Trecho do inquérito da Polícia Federal sobre o esquema de Carlinhos Cachoeira mostra um diálogo ocorrido em julho do ano passado entre Demóstenes Torres (GO) e Gleyb Ferreira, auxiliar direto do empresário, no qual o senador fornece o endereço do seu apartamento funcional em Brasília para receber uma encomenda.
"Tô com um negocinho para entregar, queria ver com o senhor onde quer que eu eu leve", diz Gleyb.
Demóstenes dá as coordenadas da residência do Senado e agenda o encontro: "Vem lá pelas 15h".
Segundo a PF, o "negocinho" tratado na conversa eram R$ 20 mil que chegariam às mãos do senador.
Toga 1 O inquérito mostra articulações com o Judiciário. Demóstenes falou com ministros do STJ sobre processos de interesse de Cachoeira. Em telefonema, o senador tranquiliza o amigo sobre um julgamento: "Aquele ministro que nós pedimos votou com a gente; o outro votou contra. Então tá um a um''.
Toga 2 O inquérito afirma que o ministro Guilherme Caputo, do TST (Tribunal Superior do Trabalho), queria patrocínio de empresas do grupo para eventos. Gilmar Mendes e José Toffoli, do STF, são citados em alguns diálogos.
Contatos O grupo trata ainda de negócios no Dnit, do Ministério dos Transportes, e revela preocupação com o então ex-diretor Luiz Pagot. Cachoeira cita o senador Blairo Maggi (PR-MT): "Blairo mandou falar que não tem nada não. Blairo que manda nele".
Tentáculos Os diálogos também mostram a atuação de Demóstenes para tentar levar uma empresa farmacêutica do grupo de Cachoeira para Santa Catarina. O contato do senador, segundo a PF, é Ênio Branco, atual secretário de Comunicação do governo.
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