por Vanderley Caixe
Desde o início e a preparação dessa novela, o autor Tiago Santiago e o diretor Reynaldo Boury, convidaram alguns dos nossos companheiros para um workshop, para um bate-papo. Um dos nossos companheiros convidados, saiu com dúvidas sobre a firmeza do diretor e autor.
O companheiro Alípio Freire se recusou a dar depoimento e Izaías Almada em artigo contundente já denunciava.
Assim foram convidando os resistentes e sobreviventes, em todo o Brasil, da luta contra a ditadura para prestar depoimentos da época vivida.
Centenas de companheiros foram até o SBT narrar a luta vivida.
Eu mesmo estive lá nos estúdios , sem ônus, para falar da nossa luta. Foi, ainda, dado o compromisso que nos dariam uma cópia como garantia da nossa fala e que não distorceriam o depoimento.
Desde o início houve reação por parte dos militares compromissados com a ditadura, chegando a ir à juízo. O que não resultou em nada.
Depois as pressões e os boatos sobre as questões financeiras em que Silvio Santos estava envolvido.
O fato é que os primeiros, quase dez capítulos, aproximaram-se do real. Os depoimentos, nem todos foram respeitados a fala na íntegra. Os cortes distorciam. Até ai se justificava as falhas da direção por desconhecer ou ingenuidade.
À partir dai outras pressões na emissora SBT e o "pito" do SS aos diretores e autor, começou a dar uma nova configuração a novela.
Se nem dramaturgia de nível existia, a história passou a ser distorcida e os fatos chegaram às ráias da sujeira mais baixa e o nojo do enredo.
O golpe se limitou e, continua, até agora, a casa do general Lobo e seus problemas familiares.
O jornal que é um arremedo do Correio Brasiliense - da época - e sua proprietária passou a ser um antro de lesbianismo com a jornalista-advogada.
Sabendo da história desse jornal e o comportamento da sua proprietária. O apresentador difama uma mulher que depois do golpe passou a ter uma atitude política irrepreensível. Teve que sair do Brasil obrigada pelos militares. Veja há anos passado em novela da Globo esse fato.
Os padres progressistas e combatentes, na novela são retratados como perturbados sexuais.
A juventude da luta armada, na época, pessoas sérias e compromissadas com a luta, na novela são praticantes de orgias sexuais. Veja a festa de aniversário nos últimos capítulos.
A primeira guerrilha n Brasil, a da Serra do Caparaó, no último capítulo, passa como se fosse um pic-nic , com cachoeiras, e sexo implícito.
A mulher de um guerrilheiro-comandante praticando traição amorosa com um garoto.
Enfim, poderia me alongar nessas observações.
O fato é que a partir do segundo "pito" do SS ao diretor e autor, a novela passou a ser uma mentira desmerecendo e denegrindo a memória dos que lutaram contra a ditadura. Tudo virou um grande e nojento espetáculo de sexo lesbiânico, gay e de traição.
Ao final, decidiram "jogar fora" os depoimentos de centenas de companheiros, a única coisa que dava credibilidade a novela.
Foi a capitulação covarde do autor Santiago e do diretor Boury às ordens do suspeito de corrupção Silvio Santos.
Esse é o lixo da história, uma novela chamada "Amor e Revolução".
Vanderley Caixe - dirigente das Forças Armadas de Libertação Nacional. Um dos depoentes.
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