segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Segundo mandato de Dilma vai ser melhor, acredita Benjamin Steinbruch

O empresário Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, diz acreditar que a presidente Dilma Rousseff fará mudanças e que seu segundo governo será melhor que o primeiro.
"Tem tudo para ser e ela vai querer entrar para a história como uma boa presidente para o Brasil", afirma. "A gente aprende com a experiência." Para ele, um bom nome para o ministério da Fazenda, além de outras medidas, trará "conforto ao investidor" e deveria ser anunciado logo. A seguir, trechos da entrevista do empresário.
Benjamin Steinbruch, diretor-presidente da CSN, presidente do conselho da empresa e vice da Fiesp

Folha - Dilma 2 será diferente? A elevação de juros foi uma sinalização nesse sentido?
Benjamin Steinbruch - Perseguir o centro da meta de inflação é muito positivo e necessário. Mas vivemos uma inflação em razão da expectativa de alta por causa do aumento dos preços administrados. A indústria não tem confiança para produzir e o consumidor não tem confiança para consumir. Juros altos e o real valorizado que inunda de importados aqui, não ajudam. O aumento de juros foi desnecessário. Foi uma autoafirmação do Banco Central para demonstrar uma certa independência, disposição de controlar inflação.
A disposição de diálogo e de fazer reformas da presidente vai se concretizar?
Com o diálogo é que pode voltar essa confiança, que passa certamente pelas reformas. Ela [Dilma] falou em reforma política. Tem também a tributária, para reduzir o custo Brasil e tornar o país mais competitivo. As mudanças estão na cabeça de todos, todos esperam mudanças.
Afinal, o sr. "dilmou"?
Eu disse [à Folha em setembro] que "dilmaria" se a presidente fizesse mudanças... Mas acho que elas virão mesmo. Acredito que o segundo mandato será melhor e tem tudo para ser. Ela agora está reeleita, é um governo dela. Se antes tinha dependências partidárias, agora tem condição de fazer o governo em que acredita. Com certeza vai querer ser lembrada como uma boa presidente. Aí, tem de fazer as coisas para entrar para a história.
A presidente terá concessões a fazer para gerar caixa. O que mudar para deslanchá-las?
Há um potencial muito grande de concessões e PPPs [parcerias público-privadas] que tem de ser trabalhado para que ocorram. E tem muito a ver com a confiança para criar condições. Vamos fazer melhor se houver confiança.
Que falhas ocorreram?
Ficar muito fechado no começo, impede muito investidor de vir. Talvez tenha de abrir um pouco mais e depois ir restringindo. Tem de despertar o interesse dos investidores primeiro e aí negociar. Restabelecendo a confiança, teremos um número importante de investidores querendo participar.
O sr. havia declarado que "só louco investiria no Brasil"...
Falei lá atrás, dentro de um contexto, mas a frase é verdadeira. Muita gente queria dizer o que eu disse. É um alerta para que possamos corrigir as distorções que temos, como os altos impostos, o custo Brasil. A indústria não quer nada além do que os investidores encontram lá fora.

Como está o apetite dos investidores?
O mundo piorou, exceto os Estados Unidos. O Brasil ainda é um dos poucos com potencial de crescer, instituições fortes e estabilidade. Há uma expectativa muito grande e receio de um posicionamento equivocado do governo. Mas acho que o governo fará o possível para acertar. A gente aprende com a experiência... O primeiro momento pós-eleições foi bom. O acerto do nome da Fazenda, o discurso de diálogo e as reformas que ela pode fazer, além de movimentos práticos, de controle do deficit fiscal e da inflação, poderão dar muito conforto ao investidor.








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