Aparelho usado pelo líder do DEM no Senado foi habilitado em Miami para escapar de grampos telefônicos
Carlinhos Cachoeira (à esq.) e Demóstenes Torres (à dir.) (Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr e Waldemir Barreto/Agência Senado) |
O
empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, habilitou em
Miami 15 aparelhos de rádio, da marca Nextel, e os distribuiu entre pessoas de
sua mais estrita confiança. De acordo com a Polícia Federal, o propósito de
Cachoeira era evitar que escutas telefônicas, legais ou ilegais, captassem suas
conversas com os comandantes de uma rede de exploração ilegal de máquinas
caça-níqueis em Goiás e na periferia de Brasília. Nos relatórios da
investigação, o grupo contemplado com os rádios é chamado de “14 + 1”. Entre os
14, há foragidos e os que foram presos com Carlinhos Cachoeira durante a
Operação Monte Carlo, da PF. O “1” é o senador Demóstenes Torres (GO), líder do
Democratas no Senado Federal.
Nesta quarta-feira, ÉPOCA ouviu o senador Demóstenes, em seu gabinete no Senado. Ele estava acompanhado de seu advogado Antonio Carlos Almeida Castro, o Kakay. Indagado se havia recebido um aparelho de rádio para conversas exclusivas com Cachoeira, Demóstenes pediu licença para ter uma conversa reservada com seu advogado antes de responder à pergunta. Cinco minutos depois, disse à reportagem que, por recomendação do advogado, não faria declarações sobre o assunto. A interlocutores, no entanto, o senador goiano confirmou que recebeu o aparelho de Cachoeira, que foi usado exclusivamente em conversas entre os dois. Segundo Demóstenes, nos quase 300 diálogos com Cachoeira, gravados pela Polícia Federal com ordem judicial, não há nada que o comprometa. “São conversas entre amigos, só há trivialidades.” Foi por meio dessas escutas que os investigadores descobriram que Cachoeira deu a Demóstenes uma geladeira e um fogão importados como presente de casamento, como ÉPOCA revelou em primeira mão há duas semanas.
De acordo com a investigação, Carlinhos Cachoeira resolveu habilitar os 15 rádios Nextel em Miami porque arapongas lhe asseguraram que, assim, eles escapariam de grampos telefônicos. Segundo o Ministério Público Federal, Cachoeira seguiu orientação do delegado da Polícia Federal Fernando Byron e do ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, também presos na Operação Monte Carlo. “Para azar deles e sorte da sociedade, a Polícia Federal conseguiu realizar a interceptação telefônica. E isso mudou todo o rumo da investigação”, afirmou o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, na decisão judicial (trecho abaixo) que autorizou a operação Monte Carlo.
Decisão da Justiça Federal em Goiás fala sobre os rádios adquiridos nos Estados Unidos por Carlinhos Cachoeira (Foto: Reprodução) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário