sábado, 10 de dezembro de 2011

Zé de Sarney

O Zé Sarney como prosador é fantástico, um interlocutor afável e simpático, mas pára por aí, como chefe político é tirano, que digas as pedras que ousaram atravessar o seu caminho. Tenho um exemplo bem próximo, quando cheguei ao Maranhão no último ano da década de sessenta, encontrei um parente em ascensão política. Vereador de vários mandatos, secretário de educação do município ludovicense, não obstante ele entrou em parafuso e nunca mais foi nada na vida pública. Perguntei ao Manoel Rolim a razão do insucesso: “Claudiomar, jamais atravesse o caminho do Sarney, ele é implacável”.
Poucos políticos deram tantas piruetas para se manter em pé.  Um episódio no início da ditadura militar ilustra bem este experto malabarista. Declarou-se janguista de primeira linha e quando viu o presidente Goulart soçobrando, não titubeou pulou de lado e foi ao requinte de ir à televisão com mulher e filhos se declarar a favor da moralidade política brasileira.
Um folclórico deputado sarneysista declarava na década de oitenta que a coisa que mais detestava era os petistas. Mas se um dia estes chegassem ao poder ele pulava o muro do partido, já que não podia entrar pela porta, e não sairia nem amarrado. Dizem que ele tinha escutado a premonição do Sarney que o PT tinha muito futuro. Numa reprise de tempo, jamais alguém verá uma única frase sua contra os petistas, nem em resposta à verrinas recorrentes do político Lula inicial. E foram muitas. Ao contrário até tentou ensaiar a ida do Sarney Filho ao PT, só desistiu quando viu que a muralha era indevassável.
Voltando aos nuances personalístico do famigerado cacique, ele é envolvente pelo lado da afabilidade com que trata os quem têm a lhe dar algum adjutório na gana de permanecer com a batura política na mão. Não se afasta destes em hipótese alguma, ao contrário curva-se em salamaleques até atingir os seus objetivos.
Mas o Maranhão é maior do que Sarney. Quando aqui aportei São Luís era uma cidade provinciana, hoje só perde para as três grandes: Salvador, Recife e Fortaleza. Esta última valia umas cinco São Luís, hoje a relação caiu para uma vez e meia. Fruto do potencial natural do estado, se hoje temos o terceiro porto marítimo, a Base de Alcântara, o pólo agrícola de Balsas e outras mais, nada é em função da oligarquia, apenas, porque se Deus é brasileiro, ele é, antes de tudo maranhense.

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