segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Lula volta à política com recepção de estrela


BERNARDO MELLO FRANCO
FOLHA DE SÃO PAULO


Depois de um mês de silêncio e raras aparições públicas, o ex-presidente Lula programou dois eventos nos próximos dias para marcar seu retorno à cena política.
Amanhã, ele terá recepção de estrela no Fórum Social Mundial, que realiza sua 11ª edição em Dacar, no Senegal.
Na quarta-feira, voltará ao palanque na festa de 31 anos do PT, em Brasília, quando reassumirá o título de presidente de honra do partido.
A escolha da África para a primeira viagem internacional fora do poder é estratégica. Lula quer reforçar a imagem de parceiro do continente, um dos focos de atuação do seu futuro instituto.
Ele participará de debate com o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade (foto), e será um líder informal da delegação brasileira. Num gesto de deferência, o Planalto escalou seu ex-chefe de gabinete, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), como chefe da comitiva oficial.
Também irão a Dacar as ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Luiza Bairros (Igualdade Racial).
Acompanham Lula o ex-presidente do Sebrae Paulo Okamotto e o ex-ministro Luiz Dulci (Secretaria-Geral), ambos da equipe do instituto.
O Gabinete de Segurança Institucional designou quatro militares para protegê-lo -o que é um direito dos ex-presidentes. De volta ao país, Lula será homenageado pelo PT, que reunirá ministros e congressistas para aplaudi-lo num teatro em Brasília.
Segundo o PT, a presidente Dilma Rousseff ainda não confirmou presença. Parte dos dirigentes defende que ela não vá para não dividir os holofotes com o antecessor.
"Vai ser um marco histórico. Lula governou por oito anos, elegeu a sucessora e agora volta para fazer política no PT. Ele não vai vestir o pijama de jeito nenhum", diz Francisco Campos, membro do Diretório Nacional do PT.
Pelo roteiro, Lula agradecerá o apoio a seu governo e pedirá que a militância continue mobilizada a favor de Dilma. Ele deve defender a reforma política, causa à qual promete se dedicar após a criação do Instituto Lula.


PERDÃO
O Senegal foi palco de um episódio emblemático nas viagens de Lula. Em 2005, ele visitou a Ilha de Gorée, ponto de saída de navios negreiros para a América, e pediu perdão pela escravidão no país.
Wade, que já presidia o país africano na época, agradeceu as palavras chamando o colega de "primeiro presidente negro do Brasil".
De hoje até sexta, Dacar sediará um Fórum Social mais modesto que os anteriores. A organização espera 50 mil participantes -um terço do público de Belém, há dois anos. Fora o anfitrião, o único chefe de Estado confirmado é Evo Morales (Bolívia).


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