Max Altman
Um de vários, consagrou-se pelo uso de heterônimos; com sua partida, também se foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, entre outros
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”
“O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente”
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É considerado um dos grandes poetas da língua portuguesa e da literatura universal.O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo". Na comemoração do centenário do seu nascimento em 1988, seu corpo foi transladado para o Mosteiro dos Jerônimos, confirmando o reconhecimento que não teve em vida.
Por ter sido educado na África do Sul, para onde foi aos seis anos, Pessoa aprendeu perfeitamente o inglês, idioma em que escreveu poesia e prosa.
Ao longo da vida trabalhou em várias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, analista político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, ao mesmo tempo em que produzia sua obra literária em verso e prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterônimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra.
Trajetória
Nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa. Após a morte do pai por tuberculose, ocorrida quando ele só tinha cinco anos, a mãe se vê obrigada a leiloar parte da mobília e os dois mudam-se para uma casa mais modesta. É também nesse período que surge seu primeiro pseudônimo, “Chevalier de Pas”, assim como o primeiro poema, curto, com a infantil epígrafe de “À Minha Querida Mamã”. Sua mãe casa-se pela segunda vez em 1895 com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban, África do Sul.
Muda-se com a mãe para a cidade sul-africana, onde passa a maior parte de sua juventude. Recebe uma educação britânica, o que lhe proporciona um profundo contato com a língua inglesa. Seus primeiros textos e estudos são feitos em inglês. Teve desde cedo contato com autores como William Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, entre outros. Utiliza o idioma para traduzir textos de poetas ingleses, como “O Corvo” e “Annabel Lee” de Edgar Allan Poe, chegando a publicar em 1918 e 1921 coletâneas de poemas em inglês de sua autoria.
Percorre com sucesso todos os graus de ensino em Durban e, em 1903, se candidata à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Não obtém boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o “Queen Victoria Memorial Prize”.
Foto:

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Entra em contato com importantes escritores portugueses, interessa-se pela obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre Antônio Vieira. Passa a se dedicar à tradução de correspondência comercial. Nessa profissão trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.
Heteronímia
Podemos dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar. De tanto fazê-lo, criou outras vidas através de seus heterônimos, que se constituíram em sua grande criação estética. Os heterônimos, diferentemente dos pseudônimos, são personalidades poéticas completas: identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. Entre os heterónimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser chamado ortônimo, porquanto era a personalidade original.
Os três heterônimos mais conhecidos foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Um quarto heterônimo de grande importância na obra de Pessoa é Bernardo Soares, considerado um semi-heterónimo, autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX.
Através dos heterónimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade. Este último fator se destaca no enigmático que perpassa a obra do poeta.
Escreveu desde sempre, com seu primeiro poema aos sete anos e pondo-se a escrever até mesmo no leito de morte. Sua vida foi uma constante divulgação da língua portuguesa. Nas palavras do poeta, expressas pelo heterônimo Bernardo Soares, “minha pátria é a língua portuguesa”. Ou então, através de um poema: “Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da civilização e o alargamento da consciência da humanidade.” Analogamente ao general romano Pompeu que disse, por volta de 70 a. C., que “navegar é preciso; viver não é preciso”, Pessoa diz, no poema “Navegar é Preciso”, que “viver não é necessário; o que é necessário é criar”.
O poeta mexicano e Prêmio Nobel de Literatura Octavio Paz disse que “os poetas não têm biografia. Sua obra é sua biografia” e que, no caso de Pessoa “nada em sua vida é surpreendente – nada, exceto seus poemas”. O crítico literário norte-americano Harold Bloom considerou-o como o mais representativo poeta do século XX, ao lado do chileno Pablo Neruda.
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