Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, mais conhecido por Chatô fez histórias pelos empreendimentos e pelas suas idiossincrasias que o tornaram um sujeito excêntrico e voluntarioso pelo o seu poder pessoal. Fernando Morais no seu clássico " Chatô: O Rei do Brasil" mostra várias passagens de sua vida atribulada narra em abundância este lado da per-sonalidade do seu herói. Era o tempo em que o execrável racismo era aceito pela sociedade e atitudes como esta que narra o trecho abaixo ilustra bem o preconceito social exacerbado
Vamos ao texto cômico, piada sem lugar nos dias de hoje.
"Ainda em 1938 ele organizou raid de aparelhos do Rio até a cidade de Campos, no interior do estado. Com vários repórteres cobrindo os preparativos, en-trevistando pilotos, e mais uma equipe recebendo a esquadrilha na cidade fluminense, a viagem renderia páginas e páginas nos jornais e revistas Associados. O sucesso da iniciativa o animaria a repeti-la mais duas vezes, e sempre com um número cada vez maior aviões envolvidos: na segunda, viajaram até a usina de açúcar Tamoio, na cidade paulista de Araraquara, e na terceira foi-se ainda mais longe, a Guatapará, também no interior paulista. Assim como havia repórteres es-pecializados em economia, em política, em esportes, os Associados passa-ram a ter um seto rista de aviação, escolhido pesso-almente pelo do-no: o jovem cea-rense Edmar Mo-rel, que ganhara fama meses antes com uma série de reportagens na Amazônia sobre o coronel inglês Percy Fawcett, desaparecido misteriosamente quando investi-gava a existência da tal civilização branca que a selva brasileira esconderia assunto que havia sido levantado em 1924 por O Jornal."
"A aventura se-guinte seria mais arriscada: Chatô planejava organi-zar uma expedi-ção aérea de nada menos que ses-senta aviões do Rio e Porto Seguro, na Bahia, para ali festejarem o aniversário do descobrimento do Brasil. Estaria tudo muito bem se não fosse por um problema: Porto Seguro não tinha aeroporto. Acionado pelo jornalista, Getúlio entusiasmou-se com a viagem, e sessenta dias depois o aeroporto pronto. Com uma escala para reabastecimento em Vitória e outra em Caravelas, no litoral baiano, os aviões por fim desceram em Porto Seguro. A modesta prefeitura local teve de mandar fazer às pressas trinta privadas públicas e arranjar 140 camas com o Exército para acomodar os pilotos, radiotelegrafistas e os mecânicos. Logo que os aparelhos pousaram, o vigário da cidade, um negro anunciou que havia preparado uma surpresa para Chateaubriand e os mais de cem pilotos e acompa-nhantes que tinham feito parte do raid: iria oficiar uma missa no mesmo local em que frei Hen-rique de Coimbra havia rezado a primeira missa Brasileira, em maio de 1500. Ao ouvir aquilo, Chateaubriand chamou, Edmar Morel a um canto:- Seu Morel, de-mita esse preto da mi-nha festa. Um preto rezar a nossa missa? De modo algum! Dê um jeito de chamar com urgência o bispo de Ilhéus, que é ariano. Em missa de branco eu atuo até como co-roinha, Seu Morel, mas missa rezada por padre preto vai nos trazer uma urucubaca sem tamanho."
Vamos ao texto cômico, piada sem lugar nos dias de hoje.
"Ainda em 1938 ele organizou raid de aparelhos do Rio até a cidade de Campos, no interior do estado. Com vários repórteres cobrindo os preparativos, en-trevistando pilotos, e mais uma equipe recebendo a esquadrilha na cidade fluminense, a viagem renderia páginas e páginas nos jornais e revistas Associados. O sucesso da iniciativa o animaria a repeti-la mais duas vezes, e sempre com um número cada vez maior aviões envolvidos: na segunda, viajaram até a usina de açúcar Tamoio, na cidade paulista de Araraquara, e na terceira foi-se ainda mais longe, a Guatapará, também no interior paulista. Assim como havia repórteres es-pecializados em economia, em política, em esportes, os Associados passa-ram a ter um seto rista de aviação, escolhido pesso-almente pelo do-no: o jovem cea-rense Edmar Mo-rel, que ganhara fama meses antes com uma série de reportagens na Amazônia sobre o coronel inglês Percy Fawcett, desaparecido misteriosamente quando investi-gava a existência da tal civilização branca que a selva brasileira esconderia assunto que havia sido levantado em 1924 por O Jornal."
"A aventura se-guinte seria mais arriscada: Chatô planejava organi-zar uma expedi-ção aérea de nada menos que ses-senta aviões do Rio e Porto Seguro, na Bahia, para ali festejarem o aniversário do descobrimento do Brasil. Estaria tudo muito bem se não fosse por um problema: Porto Seguro não tinha aeroporto. Acionado pelo jornalista, Getúlio entusiasmou-se com a viagem, e sessenta dias depois o aeroporto pronto. Com uma escala para reabastecimento em Vitória e outra em Caravelas, no litoral baiano, os aviões por fim desceram em Porto Seguro. A modesta prefeitura local teve de mandar fazer às pressas trinta privadas públicas e arranjar 140 camas com o Exército para acomodar os pilotos, radiotelegrafistas e os mecânicos. Logo que os aparelhos pousaram, o vigário da cidade, um negro anunciou que havia preparado uma surpresa para Chateaubriand e os mais de cem pilotos e acompa-nhantes que tinham feito parte do raid: iria oficiar uma missa no mesmo local em que frei Hen-rique de Coimbra havia rezado a primeira missa Brasileira, em maio de 1500. Ao ouvir aquilo, Chateaubriand chamou, Edmar Morel a um canto:
- Seu Morel, de-mita esse preto da mi-nha festa. Um preto rezar a nossa missa? De modo algum! Dê um jeito de chamar com urgência o bispo de Ilhéus, que é ariano. Em missa de branco eu atuo até como co-roinha, Seu Morel, mas missa rezada por padre preto vai nos trazer uma urucubaca sem tamanho."
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