quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O poderoso Paulo Preto - Parte 1


Acusado pelo PSDB de dar sumiço em R$ 4 milhões da campanha tucana, ele faz ameaças e passa a ser defendido por Serra

Sérgio Pardellas e Claudio Dantas Sequeira
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INAUGURAÇÃO DO RODOANEL 
Serra aparece em foto de 30 de março de 2010 junto com
Paulo Preto, que meses mais tarde alegou não conhecer
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Como candidato à Presidência da República, José Serra deve explicações mais detalhadas à sociedade brasileira. Elas se referem a um nome umbilicalmente ligado à cúpula do PSDB, mas de pouca exposição pública até dois meses atrás: Paulo Vieira de Souza, conhecido dentro das hostes tucanas como Paulo Preto. Desde que a candidata do PT, Dilma Rousseff, pronunciou o nome de Paulo Preto no debate realizado pela Rede Bandeirantes no domingo 10, Serra se viu envolvido em um enredo de contradições e mistério do qual vinha se esquivando desde agosto passado, quando ISTOÉ publicou denúncia segundo a qual o engenheiro Paulo Souza, ex-diretor da estatal Dersa na gestão tucana em São Paulo, era acusado por líderes do seu próprio partido de desaparecer com pelo menos R$ 4 milhões arrecadados de forma ilegal para a campanha eleitoral do PSDB. Na época, a reportagem baseou-se em entrevistas, várias delas gravadas, com 13 dos principais dirigentes tucanos, que apontavam o dedo na direção de Souza para explicar a minguada arrecadação que a candidatura de Serra obtivera até então. Depois de publicada a denúncia, o engenheiro disparou telefonemas para vários líderes, dois deles com cargos no comando da campanha presidencial, e, apesar da gravidade das acusações, os tucanos não se manifestaram, numa clara opção por abafar o assunto. O próprio presidenciável Serra optou pelo silêncio. Então, mesmo com problemas de caixa e reclamações de falta de recursos se espalhando pelos diretórios regionais, o PSDB preferiu jogar o assunto para debaixo do tapete.
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No debate da Rede Bandeirantes, Serra mais uma vez silenciou. Instado por Dilma a falar sobre o envolvimento de Paulo Preto no escândalo do sumiço da dinheirama, não respondeu. Mas o pavio de um tema explosivo estava aceso e Serra passou a ser questionado pela imprensa em cada evento que participou. E, quando ele falou, se contradisse, apresentando versões diametralmente diferentes em um período de 24 horas. Na segunda-feira 11, em Goiânia (GO), em sua primeira manifestação sobre o caso, o candidato do PSDB negou conhecer o engenheiro. “Não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factoide criado para que vocês (jornalistas) fiquem perguntando.” A declaração provocou uma reação imediata. Na terça-feira 12, a “Folha de S.Paulo” publicou uma entrevista em que o engenheiro, oficialmente um desconhecido para Serra, fazia ameaças ao candidato tucano. “Ele (Serra) me conhece muito bem. Até por uma questão de satisfação ao País, ele tem que responder. Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam este erro”, disparou Paulo Preto. Serra demonstrou ter acusado o golpe. Horas depois da publicação da entrevista, em evento em Aparecida (SP), o candidato recuou. Com memória renovada, saiu em defesa do ex-diretor do Dersa. Como se jamais tivesse tratado deste assunto antes, Serra afirmou: “Evidente que eu sabia do trabalho do Paulo Souza, que é considerado uma pessoa muito competente e ganhou até o prêmio de engenheiro do ano. A acusação contra ele é injusta. Ele é totalmente inocente. Nunca recebi nenhuma acusação a respeito dele durante sua atuação no governo”. Aos eleitores, restou uma dúvida: em qual Serra o eleitor deve acreditar? Naquele que diz não conhecer o engenheiro ou naquele que elogia o profissional acusado pelo próprio PSDB de desviar R$ 4 mihões da campanha? As idas e vindas de Serra suscitam outras questões relevantes às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais: por que o tema lhe causou tanto constrangimento? O que Serra teria a temer para, em menos de 24 horas, se expor publicamente emitindo opiniões tão distintas sobre o mesmo tema?
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Ainda está envolto em mistério o que Paulo Preto teria na manga para emparedar Serra. A movimentação do engenheiro nas horas que sucederam o debate da Rede Bandeirantes mostra claramente como ele é influente, poderoso e temido nas hostes tucanas. Conforme apurou ISTOÉ, logo depois do programa, Paulo Preto, bastante irritado por não ter sido defendido pelo candidato do PSDB, começou a telefonar para integrantes do partido. Um deles, seu padrinho político, o ex-chefe da Casa Civil de São Paulo, senador eleito Aloysio Nunes Ferreira, que deixou o debate logo que o nome do engenheiro foi mencionado. Outras duas chamadas, ainda de madrugada, foram para as residências de um secretário do governo paulista e de um dos coordenadores da campanha de Serra em São Paulo. Nas conversas, Paulo Preto disse que não ia admitir ser abandonado pelo partido. E que iria “abrir o verbo”, caso continuasse apanhando sozinho. Com a defesa de Serra, alcançou o que queria. Para os dirigentes do partido restou o enorme desconforto de passarem o resto da semana promovendo contorcionismos verbais para defender as ações de um personagem que acusavam dois meses antes. Em agosto, o PSDB vivia outro momento político, vários líderes tucanos reclamavam do estilo “centralizador e arrogante” de Serra, tinham dificuldades para arrecadar recursos e vislumbravam uma iminente derrota nas urnas. Agora, disputando o segundo turno e sob a ameaça de Paulo Preto, promovem uma ação orquestrada para procurar desqualificar as denúncias que eles próprios fizeram. “Às vésperas da eleição podemos ganhar o jogo. Portanto, não vou dizer nada a respeito do Paulo Preto”, disse uma das principais lideranças do partido na noite da quarta-feira 13. Esse mesmo tucano, em agosto, revelara detalhes sobre a atuação do engenheiro na obra do trecho sul do rodoanel. “Não é hora de remexer com o Paulo Preto. Isso poderá colocar em risco nossa vitória”, afirmou na manhã da quinta-feira 14 um membro da Executiva Nacional do partido, que em agosto acusara o engenheiro de desviar R$ 4 milhões da campanha. “Em agosto, depois da reportagem de ISTOÉ, procuramos empresários e eles negaram que Paulo Preto tenha pedido contribuições”, disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Se fez de fato esse movimento, Guerra não teve pressa em revelá-lo. Só foi fazê-lo agora, pressionado pelas declarações do engenheiro.
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A bela crítica da Revista Veja

Assombros do capitalismo
Um livro sobre os personagens
pitorescos que reinventaram a
economia americana no século XIX

Carlos Graieb
Na segunda metade do século XIX, os Estados Unidos deram um dos mais extraordinários saltos de desenvolvimento da história. Em 1860, a produção industrial do país correspondia a um terço da produção britânica. Quarenta anos depois, a situação se invertera: as fábricas americanas já produziam 25% mais que as da antiga metrópole. Entre os fatores que explicam essa explosão de riqueza, não se pode ignorar o surgimento de uma nova classe de empreendedores. Saídos muitas vezes da pobreza, esses homens acumularam, em tempo recorde, fortunas antes inimagináveis. O historiador Richard Hofstadter os descreveu assim: "Vinham de baixo e agiam com vulgaridade; mas também possuíam uma audácia heróica e magníficos talentos. Multiplicaram a riqueza nacional, agarraram oportunidades, orquestraram esquemas de corrupção. O período tirou deles o seu tom e a sua cor". Há bibliotecas inteiras dedicadas a discutir o legado desses personagens. Alguns livros os chamam de "barões ladrões". Outros, como Os Magnatas (tradução de Edmundo Barreiros; L± 388 páginas; 49 reais), apontam na direção contrária. Escrito pelo americano Charles R. Morris, o livro analisa o papel que os capitalistas J.P. Morgan, Andrew Carnegie, John D. Rockefeller e Jay Gould tiveram "na invenção da supereconomia americana".
Os Magnatas é um livro irregular. Há digressões sobre temas como a fabricação de espingardas, as taxas de fertilidade na classe média ou o significado econômico de um "choque de oferta", além de um capítulo-manifesto contra as escolas de administração. Esses desvios não chegam a ser aborrecidos, mas também não fariam falta. O texto cresce quando acompanha de perto seus heróis. Quanto a três deles não existem dúvidas: Morgan, Carnegie e Rockefeller desenvolveram novas formas de organizar e administrar negócios. Eles se encontram na origem da moderna economia corporativa. Jay Gould é um caso mais complicado. Ao contrário dos outros, que também despertaram muita admiração, ele foi execrado em seu tempo. Seu dom estaria em destruir empreendimentos e se apossar da riqueza alheia. "Ele tem o toque da morte", disse um de seus adversários. Morris acredita, no entanto, que o talento de Gould como administrador foi subestimado e que mesmo suas especulações tiveram um papel construtivo. Segundo ele, o sistema ferroviário americano jamais teria se desenvolvido tão rápido se não fossem as "provocações" de Gould.
Carnegie e Rockefeller ascenderam do nada para tornar-se colossos na siderurgia e na indústria petrolífera. Criaram empresas gigantescas absorvendo implacavelmente seus competidores. Carnegie desenvolveu uma filosofia de negócios baseada na produção em escala, na redução dos custos e na inovação tecnológica constante. Quando se fala de Rockefeller, "multinacional" e "monopólio" são as palavras que vêm à mente. Sua Standard Oil vendia querosene ao mundo todo e chegou a controlar quase que a totalidade do negócio de refino de petróleo nos Estados Unidos. À medida que deglutia empresas menores, ele teve de inventar maneiras de coordenar as inúmeras peças de seu quebra-cabeça corporativo, numa época em que a legislação americana nem sequer aceitava que uma empresa operasse em dois estados. Em 1910, a Suprema Corte dos Estados Unidos obrigou a Standard Oil a dividir-se em mais de trinta companhias, no primeiro grande processo antitruste da história. A fortuna de Rockefeller chegou a ser avaliada em 1,2 bilhão de dólares – um valor muito mais do que astronômico para aquele tempo. Carnegie se desfez de 200 milhões de dólares antes de morrer. Voraz na acumulação, passou mais tarde a acreditar que morrer rico era "a desgraça de um homem".
A história do banqueiro J.P. Morgan se confunde com a das finanças americanas. Ele tomou em suas mãos as tarefas de um banco central quando os Estados Unidos não contavam com essa instituição. Mais de uma vez evitou colapsos econômicos. Em 1907, quando um pânico acometeu os investidores e pôs em perigo a bolsa e o sistema bancário, coube a ele organizar um plano de emergência para impedir a quebradeira. Morgan também reorganizou setores inteiros da economia, como o ferroviário e o siderúrgico. Em 1901, comandou a criação da maior de todas as corporações do país, a US Steel, com capital de 1,4 bilhão de dólares (mais que o dobro da receita do governo federal no mesmo ano). Como dizia a piada da época, Deus havia criado o mundo – e Morgan o havia reorganizado.
Na última década, Rockefeller, Gould, Morgan e Carnegie foram todos retratados em livros maciços, escritos por autores de renome. Um perfil do último, com 878 páginas, acaba de ser lançado nos Estados Unidos pelo historiador David Nasaw. Sua observação sobre Carnegie vale para todos os outros: "Ele foi muitas coisas – exceto tedioso". Ainda que de maneira mais modesta, o aspecto pitoresco dessas vidas é capturado por Os Magnatas. Mas não só isso. Tanto quanto no caso dos artistas ou políticos, a história de uma época pode se refratar de mil maneiras na biografia de um grande empreendedor. Infelizmente, esse é um gênero de livro quase ignorado no Brasil.

Jay Gould(1836-1892)
O personagem: filho de um agricultor pobre, ficou conhecido como Mefistófeles de Wall Street. Era um personagem taciturno e desprovido de charme, mas tinha um gênio inigualável para as finanças
As realizações: ajudou a expandir e estruturar o negócio ferroviário nos Estados Unidos, assumindo o controle acionário e a direção executiva de dezenas de linhas
Por que foi polêmico: protagonizou os maiores escândalos da Bolsa de Nova York e tornou-se epítome do especulador sanguinário. "Ele foi uma figura sinistra que esvoaçou como um morcego diante dos americanos", escreveu o jornalista Joseph Pulitzer

John D. Rockefeller(1839-1937)
O personagem: em contraste com seu pai, que atuou como curandeiro e mágico itinerante entre outras atividades inusitadas, ele foi um homem convencional, discreto e devoto. "tinha a alma de um guarda-livros", disse uma biógrafa
As realizações: sob a bandeira da Standard Oil, controlou o comércio mundial de petróleo
Por que foi polêmico: tornou-se símbolo do capitalismo monopolista

Andrew Carnegie
(1835-1919)
Harlingue/AFP


O personagem: 
nasceu na Escócia, filho de um tecelão empobrecido. Era uma figura vivaz e temperamental, de 1,65 metro de altura, e cortejava a admiração pública. Doou quase toda a sua fortuna antes de morrer
As realizações: transformou sua empresa na maior siderúrgica do mundo apostando no reinvestimento dos lucros, na automação e na redução de custos
Por que foi polêmico: era um patrão implacável. O arrocho sobre seus empregados fez com que uma das mais célebres greves da história eclodisse em sua empresa. A repressão a ela resultou em oito mortes

J. P. Morgan(1837-1913)
Hulton Archive/Getty Images


O personagem:
 ele descendia de famílias tradicionais pelos lados materno e paterno. Nos negócios foi um disciplinador – e um mulherengo na vida privada. Sua extraordinária coleção de arte hoje compõe o acervo do Metropolitan de Nova York
As realizações: foi o maior banqueiro de seu tempo. Atuou como xerife das finanças públicas quando os Estados Unidos não tinham banco central. Deu forma às primeiras megacorporações americanas
Por que foi polêmico: acreditava que a administração das finanças públicas devia ser deixada a cargo de banqueiros como ele. Seus opositores discordavam: um poder tão grande não podia ficar em mãos privadas

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Twitter: veja o que os internautas estão comentando sobre a morte de Mainha



10 Comentários

RAIMUNDO 04/01/2011 19:14
Era para ter morrido a mais tempo,só asim não teria matado tantos inocentes.Ele era frio calculista ,covarde ,bamdido pistoleiro de aluguel.
JJ 04/01/2011 19:11
Meu povo, aqui vai uma pergunta, por que esse bandido covarde, cruel com mais de 100 crimes de pistolagem andava solto como nada tivesse ocorrido, e ninguém reclamava ou repudiava com esse caras que deichavam ele solto em vez de segurá-lo na prisão?
GERSON LACERDA 04/01/2011 18:42
Era amigo dos amigos. Apesar de seus crimes era uma pessoa humana. Errou, cumpriu suas penas. A policia está na obrigação de esclarecer sua morte. Andava desarmado! Lamento, que Deus tenha compaixão de sua alma.
UAGNA 04/01/2011 18:27
ja matou muitos, mas o jugal só de Deus.

UAGNA 04/01/2011 18:26
q Deus tenha misericordia da alma dele

GIL 04/01/2011 18:09
A Bíblia diz com ferro feriste com ferro será ferido.

ALFREDO TELES MOURA 04/01/2011 18:06
há mais tempo. fuiiiiiiiiiiiiiiiiii

I V A N 04/01/2011 17:33
VIVA A LIBERDADE, O POVO NORDESTINO ESTAO LIVRES DO MATADOR DE ALUGUEL, APOIADO POR POLITICOS, FAZENDEIRO E EMPRESARIOS
LUAN CAVALCANTE 04/01/2011 17:30
a forma que ele morreu foi muito crueu apesar de ele ter matado muitas pessoas ele nao merecia morrer dessa forma.
JAQUELINE DIGENIS 04/01/2011 17:25
ele ra meu primo nuca conheci ele


 

A história do "Justiceiro" Mainha

Natural da região Jaguaribana, Mainha era um dos mais conhecidos pistoleiros do País. Ele teria matado pelo menos cem pessoas em vários estados do Nordeste, e cumpria pena em regime semiaberto. Em 1994, durante rebelião no Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), ganhou destaque ao conseguir resgatar e salvar a vida de Dom Aloísio Lorscheider, que havia sido feito refém por outros detentos.

Mainha havia sido preso pela última vez em 6 de maio de 2010, quando foi abordado em uma blitz no município de Maracanaú. Na ocasião, ele foi detido por porte ilegal de arma, mas acabou sendo liberado em seguido. Há quatro anos morava em Maranguape.

"Mainha não se dizia pistoleiro", narra o professor Ricardo Arruda, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), que entrevistou Mainha e mais de 100 pistoleiros, de várias regiões do Ceará. Na boca do criminoso, as palavras as quais se identificava eram justiceiro, vingador. "Ele dizia: 'Só matei por questão de família ou para defender um amigo, um parente. Para fazer justiça'".

Fonte: O POVO  

Pistoleiro "Mainha" é executado a bala em Maranguape

Iguatu Noticia

O pistoleiro Idelfonso Maia Cunha, o Mainha, foi encontrado morto no início da tarde desta terça-feira, 4, no município de Maranguape. O crime aconteceu por volta de 13h. Testemunhas informaram à polícia que os tiros foram disparados de dentro de um carro preto.

De acordo com informações da Delegacia Metropolitana de Maranguape, o corpo do pistoleiro foi encontrado com vários tiros atrás da cadeia pública do município, na rua Samambaia. 

Policiais da delegacia estão atendendo a ocorrência. Segundo informações preliminares, o crime teria sido praticado por dois homens.

O momento da execução

Mainha teria sido alvejado enquanto andava a cavalo. Ele teria uma vacaria na cidade. No momento do crime, Mainha calçava botas, calça jeans e camisa de botão. De acordo com a perícia, ele não portava arma.

A notícia correu a cidade de Maranguape. O corpo ainda não foi removido do local e atraiu a atenção de moradores da região.

Fernandinho Beira-Mar tramou de presídio sequestro de filho de Lula

HUDSON CORRÊA
DIANA BRITO
DO RIO

Uma investigação da Polícia Federal revela detalhes de como o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, planejou, de dentro do presídio federal de segurança máxima de Campo Grande (MS), o sequestro de Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Lula.
Discutido entre dezembro de 2007 e agosto de 2008, o sequestro foi evitado pela PF, mas os supostos envolvidos, incluindo Beira-Mar, respondem a uma ação penal na Justiça Federal em Mato Grosso do Sul sob acusação de formação de quadrilha em razão da tentativa.
As investigações da PF em 2008 indicam que o traficante pretendia negociar sua liberdade e a de outros presos --entre eles Marcos Hebas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo-- em troca da soltura do filho de Lula.
João Sal - 05.mai.2008/Folhapress
Fernandinho Beira-Mar tramou de presídio sequestro de filho de Lula
Fernandinho Beira-Mar tramou de presídio sequestro de filho de Lula
Beira-Mar estaria contrariado com a prisão de sua ex-mulher, em 2007, e com a segurança no presídio.
A trama começou a ser investigada a partir de denúncia do traficante colombiano Juan Carlos Abadia, em janeiro de 2008.
Na época, Abadia estava no presídio de Campo Grande, assim como Beira-Mar.
O traficante colombiano revelou o plano de sequestro à direção da penitenciária. Contou que Beira-Mar já tinha cerca de 200 fotos da rotina de Luís Cláudio. Abadia foi submetido e aprovado no teste conhecido como detector de mentiras.
O colombiano, segundo a polícia, decidiu delatar o antigo companheiro de presídio para negociar a transferência de sua mulher, presa em São Paulo, para outra instituição no mesmo Estado.
A transferência, segundo diz a investigação, não se concretizou. O colombiano então parou de passar informações. Em 2008, foi extraditado para os EUA.
FINANCIAMENTO
As investigações da PF afirmam que o próprio Abadia financiaria o sequestro junto com Beira-Mar. Este, de acordo com o colombiano, gastaria US$ 500 mil para executar o plano.
Após a denúncia de Abadia, um policial federal se infiltrou no esquema fazendo-se passar por um representante do colombiano.
No dia 11 de julho de 2008, esse policial conversou e gravou um diálogo com um emissário de fora do presídio a serviço de Beira-Mar.
"Quem te mandou foi o próprio Beira-Mar?", pergunta o policial disfarçado.
"Ele mesmo", responde Leandro de Oliveira, o contato de Beira-Mar.
"Ele falou para eu levar 350.000 e...", disse o policial.
"Lá no Rio vão te levar até o braço direito dele, do Beira-Mar. E o convidado [o sequestrado] vai ser o preparador físico do Palmeiras [Luís Cláudio, então auxiliar de preparação física do clube de futebol]", responde Leandro.
Relatório da PF do Rio de Janeiro, de 2008, aponta que a definição do alvo está embasada no "constrangimento a ser causado ao presidente da República diante da ciência de que a decisão pela libertação [dos presos] será política; e a facilidade de execução do plano fundada na qualidade/quantidade de segurança do alvo".
O policial infiltrado também se encontrou com o advogado Vladimir Búlgaro, que defende o assaltante de banco José Reinaldo Girotti. Também preso em Campo Grande, ele confirmou o plano para a direção do presídio.


Editoria de Arte/Folhapress

 

domingo, 2 de janeiro de 2011

Presidente Lula, até logo mais

Francisco Cartaxo
O jeito de sair é o prenúncio da volta. Foi quase assim com Juscelino Kubitscheck, mesmo tendo ele que entregar o governo a um adversário, Jânio Quadros, em 1961. Mais comedido, JK não se exibiu tanto quanto Lula 50 anos depois. O impulso dado à economia brasileira, a audaciosa construção de Brasília, seu contagiante otimismo e, sobretudo, o afago em nossa auto-estima, tudo isso pavimentaria o retorno de JK ao poder. Talvez para tentar outro salto ousado de 50 anos em 5, como ele mesmo alardeava.
JK não voltou.  Tinha uma pedra no meio do caminho, posta pelos militares, que o impediu até de ser candidato. Que ironia! O golpe de 1964 começou em Minas Gerais e o verso, publicado em 1928, é de Carlos Drummond de Andrade, também mineiro como Juscelino.
Haverá pedra no caminho de Lula?
Em 2008, o slogan da campanha vitoriosa do então prefeito do Recife para eleger seu sucessor era João é João. Sairia João Paulo e entraria João da Costa. Simples, bom de assimilar, até porque João da Costa seguia com extrema fidelidade os passos do outro João, desde sempre, e fora preparado para sucedê-lo na prefeitura. Se o slogan de campanha era fácil, a realidade pós-eleição fez-se difícil, enviesada, traiçoeira, complicada. De tal modo que, seis meses de exercício do mandato, João é João já se tornara uma incômoda lembrança a causar arrepio no núcleo duro do grupo petista vitorioso. Assim, mal saído dos cueiros, João é João virou peça de museu.
E daí? Que tem isso a ver com Lula?
Tudo. E nada. Mas eu sou avesso à futurologia e mais propenso à análise histórica, mesmo quando os fatos queimam na saída do forno. Lula conquistou seu lugar na vida política brasileira com tenacidade. Após intenso aprendizado no movimento sindical e partidário, persistiu na busca do poder com a insistência de vencedor. E o alcançou no momento certo. Um desastre teria sido derrotar Fernando Collor em 1989, quando ainda estava despreparado e o PT não passava de um infante a fustigar governantes, no exercício primitivo do há governo, sou contra.
Esse tempo lhe foi extremamente benéfico. Em 12 anos de perseverança, Lula acumulou nas caravanas pelo Brasil mais conhecimento empírico, juntando à própria experiência de retirante nordestino o contato direto com a rica diversidade da sociedade brasileira, as fraquezas e potencialidades de todas as regiões brasileiras. Lula captou também algumas manhas com intelectuais amigos, o verniz econômico, as tramas internacionais, essas coisas. Até corrigiu erros tolos em sua fala espontânea: o menas gente, por exemplo, nunca mais se ouviu dele!
O sucesso de seu governo tem muito a ver com as convicções formadas ao longo desses anos de aprendizagem. Aliás, sucesso enorme, do agrado de miseráveis, pobres a caminho da classe média, e da própria. E de banqueiros e ricos empresários. Por isso, Lula sai leve, fagueiro, mais brincalhão ainda. Olha só o que ele disse:
Só existe uma hipótese na qual Dilma não seria candidata à reeleição: ela não querer ser.
Faltou uma coisa. O próprio Lula completar o raciocínio: ela não vai querer se candidatar em 2014... Daí se conclui que o jeito de sair é prenúncio da volta.