DANIEL CARVALHO
DO RECIFE
Alvo
de protestos contra sua permanência na presidência da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara, o deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano
(PSC-SP) afirmou que o colegiado era "dominado por Satanás" antes de
sua chegada ao posto.
Feliciano
fez as declarações na sexta-feira à noite, durante um culto num ginásio de
Passos (348 km de BH), no sul de Minas Gerais.
Veja
o vídeo abaixo:
Criada
em 1995, a comissão já foi presidida por 15 parlamentares antes de Feliciano.
O
deputado e pastor vem sendo alvo de protestos desde o dia que foi escolhido por
seu partido para presidir o colegiado, no início de março.
Ativistas
o acusam de ser homofóbico e racista. Citam declarações e mensagens que ele
postou no Twitter. Feliciano diz ser mal interpretado.
A
fala sobre Satanás na comissão foi divulgada no YouTube. Na sequência, ele
criticou a realização de um seminário sobre "diversidade sexual na primeira
infância" feito pelo órgão em 2012. "Eu morro, mas não abandono minha
fé", gritou.
O
deputado, que se disse "perseguido" e alvo de uma
"ditadura", pediu apoio dos fiéis contra os manifestantes. "Se é
para gritar, tem um povo que sabe o que é grito. [...] Nós (evangélicos)
sabemos qual é o poder da nossa fé."
Feliciano
disse ainda que igrejas estão desmarcando participações dele em eventos em
razão dos protestos. Ele afirmou que 23 dos 30 compromissos de março foram
cancelados.
"A
natureza deles é gritar, xingar, falar palavras de ordem. É dar beijos no meio
da rua, tirar a roupa. A natureza deles é expor um homem como eu, pai de
família, ao ridículo", disse.
O
PSC calcula que a repercussão em torno do deputado deverá triplicar os 211 mil
votos que ele obteve em 2010.
Feliciano
também usou o culto para criticar a mídia ("tendenciosa") e as
atrizes Fernanda Montenegro e Camila Amado, que se beijaram na boca na semana
passada num ato de repúdio ao pastor.
"Mal
sabem elas que não estavam me atormentando. Estavam mostrando ao povo
brasileiro --que ainda é um povo família, que respeita o ser humano--, que o
que eles lutam não é por direitos, mas é por privilégios."
Procurada
ontem pela Folha, a assessoria de Feliciano disse que as declarações foram
dadas na função de pastor e no contexto da igreja, e não como parlamentar.
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