sábado, 10 de dezembro de 2011

Papai Noel chega num fiat

Francisco Frassales Cartaxo
Do ponto de vista profano, Papai Noel é uma invenção fantástica. Corre o mundo a imagem do velhinho de barbas brancas carregado de presentes, povoando de fantasias a alma das crianças. E de adultos também. Anda num trenó mesmo em lugares onde o sol de 40 graus derrete até esperança... Mas o trenó do velhinho desliza no gelo com seu gorro vermelho e sua bondade, a distribuir ilusões. Uma sacada comercial, como poucas.
Mas não quero falar desse Papai Noel fantasia. Neste final de 2011, vejo outro, menos distante, que desembarca, num fiat, no município de Goiana, Pernambuco, colado à Paraíba. A fábrica da Fiat vai instalar-se em terreno de 4.200 tarefas, onde até agora se plantava cana de açúcar. Também em Suape, a tradicional cultura do tempo do Brasil Colônia cede lugar a empreendimentos modernos, competitivos nos padrões do mercado internacional. Aliás, a decisão da Fiat de ir para a divisa da Paraíba foi orientada pela melhor técnica de planejamento. A opção primeira, Suape, provocaria enorme concentração econômica de conseqüências nocivas do ponto de vista econômico, social e político. Por isso, entrou em ação o olho do governador Eduardo Campos, economista por formação, político por herança e vocação.
Uma montadora desse tipo requer mais de 5 mil itens para fabricar um veículo. Uma parcela desses itens será de responsabilidade direta da Fiat, o restante ficará a cargo de fornecedores que se instalarão em redor das plantas da unidade líder, encarregando-se de produzir peças e componentes principais. Outros fornecedores não precisam ficar colados às linhas de montagem. Basta assegurar a entrega tempestiva de peças nas quantidades e qualidades exigidas pelo processo de produção do veículo. É aqui que a vizinhança vai beneficiar a Paraíba.
O investimento direto a ser realizado pela própria Fiat gira em torno de R$ 3,5 bilhões, aos quais deve somar-se outro tanto, sob responsabilidade das centenas de empresas fornecedoras, que, juntas, vão gerar milhares de empregos. Aliás, já estão gerando. Embora a fábrica só vá operar daqui a dois anos, este mês a direção da Fiat internacional anunciou a contratação de um engenheiro recém formado e de uma psicóloga experiente na área de recursos humanos. E mais: já começou o cadastramento, em 14 cidades da Região Metropolitana do Recife e da Mata Norte, para capacitação, inscrevendo candidatos a futuros empregos. Faz parte da preparação de mão de obra, enquanto removem a cana plantada, já iniciada nos 1.400 hectares, para posterior terraplenagem, edificações e montagem de equipamentos e máquinas. No esquema de capacitação entram, além da Fiat, órgãos do governo de Pernambuco, Universidades e outras entidades afins.
É ou não é um Papai Noel? A imagem de milhares de homens e mulheres preenchendo fichas de inscrição, nos postos de cadastramento, nesta época de Natal, passa a idéia de um Papai Noel de verdade, muito embora poucos serão chamados.
        
 

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