sábado, 18 de janeiro de 2014

Bem-vindo à Idade Média, diz 'The Economist' sobre prisões do Maranhão

BRASÍLIA – Em crise, o sistema penitenciário no Maranhão é chamado de “infernal, superpopuloso, violento e brutal” em reportagem publicada na edição desta semana da revista inglesa “The Economist”, divulgada nesta quinta-feira. Na reportagem, que compara as prisões brasileiras às da Idade Média, a publicação destaca que com mais presidiários entrando do que saindo dos presídios a cada ano, o país se afasta de uma solução, e investimentos no setor não acontecem na velocidade necessária.

Após descrever as imagens do vídeo que mostra presos decapitados no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, a reportagem destaca que o vídeo “fez muitos brasileiros acordarem para a situação infernal nas prisões do país”.

Segundo a reportagem, no papel, as prisões brasileiras são o paradigma da modernidade, mas “medievais” na prática, com exemplos de celas feitas para comportar 12 pessoas mas que abrigam até 62 detentos. “As gangues preencheram o vazio deixado pelo Estado. Em troca de lealdade e uma taxa de adesão, as gangues oferecem proteção, trazem insumos básicos, levam as famílias de ônibus para as visitas e até pagam advogados”, destaca a reportagem.

Ao contabilizar as mortes nas prisões, a “Economist” afirma que a “severa superpopulação é a raiz do problema”, com a população brasileira crescendo 30% nos últimos 20 anos enquanto as prisões apenas aumentaram em cinco vezes.

“Oficialmente, as prisões tem espaço para cerca de 300 mil pessoas. Há dinheiro do governo federal para ser gasto na construção de mais prisões, que são na maior parte estatais. Mas ele só pode ser liberado quando o projeto é aprovado por uma cidade. Elas relutam em receber as prisões, temendo que penitenciárias levem o crime quando os prisioneiros são soltos e também tiram recursos de outros serviços públicos”, explica a reportagem da revista inglesa.

Outro problema apontado pela “Economist” sobre o sistema penitenciário brasileiro é a entrada de pessoas que cometeram pequenos crimes nas cadeias, após mudanças nas leis, em 2006, que endureceram as penas para o tráfico de drogas e as abrandaram para casos configurados como posse para consumo pessoal. A reportagem ainda aponta gargalos que prejudicam essa situação, como falta de defensores públicos.








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