segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"A falta de vontade de punir no mensalão mineiro!"

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"Eu acredito que o interesse político em criminalizar Lula e o PT permitiram uma condenação sem provas. Mas será possível fazer a mesma coisa quando esse interesse político não existir? É claro que não. E é por isso que o mensalão PSDB-MG deve ficar para longe, bem longe", diz o jornalista Paulo Moreira Leite, em sua análise sobre o esquema que teria sido criado no governo do tucano Eduardo Azeredo"

30 de Setembro de 2013 às 08:32


O tiro no pé das entidades médicas

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Jaru-RO: posto de saúde pichado em março, por moradores obrigados a percorrer 30 quilômetros até médico mais próximo
Rechaçar programa do governo, sem propor alternativas, evidenciou dilemas de profissão atordoada com tecnologia e massificação do atendimento
Por Lilian Terra

As entidades que em teoria representam a classe médica deram um tiro no pé. Ao se oporem ao programa “Mais Médicos”, tudo o que conseguiram foi fortalecer a imagem de elitistas e corporativistas que vem nutrindo ao longo das últimas décadas.
Nem sempre foi assim. Há não muito tempo atrás a medicina era vista como um dom, um sacerdócio. O médico era como o padre, sabia da vida das famílias que assistia – suas angústias, aflições. Era, além de cuidador, conselheiro. Mas o perfil do cuidado em saúde mudou. A tecnologia trouxe avanços de forma muito rápida e talvez o médico não tenha sabido conciliar os novos conhecimentos com a antiga e preciosa escuta do doente. Além disso, o acesso à saúde ampliou-se bem mais que a quantidade de médicos formados, de maneira que os que estavam no mercado precisaram captar os novos pacientes, em detrimento do tempo de atenção a cada um.
Hoje, temos muitas escolas médicas no país, com estudantes que buscam status e enriquecimento, mas também que buscam salvar vidas, cuidar de pessoas, independentemente de cor, credo ou classe social. Há ainda aqueles que buscam um sistema de saúde melhor e mais justo para o Brasil. Entram na faculdade entre seus 17 e 20 anos, vindos de famílias mais abastadas, de escolas particulares, tendo tido até então pouco ou nenhum contato com a pobreza, exceto aqueles provocados pela violência ou pelos funcionários mais pobres da família. A faculdade precisaria fazer com que estes futuros médicos abram seus olhos para esta nova realidade que se apresenta.
O fato é que existe muito preconceito dentro da classe médica com o trabalho na atenção básica. O “médico do postinho” é visto como alguém inferior, que não teve sucesso em escolher uma especialidade. As residências de Saúde Coletiva, Medicina Preventiva ou Saúde da Família são menos procuradas. Todos aspiram a ser Ivo Pitangui, quase ninguém a ser Osvaldo Cruz. Quando se fala em ir para o interior ou trabalhar nos Centros de Saúde da periferia, sempre dizem que não há estrutura e condições de trabalho – o que é bem verdade, mas talvez não seja o motivo real da recusa.
Tudo isso ficou muito claro no debate acerca do Programa Mais Médicos do governo federal. As entidades erraram, ao não mostrar à população que algumas alternativas já vinham sendo debatidas. Desde 2009, por exemplo, tramita no Legislativo a Proposta de Emenda Constitucional 454, cujo objetivo é instituir a Carreira de Estado para médicos. Quatro anos depois, a PEC segue sob análise de uma comissão especial. endo aprovada. A que aprovada, tramitará por tempo indefinido até apreciação do plenário das duas casas do Legislativo.
A exemplo do que ocorre no Poder Judiciário, não faltariam profissionais mesmo nos locais mais remotos do país – caso houvesse uma carreira. Porém, ao invés de chamar atenção para este aspecto, as entidades médicas focaram na recusa, não nas alternativas. Não mostraram à população o desejo real, de muitos médicos brasileiros, de ir para estas unidades de saúde; mas, sim, o o desejo de bloquear a vinda de estrangeiros. Demonstraram, em sua luta, mais medo de perder status e nível salarial do que de deixar a população desassistida, permitindo que o governo colocasse nos médicos a responsabilidade pela má qualidade da saúde pública.
Talvez as entidades médicas representaram bem a classe médica. Infelizmente, porém, existem profissionais que se viram abandonados pelos que deveriam representá-los – aqueles comprometidos com o SUS, que estão na luta por menos desigualdade social, por mais acesso aos serviços públicos, por mais qualidade destes serviços. Mais comprometidos que o próprio governo, que parece rejeitar a proposta de iniciativa popular que visa destinar 10% da receita bruta da União para a saúde. Ao se dirigir ao Congresso na última quarta-feira, 18/09/2013, a ministra Miriam Belchior afirmou não ser possível destinar essa fatia para o financiamento da saúde, ainda que especialistas tenham estudado previamente a proposta e que outros países destinem uma parte ainda maior de seu PIB.
Enquanto isso, as entidades médicas não tomam posição ao lado do governo ou ao lado da população. São uma terceira categoria, cada vez mais isolada. Como apontou a colunista Cláudia Colluci, em recente texto para a Folha de São Paulo, os médicos precisam se colocar “na pele de quem vive nos rincões sem assistência médica” e provavelmente este é um exercício muito difícil para jovens da classe média alta brasileira – certamente bem mais do que o das provas de vestibular.


sábado, 28 de setembro de 2013

Conheça o homem que pode ter salvado o mundo de guerra atômica

Há 30 anos, Stanislav Petrov estava monitorando possíveis ataques de mísseis dos EUA, quando teve uma surpresa.

Da BBC

Petrov não se vê como herói, mas diz que URSS teve sorte por ter sido ele quem estava trabalhando (Foto: BBC)
Petrov não se vê como herói, mas diz que URSS
teve sorte por ter sido ele quem estava trabalhando
(Foto: BBC)
Há trinta anos, no dia 26 de setembro de 1983, o mundo escapou de um possível desastre nuclear.
Nas primeiras horas do dia, os sistemas de alerta balístico da União Soviética detectaram mísseis vindo em direção à região. Leituras de dados de computador sugeriam que havia sido lançado um ataque dos Estados Unidos. O protocolo soviético determinava que a atitude a ser tomada em casos como esse seria o lançamento imediato de um ataque nuclear de retaliação.
Mas Stanislav Petrov - cujo trabalho era monitorar lançamentos de mísseis em países inimigos - decidiu não relatar o ataque a seus superiores, apostando na interpretação de que se tratava de um alerta falso.
Ele tinha ordens claras de, em casos como esse, reportar imediatamente o ocorrido a seus superiores. A opção segura seria a de passar a responsabilidade das decisões para seus superiores.
Mas sua decisão pode ter salvado o mundo.
"Eu tinha todos os dados (para sugerir que havia um ataque de mísseis em andamento). Se eu tivesse mandado meu relato para meus superiores, ninguém teria contestado meus dados", disse Petrov à BBC - 30 anos depois daquele dia.
Petrov - que se aposentou e hoje vive em uma pequena cidade perto de Moscou - era parte de uma equipe treinada que trabalhava em uma das primeiras bases de alerta da União Soviética, não muito longe da capital. Seu treinamento foi bastante rigoroso, e suas ordens sempre foram claras.
Seu trabalho era registrar qualquer ataque com mísseis e relatá-los aos líderes militares e políticos. No clima político de 1983, uma retaliação imediata seria a opção mais provável.
Mas Petrov congelou diante da situação.
"A sirene tocou, mas eu fiquei parado por alguns segundos, encarando a tela vermelha com a palavra 'lançado' escrita", diz. O sistema, com bom nível de confiabilidade, estava alertando sem grandes margens para dúvida de que os Estados Unidos tinham lançado um míssil.
"Um minuto depois, a sirene soou de novo. Um segundo míssil havia sido disparado. Depois um terceiro, um quarto e um quinto. Os computadores mudaram o alerta de 'lançado' para 'ataque de mísseis'".
"Não havia regras sobre quanto tempo tínhamos para ponderar antes de relatar um ataque. Mas nós sabíamos que cada segundo de adiamento era uma perda de tempo precioso, e que a liderança política e militar da União Soviética precisava ser alertada sem atrasos".
"Tudo que eu precisava fazer era pegar o telefone e fazer contato direto com os altos comandantes - mas eu não conseguia me mexer. Eu me sentia como se estivesse sentado em cima de uma frigideira", lembra Petrov.
Ele resolveu consultar fontes secundárias, como especialistas que operam radares de satélites, que disseram não ter detectado mísseis.
Mas o que mais chamou sua atenção foi a intensidade dos alertas feitos pelos computadores.
"Havia 28 ou 29 testes de segurança. Depois que o alvo fosse identificado, o alerta teria que passar por todos esses testes. Eu não via como isso podia ser possível nessas circunstâncias".
Petrov chamou o plantonista do quartel-general do Exército soviético e alertou para uma falha no sistema. Caso estivesse errado, a primeira explosão nuclear poderia acontecer em poucos minutos.
"Vinte e três minutos depois eu percebi que nada tinha acontecido. Se um ataque de verdade tivesse acontecido, eu já teria recebido notícias. Foi um alívio enorme", ele lembra, com um sorriso.

'Sorte que era eu'
Agora, 30 anos depois, Petrov avalia que a probabilidade de o ataque ser real era de 50%. Ele admite que nunca teve certeza de que se tratava de um alerta falso.

Ele afirma que foi o único entre seus colegas que tinha tido uma educação em escolas civis.
"Meus colegas eram soldados profissionais, ensinados a dar e receber ordens".
Ele acredita que, caso tivesse sido outra pessoa no seu lugar, provavelmente o alerta teria sido informado aos superiores.
Dias depois, Petrov foi repreendido por suas ações naquele dia. Mas curiosamente não foi por ter tratado tudo como alerta falso - mas sim por erros cometidos na hora de escrever tudo no livro de registros.
Por dez anos, ele não falou sobre o assunto.
"Eu achava que era uma vergonha para o Exército soviético que nosso sistema tivesse falhado desta forma".
Depois do colapso da União Soviética, a história foi amplamente contada na imprensa e Petrov ganhou vários prêmios internacionais.
Apesar de tudo, ele não se vê como um herói.
"Era meu trabalho", diz ele. "Mas eles tiveram sorte que era eu quem estava trabalhando naquela noite".


Documentos revelam participação de FHC e Gilmar Mendes no ‘valerioduto tucano’

Mendes
Tanto FHC quanto o ministro Gilmar Mendes constam de documentação anexada a processo contra Marcos Valério
Documentos reveladores e inéditos sobre a contabilidade do chamado ‘valerioduto tucano‘, que ocorreu durante a campanha de reeleição do então governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, constam de matéria assinada pelo jornalista Leandro Fortes, na edição dessa semana da revista Carta Capital. A reportagem mostra que receberam volumosas quantias do esquema, supostamente ilegal, personalidades do mundo político e do judiciário, além de empresas de comunicação, como a Editora Abril, que edita a revista Veja.
Estão na lista o ministro Gilmar Mendes, do STF, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os ex-senadores Artur Virgílio (PSDB-AM), Jorge Bornhausen (DEM-SC), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Antero Paes de Barros (PSDB-MT), os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e José Agripino Maia (DEM-RN), o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e os ex-governadores Joaquim Roriz (PMDB) e José Roberto Arruda (ex-DEM), ambos do Distrito Federal, entre outros. Também aparecem figuras de ponta do processo de privatização dos anos FHC, como Elena Landau, Luiz Carlos Mendonça de Barros e José Pimenta da Veiga.
Os documentos, com declarações, planilhas de pagamento e recibos comprobatórios, foram entregues na véspera à Superintendência da Polícia Federal, em Minas Gerais. Estão todos com assinatura reconhecida em cartório do empresário Marcos Valério de Souza – que anos mais tarde apareceria como operador de esquema parecido envolvendo o PT, o suposto “mensalão”, que começa a ser julgado pelo STF no próximo dia 2. A papelada chegou às mãos da PF através do criminalista Dino Miraglia Filho – advogado da família da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, que seria ligada ao esquema e foi assassinada em um flat de Belo Horizonte em agosto de 2000.
Segundo a revista, Fernando Henrique Cardoso, em parceria com o filho Paulo Henrique Cardoso, teria recebido R$ 573 mil do esquema. A editora Abril, quase R$ 50 mil e Gilmar Mendes, R$ 185 mil


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Siemens insinua que Alckmin “acoberta” corrupção

Enquanto as atenções se concentram no vai-não-vai do julgamento do mensalão e nas crescentes evidências de que o escândalo contra o PT vem sendo tratado com dureza incomum pela mídia nacional, pela Procuradoria Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal, outro escândalo, de dimensões bilionárias e repleto de evidências contra políticos, vai passando batido.
Chegam a bilhões de reais as somas envolvidas em um esquema de corrupção que tornou o transporte público metroviário em São Paulo uma tortura diária para milhões de paulistanos que penam diariamente nos vagões do pior sistema de metrô do mundo em termos de superlotação.
Para que se tenha uma ideia, a pequena rede metroviária paulistana (74,2 km2) transporta até 11 passageiros por metro quadro enquanto a recomendação internacional é de que não passem de 6. Por conta disso, segundo o jornal Folha de São Paulo o metrô paulistano é o mais superlotado do mundo.
Em agosto, a revista IstoÉ denunciou que o escândalo de superfaturamento nas obras do metrô e na aquisição de trens se arrasta desde o governo Mario Covas, passando pelos governos José Serra e Geraldo Alckmin. Porém, as denúncias surgiram em 2008 e, desde então, o governo paulista, responsável pelo setor, não apenas não apurou nada como impediu investigações.
A oposição ao governo Alckmin já pediu cinco CPIs e todas foram barradas por ordem expressa dele.
O escândalo dos trens paulistas envolve empresas como a francesa Alstom e a alemã Siemens, entre outras. Um dos casos mais impressionantes vem de 2009, um ano após as primeiras denúncias do caso Alstom, o que revela a certeza de impunidade dos governos do PSDB paulista.
Trecho de matéria recente da jornalista Conceição Lemes, que vem fazendo um trabalho investigativo sobre esse escândalo de enorme importância, mostra bem a dimensão da roubalheira:
“(…) Em 2009, no governo Serra, o Metrô abriu concorrência para reformar 96 trens das linhas 1 ( Azul) e 3 (Vermelha) em um valor total de R$ 1,75 bilhão. Segundo contratos oficiais, um trem novo custava R$ 23 milhões e o reformado saía por R$ 17 milhões. Ou seja, os trens reformados teriam um custo final de 86% de um trem novo (…)”
Nesse tempo todo, a “rigorosa” imprensa brasileira jamais deu nome aos bois de forma adequadamente clara, como faz quando o escândalo envolve o PT – com exceção da revista IstoÉ e de sites e blogs na internet.
Contudo, em agosto deste ano, na falta de investigação oficial, a empresa Siemens tomou iniciativa de ir ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) denunciar que seus controles internos detectaram que alguns de seus altos funcionários haviam corrompido o governo paulista.
O mais escandaloso em todo esse caso é que foi preciso que o corruptor se autodenunciasse em troca de um acordo de delação premiada, no qual a Siemens seria poupada de sanções por ter ido ao Cade revelar as transações obscuras em que se envolveu com as gestões do PSDB paulista.
Depois da porta arrombada, em agosto, após a denúncia da Siemens e das matérias na revista IstoÉ, o governo Alckmin, enquanto orientava sua bancada na Assembleia Legislativa a barrar os pedidos da oposição de Comissões Parlamentares de Inquérito, instalou uma “investigação” no âmbito da Corregedoria Geral de São Paulo, que controla.
A Corregedoria do governo Alckmin, porém, vem fazendo um jogo de cena, com a cumplicidade da grande imprensa. Nesse aspecto, o Jornal Nacional, da Rede Globo, apresentou matéria, na última terça-feira, que induz a crer que o próprio governo de São Paulo vem se investigando ao lado da Polícia Federal e do Ministério Público.
Na matéria, o corregedor-geral paulista, Gustavo Úngaro, subordinado ao governo Alckmin, tenta iludir o público afirmando que, “De todas as empresas suspeitas, a única que não está colaborando é a Siemens”, e que “recomendou ao Metrô e à CPTM que iniciassem, imediatamente, processos administrativos contra a empresa para que ela seja proibida de participar de licitações”.
Todavia, a “investigação” que o governo paulista alardeia e que a mídia trata como se fosse séria, não passa de jogo de cena. Equivale a apresentar o governo Lula como o investigador do escândalo do mensalão.
A Siemens, porém, reagiu com dureza à encenação do governo Alckmin. Em nota, explica que não prestou depoimentos à corregedoria tucana porque existe uma obrigação legal de sigilo em seu “acordo de leniência” com o Cade, e que está respeitando determinação que é, também, da Polícia Federal e do Ministério Público.
A nota da Siemens é demolidora. Explica que foi ela mesma que denunciou o caso e que a conduta da corregedoria do governo Alckmin – ou seja, do próprio governador – cria “Um ambiente contrário à transparência e ao diálogo e acaba premiando os que decidem acobertar as más práticas”.

Tanto a Globo como o resto da grande imprensa – sobretudo da imprensa paulista – sabem muito bem que a Siemens não pode dar ao governo tucano as informações que ele quer porque seu acordo com o Cade a obriga a manter tais informações fora do alcance justamente do governo que está sendo investigado, mas que, com uma desfaçatez revoltante, tenta posar de “investigador”.



terça-feira, 24 de setembro de 2013

'Ex-gay', pastor e deputado do PSB revela: 'Não posso ficar junto de homem porque a carne é fraca'

   Sem medir palavras para evitar polêmicas, o deputado estadual Pastor Sargento Isidório (PSB) tem criado animosidades até dentro do próprio partido que faz parte por conta das suas posições. Responsável pela Fundação Doutor Jesus, centro de reabilitação para dependentes químicos localizado em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, o parlamentar se diz "ex-homossexual, ex-drogado e ex-bandido". Ele também afirma ter "quase certeza" de ter sido infectado pelo vírus HIV – embora não haja diagnóstico que comprove a assertiva – e curado "pela fé". Diante dos protestos que envolvem a permanência do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, Isidório subiu ao altar e defendeu o colega. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele ratifica as posições de Feliciano e defende inclusive a afirmação do parlamentar de que "africanos são descendentes amaldiçoados de Noé". "A viadagem da África, quando viu dois cabras bons, bonitos, musculosos, saiu atrás. (...) [Por isso], o Pastor Marco Feliciano falava que por causa do pecado lá naquela região onde a pele é mais negra aconteceu a maldição", interpretou. Ele diz que ficou insatisfeito com nota de repúdio lançada pelo PSB, credita o comunicado "aos viados e viadas lá dentro" e discorda das posições da presidente estadual da legenda, a senadora Lídice da Mata. "Ela é de Oxum e eu sou de Jesus. Eu também já fui de Oxum quando era homossexual", comparou. Ao salientar não temer ser expulso da sigla, afirmou que "se essas desgraças [partidos] prestassem, eram inteiros". Apesar de suas convicções, o religioso  ainda titubeia quando volta seus olhos para o mundo terreno. "O pastor é humano. Claro que eu tenho medo de recaída. Eu não posso ficar junto de um homem muito tempo porque a carne é fraca", estremeceu.


Fotos: Lucas Franco / Bahia Notícias

Bahia Notícias – O senhor defende causas bastante polêmicas, como a do deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), e isso foi motivo de uma carta feita pelo PSB discordando do seu posicionamento. Como está o ambiente dentro da legenda que o senhor faz parte?
Pastor Sargento Isidório – Primeiro, eu tenho algumas separações na minha vida. Eu sou sargento de polícia, eu sou pastor e eu estou deputado. Eu não nasci deputado, eu estou. É o povo que nos dá o voto, por um direito popular. Eu acho que nós não devemos ter nada contra o direito de qualquer cidadão optar por uma maneira de se relacionar sexualmente, por seus modus operandi. Nós não devemos ter nada contra porque esse país é totalmente democrático. Imagine que ninguém consegue empatar ninguém de se suicidar. As pessoas estão se assassinando aí no crack. Quem está morrendo de crack, para mim, é suicídio. Nem tem essa história de vitimação. É um suicídio porque todo mundo sabe que crack não tem perna, cocaína não voa, maconha não vem se embolando e depois entra na boca de ninguém. Somos nós que perdemos a dignidade, desobedecemos pai e mãe, não queremos limite e vamos para a droga. Aí dizem assim 'ah, a violência matou, quem fez aquilo foi o crack'. Não foi não. Isso aí é conversa de terapeuta, de psicólogo, de assistente social, que quer ficar afagando. Foi o homem, que desobedece pai e mãe e vai lá e se agacha no erro. Depois, fica dizendo que foi a pedra. Precisamos reconhecer o que é nosso. Da questão do ponto de vista sexual, todo mundo sabe que eu sou ex-homossexual. Graças a Deus, há 18 anos eu encontrei a cura via palavra de Deus. Então, eu não comi página de Bíblia. Eu apenas cri em alguém poderoso. Eu me drogava, eu era alcoolatra. Hoje, eu tenho 120 e tantas mulheres internadas de 11 anos em diante com problema de drogas e tenho umas 15 lésbicas ainda. Só não estão praticando lá dentro, que eu não permito a prática, mas estão lá comigo, e quando vêm falar comigo, ficam dizendo que se drogaram para se achar, para se encontrar, tem tudo isso. Eu digo que quando eu fui beber é porque não estava aceitando essa história que estava acontecendo comigo. Então, fui me drogar, para tentar conseguir fazer a noitada... e aí a gente não pode dizer a verdade, a gente tem que continuar doente. O direito do relacionamento sexual da maneira invertida  não convém. Não convém sexo de homem com homem e mulher com mulher. Está escrito biblicamente – e estou falando de fé. Quando um partido político tenta punir um deputado ou alguém de lá de dentro fala 'não foi o partido, não foi a senadora', mas estou na rua como dizem que fui...
BN – Intolerante...
PSI – Não, como o partido me julgou...
BN – Repudiou...
PSI – Então, para a sociedade, estou um deputado repudiado. Aí depois alguém dizer 'não, não fui eu, foi João, foi José'. Se foi João, foi José, se acertou parabenize ele, se não acertou chame ele e enquadre. Porque um site tem dono, Facebook do partido tem alguém que controla. Se alguém no seu site, no seu Facebook, me ofendeu, chame essa pessoa, vá para delegacia ou para Justiça e o denuncie. Não dá, na questão religiosa, e aí não somos nós evangélicos, talvez aqui tenhamos pessoas com o mesmo pensamento que eu que não querem se expor, mas sabemos que pela doutrina católica e evangélica, Deus desde o início não criou o gay e não criou a 'gaya'. Deus criou o macho e a fêmea. Está na Bíblia. Deus abençoou homem e mulher, e a Bíblia diz que o homem é para a mulher e a mulher para o homem. A mulher para ser a ajudadora – não que ela seja pior, pelo contrário, hoje a minha mulher vem em minha frente. A mulher hoje está tomando os espaços dela e consertando aonde chega. Porque a mulher é mais tranquila que o homem. Mas a gente não pode permitir que a nossa fé e o nosso pensamento sejam tolhidos por um partido político, só porque o partido aprova o casamento de homem com homem, o relacionamento via ânus, via reto, que não tem jeito biologicamente, não tem jeito por nada. Não é só o pastor que diz que o reto não pode ser penetrado. O ânus é o tubo de esgoto do corpo humano. É o local em que, depois que você come, apodrece, e por lá que sai...

"O ânus é o tubo de esgoto do corpo humano"
BN – O senhor fala que as pessoas se entregam para a droga deliberadamente, deixando de lado a questão da dependência química. Há anos de estudo em torno disso, da neurociência, da psiquiatria etc. Também em relação à homossexualidade, o Conselho Federal de Psicologia vem lutando para tirar dela a pecha de doença. Não trata mais como doença. O senhor trata de uma única fonte que é a Bíblia. Isso não é restritivo na forma de analisar essas questões?
PSI – Primeiro que a psicologia saiu da Bíblia, a medicina saiu da Bíblia, a engenharia saiu da Bíblia. Tudo o que a imprensa fala saiu da Bíblia. Se vocês virem a Bíblia verão que aqui [aponta para a Bíblia que levou para a entrevista] tem tudo. A Bíblia tem início, meio e fim. Não é o que o rapaz escandaloso Jean Wyllys [PSOL-RJ] disse, que a Bíblia tão lida por evangélicos, por católicos, por todos os povos, até os das matrizes africanas, que eu participei também, leem a Bíblia. Eles fazem o sacerdotismo deles também de sacrificar animais, tudo isso sai daqui [da Bíblia] também. Quando ele chega como um rapaz escandaloso e diz que aqui é um livro de piada e que todo mundo que crê é palhaço não pode ser assim. Ainda mais em um mundo em que estamos brigando contra a intolerância religiosa. É a mesma coisa do pastor lá atrás que chutou a imagem. Se alguém tem fé, fé não se discute. Se você chega no candomblé, o caboclo manifestado fala 'Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo', isso é fé. O espírito bebe a água, joga duro, isso é fé. A gente ora, bota o rosto no chão e joga duro, isso é fé. Fé não se discute. Essa questão da psicologia eu é que acho absurdo o Conselho Regional...
BN – Federal... 
PSI – ...Federal tentar punir profissionais que dentro do seu direito de ouvir jovens... que se alguém quer ser lésbica e gay é um direito. Eu sou contra qualquer tipo de violência, não podemos fazer enfrentamento. Dentro do militarismo tem, dentro do papado tem, se brincar no meio dos pastores tem. Sempre convivemos e sempre toleramos. É diferente o PL [Projeto de Lei] 122 que quer criar uma lei especial. Eles [homossexuais] vão virar deuses. O viado e a 'viada' vão virar deuses e nenhum hétero terá direito onde tiver um deles. O que está preceituado se aprovado é que vão abrir um presídio, porque vou ser o primeiro a entrar lá, porque vão me tornar homofóbico. Homofóbico é alguém que tem fobia, que quer matar, que quer quebrar, que quer esbagaçar. Eu convivo muito bem com viados, com lésbicas e tudo. Eu tenho pelo menos 700 homens internados e, no mínimo, devem ter pelo menos 50 meninos alegres', que chegam alegres e depois se alegram com outra coisa. 'Vá dormir, vá almoçar, vá tomar seu banho, se organize, mas a prática aqui dentro eu não deixo'. Esse Conselho Federal quando proíbe o psicólogo de ouvir alguém... o cara foi para o erro – ou não erro, como eles queiram – mas quer voltar... Imagine, vocês estão diante de alguém que foi gay, mas não gostou. Graças a Deus, constituí família, tenho filho e agora filhos de todo estado que vêm para mim e estão em minha casa. Só não são filhos do ovo, mas são filhos pelo sangue de Jesus, que Deus manda para mim, para recuperar. Deus abençoou a procriação, quando se  pretende botar homem com homem, mulher com mulher, isso é o extermínio da humanidade. A Bíblia diz que nós somos criados à imagem e semelhança de Deus. Tem alguém no mundo espiritual por detrás disso que tem interesse no desaparecimento da humanidade. Daniela Mercury está aí dizendo que causou, que é marida de não-sei-quem. Quero ver a esposa dela vir grávida dela. Quero ver ela tirar o 'bilau', porque a mulher dela tem a 'xoxota', tem a vagina, a popular e conhecida velha 'tabaca'. Ela vai entrar com o bilau onde? Onde ela vai entrar com o pênis? Que lua-de-mel vai ser essa? Ela engravide, já que ela é o macho. Então, eles têm direito a tudo isso e não temos direito a discordar de uma coisa? É discordar mas conviver. Então eu discordo mas tenho convívio com ele lá... agora a gente não poder sequer questionar é o nome de Deus que está sendo ofendido, o Pastor Marco Feliciano está recebendo intolerância religiosa...
BN – Só para não desviar o foco da pergunta inicial, afinal, o senhor vai continuar no PSB depois desse repúdio?
PSI – Rapaz, se eu não for botado para fora, se não fizerem inquisição, eu vou. Respeito os viados e as 'viadas' que estiverem lá dentro. Eu queria ficar no PSB, mas se lá a viadagem estiver forte mesmo, que é que eu posso fazer?
BN – O senhor está flertando com o PSC ou outro partido?
PSI – Olhe o que é partido, já começa na miséria da palavra: partido. Se essas desgraças prestassem, eram inteiros. Está entendendo? É tudo partido. Partido-não-sei-o-que-não-sei-o-que, partido-não-sei-o-que, tudo partido, essas miséria. Não devia ter partido, devia o cidadão dizer assim: 'ah, eu gostei daquele doido ali', 'dez assinaturas, vá lá', 'gostei daquele outro ali também', 'vá lá', pronto. Porque os partidos estão todos cheios de donos. Pense aí, não tem um partido que não tenha um dono com  um documento debaixo do braço dizendo [aponta]: 'você vai ser candidato, você vai, você não vai'. Agora, eu não nasci deputado, eu estou deputado. Eu preciso ser servo de Deus até a hora da minha morte, por gratidão, pelo o que ele fez na minha vida, por hoje eu não estar planejando assalto dentro da polícia com essa idade. Aprendi lá, com os coronéis, com profissionais que estavam lá, até os praças, a fazer o bem. Mas depois, por não conhecer a palavra de Deus [cometeu assaltos]. Mas mudei de vida, estou aqui, hoje sou servo de Deus. Evangélico, tenho convicção do que faço e moro dentro de um centro de recuperação porque às vezes tenho a impressão de que não posso nem sair de lá, de tão ruim que eu sou. Tenho medo de sair e ficar na pior. Fico com eles lá porque pelo menos funciono como um irmão mais velho. O PSB tem direito de fazer o que quer, mas na minha fé o PSB não entra. Gosto da senadora Lídice da Mata, é uma pessoa maravilhosa. Ela é de Oxum e eu sou de Jesus. Eu também já fui de Oxum quando era homossexual.

"Gosto da senadora Lídice da Mata. Ela é de Oxum e eu sou de Jesus. Eu também já fui de Oxum quando era homossexual"
BN – A psicanálise traz a questão da busca do ser humano por prazer e a divide em várias fases. A razão está sempre associada a prazer oral, anal etc. O senhor fala que o reto é o esgoto do organismo humano, mas antes de o senhor descobrir isso, não era uma coisa prazerosa?
PSI – Rapaz... eu lhe disse que eu me drogava e que eu vivia embriagado. Diga um dopado fazendo sexo, o que é que drogado sabe depois? O drogado não sabe mais nada. Sabe aquele ditado que diz que 'aquele negócio do bêbado não tem dono'?
BN – Foi isso o que aconteceu com o senhor?
PSI – Mais ou menos isso. 'Rapaz, eu vou ter que me relacionar, estou bicha, vou logo tomar uma aqui que é para esquentar o negócio', pronto. Aí eu estava bêbado mesmo. Graças a Deus, Deus não me permitiu nem lembrar o gosto do negócio mais. Que dizem que aquela parte do bêbado, do drogado, não tem dono...
BN – Então, o senhor toda vez estava sob efeito de entorpecentes?
PSI – Com certeza. Eu tinha que me drogar, porque pensava 'que negócio é esse, meu filho?'. Eu traí  a todo mundo, traí a tudo, traí a Deus...
BN – O senhor já era casado nessa época?
PSI – Eu já estava me relacionando também com mulher. Então ora eu era só gay, ora não, ora a desgraça... o homem sem Deus é uma folha seca caída no chão. O homem ou a mulher sem Deus é isso. Por isso que é importante que, quando você lida com a palavra de Deus, você não fica melhor que ninguém, mas você vai evoluindo. Eu escolhi evoluir pela palavra de Deus.
BN – Há quanto tempo o senhor não tem uma relação homossexual?
PSI – Rapaz... há 18 anos.
BN – Levou quanto tempo como gay?
PSI – Eu posso dizer que na verdade eu já estava trabalhando com o homossexualismo, sofrendo isso, desde que eu tinha um primo do Exército que dormia dentro do meu quarto. Eu era criança, tinha sete anos de idade, possivelmente, para estar lembrando do que eu estou lembrando. Hoje eu sei que isso se chama abuso sexual. Lá atrás, quando eu estava sendo vítima, dizia, 'o que é isso aqui?'. Tirado do beliche, botado para baixo, me pediam 'pegue aqui, pegue ali, faça isso', por isso que eu faço uma coisa polêmica às vezes para tentar chamar atenção, porque assim eu sou ouvido. Todos os pais e mães se tivessem me ouvido não deixariam uma pessoa estranha dormir no quarto dos seus filhos. Hoje a situação está tão séria que você tem tomar cuidado com a pessoa que vai secretariar sua casa, que vai tomar conta de seus filhos, seja homem ou mulher. 'Ah, mas está ali meu filho dormindo com primo, com não-sei-quem...'. Tem que tomar cuidado. Porque eu tinha um tal de um primo da minha mãe que estava dentro da casa e tudo isso ajudou [no abuso], porque eu ficava em um quarto com ele e na hora de dormir, de noite, era carícia, carinho. 'Venha para cá para cima dormir comigo' e pronto. Olha só o que é que aconteceu. Até que eu conheci a palavra de Deus.

"Não foi o pastor que me curou [do vírus HIV], foi minha fé"
BN – E foi nessa época de mudança que o senhor diz que teria contraído o vírus HIV e 'milagrosamente' foi curado?
PSI – O vírus HIV é o seguinte: todo mundo sabe que dentro do homossexualismo ou de qualquer outro tipo de sexo, até o hétero irresponsável, que passa por mais de um parceiro ou parceira, o sexo é livre. E na droga está o risco também. Então eu fui dependente do álcool, das drogas e fui homossexual. Depois, 18 anos atrás, eu apareço [durante] quase oito meses na cama, sem forças, sem andar, sem falar – porque agora estou rouco porque todos os dias eu canto e doutrino uma casa com oitocentas e tantas pessoas...
BN – Mas na Assembleia Legislativa o senhor sempre discursa com essa voz rouca também...
PSI – É porque quando eu chego na Assembleia para descansar, para desestressar. Eu saio da minha casa, do trabalho, e lá, com tudo o que tem ali, debate, projeto, eu ainda consigo descansar. Mas se for dentro de minha casa, eu mal durmo. Ontem estava à 1h socorrendo dois alcoolatras que chegaram de Canudos, fui dormir quase 5h...
BN – Mas e o HIV?
PSI – Então, o que acontece: eu não falava, eu não andava, mas andava na mão das pessoas. Eu cuspia em uma vasilha de margarina e depois, pela minha fé, o pastor chegou lá em um clube que eu tinha – eu tinha um clube –, que de manhã amanhecia cheio de drogas, de porqueira, eu era polícia já. Eu fui para o local onde o pastor me chamou e, ali, naquele momento, eu caí de joelho e levantei, tirando coberta e tudo e quando o pastor me chamou, 'cadê o sargento Isidório?', eu levantei pulando e dizendo 'estou aqui, pastor'. Curado, para a glória do nome de Jesus. Não foi o pastor que me curou, foi a minha fé, o conjunto de força motriz da fé que cada qual aqui pode...
BN – Mas chegou a ter diagnóstico de que o senhor estava com HIV positivo?
PSI – Graças a Deus não. Ali na verdade eu não cheguei a ir para nada porque eu não tinha... hoje eu tenho... melhorou, por causa dessa vivência minha aí no meio dessas pessoas maiores. Eu sou um deputado por acidente de percurso, então melhora vocabulário, melhora conhecimento. Até porque não estava muito na onda há 18 anos...
BN – O senhor usava droga injetável?
PSI – Não.
BN – E qual era a droga que o senhor usava?
PSI – Mais maconha, álcool.
BN – Chegou a cheirar cocaína?
PSI – De determinado momento em diante... o que é que aconteceu... eu acordava e estava caído em um canto, um bocado de outros drogados caídos para lá e ia para o quartel, suado, de manhã cedo, para botar a tropa em forma, perguntando a mim: 'meu Deus, o que será que eu fiz?'. E pronto. Depois que [a pessoa] sai de si...
BN – Cocaína e crack, chegou a usar?
PSI – Que eu lembre não. Crack está de agora. 
BN – O senhor disse que não lembra se sentia prazer em relacionamentos homossexuais porque estava drogado, mas no período em que seu primo o abusou, o senhor tem alguma lembrança desse período?
PSI – Mas isso era um abuso.
BN – Mas o senhor achava bom isso, quando não tinha consciência de que era abuso?
PSI – Não tinha consciência de nada. O que é uma pessoa que está ali, vendo alguém tirar sua roupa, botar sua mão em partes íntimas. Até você ter consciência para dizer a uma mãe... você tem filhos hoje que podem estar sofrendo esse abuso e dá para ver pela falta de abertura de pai que não quer dialogar, de mãe que quer ser carrasco. De pais que não se abrem para conversar com o filho. Aí o filho toma medo e daqui a pouco o prejuízo é maior. E lá atrás, eu pensava que se eu dissesse a esse pai meu, a essa mãe minha, eu pensava: 'rapaz, eu vou é apanhar aqui'. 
BN – O senhor chegou a ter trejeitos de mulher?
PSI – Nos carnavais eu me vestia de mulher. Nunca fui normal. Hoje tem a galera que é hétero mesmo que se veste para brincar, mas no meu caso era para aproveitar o negócio (risos).
BN – O senhor não tem medo de uma recaída?
PSI – Eu estou pensando em vestir roupa de mulher para entrar naquela Assembleia, para botar os deputados para pensar e para falar. Porque está todo mundo calado. O grupo gay grita: 'gay, gay, gay, o Brasil é gay!' e fica todo mundo calado. Isso é a verdade. É que não estão percebendo que a televisão, a grande mídia, está investindo para descaracterizar a nossa família. O cara pode até depois que fez um filho dar para boiola, mas ele não quer que o filho venha não. Ele quer: 'não, deixe meu filho macho aí', mas ele já está vendo que a televisão está trabalhando para mudar a natureza dos nossos filhos, para inflamar as nossas filhas.
BN – O senhor está dizendo que a televisão é capaz de produzir homossexuais?
PSI – É, é sim. É só o que faz, produzir mesmo. Não vê uma [televisão] séria, que tenha um debate respeitoso e diga 'olha, os religiosos dizem que não é bom'. Não vê. 'Homem com homem não faz filho, mulher com mulher não faz filho'. Quer ver? Pega um monte de casal de cobra desses aí, joga em uma ilha para ver se vai nascer alguém lá e depois que passou um período de vida normal vá lá para ver se multiplicou, se tem alguém. Morreu todo mundo. Isso é o extermínio da criatura. Porque homem com homem não faz filho. Eu já disse: eu quero ver Daniela [Mercury] voltar de lá com uma mulher grávida. Aí eu vou dizer que é retada.

"Claro que eu tenho medo de recaída. Eu não posso ficar junto de um homem muito tempo porque a carne é fraca"
BN – Todos os defensores e retratores de Marco Feliciano têm usado o argumento da causa gay, mas ele também andou dizendo que os negros foram amaldiçoados. Não é uma contradição uma pessoa que está em uma comissão para defender os direitos das minorias, a causa negra por exemplo, ter usado um argumento desses?
PSI – Eu acredito que no contexto em que o deputado falou, deve ter acontecido um equívoco, um mau entendido, a má interpretação dele. Tipo assim, nós somos negros. Aqui no nosso meio tem pessoas de pele branca, mas estamos em uma nação verdadeiramente negra. Coisa linda, cor de chocolate. Eu sou de moreno para negro e meu avô berço daquele largo [continente africano]. E qual é o problema? Eu costumo dizer que nós vamos ter uma grande surpresa. A Bíblia diz que Jesus não tem formosura, mas quando você vê um quadro de Jesus é meio parecido com você [José Marques]: olho azul – e seu olho não é nem gatinho, não –, mas os cabelos, coisa e tal. Você nunca viu um Jesus negro. E olha a surpresa você chegar lá e ver um Jesus negão, botando pra descer. Rasta, bonito. Porque essa discussão de cor, hoje acho que é mais política. 
BN – Mas o líder da comissão não podia ser, ainda que um pastor, uma pessoa que não tivesse usado um argumento que classificam de racista?
PSI – O contexto que ele estava lá: o pastor é humano. Vocês, nesse instante, me perguntaram: você não tem medo de recaída não? Claro que eu tenho medo de recaída. Eu não posso ficar junto de um homem muito tempo porque a carne é fraca. Daqui a pouco o que é que pode acontecer? Então, eu não vou chegar aqui e ficar brincando com fogo. A Bíblia diz que nós devemos sair da aparência do mal. Jesus me livrou do homossexualismo, mas Jesus não está mandando eu voltar e ficar lá agarrado com homem não. Se eu deixei de ser ladrão, como que eu vou continuar no meio de ladrão? Se eu deixei de ser qualquer coisa ruim, eu tenho que me livrar dessas coisas ruins para evoluir para o bem. Agora, só posso ir lá para orientar: 'olha, não é bom'. É isso que eu digo a todo mundo. 'Você não está com esse problema, evite ficar agarrando a sua mulher, procure dormir mais separado, procure se afastar. Ou procure se ligar mais para a mulher, para o outro sexo'. Pronto. Eu digo assim porque eu brinco muito, eu sou polêmico e a imprensa, principalmente aquela imprensa sem compromisso com Deus, sem responsabilidade, nunca quer botar as coisas boas. Eu já imagino quanta desgraça vocês vão colocar aqui. Porque às vezes se vocês tivessem a condição de colocar a verdade, ainda tem doutor aí por cima, o dono da imprensa que vai querer que bote o que ele quer para vender a zorra dele. Mas as coisas boas que eu digo aqui dificilmente serão colocadas...
BN – Aqui vai ser tudo colocado na íntegra...
PSI – Se brincar, vão colocar aí que eu disse que tenho queda por homem, que não sei o que, mas graças a Deus não me preocupo com julgamento de imprensa, de revista Veja, de Istoé...
BN – O senhor ainda não comentou as declarações de Feliciano sobre os negros.
PSI – Ele fez o contexto de África. Ele disse que naquela época... pronto, veja como isso é polêmico: lá naquela época, os primeiros viados foram pegar dois anjos que chegaram ali na cidade. Aí o Ló [sobrinho de Abraão] não permitiu que os caras quisessem ter os anjos como bofe. A viadagem de lá, quando viu dois cabras bons, bonitos, parecidos com esse aqui [Evilásio Júnior], musculosos, saiu atrás. O Ló disse: 'não faça isso. São dois anjos do Senhor que vieram à minha casa' e ofereceu duas filhas: 'olha, eu tenho duas filhas moças aí, peguem'. Mas a viadagem não queria. Eles estavam inflamados. O que aconteceu? Cegueira. A viadagem persistiu e o que aconteceu com Sodoma e Gomorra? Heim?

"A viadagem da África, quando viu dois cabras bons, bonitos, musculosos, parecidos com esse aqui [Evilásio Jr.], saiu logo atrás"
BN – Foram destruídas...
PSI – E foi o Pastor Isidório? Foi Silas Malafaia? Foi Marco Feliciano que queimou? Deus que determinou 'saiam os bons daí e queime a cidade'. Na Arca [de Noé] já tinham os bons de novo e ele fez chover. Como agora estamos aguardando Jesus voltar. Mas a imprensa tem interesse em dizer que Jesus vai voltar? A imprensa tem interesse em dizer que a chuva que está aí devastando Rio, São Paulo, Santa Catarina, é a volta de Jesus, e está no Livro de Apocalipse tudo isso? A imprensa vai ter vontade de dizer que essa seca que está aí, que neguinho quer culpar o governador, quer culpar a presidente, quer culpar todo mundo [é Deus]? Mas é natureza. Natureza é com Deus, ele é soberano, ele é potente. Então o Pastor Marco Feliciano falava que por causa do pecado lá naquela região onde a pele é mais negra aconteceu a maldição e aí ele fala que o próprio Deus amaldiçoa. Mas não é por causa da pele. É por causa do contexto daquela região que aconteceu. Nós estamos assistindo à seca, estamos assistindo tudo. Toda nação que liberou casamento de homem com homem e mulher com mulher está ruindo. Vocês são inteligentes: buliu com a natureza de Deus... não é Deus que está despencando a nação não. Porque Deus é santo, mas ele vira as costas. Tipo assim: um pai que tem dois filhos agarrados nele, 'painho, painho, eu te amo, me dê isso' e o outro filho que está lá tirando onda, é claro que ele vai pegar o que está agarrado nele. As nações que liberaram o casamento de homossexuais estão todas na desgraça. Olhe aí para a Europa. Só por Deus estar percebendo o percurso que isso está tomando, esta nação está ficando ferida. E não é homem que bota a seca, que suspende a chuva não. Para acabar a pobreza, acabar a miséria, depende de Deus. Se a presidente não tomar pulso para deixar como estava antigamente, a viadagem, os gays, agora... agora é lei: supremacia da viadagem. O que estão querendo: aí vão chegar duas pessoas, um gay e um hétero em um concurso aqui nesta casa e o dono disto aqui vai dizer: 'eu queria botar você mas esse viadão vai dizer que a lei 122... vá pai de família, venha viadão. Tem uma lésbica e uma mulher de bem, mas eu gosto de você, mas acontece se eu botar você...'
BN – O senhor está dizendo que a lésbica é uma 'pessoa de mal'? 
PSI – Não, estou dizendo assim... (pensativo) Olha, agora eu não sei se é do mal, mas quando alguém deixa de querer cumprir palavra de Deus, parir, ter filhos... porque essa sociedade é bonita por causa da produção de pessoas. Deus não fez isso aqui para ficar ilhado. Se seu pai fosse bicha, se sua mãe fosse bicha, você não estava aqui na frente. Se aqui, os pais fossem lésbicas, vocês não estariam aqui. Então imagine o que acontecerá nessa nação na hora que começarem a incentivar homem com homem, mulher com mulher. Rapaz, tem uma coisa por detrás disso que só olhos espirituais [veem]. Imagine você deixar de existir... aí você está vendo aí aborto sendo incentivado pelos cantos. Eu não tenho nada contra uma mulher que foi estuprada se ela decidir 'não dá'. Mesmo assim, se eu pudesse aconselhar, diria: 'quem lhe estuprou é que é bandido. O menino que está aí não vai ter nada a ver. Vá cuidar de seu filhinho que tem tanto exemplo de filho que tiveram pai problema e estão dando certo'. Tem muita coisa por detrás que precisa ser debatida. A verdade é que ninguém quer debater direito.
BN – O senhor falou de respeito e falou que Lídice é de Oxum e o senhor é de Jesus. O Estado é laico. Cada um não deveria respeitar a sua religiosidade e não deveria ser uma contradição o senhor legislar com preceitos religiosos?
PSI – É engraçado. Eu acho que você não deve ter ido à Fonte Nova. Essa desgraça desse Estado é laico e a Fonte Nova está cercada só com [a fitinha d]o Senhor do Bonfim. Todo mundo aqui é forçado, obrigado, a se curvar ao Senhor do Bonfim. Eu não estou nem falando de evangélico. Porque tem quem gosta de Maria de Aparecida, Maria da Conceição e é laico. Só é laico porque tem um evangélico na sua frente. Então me ajude a ir lá e tirar aquela fita então e dizer ao governador e à presidente da República que deixe que o povo chame o Deus que quiser. O povo que gosta da Fonte Nova dizer 'glória a Deus' ou 'glória a Cosme e Damião' ou 'glória a não-sei-quem'. Mas está lá oficialmente. Que Estado laico, heim? Então ajude, entre aqui na luta. Não bote lá nem Bíblia, nem evangélico, nem ninguém. O Estado é laico e ali no Dique do Tororó só tem Orixás. Pedaço de ferro para mim, que não bebe, não fala, não serve para nada, a não ser enferrujar e gastar dinheiro público. Se é laico, deixe que as pessoas escolham seu caminho. Quem quiser copo de água, do espiritismo, um copo de água, quem quiser umbanda, umbanda, quem quiser Bíblia, é Bíblia. Se é laico ali devia ter um Orixá, uma Bíblia, um copo de água para o espiritismo, lá devia ter Buda, Maomé, devia ter tudo. Aí é laico. Fora isso não devia estar com nada, entendeu? Então, respeite-se a todos. Todos os Orixás, todos os evangélicos, todos os católicos. Conheço tanta gente que mesmo não sendo evangélico é de outros santos. Para ser laico, o Estado tinha que ser juiz: 'não vamos ter nada aqui, nem Bíblia, nem nada'. Vá aí para o Judiciário, para as escolas, para o Legislativo para você ver que laicidade da miséria. Vá para você ver.

"Que é que custa uma médica ginecologista perguntar: 'já fez?', 'não'. E dizer: 'vai bulir na xequinha, para saber de alguma coisa, mas fique tranquila, eu também já fiz'"
BN – Na Assembleia tem um crucifixo na parede...
PSI – Pois é. É para não ter nada. 
BN – Há algum tempo o senhor fez uma declaração em plenário contra o exame de próstata, dizendo que os homens não precisavam fazer. Mudou de opinião? O senhor já fez esse exame?
PSI – Eu nunca fui contra o exame de toque. E quando falam isso eu já sou vítima porque eu já lhe disse como é que a imprensa é – não é toda ela, porque tem muitos profissionais com dignidade. No dia em que eu disse aquilo, eu tinha ido fazer exame porque tinha apresentado alguns problemas como já estou de novo: micção curta, toda hora, que o pessoal diz que é ruim. Procurei fazer o exame. Minha chefe de gabinete disse 'olha, pastor, esse problema seu pode ser da próstata. O senhor já fez?', eu disse 'não'. Cheguei lá, o médico disse 'o próximo' e me mandou pra a maca. Eu fui deitar e ele disse 'não precisa deitar não, em pé mesmo'. Ele disse 'tira as calças' e eu penso 'miséria, é pior do que os coronéis, é pior do que o quartel'. Aí tirei o cinto, baixei as calças e recebi os dedos. TUM! Pronto. Eu sou profissional de saúde e tenho convicção que outros procedimentos, como a Benzetacil e comprimidos, as pessoas perguntam: 'já tomou esse comprimido? Você tem algum problema com ele?'
BN – Foi na rede pública ou na rede privada?
PSI – Sei que paguei 150 contos para tomar uma dedada. É importante fazer os exames porque eu fiz quase dois milhões de folderes depois dizendo tudo tintim por tintim. Eu acho que deviam perguntar, quanto mais em cavidade. Mulher quando vai fazer exame ginecológico, não é toda mulher que tem o nível de vocês, tem mulheres do interior que não fazem ideia do tratamento. É constrangedor. Que é que custa uma médica ginecologista perguntar: 'já fez?', 'não'. E dizer: 'vai bulir na xequinha, para saber de alguma coisa, mas fique tranquila, eu também já fiz'. Que é que custa? E que é que custava o médico me dizer 'eu vou introduzir na sua cavidade, mas é porque é para saber melhor o exame, tá certo? Então fique tranquilo, porque toque retal não tira masculinidade de ninguém, já fiz também'. Pronto, era só isso. Hoje, eu sei que inclusive existe uma cadeira anatomicamente preparada para isso. Eu sei que existe um posicionamento para fazer isso. Na verdade, eu tive que ser ridicularizado pela imprensa ou seja quem tenha feito isso para me desgastar, mas Deus estava naquele negócio porque logo depois veio Tony Ramos para falar que fez... nunca se falou tanto. Então, se estou até hoje difamado por não gostar do exame de toque retal, mas isso surtiu efeito porque inclusive tem empresas que estão com um calendário para isso. 'Os homem fez (sic) 40 anos, véi? Então dedada!'. Nessa história de ficar jocoso publicizou mais o exame e eu sei que hoje eu faço na hora que precisar distribuir dois milhões de folderes que toque retal não tira masculinidade de ninguém. Eu já fiz o meu exame, faça o seu. No folder, Estou com o chapéu da PM, um bujão de gás, a calça um pouquinho aberta e saindo de um consultório. Eu distribuí isso e nunca se teve tanta conversa em relação a isso. O que me dificultou de um lado, por perder a eleição, por tudo isso, Deus fez do limão uma garapa, porque muitos homens estão indo fazer o exame. Eu nunca fui contra isso, apenas falei daquele jeito, da maneira que acabei de explicar. Aí veio um jornal e disse 'petista [partido anterior do deputado] viu estrela' e tal, vocês sabem o que é vender jornal e eu não tenho nada contra isso. A imprensa diz o que quer. Eu, por exemplo, não sou dono de mim, eu ganho dinheiro público, eu sou deputado, então não vai ter valor nada meu, quanto mais a parte lá de trás. 



Bolsonaro dá soco em senador em visita de Comissão da Verdade no Rio

Da Agência Brasil
   
Bolsonaro iniciou um tumulto na visita
 da Comissão da Verdade ao
1º Batalhão do Exército,
 no RJ | Foto: ABr
    A visita da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, na zona norte da cidade, começou com tumulto. O motivo foi a chegada do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que não faz parte da comissão e não estava na lista dos integrantes da visita.
        A confusão começou quando Bolsonaro forçou a passagem, no portão do quartel, e chegou a dar um soco na barriga do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que tentava impedir a entrada do deputado federal. Representantes de movimentos como o Tortura Nunca Mais e o Levante Popular da Juventude exigiam, aos gritos, a saída de Bolsonaro, que conseguiu entrar.
        A comitiva, no entanto, recusou-se a fazer a visita na presença de Bolsonaro. O parlamentar continua dentro do quartel mas não acompanha a comitiva. Dezenas de pessoas esperam em frente ao batalhão o resultado da visita da comissão. No prédio, onde nesta segunda-feira (23/9) está o Batalhão de Polícia do Exército, abrigava o                 Destacamento de Operações de Informações-Centro de Defesa Interna (DOI-Codi) e foi local de tortura e prisões arbitrárias durante a ditadura militar (1964 a 1985).
        Além de Randolfe Rodrigues, acompanham a visita da comissão o senador João Capiberibe (PSB-AP), que foi torturado nas dependências do batalhão durante a ditadura, e as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Luiza Erundina (PSB-SP).



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Dirceu foi condenado sem provas, diz Ives Gandra


MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O ex-ministro José Dirceu foi condenado sem provas. A teoria do domínio do fato foi adotada de forma inédita pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para condená-lo.
Sua adoção traz uma insegurança jurídica "monumental": a partir de agora, mesmo um inocente pode ser condenado com base apenas em presunções e indícios.
Quem diz isso não é um petista fiel ao principal réu do mensalão. E sim o jurista Ives Gandra Martins, 78, que se situa no polo oposto do espectro político e divergiu "sempre e muito" de Dirceu.
Com 56 anos de advocacia e dezenas de livros publicados, inclusive em parceria com alguns ministros do STF, Gandra, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, diz que o julgamento do escândalo do mensalão tem dois lados.
Um deles é positivo: abre a expectativa de "um novo país" em que políticos corruptos seriam punidos.

O outro é ruim e perigoso pois a corte teria abandonado o princípio fundamental de que a dúvida deve sempre favorecer o réu.