação com o ZÉ DIRCEU, ele comprou a empresa daqueles dois bandidos
lá, e os caras dizendo que ele não pagou, e fez isso aí"; Demóstenes:
"Eles vão fazer barulho, talvez o FERNANDO (Cavendish) se antecipasse
soltando a nota dizendo que isso é mentira que é um problema
empresarial, que nunca...".
Sem deixar rastro
Em
oito de maio de 2011, a Policia Federal registra o medo do senador::
"Acho que "eles" (Delta) teriam feito doação oficial para ele
(Demóstenes)". Cachoeira responde: "Acho que não". E informa depois:
"Foi de outra empresa".
Informante
No
dia 20 de junho, Demóstenes avisa Cachoeira: "Eu fui informado que o MP
federal de Goiás vai fazer uma operação conjunta em cima de CAÇA
NÍQUEL, viu?" O contraventor pergunta: "Ah, tá. Mas já tem grampo alguma
coisa?".
Demóstenes e o bafo na nuca do Palocci
Numa
das conversas no fim de maio de 2011, às vésperas da queda de Antonio
Palocci da Casa Civil, Demóstenes se vangloria com Cachoeira de ter sido
procurado pelo ex-ministro petista. Conta: "Zero ! Passei o dia
envolvido com esse trem aqui. O PALOCCI mandou todo mundo atrás de mim
aqui, pra você ver. Todo tipo de proposta. Cachoeira pergunta: "Ah é?
Falando o que? STJ também, STF?". Demóstenes completa: "(Risos). Não,
isso ai não falaram não. Tem tudo o que você pensar... Esse não aguenta
nem mais um bafo na nuca, viu?!"
Megalomaníacos
Cachoeira
em 16 de junho fala: "Tá prosperando aquele trem lá da ITÁLIA"; "A
Deise é amiga do BERLUSCONI. Ela vai estar no palácio. Como você
gostaria? Um convite dele?'; "Aí você tem que chamar a imprensa
nacional, entendeu?".
Ambicioso
Demóstenes
para Cachoeira, em 16 de maio de 2011: "O homem (Marconi Perillo) quer
que eu seja candidato a prefeito (Goiania) de qualquer jeito. O nosso
projeto... Fiz acordo para você ser candidato a governador em 2018".
NÃO FOI SÓ A COZINHA.
Demóstenes pede, em 17 de junho, para Cachoeira trazer da Argentina
mesa de jantar que sua esposa FLÁVIA gostou. Carlinhos diz que vai
comprar. Custou US$ 18 mil.
DIAS ANTES, Demóstenes reclama (04/06/11) que "seu iPad deu pau" e Cachoeira diz que "vai mandar alguém entregar um novo".
DEGUSTAÇÃO.
Entre conversas de negócios, senador e contraventor falam sobre o gosto
por vinhos. Cachoeira cita Purple Angel e Château La Villette.
Nenhum comentário:
Postar um comentário