Por Douglas Birch
Associated Press
Washington - Os programas nuclear e de energia do Irã, os quais são muito interligados, sofreram uma série de reveses e catástrofes nos últimos dois anos. Assassinos mataram três cientistas que trabalhavam para o programa nuclear do Irã. O vírus informático Stuxnet, que infesta computadores ao redor do mundo, atacou um só alvo no Irã, nas instalações de pesquisas nucleares do país. Dezenas de explosões inexplicáveis atingiram gasodutos ao redor do país e a primeira usina nuclear iraniana sofreu grandes falhas de equipamentos, enquanto técnicos lutaram para religar os sistemas.
Associated Press
Washington - Os programas nuclear e de energia do Irã, os quais são muito interligados, sofreram uma série de reveses e catástrofes nos últimos dois anos. Assassinos mataram três cientistas que trabalhavam para o programa nuclear do Irã. O vírus informático Stuxnet, que infesta computadores ao redor do mundo, atacou um só alvo no Irã, nas instalações de pesquisas nucleares do país. Dezenas de explosões inexplicáveis atingiram gasodutos ao redor do país e a primeira usina nuclear iraniana sofreu grandes falhas de equipamentos, enquanto técnicos lutaram para religar os sistemas.
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Será que o Irã apenas teve azar? Provavelmente não. O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Fereidoun Abbasi, disse indignado a jornalistas em Viena, na semana passada, que os Estados Unidos estavam apoiando uma campanha de assassinato de Israel conduzida contra seus cientistas nucleares Os comentários emocionais de Abbasi foram feitos quase um ano após motoqueiros terem instalado uma bomba na porta do seu automóvel em Teerã. Ele e sua esposa por pouco escaparam com vida.
Em relação aos três assassinatos, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou em entrevista à Associated Press que o assassinos foram capturados e confessaram terem sido "treinados nas terras ocupadas pelos sionistas". Ahmadinejad acusou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), de estar sob o controle dos Estados Unidos e disse que a agência publicou "ilegalmente e sem ética" os nomes dos cientistas nucleares iranianos, o que os transformou em possíveis alvos.
Enquanto Israel e a Grã-Bretanha nem comentaram as acusações do Irã, os EUA negaram qualquer papel na morte dos cientistas. "Nós condenamos qual quer assassinato ou ataque contra uma pessoa - contra uma pessoa inocente", disse a porta-voz do Departamento de Estado do governo americano, Victoria Nuland, logo após a última morte em julho. "Nós não estamos envolvidos"
Ex-funcionários do governo dos EUA assinalam que a política de assassinatos é ilegal pelos EUA, os quais consideram ataques feitos por aviões não tripulados e teleguiados, os drone, contra terroristas, como atos de guerra contra combatentes. Mesmo assim existem poucas dúvidas de que o governo do presidente Barack Obama persegue um programa de sabotagem de alta tecnologia para minar os esforços nucleares do Irã e tenta interromper o programa nuclear iraniano. "Eu não tenho dúvidas de que os EUA e outros países estão por trás da sabotagem industrial feita nesse programa nucelar em questão", disse Mark Fitzpatrick, um ex-funcionário do Departamento de Estado, referindo-se ao programa nuclear iraniano.
O governo do Irã afirma que busca tecnologia nuclear apenas com objetivos pacíficos. Inspetores internacionais, contudo, disseram que o Irã se recusou a explicar atividades suspeitas desde 2008. Enquanto isso, os EUA e outros países acusam o Irã de realizar todos os preparativos necessários para construir um arsenal nuclear.
Publicamente, a administração Obama pressiona pro mais sanções econômicas e políticas contra o Irã, a fim de convencer o país a abandonar o enriquecimento de urânio. Mas ao mesmo tempo, dizem abertamente ex-funcionários do governo americano, que EUA e seus aliados secretamente realizam operações para atrasar o programa iraniano de construção da bomba atômica.
Ex-espião da CIA admite jogo sujo
Um ex-funcionário da espionagem americana disse que os EUA consideraram o uso de um aparelho eletromagnético para derrubar a energia de um local suspeito de trabalhar na parte bélica do programa, mas desistiram porque existia o risco de ser provocado um apagão mais amplo. Ele falou apenas sob anonimato. A suposta campanha de sabotagem é vista amplamente como uma alternativa mais barata e melhor a uma operação militar de larga escala contra o Irã, a qual, afirmam os especialistas em geopolítica, tenha consequências calamitosas para o Oriente Médio.
Um telegrama diplomático secreto dos EUA datado de janeiro de 2010 e publicado pelo website WikiLeaks citou um funcionário do governo da Alemanha, dizendo que um programa de "sabotagem secreta" contra o Irã, incluindo explosões, ataques de hackers contra computadores e acidentes provocados, "seria mais efetivo que uma operação militar cujos efeitos na região poderiam ser devastadores". O telegrama diplomático não cita ações específicas. Embora o fato seja raramente discutido os EUA podem ser os líderes mundiais na arte sinistra da sabotagem industrial de alta tecnologia.
De acordo com uma história oficial que é contada na CIA, Agência Central de Inteligência dos EUA, a administração Reagan estava convencida no começo da década de 1980 de que a União Soviética tinha como objetivo mais amplo o roubo de tecnologia secreta no Ocidente. Os soviéticos teriam então conseguido embarcar às escondidas chips de computadores, turbinas e projetos industriais. Quando a KGB, o serviço secreto russo, obteve informações sobre o projeto do ônibus espacial dos EUA, o Space Shuttle, a CIA afirma que conseguiu enganar os soviéticos de que o projeto tinha tido o design rejeitado.
EUA evitam falar publicamente sobre o assunto
Os Estados Unidos e seus aliados têm evitado discutir publicamente a campanha de sabotagem. Pelo menos até recentemente, o Irã evitou levantar a questão e mesmo assim forneceu poucos detalhes. Para ambas as partes, a questão mais sensível é descobrir quem está matando os cientistas nucleares iranianos. Reuel Marc Gerecht, um ex-funcionário da CIA e que agora trabalhar no think tank Fundação para a Defesa das Democracias, disse que uma facção dentro do governo iraniano pode ter lançado a campanha de assassinatos. Ele disse que um dos cientistas mortos apoiava a oposição iraniana, enquanto os outros dois eram suspeitos de serem espiões para o Ocidente.
Outros ex-funcionários e diplomatas dos EUA, contudo, dizem que os assassinatos parecem ser uma tentativa dos adversários do Irã de interromperem o programa nuclear.
Muitos alertaram que assassinatos encomendados podem se virar contra o assassino, se não levarem os engenheiros e cientistas a trabalhar com maior afinco. Eles também alertam que o Irã pode retaliar e atacar cientistas ocidentais. Eles também colocam em dúvida se matar alguns cientistas pode atrasar ou mesmo interromper um programa nuclear. "Se o estado e o progresso do programa nuclear iraniano depende do que anda pela cabeça de um ou dois cientistas, então existe muito menos para se preocupar do que o discurso oficial nos faz crer", disse Paul Pillar, um ex-agente da CIA para o Oriente Médio e o Sul da Ásia.
Ex-oficiais dos EUA geralmente concordaram que o vírus informático Stuxnet foi um esforço para sabotar as centrífugas nucleares do Irã, usadas para produzir combustível nuclear para reatores ou para material que poderia ser usado em bombas atômicas. Especialistas estimam que o vírus e sua ação sobre os sistemas de eletricidade destruíram 1.000 centrífugas na usina de Natanz no ano passado.
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