sexta-feira, 29 de abril de 2011

Porto de Itaqui

RBRH — Revista Brasileira de Recursos Hídricos Volume 15 n.2 Abr/Jun 2010, 5-14

Modelação Hidrossedimentológica no Canal de Acesso do Complexo Portuário do Maranhão

Rogério Fernando do Amaral

Ministério da Integração Nacional
rogeriofamaral@yahoo.com.br

Paolo Alfredini

Escola Politécnica da Univesidade de São Paulo
alfredin@usp.br


RESUMO


INTRODUÇÃO

A Área Portuária do Maranhão constitui-se no segundo maior complexo portuário da América Latina e um dos maiores do mundo em termos de movimentação de carga. Situada na costa ocidental da Ilha de São Luís, na Baía de São Marcos, esta área portuária abrange o Complexo Portuário de Ponta da Madeira, da CVRD - Companhia Vale do Rio Doce S. A., o Porto de Itaqui, da EMAP — Empresa Maranhense de Administração Portuária e o Porto da ALUMAR. Em termos do potencial logístico do transporte aquaviário brasileiro esta região constituir-se-á nos próximos anos no principal pólo portuário brasileiro em movimentação de cargas, em função dos projetos previstos para a área.
Localizando-se próximo dos grandes mercados consumidores, como: Estados Unidos, Europa e Ásia através do Canal do Panamá. Constituindo-se em escoadouro natural de ampla região geoeconômica, que é a Amazônia Legal Oriental (ver Figura 1), as principais cargas movimentadas são os minérios de ferro e manganês, provenientes da Província Mineral de Carajás (PA), ferro gusa, concentrado de cobre, alumina e alumínio, grãos e granéis líquidos.
O Canal de Acesso do Complexo Portuário do Maranhão é via de acesso para o Complexo Portuário de Ponta da Madeira (CVRD), Porto de Itaqui e o Porto da ALUMAR, constituindo-se no mais longo, largo e profundo Canal de Acesso balizado, das áreas portuárias brasileiras.
Desenvolve-se em sua maior extensão na sub-área oceânica da Plataforma Continental do Maranhão (Golfão Maranhense), sendo o restante situado na própria Baía de São Marcos.
Ao largo da costa do Maranhão, em frente à Baía de São Marcos, observa-se a formação de bancos de areia, margeando o Canal de Acesso, tendo sido, por conseqüência, necessário balizar o Canal em seus cerca de 100 km a partir da Ponta da Madeira. O Canal apresenta quatro áreas especiais denominadas Área I, Área II, Área III e Área IV, no sentido sudoeste-nordeste respectiva-mente, conforme Figura 2. Essas áreas apresentam a formação de ondas de areia. Segundo CVRD (2001), a largura do Canal, em quase toda a extensão, é de 1.000 m, mas nas áreas especiais a largura mínima é de 500 m.

Modelação Hidrossedimentológica no Canal de Acesso do Complexo Portuário do Maranhão.
As ondas de areia num canal de navegação passam a ser um fenômeno morfológico de grande relevância para a segurança náutica em função do porte dos navios que navegam nesta via. De fato, para navios como os VLOC/VLCC (com porte bruto superior a 200.000 tpb1), ou ULOC/ULCC (com porte bruto superior a 350.000 tpb), com calados superiores a 19,0 m e comprimento entre perpendiculares superiores a 300 m (PIANC, 1997), as ondas de areia afetam diretamente a folga líquida sob a quilha (pé do piloto) e, em determinadas situações (como o Canal de Acesso à Área Portuária do Maranhão) a embarcação deste porte pode estar sobre até três cristas destas ondas.
Ondas de areia são uma classe de conformação de fundo, composta predominantemente de sedimento não coesivo, em forma de onda dos sedimentos transportados, conforme pode ser visto na Figura 3, com detalhe para a formação de cristas (regiões claras) e cavados (regiões escuras).
Trata-se de mega enrugamentos que se formam onde a água tem profundidade suficiente e o aporte de areia é abundante, com velocidades do escoamento relativamente fortes, geralmente desenvolvidas por correntes de maré. Porém outros fatores exercem influência, como, as ondas, as correntes residuais, o transporte de sedimento em suspensão, declividade do fundo e o transporte de sedimento do fundo (Blondeaux et alli, 2001). Estas formações têm comprimentos superiores a 10 m, podendo chegar a centenas de metros, e alturas acima de 0,75 m.
O perfil das ondas de areia é simétrico, a não ser que haja uma grande corrente residual, isto é, uma corrente de maré com sentido preferencial de vazante ou enchente. A assimetria do perfil das ondas de areia está intimamente ligada à migração dessas. Essas ondas podem migrar no rumo da propagação da corrente, podendo chegar a uma taxa típica de algumas dezenas de metros por ano (Fenster et alii, 1990).
Poucas áreas do mundo apresentam os requisitos necessários para a formação de grandes campos de ondas de areia. Cite-se o caso do canal de Bisanseto (Japão), região próxima a Kobe, onde o desenvolvimento dessas ondas limita a profundidade em 13 m (Katoh et alii, 1998; Knaapen et alli, 2002).
Durante o período de 1981 até 1983 foram dragados cerca de 2,2 milhões de m3, mas em apenas 10 anos desenvolveram-se ao mesmo patamar de 1981.


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