terça-feira, 22 de novembro de 2011

Trilha da Praia Saco das Bananas em Ubatuba!

Os estudantes
Sábado a tarde eu estava estudando com meu amigo na USP e pretendíamos ficar lá até as cinco horas, quando supostamente a polícia militar e a tropa de choque -autorizada sob recente ordem judicial- iria adentrar (ou invadir, depende do ponto de vista) na cidade universitária para retirar os estudantes que recentemente haviam ocupado (ou invadido, depende do ponto de vista também) o prédio da reitoria e que já permaneciam lá a alguns dias. A ocupação no prédio público seria uma forma de protesto à recente permanência e patrulhamento da "supostamente truculenta" polícia militar no campo universitário que, segundo esses estudantes, representava uma afronta a liberdade de expressão do movimento estudantil e uma ofensa ao princípio da autonomia universitária (a polícia militar permanece a alguns meses de forma fixa no espaço universitário desde um crime trágico em que um aluno foi vítima de latrocínio)
A polícia
      Momento antes da hora marcada para o batalhão da polícia militar marchar em nosso Campus e entrar em atrito com os estudantes que ocupavam o prédio da reitoria, a ordem judicial foi prorrogada em mais de 24 horas (para segunda à noite) frustrando a possibilidade de eu e meu amigo presenciar ao vivo "e em cores" um evento que poderia marcar (ou não) a história da nossa universidade. Porém se algo havia nos frustrado subitamente, naquele mesmo dia (e de forma igualmente súbita) fomos surpreendido no sentido oposto, de forma positiva: um convite para uma trilha na Mata Atlântica que terminava em uma paradisíaca praia em Ubatuba.
      Bom, se no fim o "saldo" para aquele fim de semana não foi positivo, acredito que fora no mínimo neutro! Se por um lado deixamos de presenciar um evento atípico e possivelmente histórico em nossa universidade, por outro fomos presenteados naquele mesmo dia com a possibilidade de fazer uma trilha (algo que eu não fazia há anos, a última vez foi com o meu irmão mais velho em algum lugar cheio de cachoeiras próximo a Brasília) e no meio da Mata Atlântica na região de Ubatuba (famosa praia em São Paulo que eu só tinha ido uma vez na vida), excelente.
      Ficamos de nos encontrar na estação de metrô próximo à nossas casas na cidade de São Paulo, para depois de pegarmos dois metrôs, um ônibus intermunicipal e um ônibus urbano finalmente chegarmos na casa dele em São José dos Campos, cidade onde também seria o ponto de encontro da turma que iria partir no dia seguinte (domingo) bem cedo em mais de um carro para a região de Ubatuba. Como já sairmos de noite de São Paulo, chegamos bem tarde em São José dos Campos, quase meia-noite, o que era particulamente desinteressante naquela situação porque iríamos acordar bem cedo no dia seguinte (as quatro e meia, para nos encontrarmos com o pessoal a alguns quilômetros dali as cinco e meia da manhã).
      
Uma coisa que acho interessante destacar aqui é que como é legal e prático ter um amigo cuja mãe montou um restaurante na sua própria casa (uma coisa simples, um "caldinho" no terraço, porém bastante interessante). O que não faltou foi opção para comermos antes de dormir, entre pastel, cachorro-quente, brigadeiro, caldinho, etc, em vez do tradicional ("e sempre mesma coisa") misto quente com nescau que costumo oferecer para os meus amigos. Optei pelos deliciosos caldinhos que a mãe dele fazia, que na minha opinião não era só a melhor opção para quem tem problema de gastrite como eu, como também a opção mais saborosa (ah, e fiquei revoltado também pelo fato do "devagar" do meu amigo não gostar de caldinhos, apesar de ter a vontade em sua própria casa!).
      Partimos de manhã, saímos as cinco de carona com a mãe do meu amigo e chegamos quase que pontualmente as cinco e meia no ponto de encontro com a turma. De lá partimos para Ubatuba em uma viagem de carro que deve ter durado acho que umas duas horas ou mais para chegarmos no lugar onde se organizava trilhas no meio da Mata Atlântica. Na minha bolsa de ombro constava quatro garrafas de água (totalizando 2 litros), alguns biscoitos salgados, barras de cereais e uma câmera. Acho que seria suficiente para a caminhada na trilha que tinha previsão de pelo menos duas horas e meia, fora o tempo que passaríamos na praia "deserta" depois de cumprirmos o caminho.
      Antes de entrar na trilha assinamos um contrato que enfatizava que os organizadores não tinham responsabilidade sobre os imprevistos que poderiam ocorrer eventualmente durante o passeio, tais como acidentes, quedas, torção no tornozelo, afogamentos, picada de inseto, fraturas e mortes, entre outras "coisinhas". O contrato era tão detalhado nesses tais "imprevistos" as quais eles não seriam responsáveis, que tive a impressão que estávamos vendendo nossa alma e não partindo para uma simples caminhada numa trilha (depois fui entender que ali também se praticava esportes radicais, e não apenas "tranquilas" trilhas, daí a lógica do aparente "exagero" no contrato).
      Como o grupo organizador das atividades locais era evangélico, foi feita uma oração no momento em que nos reuníamos em círculo para alongamento e apresentações pessoais (somente o nome mesmo), éramos pelo menos 20 pessoas, mais um organizador (do grupo evangélico) e um guia (nativo do local). Algo que surpreendeu o organizador, não só ele como os demais presentes, foi o fato de que entre as vinte pessoas eu era o único que não estava de tênis ou com bota, e sim completamente "descalço".
      Não seria a primeira vez em que eu faria uma trilha descalço, em minha última trilha (próxima a Brasília, que citei no início deste texto) a percorri da mesma forma! Enquanto os brasilienses (e pessoas das demais regiões do país, talvez até do Piauí! rs) reclamavam "do alto de seus tênis" da dificuldade de percorrer aquela longa extensão, eu e meu irmão mais velho -como bons e legítimos maranhenses- fazíamos a trilha com tranqüilidade; apesar da dificuldade de sermos realmente os únicos a nos aventurarmos com os pés despidos em um caminho que particularmente o solo não era de terra, e sim formados por inúmeras pedrinhas e pedregulhos.
      Como ocorreu em Brasília, a situação agora em São Paulo novamente rendeu boas histórias! Começando pelo organizador. Diante da surpresa dele quando se dirigiu a mim enquanto nos alongávamos deu até a impressão que seria a primeira vez que alguém se arriscaria descalço por lá! Só impressão, claro!... não é possível que algum outro maranhense no mundo nunca tenha aparecido naquelas bandas hahah
      Durante o alongamento, os comentários “pré-trilha” inspiravam um pouco de apreensão, iam desde que a trilha era muito extensa (entre duas ou três horas de deslocamento em ritmo normal) passando que esta era classificada como médio-difícil ou na ênfase do risco que assumíamos! Já que ocorrendo qualquer problema com qualquer pessoa no caminho não haveria suporte para socorrê-la e nem mesmo isso era obrigação dos organizadores, visto que todo mundo recebera o contrato e, pelo menos em tese, deveria está ciente de que “quase vendera sua alma aos organizadores” ao assinar.
      Avançamos por um caminho de terra suave antes de chegar na trilha propriamente dita, durante este curto caminho mais uma vez o organizador me abordou, dizendo que eu não sabia como era a trilha, que não era algo simples e que provavelmente eu não chegaria até o final sem um calçado apropriado. E que era melhor desistir agora, do que ter que desistir pelo meio do caminho e voltar sozinho. Bom, tentei me explicar que já tinha feito isso sem erros em outra oportunidade (a trilha de Brasília), mas o organizador pensou que eu não o estava levando muito a sério, fez uma cara de menosprezo misturada com “ok, você é quem sabe!” e se afastou.
      Bom, querendo ou não, tive a tranqüilidade um pouco abalada. Mas o que essa trilha poderia ter de tão “pesado”? Levando em consideração que em minha última trilha o chão era de pedras e pedregulhos que assolavam bastante o pé, não conseguia imaginar um caminho muito pior do que esse (cacos de vidro ou espinhos talvez, mas minha bolsa carregava um par de chinelos discretamente que poderia ajudar nesse caso). E em relação à extensão ou obstáculos difíceis de transpor, tenho certeza que meu amigo –por exemplo- “pediria água” bem antes do que eu, hahaha.
      Depois da curta caminhada, observamos um estreito caminho no meio do mato que significava o início da trilha! O engraçado é que quando o pessoal viu que eu realmente iria me aventurar descalço, isso causou um certo furor. O assunto repercutiu bastante e muitos ficaram incrédulos. Alguns mais exaltados (que eu nem mesmo conhecia, amigo do amigo do amigo) não resistiram em fazer algumas piadas, principalmente uns “bombadinhos” mais convencidos que -como se diz no diálogo popular- “se achavam o tal” e que possivelmente queriam se exibir para a namorada ou para os amigos, certo que eu iria “pedir água”.
      Achei engraçado e fiquei surpreso com a repercussão que algo que pra mim tão banal havia causado! Não só naquele momento, mas também mais pra frente o assunto iria repercutir bastante, com as pessoas se indagando ou se impressionando com a não desistência de “pézinho” durante o caminho – alcunha que observei ser utilizada algumas vezes e que não gostei tanto! (risos)
      A trilha em si, mostrou que muito da apreensão foi desnecessária. Era um longo caminho percorrendo morros litorâneos em mata fechada, com alguns obstáculos, porém não tão difíceis; como transpor pequenos córregos, declive ou inclinações. Fora o fato de várias partes do caminho ser ascendente, o que aumenta a necessidade de uma boa disposição física (mais tarde também éramos compensados com um pouco de trajeto descendente para descansar um pouco também hahaha).     
       As duas horas e meia de trilha percorri normalmente sem grandes surpresas pelo caminho. (Tirando o fato de uma vez que vi um pequeno, traiçoeiro e muito discreto caule de espinhos no chão! E torci que se fosse para pisar em um, pelo menos fosse já ao fim da trilha, e não no começo ou no meio). Se por um lado, não vimos nenhum animal silvestre, por outro era agradável o fato de estarmos no meio da Mata Atlântica e vez ou outra termos a visão da praia que em distância nós costeávamos.
      Várias vezes tive que me afastar do meu amigo com quem eu caminhava próximo porque ele se cansava e não conseguia prosseguir no mesmo ritmo. Não só meu amigo como algumas pessoas não conseguiam acompanhar (principalmente nas partes mais inclinadas e ascendentes) e acabavam forçando uma parada geral de descanso.
      Até mesmo os “bombadinhos” do início estavam moles em algumas partes! Essa foi a hora que a vontade de “tirar uma satisfação” subiu a minha cabeça, não só tinha conseguido a algum tempo calar a chacota iniciada por eu está sem tênis ou bota, como em alguns momentos eu os ultrapassava pelo pouco espaço lateral quando eles perdiam o vigor (algumas subidas). Acelerava o passo até alcançar o guia (nativo do local que sempre estava na ponta da frente porque direcionava o caminho) e tentava voltar para o meu amigo (bem atrás, quase na outra ponta) quando a marcha parava. As antigas piadas até mudaram de tom para comentários do tipo “pô, pezinho, mas também não humilha, né” em tom meio de zombaria quando eu os ultrapassava na trilha. Só sei que ao conseguir chegar firme ao fim da trilha (e graças a deus nenhum espinho no pé), minha necessidade de desforra estava cumprida, ninguém pediu para esses seres despertarem a fúria do pequeno maranhense aqui. Em mais uma ocasião o Maranhão vencia! (risos).
      O fim da trilha não poderia ser mais recompensador, todo nós desembocamos (uns antes, outros um pouquinho depois) numa praia em uma deserta e paradisíaca enseada, acho que já era por volta do meio-dia ou uma hora. Um lugar tão bonito que acredito que, desculpa o clichê, uma imagem (ou várias) valeriam mais do que mil palavras. Além de nadarmos no local, tomarmos sol e admirarmos a paisagem, tiramos várias fotos que podem ser vistas no final deste texto (não só da praia como o percurso da trilha em si). O legal do lugar também é que tinha umas pedras bem grandes bem legais de subir para sentir e admirar a paisagem, tirei várias fotos nelas também!
      Passamos o resto da tarde por lá, comemos o que trouxemos na bolsa (nossa, como queria ter trago mais do que 2 litros de água) e ficamos no local até as quatro horas. Na hora da volta tínhamos duas opções: ou voltávamos novamente pela trilha ou voltávamos dessa vez pelo mar (numa canoa que vinha buscar e levava o pessoal de volta em mais de uma viagem para dá conta de todo mundo). Meu amigo não tinha mais disposição de encarar a trilha novamente, por isso acabamos voltando de barco: eu, ele e mais um casal de amigos (o que eu achei excelente, não só pela paisagem, mas pelos meus pés descalços que talvez não tolerassem mais uma segunda vez, risos).
      Antes de voltarmos para São José dos Campos, fizemos uma pequena refeição ainda em Ubatuba, a qual comemos cação. Uma interessante observação para mim é o fato de que o mar em Ubatuba (e talvez em todo Sudeste) é realmente azul, o que não acontece no Maranhão. Quando criança, eu não entendia porque se pintava o mar de azul, para mim azul era cor da piscina e não do mar! E o mar que eu conhecia eu não conseguia achar uma cor que correspondesse a ele entre os meus lápis de cores, porque no Maranhão a cor do mar é naturalmente meio parda. Acontece isso, acredito eu, devido a proximidade com a foz do Rio Amazonas que despeja uma grande quantidade de sedimentos no oceano. Depois de comermos o peixe, levamos mais algumas horas para voltarmos para São José (chegamos já de noite) e mais outras várias horas para chegarmos de volta a São Paulo. Aqui no final do texto segue algumas fotos da viagem.
      (Ah, uma coisa interessante de destacar, fiz uma pesquisa posterior no Google e descobrir que essa história de dizer que a trilha que nós estávamos fazendo se classifica como “médio-difícil” é tudo conversa fiada da turma lá, que pelo visto eles devem ser meio moles. Pesquisei a respeito da trilha [trilha da Praia Saco das Bananas em Ubatuba] e -muito pelo contrário- ela se classifica como “fácil”. As demais trilhas locais que se classificam como médio ou difícil tem pelo menos umas cinco horas de duração [ou bem mais] e obstáculos bem mais difíceis de transpor [não que nossos obstáculos não fossem difíceis, mas também não eram nada muito assustador).
Nada como admirar a natureza!
Á minha mente, veio Fernando Pessoa:
"Oh, mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas maes choraram!
quantos filhos em vao rezaram!
quantas noivas ficaram por casar
para que fosses nosso,
oó mar Valeu a pena? 
Tudo vale a pena, se a alma nao é pequena! 
Quem quer passar além do bojador 
Tem que passar alem da dor 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu 
mas, nele é que espelhou o céu!
Fernando Pessoa


domingo, 20 de novembro de 2011

Minhocário Em Casa: Porque Fazer?

O Minhocário Doméstico é uma excelente estratégia para minimizar o tanto de dejetos que todos acumulamos em forma de lixo.
Consiste em nada mais do que separar restos de comida, como cascas de frutas, legumes e verguras cruas, para transformá-los em humus no final do processo. O processo utiliza minhocas que fazem esta conversão dos resíduos em adubo orgânico. Humus que é excelente adubo para espécies vegetais.

Este aparente pequeno ato, se multiplicado individualmente por milhões, reduzirá drasticamente a quantidade acumulada em lixões pelo País, reduzindo o deslocamento de lixo e dando um melhor destino para ele.
Aqui, seguem algumas dicas para utilização do Minhocário Doméstico. Hoje em dia, há várias fábricas que vendem o suporte completo, como o Projeto Minhocasa, por exemplo. Mas os Minhocários também podem ser feitos com caixas de frutas, de forma bem artesanal e praticamente sem custo.

Este Infográfico foi retirado do Blog O Melhor da Biologia.
Caso queira ir mais fundo no assunto veja o link abaixo:

Minhocários domésticos podem resolver questão do lixo orgânico

A formação de minhocários domésticos vai ser adotada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) nas comunidades carentes atendidas pela Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social. O projeto será apresentado até outubro deste ano ao ministério pela organização não governamental Minhocasa.
A proposta visa a conscientizar a população sobre a necessidade de reciclagem do lixo produzido em casa, de modo a preservar o meio ambiente. A ideia foi desenvolvida na Austrália, como política pública para transformação do lixo orgânico em adubo sólido e líquido, e trazida ao Brasil pela educadora ambiental Kika Danna, que criou a ONG.

"Precisamos nos conscientizar da quantidade do lixo que produzimos. Mais do que isso, trabalhar a educação nas comunidades mais carentes, para que essas pessoas percebam a importância dessa conscientização. Mais do que falar para elas da importância, temos que ter soluções para que possam, de forma fácil, resolver os problemas do lixo", disse à Agência Brasil o secretário de Inclusão Social do ministério, Joe Valle.

A secretaria já está trabalhando na coleta seletiva, como forma de inserção e inclusão social do catador, associando a atividade com artesanato e trabalhos alternativos, ao usar diferentes tipos de equipamentos para os vários tipos de materiais recicláveis.

"No lixo orgânico, o projeto Minhocasa é excelente alternativa para que a gente possa resolver o problema do lixo de forma descentralizada, sem grandes aterros, sem chorume e com uma tecnologia simples, barata e que dá um resultado fantástico", disse Valle.

O administrador da ONG no Brasil, Cesar Cassab Danna, explicou que o projeto foi dimensionado para a realidade brasileira e inclui o desenvolvimento de kits Minhocasa. A parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social prevê o atendimento, inicialmente, somente das comunidades localizadas no Entorno de Brasília.

Cassab disse que a perspectiva é estender o projeto posteriormente a todo o país. "Esse é o nosso sonho. A gente pode estar levando um pouco dessa informação, que é básica e simples, mas que faz uma grande diferença, principalmente em relação ao impacto ambiental que a gente acaba gerando involuntariamente quando joga lixo orgânico fora."

TRABALHO DE CRIAÇÃO DE MINHOCÁRIOS TEM FOCO NAS ESCOLAS PÚBLICAS

O trabalho da organização não governamental Minhocasa com oMinistério da Ciência e Tecnologia de incentivar a criação de minhocários é voltado às comunidades de baixa renda, com foco nas escolas da rede pública.

O Minhocasa vai fazer adaptações dos kits para sistemas mais rústicos, de modo que as pessoas possam ter em seus quintais a compostagem convencional e o minhocário de baia. "São formas de reciclagem de resíduos acessíveis a todo mundo", disse o administrador da ONG no Brasil, Cesar Cassab Danna.

Ele ressaltou que o adubo gerado pelo lixo orgânico é de elevada qualidade e pode estar voltando para uma horta doméstica ou uma horta comunitária. "Mais da metade daquilo que a gente produz como lixo é considerado orgânico. A outra metade já tem valor comercial. São os recicláveis, como alumínio, papel, vidro".

O kit Minhocasa é composto de três caixas superpostas e interligadas. Na caixa do meio, minhocas se alimentam do lixo orgânico - formado por restos de alimentos, cascas de frutas e legumes, entre outros produtos -, que acaba se transformando em adubo sólido. O adubo líquido, que seria o chorume do lixo, depois de passar pelo sistema, já sai com o PH neutro, sem mau cheiro e sem ser um poluente potencial.

"Na realidade, ele se torna um biofertilizante na última caixa do kit." Cesar Cassab informou que em 50 dias todo o material orgânico estará decomposto e terá se transformado em adubo.

O kit é fornecido em dois tamanhos. O B está dimensionado para absorver até meio litro de lixo por dia, o que é a média de uma a duas pessoas. "Ou seja, um casal". O G absorve até um litro de lixo, que é a média de uma família com três a quatro pessoas. Hoje, já existem mais de 4 mil kits em funcionamento em todo o Brasil.

A ONG está abrindo representações no país para tornar mais rápido o acesso das pessoas aos minhocários. "E a política pública é o que a gente almeja", afirmou Cassab.

A organização Michocasa desenvolve projeto educacional na periferia de Brasília, onde ensina educação ambiental para crianças e jovens de comunidade situada na área rural. A entidade promove cursos, oficinas e palestras e dá consultoria sobre a reciclagem do lixo orgânico.

PARA MAIS INFORMAÇÕES

SHIS QL 28 conj.06 casa 02 - Lago Sul
CEP 71665-265 - Brasília/DF
Telefone: (61) 9966-8967

Como fazer um minhocário doméstico

Elaine Costa

Após três meses usando um minhocário para processar os restos de alimentos de casa posso dizer: ter um minhocário em casa é ótimo!
Para quem não sabe, um minhocário (ou composteira) é uma fazenda de minhocas que ajuda a reciclar os restos de comida e transformar o substrato em húmus, um composto muito rico que pode ser usado como biofertilizante em hortas e jardins. Antes de optar por uma solução caseira, pesquisei sobre o assunto e encontrei empresas que vendem modelos prontos em caixas plásticas, que podem ser usados até em apartamentos. Além de caixas plásticas, um minhocário pode também ser montado em tambores, cestas de frutas, canteiros e outros.
Observei que a estrutura mais prática para a montagem do minhocário para compostagem são as caixas plásticas empilhadas. O tamanho varia conforme o necessidade da residência e do local disponível para o minhocário. Inicialmente, usei três caixas plásticas empilhadas com pequenas aberturas para manter a estrutura oxigenada (importante).
O elemento principal do minhocário (isto é, minhocas) encontrei na horta da minha mãe, debaixo dos restos de comida que ela enterra para fazer adubo. Mas, se você não tiver uma horta por perto, sugiro dar uma olhada no Minhobox, que apresenta várias opções para adquirir uma colônia de minhocas. Outra possibilidade é usar o humus de minhoca encontrado em lojas de jardinagens, que sempre apresentam vários ovos misturados à terra.
Como fazer um minhocário caseiro
ocê vai precisar de:
    Três caixas em cor escura, tipo container, que possam ser empilhadas sem o apoio das tampas;
    Torneirinha de bebedouro;
    Pedaço de tela de arame grossa;
    Pedaço de manta permeável;
    Minhocas (conheça as principais espécies no artigo Espécies de minhocas: diferenças básicas)
    Substrato (inicialmente um saco de 20Kg);
    Jornal sem cor;
    Restos de comida.
Corte o fundo de duas das caixas mantendo uma borda de 3 a 5 centímetros. Numa das caixas, fixe a tela de arame grossa, que deve estar na medida do fundo da caixa. Para facilitar, coloque a tela de arame dentro da caixa. Na outra caixa, fixe a manta permeável. Neste caso, é mais fácil fixar a manta por fora da caixa com fita vinílica ou similar.
Na caixa restante, corte lateralmente um orifício na mesma medida da torneirinha, fixando-a (sugiro usar silicone para evitar vazamentos).
A estrutura proposta usa somente uma tampa, que deve possuir algumas perfurações para permitir a oxigenação.
Seguindo o modelo apresentado no livro Soluções Sustentáveis: Permacultura Urbana, a estrutura do minhocário é a seguinte:
Coloque o substrato umedecido na caixa do meio e, em cima dele, as minhocas (para saber a quantidade ideal de minhocas leia o artigo Com quantas minhocas eu começo?). Após três dias, acrescente o substrato na caixa superior e os restos de alimentos. Cubra com o jornal sem cor.
O período médio para produção do humus são 45 dias. Então, coloque uma peneira grossa, no topo do substrato, com restos de comida. Os restos vão atrair as minhocas, que passarão pela peneira, facilitando a retirada do humus (para saber mais leia Como saber quando o húmus está pronto).
Observações
As minhocas não gostam de sol e calor excessivos. Por isso, mantenha o minhocário em lugar à sombra e arejado. Também é importante manter a terra úmida.
Mas, se você não quiser ter todo esse trabalho mas deseja ter um minhocário em casa, sugiro que conheça os modelos prontos da Morada da Floresta (
acesse nossa loja virtual para mais detalhes
). O grande benefício do minhocário, na minha opinião, é permitir que conheçamos nossa rotina em relação aos alimentos, principalmente sobre o que estraga na geladeira. Quando identificamos quanto de lixo geramos, passamos a ter mais critério, tanto para comprar quanto para usar, reduzindo e desperdício de alimentos.
Atenção – leia também o artigo “Minhocário Doméstico – versão 2.0″ para aprender outra forma de montar um minhocário.

Sobre: Elaine Maria Costa é especialista em Administração Industrial, com formação em Desing em Permacultura pelo IPEMA – Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica. Trabalha a mais de seis anos com Clima Organizacional e Sistemas de Gestão para Qualidade, Meio ambiente, Saúde e Segurança. É moradora da cidade de Taboão da Serra – SP e faz compostagem doméstica a mais de três anos.