terça-feira, 30 de agosto de 2016

O racismo de Chatô :missa rezada por padre preto traz uma urucubaca sem tamanho.

     Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, mais conhecido por Chatô fez histórias pelos empreendimentos e pelas suas idiossincrasias que o tornaram um sujeito excêntrico e voluntarioso pelo o seu poder pessoal. Fernando Morais no seu clássico " Chatô: O Rei do Brasil" mostra várias passagens de sua vida atribulada narra em abundância este lado da per-sonalidade do seu herói.
     Era o tempo em que o execrável racismo era aceito pela sociedade e atitudes como esta que narra o trecho abaixo ilustra bem o preconceito social exacerbado

     Vamos ao texto cômico, piada sem lugar nos dias de hoje.



   "Ainda em 1938 ele organizou raid de aparelhos do Rio até a cidade de Campos, no interior do estado. Com vários repórteres cobrindo os preparativos, en-trevistando pilotos, e mais uma equipe recebendo a esquadrilha na cidade fluminense, a viagem renderia páginas e páginas nos jornais e revistas Associados. O sucesso da iniciativa o animaria a repeti-la mais duas vezes, e sempre com um número cada vez maior aviões envolvidos: na segunda, viajaram até a usina de açúcar Tamoio, na cidade paulista de Araraquara, e na terceira foi-se ainda mais longe, a Guatapará, também no interior paulista. Assim como havia repórteres es-pecializados em economia, em política, em esportes, os Associados passa-ram a ter um seto rista de aviação, escolhido pesso-almente pelo do-no: o jovem cea-rense Edmar Mo-rel, que ganhara fama meses antes com uma série de reportagens na Amazônia sobre o coronel inglês Percy Fawcett, desaparecido misteriosamente quando investi-gava a existência da tal civilização branca que a selva brasileira esconderia assunto que havia sido levantado em 1924 por O Jornal."

   "A aventura se-guinte seria mais arriscada: Chatô planejava organi-zar uma expedi-ção aérea de nada menos que ses-senta aviões do Rio e Porto Seguro, na Bahia, para ali festejarem o aniversário do descobrimento do Brasil. Estaria tudo muito bem se não fosse por um problema: Porto Seguro não tinha aeroporto. Acionado pelo jornalista, Getúlio entusiasmou-se com a viagem, e sessenta dias depois o aeroporto pronto. Com uma escala para reabastecimento em Vitória e outra em Caravelas, no litoral baiano, os aviões por fim desceram em Porto Seguro. A modesta prefeitura local teve de mandar fazer às pressas trinta privadas públicas e arranjar 140 camas com o Exército para acomodar os pilotos, radiotelegrafistas e os mecânicos. Logo que os aparelhos pousaram, o vigário da cidade, um negro anunciou que havia preparado uma surpresa para Chateaubriand e os mais de cem pilotos e acompa-nhantes que tinham feito parte do raid: iria oficiar uma missa no mesmo local em que frei Hen-rique de Coimbra havia rezado a primeira missa Brasileira, em maio de 1500. Ao ouvir aquilo, Chateaubriand chamou, Edmar Morel a um canto:
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- Seu Morel, de-mita esse preto da mi-nha festa. Um preto rezar a nossa missa? De modo algum! Dê um jeito de chamar com urgência o bispo de Ilhéus, que é ariano. Em missa de branco eu atuo até como co-roinha, Seu Morel, mas missa rezada por padre preto vai nos trazer uma urucubaca sem tamanho."









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