quinta-feira, 30 de maio de 2013

PROFESSOR "MIJA" DENTRO DA SALA DE AULA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Um professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) teria urinado na frente dos alunos em uma sala de aula do Centro de Ciências Sociais (CCSo), ontem (27) à tarde, de acordo com boletim de ocorrência registrado no plantão da Vila Embratel, em São Luís. A reclamação foi feita por três estudantes que se sentiram constrangidos com a situação.

Segundo o relato, o professor decidiu terminar a aula dez minutos antes do horário. De repente, então, abriu a calça e começou a fazer xixi em um canto da sala, na presença dos alunos, que aguardavam no local pela próxima aula.
Alunos também foram ao Facebook denunciar
professor (Foto: Reprodução da internet)
Além do registro policial, os estudantes também foram ao Facebook contar o caso, no grupo da UFMA.  O post, até o momento da publicação desta matéria, contava com 85 comentários.
Procurado pelo G1, um dos que viram a cena disse que a turma não vai mais se pronunciar sobre o caso. Francisco Gilvan Lima Moreira, chefe de Departamento do Curso de Ciências Contábeis e Administração, do qual o professor faz parte, afirmou que estava viajando e chegou ontem à noite, e que, portanto, só irá se pronunciar após consultar os envolvidos no episódio.
A reportagem ligou para a residência do professor, mas foi informada de que ele não estava em casa. Até o momento da publicação desta matéria, o docente ainda não havia chegado.
Por meio de nota oficial, divulgada em sua página na internet, a UFMA informou que tomou conhecimento do fato envolvendo o professor Rommel Anibal Nunes Castro e os alunos do Curso de Ciências Imobiliárias, ocorrido na noite de ontem, dia 27, na sala 102, do Centro de Ciências Sociais (CCSo), pelos Departamentos de Ciências Imobiliárias, Ciências Contábeis e Administração.
A instituição declarou estar analisando a situação, pois afirma que ainda não há um registro oficial do fato, apesar do Plantão Central da Vila Embratel ter confirmado ao G1 a existência do Boletim de Ocorrência. A UFMA disse ainda que será aberto um processo administrativo para ouvir as partes envolvidas e tomar as devidas providências, já que o docente, mesmo dando aulas atualmente, se encontraria de licença médica, segundo a universidade.
Veja a íntegra da nota
NOTA OFICIAL: Sobre docente ter, supostamente, urinado em sala de aula
A Administração Superior da Universidade Federal do Maranhão em respeito à opinião pública vem informar que:
1) Tomou conhecimento, por meio dos Departamentos de Ciências Imobiliárias, Ciências Contábeis e Administração, do fato envolvendo o professor Rommel Anibal Nunes Castro e os alunos do Curso de Ciências Imobiliárias, ocorrido na noite de ontem, dia 27, na sala 102, do Centro de Ciências Sociais (CCSo). Segundo os Chefes dos referidos Departamentos, o professor citado foi denunciado por alguns estudantes, por ter supostamente urinado em sala de aula.
2) A Administração Superior está analisando a situação, visto que ainda não há um registro oficial do fato (Boletim de Ocorrência, fotos, etc). Será aberto um processo administrativo para ouvir as partes envolvidas e tomar as devidas providências, já que o docente se encontra de licença médica.
3) A UFMA prima pelo respeito das boas relações de convivência e de comportamento entre os representantes da comunidade acadêmica (professores, alunos, técnico-administrativos) e, nesta perspectiva, tomará todas as providências cabíveis ao acontecimento, até por considerar este fato inadmissível para a boa imagem da Instituição.
Administração Superior da UFMA


segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Outra História do Mensalão

Nossos crocodilos ficaram sentimentais. Em toda parte vejo lágrimas que acompanham os votos que condenam José Genoino.
Na imprensa, em conversas com amigos, ouço o comentário, em tom de solidariedade. Parece consciência pesada, em alguns casos.
Não estamos diante de um melodrama, mas de uma tragédia.
Genoino está sendo condenado num julgamento marcado por incongruências, denuncias incompletas e presunções de culpa que começam a incomodar estudiosos e acadêmicos. Foi isso que  explicou Margarida Lacombe, professora de Direito da UFRJ, em comentário na Globo News. Sem perder suavidade na voz,  a professora  falou sobre necessidade de provas contundentes quando se pretende privar a liberdade de uma pessoa. Não falou de casos concretos, não criticou. Fez o melhor: informou.  Lembrou como esse ponto – a liberdade – é importante.
Vamos começar.
O STF que está condenando Genoino absolveu Fernando Collor com o argumento de “falta de provas.”
É o mesmo STF que, em tempos muito mais recentes, impediu que o país apurasse, investigasse e punisse a tortura ocorrida no regime militar.
   Então ficamos assim. José Genoino, vítima da tortura que o STF impediu que fosse a- purada, será con- denado por cor- rupção, ao con- trário de Fer- nando Collor.
Parece o Samba do Crioulo Doido do Stanislaw Ponte Preta. É. Mas não é o texto. E a “realidade brasileira”, como se dizia no tempo em que a polícia política perseguia militantes como Genoino.
Não há provas materiais contra Genoino e tudo que se pode alegar contra ele é menos consistente do que se poderia alegar contra Collor. Mas as provas da  tortura são abundantes. Estão nos arquivos do Brasil Nunca Mais e em outros trabalhos. Foram arrancadas na dor, no sofrimento, na porrada, no sangue e, algumas vezes, na morte. Em plena ditadura, 1918 vítimas da tortura deixaram registros dessa violência nos arquivos da Justiça Militar.  Nenhuma foi apurada e, se depender da decisão do STF, nunca será.
Collor foi beneficiado porque provas muito contundentes  contra ele foram anuladas. Considerou-se, na época,  que a privacidade do tesoureiro PC Farias havia sido violada quando a Polícia Federal quebrou o sigilo de um computador que servia ao esquema. Essa decisão – em nome da privacidade — salvou Collor.
Você pode dizer que os tempos eram outros e que agora não se aceita mais tanta impunidade. Aceita-se. Basta lembrar que, na mesma época, o mensalão do PSDB-MG virou fumaça na Justiça Comum. E quando Márcio Thomaz Bastos tentou mudar o julgamento do mensalão federal, alegou-se que era no STF que os crimes graves são punidos.
Vamos continuar.
Genoino está sendo condenado porque “não é plausível” que não soubesse do esquema. “Plausível”, informa o Houaiss, é sinônimo de aceitável, razoável. Olha o tamanho da subjetividade, da incerteza.
Isso porque ele assinou o pedido de empréstimo de R$ 3,5 milhões para o Banco Rural e por dez vezes refez o pedido.  Não é plausível imaginar que um presidente do PT fizesse tudo isso sem saber de nada, acreditam três ministros do Supremo.
Mas fatos que são líquidos e certos não comoveram a acusação com a mesma clareza.
O empresário Daniel Dantas deu R$ 3,5 milhões para amolecer Delúbio Soares e Marcos Valério e cair nas graças do esquema.  Não foram R$ 3,5 milhões subjetivos, mas inteiramente objetivos.
Um pouco mais tarde, seu braço direito Carla Cicco assinou um contrato de R$ 50 milhões com as agências de Marcos Valério para transformar a turma do PT em geléia. Chegaram tarde. Depois de pagar a primeira prestação, a casa caiu e eles suspenderam o pagamento.
Como não gosto de pré-julgar, não acho que Daniel Dantas seja culpado por antecipação. Não acho mesmo. Vai ver que estava tudo lá, bonitinho. Também podia ser ajuda para o Fome Zero rsrsrsrsrs
Ou quem sabe fosse tudo para Valubio.
Mas não teria sido melhor que ele fosse ouvido no tribunal, para mostrar sua inocência?
Não teria sido uma forma de mostrar que a Justiça é cega?
Mas ela não foi.
O esquema privado do mensalão, informa a CPMI, chegou a R$ 200 milhões. Quantos empresários foram lá, dar explicações? Nenhum.
Alguém acha plausível, aceitável, razoável, que fossem inocentados por antecipação?
Não há nada “plausível” que se possa fazer com R$ 200 milhões?
Só a Telemig, que pertencia ao grupo Opportunity, de Daniel Dantas, entregou mais dinheiro às agências de Valério do que o Visanet, que jogou o petista Henrique Pizzolato na vala dos condenados logo nos primeiros dias.
O que é plausível, neste caso?
Nós sabemos – e ninguém duvida disso – que Genoino fazia política o tempo inteiro. Fez isso a vida toda, com tamanha inquietação que,  numa fase andou pela guerrilha do Araguaia e, em outra, ficou tão moderado que parecia que ia preencher ficha de ingresso no PSDB.
Chegou a liderar um partido revolucionário à esquerda do PC do B e depois integrou as correntes mais à direita do PT.
Então vamos lá. É plausível imaginar que Genoino tenha ido atrás de recursos de campanha? Sim. É plausível e até natural. Basta deixar de ser hipócrita para compreender. Política se faz com quadros, imprensa, propaganda, funcionários. Isso custa dinheiro.
Isso fez dele um dirigente que subornava  adversários para convencê-los a mudar de lado, como quer a acusação? Não.
Eu não acho plausível, nem aceitável nem razoável. Duvido inteiramente, aliás.
E se eu tiver errado, quero que me provem – de forma clara, contundente. Sem essas suposições, sem um quebra-cabeças que joga com a liberdade humana.
Sem fogueira de tantas vaidades.
Não chore por nós Genoino.
Alegou-se que a tortura não poderia ser apurada para preservar a transição democrática.
A democracia avançou, as conquistas foram imensas. Mas os perseguidos, no fundo, bem no fundo, são os mesmos.

Não é um melodrama. É uma tragédia.


domingo, 26 de maio de 2013

Mortalidade infantil diminui 17% após Bolsa Família, diz pesquisa

A taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos caiu 17% após a instituição do programa Bolsa Família, segundo uma pesquisa elaborada pela Orga-nização das Nações Unidas (ONU) no Brasil. O estudo, feito entre 2004 e 2009, usou dados de quase três mil municípios brasileiros e foi publicado na revista The Lancet. Entre mortes específicas por algumas causas, a redução foi ainda maior: 65% óbitos a menos nos casos de desnutrição e 53% a menos nos casos de diarreia.

Segundo a pesquisa, o aumento da renda que é proporcionado pelo benefício permite que as famílias tenham acesso a alimentos e outros bens relacionados à saúde. Isso diminui a pobreza das famílias, melhora as condições de vida das pessoas, reduz as dificuldades de ter acesso à saúde e, por consequência, contribui para que diminua o número de mortes entre as crianças.

O estudo foi conduzido por Davide Rasella, mestre em saúde comunitária e doutor em saúde pública pela UFBA como parte do seu programa de doutorado. Ele teve a colaboração de vários pesquisadores, entre eles o coordenador do Centro Rio+ para o Desenvolvimento Sustentável, Romulo Paes-Sousa, PhD em epidemiologia ambiental pela Universidade de Londres e pesquisador associado do Institute of Development Studies da Universidade de Sussex, em Brighton, no Reino Unido.

Fonte: Terra


domingo, 19 de maio de 2013

PF vai investigar boato sobre suspensão do Bolsa Família



 O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, solicitou neste domingo (19) à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar a origem de um falso boato, espalhado neste sábado em cidades do Nordeste, de que o Bolsa Família teria os pagamentos suspensos. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, o pedido foi feito diretamente ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello, e o encaminhamento para abertura da investigação deve ocorrer nesta segunda-feira (20).

O pedido partiu da ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, que telefonou mais cedo para Cardozo. A falsa informação, já desmentida oficialmente neste sábado (18) pelo governo, se espalhou em alguns estados do Nordeste e gerou tumulto, com beneficiários correndo às agências da Caixa para sacar dinheiro do programa.

Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff ficou "muito preocupada" com o episódio e determinou imediata apuração sobre a origem e a disseminação do boato. O programa social de transferência de renda beneficia 13,8 milhões de famílias em todo o país


 A origem do boato ocorrido neste sábado (18) de que o programa do governo Federal Bolsa Família seria extinto será investigada pela PF (Polícia Federal). A falsa informação causou correria, confusão e tumulto em Estados do Nordeste no fim da tarde de ontem e levou beneficiários a tentar sacar o dinheiro em casas lotéricas e terminais de autoatendimento da CEF (Caixa Econômica Federal). A investigação policial foi determinada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Para tranquilizar os beneficiários, o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) e a CEF divulgaram notas negando a informação e reforçando que o programa continua ativo, sem qualquer alteração. "Não há qualquer veracidade nos boatos relativos à suspensão ou interrupção dos pagamentos do Programa Bolsa Família", disse em nota o MDS. A CEF também reforçou a que a informação se tratava de boato e destacou que "o pagamento do Bolsa Família ocorre normalmente de acordo com calendário estipulado pelo governo Federal."


A quantidade de pessoas tentando sacar o benefício causou tumultos em shoppings que têm agências da CEF e lotéricas. Ao menos nove terminais de autoatendimento foram depredados no Maranhão por conta do boato, que começou no boca a boca e caiu na internet. Também há relatos de tumultos nos Estados da Bahia, Alagoas, Piauí e Paraíba.

De acordo com o governo Federal, foram registradas ocorrências no Amazonas e Rio de Janeiro.
Maranhão

Beneficiários que tentaram sacar dinheiro em agências da CEF no Maranhão e não conseguiram porque os terminais de autoatendimento estavam sem dinheiro ficaram revoltados e depredaram nove terminais, de acordo com a superintendência da Caixa no Estado.

Segundo o superintendente da CEF no Estado, Hélio Duranti, foram registradas ocorrências de depredações em São Luís, nas agências localizadas na Cohab, na avenida Gonçalves Dias, na praça Deodoro e nos bairros São Francisco e Renascença, além de agências do banco em Santa Rita (80km de São Luís) e Barreirinhas (323km de São Luís).

Os boatos no Estado começaram após a ocorrência de um atraso no cronograma do pagamento do Bolsa Família deste mês de maio, de acordo com a CEF. O banco afirma que há dinheiro para os saques, mas que devido à alta demanda os terminais de autoatendimento ficaram sem dinheiro.
Alagoas

A promotora do MP (Ministério Público Estadual) de Alagoas, Marluce Falcão, estava no shopping Pátio Maceió e quando viu o tumulto na casa lotérica ficou assustada. Falcão é responsável pela fiscalização do Bolsa Família no MP e tentou explicar à multidão que a informação era inverídica.

"A história não procede. Conversei com algumas pessoas, mas é muita gente e não tem como controlar esse tumulto. Pedi à administração do shopping que reforçasse a segurança e acionasse a polícia porque ninguém consegue entrar ou sair daqui e a cada minuto chega mais gente", disse ela, temendo que se "todos os beneficiários de Maceió forem às agências bancárias e lotéricas será uma confusão descontrolada".

A empregada doméstica Jane Cabral, 39, foi uma das beneficiárias do Bolsa Família de Alagoas que acreditou no boato depois que uma vizinha passou pela casa dela, no fim da tarde, e avisou que estava indo sacar o dinheiro e que ela também teria de ir.

"Larguei o que estava fazendo e sai correndo para uma lotérica no supermercado aqui perto de casa, mas não consegui tirar o dinheiro. Tinha muita gente e o pessoal da lotérica avisou que tinha acabado o dinheiro em caixa. A confusão piorou porque ninguém acreditou e chamaram os seguranças do supermercado", contou.

Cabral disse que depois que viu que não ia conseguir sacar o dinheiro na lotérica que estava no bairro do Barro Duro chamou o marido e foi com ele a lotérica do bairro da Gruta de Lourdes, mas também a tentativa foi em vão.

"Estou sem acreditar que isso é boato porque todo mundo veio", disse ela.

A correria da dona de casa Anilsa Marques, 37, que mora na grota do Ouro Preto e estava com os dois filhos, de 8 e 9 anos, foi tão grande que durante o tumulto na lotérica do bairro da Gruta de Lourdes ela perdeu uma das sandálias. "O empurra-empurra está demais. Sai porque estou com meus filhos e não vou morrer imprensada", disse ela, descalça e dizendo que não estava ainda acreditando que não era boato.
Piauí

Em Picos (a 308Km de Teresina), as filas nas lotéricas e na agência da CEF também causaram um "tumulto gigantesco", conta o jornalista Edmar Ferreira. Durante a tarde as lotéricas ficaram lotadas e a agência ainda tinha fila de beneficiários à noite tentando sacar o dinheiro do programa, relata.

O boato que chegou a Picos foi que a "presidente Dilma disse na televisão que o benefício de todos sairá neste dia 18 de maio", diz o jornalista.
Paraíba

Segundo o Portal Correio, em uma agência na avenida Cruz das Armas, houve tumulto, e a Polícia Militar precisou ser acionada para conter a população.
Prefeituras também esclarecem boato

As prefeituras de Conceição do Coité (a 235Km de Salvador) e de Maceió (AL) afirmaram que a informação era um boato e destacaram que "o Programa Bolsa Família continua ativo e os benefícios continuam sendo pagos normalmente".

A secretária de Ação Social de Conceição do Coité, Evania Carneiro, orientou que as famílias devem continuar recebendo nos dias programados de acordo com o final do cartão. "Os benefícios que não forem sacados nas datas indicadas em seus finais podem ser sacados normalmente até o fim da folha de pagamento", informou. Na Uol

eja as notas oficiais que desmentem o boato:

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, MDS, informa que não há qualquer veracidade nos boatos relativos à suspensão ou interrupção dos pagamentos do Programa Bolsa Família. O MDS reafirma a continuidade do Bolsa Família, assegura que o calendário de pagamentos divulgado anteriormente está mantido e que não há qualquer possibilidade de alteração nas regras do Programa. O Bolsa Família está completando 10 anos e beneficia atualmente 13,8 milhões de famílias. É o maior e melhor focalizado programa de transferência de renda com condicionalidades do mundo e continuará cumprindo seu papel fundamental para a estratégia de superação da extrema pobreza no Brasil."
"A Caixa Econômica Federal informa que o pagamento do programa Bolsa Família ocorre normalmente de acordo com calendário estipulado pelo Governo Federal. A Caixa esclarece ainda que não procede a informação de que hoje seria o último dia para o pagamento do Bolsa Família. O calendário de pagamento pode ser consultado através do site www.caixa.gov.br e pelo telefone 0800 726 0101."

MDS: O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, MDS, informa que não há qualquer veracidade nos boatos relativos à suspensão ou interrupção dos pagamentos do Programa Bolsa Família. O MDS reafirma a continuidade do Bolsa Família, assegura que o calendário de pagamentos divulgado anteriormente está mantido e que não há qualquer possibilidade de alteração nas regras do Programa. O Bolsa Família está completando 10 anos e beneficia atualmente 13,8 milhões de famílias. É o maior e melhor focalizado programa de transferência de renda com condicionalidades do mundo e continuará cumprindo seu papel fundamental para a estratégia de superação da extrema pobreza no Brasil.

Caixa: A Caixa Econômica Federal informa que o pagamento do programa Bolsa Família ocorre normalmente de acordo com calendário estipulado pelo Governo Federal. A Caixa esclarece ainda que não procede a informação de que hoje seria o último dia para o pagamento do Bolsa Família. O calendário de pagamento pode ser consultado através do site www.caixa.gov.br e pelo telefone 0800 726 0101.

Seades: Em virtude do boato veiculado neste sábado (18), a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades) vem a público informar que o Programa Bolsa Família NÃO será cancelado e nega, portanto, os rumores de que as famílias beneficiadas perderiam o auxílio do maior programa do Governo Federal. O Programa Bolsa Família propicia a transferência de renda direta às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o País, vinculado a outros serviços socioassistencias. Atualmente, atende a mais de 13 milhões de famílias em todo território nacional e só em Alagoas são mais 400 mil famílias beneficiadas, com repasse de cerca de 66 milhões mensais, conforme dados do mês de abril. O principal objetivo do Programa é atender a essas famílias através de ações e programas complementares que contribuam para o desenvolvimento e a emancipação das famílias.

Prefeitura: A Prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, esclarece que o Programa Bolsa Família continua ativo em Maceió. Os benefícios continuam sendo pagos normalmente e não há nenhuma suspensão ou alteração no modo de pagamento do Programa Bolsa Família, que é uma das ações do Governo Federal. Reafirmamos, dessa forma, que não há motivo para pânico por parte dos beneficiários, pois o repasse do auxílio do Programa Bolsa Família prosseguirá normalmente nos próximos meses, sem nenhuma alteração.

Lula recebe 8 títulos de doutor honoris causa na Argentina

 O vice-presidente argentino, Amado Boudou, homenageou
Lula com a Menção Honrosa Domingo Faustino Sarmiento
O ex-presidente Lula recebeu nesta sexta-feira oito títulos de doutor honoris causa na Ar- gentina. As universidades de Cuyo, San Juan, Córdoba, La Plata, Tres de Febrero, Lanús, San Martín e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais homenagearam o ex-presidente em uma cerimônia que aconteceu no Senado argentino.

Em seu discurso, Lula lembrou que o primeiro diploma que desejou foi o de torneiro mecânico, do qual sua mãe tinha muito orgulho. "A emoção ao receber este primeiro diploma foi a mesma ao receber meu segundo diploma, o de Presidente da República", disse. Para Lula, os oito títulos recebidos hoje reviveram aquela emoção. "Esses títulos não são um reconhecimento (apenas) ao Lula, mas a uma década de transformações democráticas que viveu o Brasil, a Argentina e toda América Latina", afirmou. Ele lembrou também o papel crucial do "companheiro Néstor Kirchner" neste processo e dedicou a homenagem ao ex-presidente argentino. "Néstor, esses títulos também são para você."

                   Lula também da importância da integração latino-americana, um dos focos de trabalho do Instituto  Lula que fundou. "Temos que trabalhar juntos, destruindo as barreiras que nos separam e construindo pon- tes que nos unam", afirmou. Ele incentivou maior cooperação entre as universidades brasileiras e argentinas e homenageou os professores e alunos das universidades argentinas que lutaram contra a ditadura militar. Lula falou do papel crucial das relações entre Brasil e Argentina para a integração e brincou dizendo que a Argentina só não pode fazer na Copa do Mundo o que o Boca Juniors fez com o Corinthians na última quarta-feira - o clube argentino eliminou o brasileiro da Copa Libertadores da América - , ou haverá um "grande problema para a integração".

Lula terminou seu discurso falando da crise internacional. "Os que hoje estão em crise, sabiam resolver todos os problemas do meu país", declarou. Ele citou a falta de peso das decisões dos organismos multilaterais e afirmou que "um dos grandes problemas que vivemos hoje é a falta de decisão política, porque faltam líderes políticos". O ex-presidente terminou apontando uma saída para a crise: "Deem menos dinheiro para salvar os bancos e mais para salvar vidas humanas."

  O sena- dor Daniel Filmus, presidente da Co- missão de Rela-ções Exteriores e Culto do Senado argentino, fez o discurso inicial em que declarou que os títulos estavam sendo entregues a "um homem que lutou contra a adver-sidade". Ele também lembrou que é a primeira vez que a Argentina tem 30 anos ininterruptos de democracia. Filmus reconheceu que os argentinos sempre foram ensinados a ter medo do Brasil e que Lula teve um importante papel em desfazer essa imagem. "Hoje, tirando no futebol, não temos grandes disputas", brincou.

O senador terminou seu discurso falando da importância das lutas pontuais e constantes dos homens e afirmou que Lula é "um homem imprescindível ao Brasil, para os mais humildes, para os que lutam pela paz no mundo, para Argentina e para toda a América Latina".

Os oito reitores entregaram os certificados dos títulos a Lula e o vice-presidente argentino, Amado Boudou, homenageou Lula com a Menção Honrosa Domingo Faustino Sarmiento. Boudou destacou a importância do desenvolvimento de um corpo de pensamento próprio da América Latina e lembrou a histórica decisão de Lula e Néstor Kirchner de dizer não à Alca e optar por uma integração regional.

Reunião com reitores

     Antes da cerimônia, Lula se reuniu com os reitores das universidades que propuseram os títulos. O ex-presidente abriu a reunião falando da honra de receber a home- nagem, mas tam-bém da res- ponsabilidade dos títulos. Cada um dos dirigentes universitários falou de suas realidades locais e dos motivos para a escolha do ex-presidente brasileiro.

Carlos Ruta, reitor da Universidade de San Martín, disse que Lula é um "símbolo para nossos jovens, que precisam de exemplos de dignidade". O vice-presidente Amado Boudou falou da importância do ato para a "Luta contra o colonialismo intelectual, que talvez seja o mais profundo colonialismo".Lula citou duas ações da educação brasileira: o Prouni e a aprovação da política de cotas, que permitiram um acesso muito mais democrático à educação.
 Informações  da assessoria do Instituto Lula


Com apagão de médicos, rincões do País esperam por profissionais ‘importados’

397 municípios brasileiros sofrem com o problema. No Piauí, prefeituras chegam a gastar R$ 9 mil com equipe de plantonista que presta atendimento duas vezes por semana

Pablo Pereira ENVIADOS ESPECIAIS SANTA CRUZ DOS MILAGRES(PI)
 - Tiago Queiroz/AE
Tiago Queiroz/AE
Nem a milagrosa cruz da matriz do morro mais alto de Santa Cruz dos Milagres, no interior do Piauí, ajuda quando a energia some e o posto de saúde fica no escuro. Distante 168 km de Teresina, a cidade tem cerca de 4 mil habitantes e integra uma lista de 397 municípios do País que sofrem de outro apagão: o de médicos. Sem hospital e só com um posto de atendimento básico, a cidade não tem profissionais residentes, recebe demanda de 40 casos diários e “importa” profissionais da capital. 
“Rapaz, mande um médico da (sic) Cuba pra mim”, disse na sexta-feira o prefeito João Paulo de Assis Neto (PDT), ao lembrar que o governo federal pretende trazer médicos estrangeiros ao País. A proposta do Ministério da Saúde virou polêmica na semana passada. Assis, porém, apoia: “Fui o primeiro prefeito a pedir médico cubano”.
Para garantir atendimento em Santa Cruz, ele tem de recorrer a dois plantonistas de Teresina, que, no curto trajeto, gastam até 3 horas na estrada para trabalhar na cidade, um centro religioso nordestino. 
A prefeitura gasta R$ 9 mil mensais para um médico visitar a cidade por dois dias da semana. “Imagine a economia se o médico viesse morar aqui”, questionou o prefeito. O custo é coberto pelo programa Estratégia de Saúde da Família (ESF), que repassa aos municípios pouco mais de R$ 10 mil por mês para pagar uma equipe médica itinerante.
Como um polo regional de medicina do Nordeste, que atende a demandas de saúde também de municípios do Maranhão, Teresina exporta plantonistas. Eles viajam para atender em municípios como Santa Cruz e Juazeiro do Piauí, presentes na lista de cidades sem médicos organizada pela Confederação Nacional dos Municípios com dados do DataSUS.
Precariedade. Na quinta-feira passada, em Santa Cruz, quando a luz piscou e foi sumindo até apagar, às 18h45, o cirurgião Márcio Ramísio, de 35 anos, sete deles com o estetoscópio no pescoço, apontou para o teto da sala e disse: “Como é que um médico vai querer vir para o interior desse jeito?”.
Ramísio não é de Santa Cruz. Ele até gosta da cidade e tem veneração pela religiosidade local, que atrai milhares de fiéis. “Eu mesmo, quando fiz vestibular, fiz promessa aqui para passar”, contou. Mas agora, para clinicar, ele tem de encarar a estrada e passar pelo menos uma noite da semana longe da capital onde mora com a mulher, grávida do primeiro filho.
Nessa realidade, Ramísio admite que fica difícil cooptar profissionais de saúde para a cidade. “Como eu sou da região, gosto de trabalhar no interior”, afirmou o cirurgião. Na manhã de sexta-feira, levou uma hora para chegar ao ponto de atendimento numa fazenda. 
Na véspera, quando estava perto de encerrar seu primeiro dia do plantão, Ramísio e a assistente Poliana Costa ficaram, literalmente, sem energia. A luz apagou. Era o fim do expediente. Iluminado por uma lâmpada de bateria, o médico não teve outra alternativa senão deixar o trabalho para o dia seguinte
Estado crítico. Assis não é o único prefeito a ter de buscar médicos na capital. Em Juazeiro do Piauí, a 260 km da capital, plantonistas cobrem a ausência. “Não temos nenhum médico morador”, disse a secretária de Saúde, Sulema Brito.




Faltam profissionais de saúde no interior


Dr. Marcio Ramisio atende a menina Francisca Maria de Sousa Silva, de 11 anos, enquanto a irmã dela, Zélia Raiane, de 2, aguarda para ser atendida em uma sala de escola de Santa Cruz dos Milagres (PI)
Formada em Enfermagem, ela assumiu o cargo em janeiro e a médica que atendia no posto saiu em março. Somente há um mês, outro profissional foi contratado, também de Teresina, para dois dias de dedicação aos cerca de 50 casos que vão ao posto atrás de ajuda. 
José Antônio Cantuária, de 54 anos, clínico geral, atende em Juazeiro do Piauí duas vezes por semana. “O problema é estrutural. Tem de investir em saúde e nos médicos brasileiros”, disse. “Agora está aí essa discussão sobre os estrangeiros, cubanos.”
Cantuária diz que no Piauí há a agravante da demanda oriunda do Maranhão - o Estado tem a menor taxa de médicos para cada mil habitantes (veja mais no infográfico). Com 4,7 mil habitantes, Juazeiro tem outro plantonista, Martinho Delmiro, de Campo Maior, a 80 km. 
A falta de estrutura é uma das principais reclamações da categoria. Um jovem médico, que pediu para não ser identificado, disse que, quando há qualquer problema de procedimento por causa da precariedade dos postos, um processo pode recair sobre o médico. “Quando um paciente morre, ninguém quer saber se não tinha equipamento.”




sábado, 18 de maio de 2013

O Crime da Rua da Cruz - Jury de Maria da Conceição


Verneck Abrantes
Verneck Abrantes*

O novo livro de Jerdivan Nóbrega remonta uma Pombal de 1883. A imaginar seus moradores a viver em uma cidade iluminada  a bicos de lamparinas e lampiões, com cadeiras nas calçadas, silenciosa e tranquila. De poucos recursos, água de cacimbas transportadas na cabeça de mulheres ou lombos de jumentos, parte das casas com portas fechadas nos dias da semana para só abrir nos finais de semanas, quando ocorriam os dias das feiras de ruas, missas, casamentos, batizados, ou
 novenário

A cidade em sua rotina imutável estava mais voltada para a zona rural. Na sua conformação urbanística, as ruas definidas: Rua do Comercio, Rua do Rio, Rua do Giro... Outras em formação. Eram próximo de 200 casas em seu perímetro urbano. Um pouco distante, a Rua de Baixo, mais distante ainda, a antiga Rua da Cruz. Denominação essa que se perdeu no tempo a sua razão de ser. Talvez, em um local ermo, a fixação de uma cruz perdida em seu espaço por um crime de morte, porque era assim o marco que se fazia na época.

A Rua da Cruz, não era propriamente uma rua, mas, um conjunto de casas espaçadas, nem sempre conjugadas, geralmente de taipa, sem nenhum conforto, simples, igualmente como as pessoas que ali viviam.  Analfabetos, de poucos recursos financeiros, disponíveis para eventuais trabalhos rurais ou domésticos. A Rua ficava, aproximadamente, um quilometro do centro da cidade, aonde se chegava por caminhos de terra batida, passando em meio à vegetação rala e árvores nativas de médio e grande porte, espaçadas.

Nas chuvas de inverno, muitos moradores aproveitavam os espaços disponíveis para plantar milho e feijão, como culturas de subsistência. Local bucólico, no entardecer, caia o silencio junto com a escuridão da noite.

Foi na síntese desse espaço que Jerdivan resgatou e traz a luz dos dias de hoje, a história fantástica de Maria da Conceição. Ela com 26 anos de idade, analfabeta, humilde, mãe solteira, moradora da Rua da Cruz, julgada, condenada por um crime de infanticídio, presa na velha Cadeia de Pombal e destino final incerto.  Um dos processos mais curiosos da criminalidade pombalense, por envolver aproximadamente 125 pessoas, entre tantas, aquelas que compunham a classe social mais alta da cidade.

Também, o livro é um achado histórico para quem tem interesse em genealogia ou ramificações dos seus antepassados. Em parte, aqui são evidenciados nomes e sobrenomes dos nossos ascendentes familiares, em citações a partir de 1883, em meio o inquérito policial em seu julgamento com ritos, quesito, requisitos, interrogatórios, despachos, testemunhas, conselho de sentença etc.

Jerdivan Nóbrega, como  advogado, deixa um legado importante na sua área de direito, como escritor, enriquece ainda mais a historiografia pombalense.
Nós só temos que agradecer a grandeza do seu trabalho.

*Escritor e Pesquisador pombalense.


Ex-presidente Lula: “Pela primeira vez, o Palácio do Planalto foi uma casa de todos os brasileiro”

Emir Sader e Lula.
Emir Sader e Lula.
  O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na noite desta segunda-feira (13/05/2013) do debate de lançamento do livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil – Lula e Dilma”. Em sua fala, Lula disse que o maior legado que deixou em sua presidência não foi nenhum dos programas sociais de êxito, mas sim ter mostrado que é possível “governar de forma republicana sem aqueles que me odiavam”. Para o ex-presidente, “o palácio, que até então era para reis e rainhas, banqueiros e grandes empresários, continuou sendo. Mas com uma diferença: é que lá entravam também os índios, os hansenianos, os moradores de rua, os favelados, fazendo com que, pela primeira vez, aquela fosse uma casa de todos e não apenas de uma parcela da população brasileira”.
Lula participou do debate com o economista Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, da filósofa Marilena Chauí e do sociólogo e organizador do livro, Emir Sader.
O ex-presidente lembrou das 74 conferências nacionais que fez, “sobre todos os temas que vocês possam imaginar. E eu ia lá para ouvir mais do que falar”. Nessas conferências, Lula abriu as portas do planalto para catadores de recicláveis, de hansenianos, para deficientes visuais acompanhados de cães-guia, e para os sem-teto, entre outros.
Sobre as críticas que recebeu desde o início de seu governo, Lula foi direto: “eu tinha consciência que meu problema com parte da elite política desse país e da elite da imprensa brasileira era meu sucesso. Se eu fracassasse, eles falariam bem de mim: ‘coitadinho do operário. Coitadinho chegou lá, mas não tem culpa, não tava preparado, não fez nossa escola’.”
Lula provou que não era preciso esperar o bolo crescer para depois dividir
O economista e atual presidente da Fundação Perseu Abramo lembrou de mudanças estruturais pelas quais o Brasil passou. E fez um mea-culpa em nome dos economistas, que apostaram durante décadas que era preciso primeiro crescer para depois dividir o bolo, ideia que Lula provou estar errada. “Em 1980, o Brasil era a oitava economia do mundo, enquanto um em cada dois brasileiros vivia em condição de miséria”, lembrou. “No ano 2000, já tínhamos caído para a 13ª posição entre as maiores economias do mundo, atrás do México na América Latina, tínhamos 11 milhões de desempregados”, disse, enquanto lembrou que o Brasil vive situação próxima ao pleno emprego atualmente.
Mudanças que não foram conquistadas nem com 60 anos de movimento feminista
A professora Marilena Chauí citou o Bolsa Família, o Prouni e a criação de uma nova classe trabalhadora no Brasil como exemplos da transformação que o Brasil viveu. Para Marilena Chauí, “o efeito do Bolsa Família para as mulheres, conseguiu alterar o conceito e o modo de operação da família de um jeito que seis décadas de feminismo não conseguiram”. No programa Bolsa Família, é a mulher quem recebe o cartão com o benefício, e ela tem autonomia para escolher como gastá-lo. A professora diz ainda que o criticado Prouni, ao lado do Enem e das cotas estão preparando uma revolução na educação brasileira no longo prazo, ao serem capazes de acabar com a indústria do vestibular e provocar uma reestruturação do ensino. Por fim, ela lembrou que o Brasil tem agora não uma nova classe média, mas uma nova classe trabalhadora como sujeito político de comportamento bastante diferente da classe média tradicional.
O livro
Essencialmente uma reflexão sobre os rumos da política brasileira na última década, o livro ofereçe um panorama dos desafios enfrentados pelo País. Além de trazer uma rara e inédita entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a obra reúne 21 artigos de alguns dos principais intelectuais engajados e ativamente envolvidos na política dos últimos anos.
Título: 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil
Subtítulo: Lula e Dilma
Autor(a): Emir Sader (org.)
Prefácio: /Orelha: Maria Inês Nassif
Páginas: 384
Ano de publicação: 2013
ISBN: 978-85-7559-328-8
Preço: R$ 20,00


LIVRO DE EMIR SADER SOBRE LULA: RECALQUE NA MÍDIA



Cadu  Amaral

CADU AMARAL 
Dados não faltam para mostrar que Lula vale muito mais do que R$ 1,99, como mostrou a CBN. Talvez nem isso valha o FHC. Mas não tem preço ver o recalque na "grande mídia" com o sucesso do retirante nordestino
O recalque é algo que não se pode medir. Pelo menos não existe máquina ou quantificação ou equação que o faça. Mas é muito evidente que tal sentimento aflora pelos poros dos barões da mídia. Foi lançado em São Paulo, no último dia 13 de maio, o livro 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil – Lula e Dilma. De organização do sociólogo Emir Sader e editado pela Boitempo Editorial. A obra reúne análises de vinte e um teóricos sobre o período, entre eles, Marilena Chauí.
"Não sou lobista, não sou conferencista, não sou consultor. Sou um divulgador das coisas que fiz neste governo", declarou Lula em sua participação no evento. E completou. "As pessoas talvez fiquem preocupadas porque cobro caro e não falo quanto cobro. Mas se as pessoas pagam para ouvir um governante fracassado, imaginem um bem sucedido. Se quiserem saber quanto eu cobro, me contratem. Quando assinar o contrato, fica sabendo quanto eu cobro".
Para o alimento do ódio de classe ao ex-presidente, FHC – farol de sabedoria das elites brasileiras – recebe, segundo especulações, a metade do que recebe Lula. Sem falar que há muito tempo não se tem notícia de uma palestra do "príncipe dos sociólogos". Entrevista da "grande imprensa" tem aos montes, mas todo mundo sabe qual o interesse de classe que ela atende.
O recalque mais estapafúrdio, que mais materializou a dor de cotovelo foi na rádio CBN (Globo). Após a sonora com a fala de Lula, colocaram no ar o refrão da música "Ex Mai Love" de Gaby Amarantos. Diz o refrão dessa "pérola" musical brasileira: Ex my love, ex my love, se botar teu amor na vitrine, ele nem vai valer 1,99.
FHC assumiu o governo com a relação dívida/PIB em 30%. Saiu em 2003 com 55%. Hoje essa relação em de 35%;
O saldo da criação de empregos, nos governos tucanos de FHC, foi de 700 mil vagas. Nos oitos anos de Lula foram 11 milhões de empregos;
A inflação nos governos de FHC variou em torno dos 9,25%. Nos governos Lula 5,79%. A balança comercial teve saldo negativo em 1,07 bilhões de dólares. Nos governos Lula o saldo foi positivo em 32, 56 bilhões de dólares;
O salário mínimo no Brasil nunca se valorizou tanto como nos governo Lula. Hoje seu ganho real (descontado a inflação) em relação aos governos de FHC é de 70%. Estamos em situação de pleno emprego. Não é à toa que os defensores da volta dos tucanos à Presidência da República defendem a geração de DESemprego no país para manter o lucro do patronato a níveis que só existem no Brasil.
Dados não faltam para mostrar que Lula vale muito mais do que R$ 1,99 da CBN (Globo). Talvez nem isso valha o FHC. Mas não tem preço ver o recalque na "grande mídia" com o sucesso do retirante nordestino e ex-torneiro mecânico que se tornou presidente do Brasil com mais respaldo internacional.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

De queixo caído


Foto: Nelson Jr./ SCO/ STF
Joaquim Barbosa me sur- preende, meus irônicos botões pedem que não me apresse
  por Mino Carta — 
      O espanto. Barbosa denuncia a falta de pluralismo da mídia e o racismo reinante nas redações e fora delas. Acredita mesmo no que afirma. 
 Surpresa. Espanto, até, colheu-me no fim da semana passada. Na sexta 3 de maio, ao participar de um evento sobre liberdade de imprensa, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, herói da mídia nativa, voltou-se contra quem o elevou à glória das páginas impressas. Não se deu por satisfeito: também condenou o racismo reinante no Brasil, de várias formas e maneiras.
 Em San José da Costa Rica, onde se realizou o congresso promovido pela Unesco, ao longo de um discurso pronunciado em inglês, o ministro Barbosa disse coisas que melhor caberiam neste meu espaço semanal. Comentaram meus irônicos botões: “O homem roubou-lhe a fala”. Segundo Barbosa, os três jornalões brasileiros, Estadão, Folha e Globo, pecam pela “falta de pluralismo” e pela “fraca diversidade política e ideológica”.
Constatou o óbvio ao registrar que esta imprensa alinha-se sistematicamente de um lado só. A constatação não deixa, contudo, de ser audaciosa no seu desafio à casa-grande e aos seus porta-vozes, tanto mais por cair da boca do grão-mestre do julgamento do chamado “mensalão”. O qual não hesita em acentuar que os três principais diários brasileiros inclinam-se “para a direita no campo das ideias”.
As observações de Barbosa conduzem a uma conclusão: se a mídia é reacionária, reacionário é o ataque diuturno e concentrado contra quem governou o País nos últimos dez anos, Lula e Dilma. Quanto ao racismo, revela-se nas próprias redações. Não há negros em posições de liderança nos grupos de mídia, diz o magistrado, tampouco têm presença nos vídeos e no papel. No Brasil mais de 50% da população se compõe de negros e mulatos, “mas é como se não existissem no mercado das ideias”.
O racismo ganha, porém, outras provas, mais profundas e generalizadas, como se dá com o tratamento desigual reservado pela Justiça a brancos e negros. “As pessoas são tratadas de forma diferente – sublinha Barbosa –, de acordo com seu status, sua fortuna e a cor da sua pele: isso tudo tem um papel enorme no sistema judicial, especialmente em relação à impunidade.” De quem pode mais, está claro.
 Pergunto aos meus irreverentes botões qual haverá de ser de agora em diante o comportamento reservado pela mídia nativa ao presidente do STF. Retrucam com o estribilho de um antigo e delicioso sambinha carnavalesco: “Sossega leão, sossega leão”. Percebo o sarcasmo dos incrédulos, algo assim como a certeza de que este mar não dá peixes.
   Certo é que Barbosa já fez declarações similares em uma entrevista de tempos atrás a Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Desta vez, no entanto, foi mais ao fundo do assunto e foi bem claro na exposição diante de uma plateia internacional, a oferecer repercussão mais vasta. Resta a derradeira consideração dos botões, soprada entre dentes: “O ilustre prega bem, mas não parece agir em conformidade”. Encaro-os, entre atônito e perplexo, logo peço explicações. Lembram que Barbosa costuma ligar para o imortal Merval Pereira, uma das colunas mestras de O Globo, como o próprio se apressou a informar seus leitores, para oferecer pistas e esclarecimentos a respeito de temas diversos. Merval não é personagem-símbolo do jornalista negro e de esquerda.