sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Maior prédio comercial de SP mantém Casa Bandeirista e cria cenário diferente na cidade

Um gigante de 175.000 m2 todo envidraçado envolve uma pequena casinha do século 18 em plena avenida Brigadeiro Faria Lima, no Itaim Bibi, área nobre da zona oeste de São Paulo.

Batizado de Pátio Victor Malzoni, o edifício é atualmente o endereço comercial mais caro do país.

Em 2011, a venda de 34 mil m2 de área que pertenciam à Brookfield Incorporações atingiu R$ 600,6 milhões, ou R$ 17.655 por m2, maior valor até então em uma transação imobiliária no Brasil.

Valor como este certamente jamais passaria pela cabeça da família Couto de Magalhães, antiga dona da Casa Bandeirista, que foi sede da chácara Itaim e hoje surge refletida nos vidros do teto do vão livre de 41 metros de largura por 21 metros de altura.

O general Couto de Magalhães, herói da guerra do Paraguai, comprou a casinha de taipa de pilão em 1896 e ampliou o patrimônio adquirindo terras em volta. Estava criada a chácara Itaim.

Já na segunda metade do século 20, seu sobrinho Leopoldo Couto de Magalhães, conhecido como Bibi, loteou a extensa chácara para criar o bairro do Itaim Bibi.

Em 1982, o Condephaat (órgão estadual do patrimônio histórico) tombou a casinha e definiu um raio de dez metros como área envoltória. Ou seja, nada poderia ser construído nesse espaço, para não prejudicar a visão do imóvel.

Na época, o megainvestidor Naji Nahas, que havia comprado o terreno de 19.000 m2, queria erguer ali um shopping. Não deu certo por causa do tombamento do imóvel.

Um grupo saudita adquiriu o terreno e propôs a construção de duas torres de 19 andares e 80.000 m2 de construção. A prefeitura autorizou o projeto desde que a casa fosse restaurada.

O projeto não foi feito e, em 2008 o terreno foi vendido por R$ 500 milhões -na época, o maior negócio imobiliário já realizado no país, superado em 2010 pela venda de parte do próprio prédio.

É aí que surge o projeto definitivo, com duas torres envidraçadas de 19 andares e um edifício suspenso sobre o vão livre, com 11 pavimentos.

São 175 mil m2 de área construída, o maior prédio comercial de São Paulo -há empreendimentos maiores, mas em vários prédios.

A partir do 8º andar, os espaços comerciais chegam a medir 5.000 m2 quadrados -a maior área de São Paulo. Nos seis andares de garagem, 2.371 vagas para carros e 441 para motos, além de caminhões e utilitários.

Para os pedestres, fica aberta a passagem entre a Faria Lima e a rua Iguatemi por baixo do vão livre do prédio.

"É um marco na Faria Lima. Não não tem outro prédio como este, deste tamanho. E não vai ter", diz Marc Rubin, do escritório Botti Rubin, autor do projeto.

COMPENSAÇÃO
Para autorizar o funcionamento do gigante de vidro -são 40 mil m2 de vidros de controle solar-, a prefeitura exigiu uma série de obras viárias que, ao menos por enquanto, sem os milhares de veículos que serão atraídos, melhoraram o tráfego na região.

"Abriram até uma rua, que não tinha, colocaram semáforo. Ficou ótimo", disse Carlos Sales, dono de um bar vizinho ao empreendimento, se referindo ao prolongamento da rua Iguatemi entre a Joaquim Floriano e a Horácio Lafer, uma das obras exigidas.

Sales se diz ansioso. "Durante a obra já foi muito bom. Quando inaugurar vai ficar melhor ainda."

Enquanto o Habite-se não sai, as empresas que compraram ou alugaram espaços comerciais no edifício trabalham na reforma de suas áreas.

As empresas que estão na lista o Google, o banco BTG Pactual, o ICBC (Industrial e Comercial Banco da China) e um restaurante do grupo Fasano.

Para ser vizinho dessas empresas é preciso preparar o bolso. Uma laje corporativa de 3.700 m2 pode sair pela bagatela de R$ 700 mil. Por mês.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Momento Manguaça Cultural

Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo.
Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.
Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou.
O que fazer agora?
A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor.
No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado.
Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo.
Resultado: o 'azedo' do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente.
Era a cachaça já formada que pingava. Daí o nome 'PINGA'.
Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores ardia muito, por isso deram o nome de 'ÁGUA-ARDENTE'
Caindo em seus rostos escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar.
E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo.
(História contada no Museu do Homem do Nordeste).

Não basta beber, tem que conhecer!


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Você sabe Português? 2

Os erros de REDUNDÂNCIAS mais comuns do idioma e melhor maneira de evitá-los:

16 “Há” dois anos “atrás”. Como e atrás indicam passado, não se use dos dois juntos: Ele chegou á dois meses/Iniciou o trabalho dois meses atrás;
17 “Já” não há “mais” motivo. e mais têm a mesma função na frase. Assim: Não há mais motivo ou já não há motivo.
18 “Entrar dentro” da área. O certo: Entrar na área (ninguém “entra fora”. Outras formas condenáveis: ”sair fora”, “subir para cima”, “descer para baixo”.
19 “Encara de frente” os desafios. Ninguém encara (nem enfrenta) de lado ou de costas. Diga: encarar (enfrentar) firmemente; encarar (enfrentar) com decisão.
20 “Elo de ligação”. Elo já é ligação. Por isso: Ele é o elo entre a empresa e os funcionários. Outras redundâncias: “viúvas do falecido” (não há viúva sem falecido), “ganhar grátis” (não se ganha pagando), “habitat natural” (todo habitat é natural).

Clique aqui e veja o anterior sobre Concordância Verbal

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Sem tempo para sonhar: EUA têm mais negros na prisão hoje do que escravos no século XIX

No dia histórico do discurso “eu tenho um sonho”, de Martin Luther King, panorama social é dramático aos afrodescendentes norte-americanos
  O presidente norte-americano, Barack Obama, participou no ano passado em Washington de evento comemorativo pelo aniversário de 50 anos do emblemático discurso “Eu tenho um Sonho”, de Martin Luther King Jr. - considerado um marco da igualdade de direitos civis aos afro-americanos. Enquanto isso, entre becos e vielas dos EUA, os negros não vão ter muitos motivos para celebrar ou "sonhar com a esperança", como bradou Luther King em 1963.


De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares na América do Norte, os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem hoje menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século XIX. E o dado mais assombroso: há mais negros na prisão atualmente do que escravos nos EUA em 1850, de acordo com estudo da socióloga da Universidade de Ohio, Michelle Alexander.

Mother Jones Twitter @bet

Há mais negros do que nunca nas penitenciárias dos EUA

“Negar a cidadania aos negros norte-americanos foi a marca da construção dos EUA. Centenas de anos mais tarde, ainda não temos uma democracia igualitária. Os argumentos e racionalizações que foram pregadas em apoio da exclusão racial e da discriminação em suas várias formas mudaram e evoluíram, mas o resultado se manteve praticamente o mesmo da época da escravidão”, argumenta Alexander em seu livro The New Jim Crow.

No dia em que médicos brasileiros chamaram médicos cubanos de “escravos”, a situação real, comprovada por estudos de institutos como o centro de pesquisas sociais da Universidade de Oxford e o African American Reference Sources, mostra que os EUA têm mais características que lembram uma senzala aos afrodescendentes que qualquer outro país do mundo.


Em entrevista a Opera Mundi, a professora da Universidade de Washington e autora do livro “Invisible Men: Mass Incarceration and the Myth of Black Progress”, Becky Pettit,argumenta que os progressos sociais alcançados pelos negros nas últimas décadas são muito pequenos quando comparados à sociedade norte-americana como um todo. É a “estagnação social” que acaba trazendo as comparações com a época da escravidão.

“Quando Obama assumiu a Presidência, alguns jornalistas falaram em “sociedade pós-racial” com a ascensão do primeiro presidente negro. Veja bem, eles falaram na ocasião do sucesso profissional do presidente como exemplo que existem hoje mais afrodescendentes nas universidades e em melhores condições sociais. No entanto, esqueceram de dizer que a maioria esmagadora da população carcerária dos EUA é negra. Quando se realizam pesquisas sobre o aumento do número de jovens negros em melhores condições de vida se esquece que mais que dobrou o número de presos e mortos diariamente. Esses não entram na conta dos centros de pesquisas governamentais, promovendo o “mito do progresso entre nos negros”, argumenta.





Segundo Becky Pettit, não há desde o começo da década de 1990 aumento no índice de negros que conseguem concluir o ensino médio. Além disso, o padrão de vida também despencou. Além do aumento da pobreza, serviços básicos como alimentação, saúde, gasolina (utilidade considerada fundamental para os norte-americanos) e transportes público estão em preços inacessíveis para muitos negros de baixa renda. Mais de 70% dos moradores de rua são afrodescendentes.

Agência Efe

Negros na administração Obama têm indíces sociais mais baixos que na época de George W. Bus-

Michelle Alexander, por sua vez, critica o sistema judiciário do país e a truculência que envia em massa às prisões os negros. “Em 2013, vimos o fechamento de centenas de escolas de ensino fundamental em bairros majoritariamente negros. Onde essas crianças vão estudar? É um círculo vicioso que promove a pobreza, distribui leis que criminalizam a pobreza e levam as comunidades de cor para prisão”, critica em entrevista ao jornal LA Progresive.

Fonte: UOL - Opera Mundi,



quarta-feira, 30 de novembro de 2016

MEMÓRIA :Hoje na História: 1935 - Morre Fernando Pessoa, poeta português e ícone da literatura do século XX

Max Altman 
Um de vários, consagrou-se pelo uso de heterônimos; com sua partida, também se foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, entre outros



Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”
“O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente”

Wikimedia Commons
Fernando Antônio Nogueira Pessoa, poeta e escritor português, morre em Lisboa em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos. Foi internado no dia anterior no Hospital de São Luís dos Franceses, vítima de uma crise no fígado. A suposta causa de seu falecimento se deve a uma cirrose hepática provocada pelo excesso de álcool ao longo da sua vida. Nos últimos momentos da sua vida pede os óculos e clama pelos seus heterônimos. Sua última frase é escrita no idioma no qual foi educado, o inglês: “I know not what tomorrow will bring” (“Eu não sei o que o amanhã trará”).

É considerado um dos grandes poetas da língua portuguesa e da literatura universal.O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo". Na comemoração do centenário do seu nascimento em 1988, seu corpo foi transladado para o Mosteiro dos Jerônimos, confirmando o reconhecimento que não teve em vida.

Por ter sido educado na África do Sul, para onde foi aos seis anos, Pessoa aprendeu perfeitamente o inglês, idioma em que escreveu poesia e prosa.

Ao longo da vida trabalhou em várias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, analista político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, ao mesmo tempo em que produzia sua obra literária em verso e prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterônimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra.

Trajetória

Nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa. Após a morte do pai por tuberculose, ocorrida quando ele só tinha cinco anos, a mãe se vê obrigada a leiloar parte da mobília e os dois mudam-se para uma casa mais modesta. É também nesse período que surge seu primeiro pseudônimo, “Chevalier de Pas”, assim como o primeiro poema, curto, com a infantil epígrafe de “À Minha Querida Mamã”. Sua mãe casa-se pela segunda vez em 1895 com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban, África do Sul.

Muda-se com a mãe para a cidade sul-africana, onde passa a maior parte de sua juventude. Recebe uma educação britânica, o que lhe proporciona um profundo contato com a língua inglesa. Seus primeiros textos e estudos são feitos em inglês. Teve desde cedo contato com autores como William Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, entre outros. Utiliza o idioma para traduzir textos de poetas ingleses, como “O Corvo” e “Annabel Lee” de Edgar Allan Poe, chegando a publicar em 1918 e 1921 coletâneas de poemas em inglês de sua autoria.

Percorre com sucesso todos os graus de ensino em Durban e, em 1903, se candidata à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Não obtém boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o “Queen Victoria Memorial Prize”.
 



Foto:

Acreditar que filmes substituem livros é um erro gigantesco, diz escritor espanhol

Hoje na História: 1972 - Morre o poeta norte-americano Ezra Pound

Hoje na História: 1950 - Morre o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw


Wikimedia Commons - "Em flagrante delitro"Deixando a família em Durban, regressa definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905. Continua a produção de poemas em inglês e, em 1906, matricula-se no curso superior de Letras da Universidade de Lisboa, curso que abandona sem  completar sequer o primeiro ano.

Entra em contato com importantes escritores portugueses, interessa-se pela obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre Antônio Vieira. Passa a se dedicar à tradução de correspondência comercial. Nessa profissão trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.

Heteronímia

Podemos dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar. De tanto fazê-lo, criou outras vidas através de seus heterônimos, que se constituíram em sua grande criação estética. Os heterônimos, diferentemente dos pseudônimos, são personalidades poéticas completas: identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. Entre os heterónimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser chamado ortônimo, porquanto era a personalidade original.

Os três heterônimos mais conhecidos foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Um quarto heterônimo de grande importância na obra de Pessoa é Bernardo Soares, considerado um semi-heterónimo, autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX.

Através dos heterónimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade. Este último fator se destaca no enigmático que perpassa a obra do poeta.

Escreveu desde sempre, com seu primeiro poema aos sete anos e pondo-se a escrever até mesmo no leito de morte. Sua vida foi uma constante divulgação da língua portuguesa. Nas palavras do poeta, expressas pelo heterônimo Bernardo Soares,  “minha pátria é a língua portuguesa”. Ou então, através de um poema: “Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da civilização e o alargamento da consciência da humanidade.” Analogamente ao general romano Pompeu que disse, por volta de 70 a. C., que “navegar é preciso; viver não é preciso”, Pessoa diz, no poema “Navegar é Preciso”, que “viver não é necessário; o que é necessário é criar”.

O poeta mexicano e Prêmio Nobel de Literatura Octavio Paz disse que “os poetas não têm biografia. Sua obra é sua biografia” e que, no caso de Pessoa “nada em sua vida é surpreendente – nada, exceto seus poemas”. O crítico literário norte-americano Harold Bloom considerou-o como o mais representativo poeta do século XX, ao lado do chileno Pablo Neruda.