domingo, 9 de novembro de 2014

O fim do Vestibular e o triunfo do Enem



Felipe Zibetti Pereira, de 19 anos, é agora aluno de Medicina. Foi ‘aprovado’ pelo Enem, que ganha cada vez mais força como porta de entrada para a universidade
A prova que já tirou o sono de muitos jovens está com os dias contados. Aos poucos, o tradicional vestibular está sendo substituído pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de ingresso nas principais universidades públicas do país.
“Esse ano eu pensei mais no Enem. É claro que não deixei de estudar matérias mais específicas porque, querendo ou não, o exame ainda não está englobando todas as universidades, mas ele tem grande importância e nós temos focado bastante nele”, afirma Felipe Zibetti Pereira, 19.
Mesmo coberto de ovos e tinta, o aluno do Colégio Millenium Classe, em Goiânia, comemora o resultado mais importante da sua vida: a sua aprovação no vestibular para o curso de Medicina.
O estudante conta, com orgulho, que concluiu o Ensino Fundamental e Médio em escola pública e há dois anos estudava no cursinho pré-vestibular para tentar realizar o seu sonho.
Felipe passou para a Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal (Facimed), em Rondônia, estado onde seu pai mora, mas, como todo candidato à Medicina, ele não se candidatou apenas a uma faculdade.
Prestou o Enem e outros vestibulares em diversos estados e acredita que ainda pode receber mais ovos e tinta, quando sair o resultado oficial das provas. “Pelo Enem, eu não consegui o curso de Medicina por uma diferença de 20 pontos. Eu poderia pegar bolsa do Prouni para outros cursos como Engenharia Elétrica, Aeronáutica e Mecatrônica, mas eu quero é Medicina”, diz ele.
Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), 54 universidades públicas já utilizam a nota do Exame Nacional do Ensino Médio como forma de ingresso dos estudantes por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e, para o ano que vem, outras 13 já manifestaram interesse em aderir ao modelo de seleção.
“Essa é uma tendência nacional e eu acredito que, em um futuro não muito distante, teremos 100% das vagas das universidades federais utilizando as notas do Enem e o Sisu”, aponta o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira Brasil.
O professor lembra que a UFG já utiliza o Enem como componente das notas do vestibular há vários anos, mas foi a partir de 2011 que 20% das vagas da instituição passaram a ser destinadas exclusivamente ao ingresso através do Sisu.
Sistema democrático
Em 2013, esse percentual subiu para 50%. “Foi um processo em que tivemos um pouco mais de cuidado. Ele foi gradual justamente para que se consolidasse como um sistema seguro e de qualidade do ponto de vista pedagógico. O Sisu é um modelo nacional e ganha por ser mais justo, porque o aluno não precisa ficar viajando o país para fazer provas em diversas cidades. E é muito mais democrático e barato. O aluno se inscreve uma única vez e concorre às vagas em todo o Brasil”, declara Madureira.
Nos últimos meses, importantes instituições como a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciaram sua decisão de aderir to­­talmente ao Sistema de Seleção Uni­ficada (Sisu).
Em Goiás, a expectativa é de que o mesmo aconteça nos próximos dois anos. “Isso é uma decisão que será tomada pela nova gestão da UFG, que assumiu recentemente o comando da instituição, mas a tendência nacional é acontecer uma substituição total. Se não for no ano que vem, será, no máximo, em dois anos”, admite o ex-reitor Madureira.





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