A Coluna Prestes foi um movimento militar que surgiu no Rio Grande do Sul em outubro de 1924, tendo como principal figura o Capitão do Exercito Luis Carlos Prestes (1898 – 1920). Tinha como objetivos a pregação de reformas sociais e econômicas, e ainda repudiava qualquer acordo com as velhas oligarquias, que no plano nacional, eram representados pelo governo do presidente Artur da Silva Bernardes (1922 – 1926). Tiveram outros líderes como Juarez Távora, Miguel Costa, Izidro Dias Lopes e Siqueira Campos.
Formada pela União das Colunas Paulistas e Rio Grandense a Coluna Prestes, conhecida assim popularmente, mas oficialmente com o nome de Coluna Miguel Costa – Prestes marchou por 674 dias percorrendo 24.947 Km, passando pelos seguintes estados: RS, PR, SC, SP, MT, MS, GO, TO, MA, PI, CE, PB, RN, PE, BA, MG e terminou na Bolívia e fevereiro de 1927 com um total de 53 combates vitoriosos (invictos), com um contingente variável de 1500 homens.
Sua tática de guerrilha foi conhecida internacionalmente, com uma das mais prodigiosas façanhas militares da história de guerrilhas; não andavam com menos de 800 homens, consumindo em torno de 100 mil cavalos em sua jornada, não ficavam mais de 48 horas em um mesmo lugar o que dificultava a sua localização, devido a sua movimentação rápida.
Passando por dois governos, um em sua formação Artur Bernardes (1922 – 1926) e outro na sua extinção Washington Luiz (1926 – 1930), mataram por volta de 600 soldados e sofreram perda de 70 oficiais guerrilheiros; Tentavam atrair a atenção do governo para que pudessem surgir outros focos revolucionários nos grandes centros; começando a desordem para depois eclodir o movimento maior, uma revolução marxista. Queriam, e assim foi decidido na reunião de 12 de abril de 1925, conscientizar a população do interior, predominantemente a rural, do domínio exploratório do governo, e difundir suas idéias para ter apoio popular, uma coisa básica em movimento revolucionário. Em seus objetivos, porém, tiveram que ter atitudes bruscas, como toda revolução, atitudes fortes, que podem prejudicar o movimento diante dos olhos do povo.
Outro motivo que ajudou a prejudicar sua imagem frente à opinião pública, foi o fato de que ao adentrar em um vilarejo, roubavam cavalos, alimentos, armas, aterrorizavam a população... O principal nome dessa aterrorização foi o tenente João Cabanas, que depois de adoecer em fevereiro de 1925, não se seguiu mais com a Coluna.
Sem nunca ter perdido uma batalha, a Coluna Prestes, poucas vezes enfrentou grandes efetivos do governo e, em geral eram utilizados táticas de despistamento, para confundir as tropas legalistas.
Não foram registradas batalhas contra cangaceiros, apesar da Coluna ter passado pelo Nordeste em 1926 e pelos cangaceiros de Lampião, que receberam dinheiro, munição e mantimentos do governo para enfrentar a Coluna, recebendo ainda, Lampião, do governo a patente de capitão honorário das forças legais, fato paradoxal que reforça a tese, de que, o bando de Lampião lutava com o objetivo maior de sua própria sobrevivência.
Os integrantes da Coluna Prestes apresentavam-se ricamente vestidos e com cavalos enfeitados da cor predominante da revolução, que era o vermelho, além de lenços, tinham bandeiras e estandartes. De uma maneira geral, a população, como era completamente desinformada, confundia a Coluna Prestes, com o bando de Lampião e outros, além do que, não entendiam o que era a força legalista do Governo Federal. Havia uma expressiva propaganda contra as tropas Prestistas por parte das tropas legalistas, no sentido tático de eliminar qualquer que fosse o tipo de recurso que pudesse vir a fortalecer a Coluna, qual fosse material ou humano. O efeito desta propaganda contra a Coluna se reflete na hostilidade que se deparavam os integrantes da Coluna Prestes, por vários estados em que passava.
Em terras Maranhenses, vale dizer, que pouca hostilidade foi dispensada aos prestistas, sendo os integrantes da Coluna recebidos com as mais sinceras manifestações de simpatia. Da mesma forma em terras Piauienses. No Ceará, porém, as tropas prestistas foram surpreendidas por forte reação, daí decidiram deslocar para Paraíba.
A Coluna Prestes entrou no estado, vindo de Luiz Gomes (RN) até chegar no lugarejo de Várzea Cumprida, em Pombal (PB).
Piancó não constava no percurso da Coluna, tendo sido incluída de última hora uma vez que a polícia paraibana havia fechado quase todas as fronteiras do estado á passagem da Coluna.
Na vila Boqueirão de Coremas, havia uma sub delegacia – posto – que contava com apenas 05 policiais (praças) sendo a mesmo caminho obrigatório em destino a Piancó PB, presenciou a passagem de cerca de 2500 revolucionários. Eles foram divididos em 02 sub grupos; Enquanto um ficou acampado a poucas léguas de Piancó, na fazenda Santa Cruz, o outro ficou próximo a Coremas, na localidade de Estreito.
Em Piancó havia uma briga paroquial onde a oligarquia da família Leite que tentava expurgar o Deputado Estadual Padre Aristides da sua trajetória política, este último fortalecido pelo então aliado Governador do Estado, o Dr. João Suassuna (1924/1928).
Há indício de que a família Leite armou uma emboscada para recepcionar os oficiais prestistas, cuidando para que fosse divulgado como o autor deste confronto, o Padre Aristides.
No dia 08 de fevereiro de 1926, entrava em Piancó uma vanguarda da Coluna, que foi surpreendida por supostos homens a mando de Pe. Aristides, adversário político local da família Leite. Nesta emboscada, a Coluna Prestes teve uma grande perda, o tenente Laudelino Pereira da Silva, que alvejado à bala sucumbiu morto.
Informados de que a autoria da morte do oficial da Coluna Prestes se devia ao Pe. Aristides, os integrantes da Coluna invadiam a Vila para um acerto de contas como o Pe. Aristides, este tratou de resistir juntamente com alguns homens. A história dá conta de que o Pe. Aristides foi vítima do bem arquitetado plano político dos seus adversários locais, a oligarquia Leite, tendo sido, a Coluna Prestes usada para ser o algoz definitivo pelo Padre, como foi notificado nos jornais da época aos paraibanos.
A Coluna Prestes chegou à Vila Piancó na tarde de Segunda Feira – 08 de fevereiro, em seqüência, na noite deste mesmo dia, as famílias se retiraram e pelo vexame com que saíram, abandonaram completamente as suas residências deixando haveres, roupas, moveis, etc.
A vila teria ficado vazia e nela permaneceu exclusivamente, as famílias do Srs. Manoel Candido (administração da mesa de vendas) do tenente Antonio Benicio (Comandante da Força), do alfaiate Isidro, do Pe. Aristides e seus amigos, o destacamento policial composto por quinze praças e civis armados do Sr. João Galdino (Coletor Federal)
A passagem da Coluna Prestes na cidade de Piancó, foi marcada por sangue em registro na nossa historia, dando origem a vários questionamentos posteriores em um episodio não totalmente esclarecido.
A cidade tradicional sertaneja teve sua elite política e social fuzilada e depois degolada, num barreiro ao redor da cidade, foram mortos em torno de 28 pessoas conhecidas pela história da Paraíba como os mártires de Painço – PB, com destaque para o chefe político Dep. Pe. Aristides Ferreira da Cruz, o Prefeito local o Sr. João Lacerda Moreira, e seu filho Osvaldo Lacerda.
Em 09 de fevereiro de 1926 (Terça Feira), ocorreram combates com tiroteio ininterrupto de manhã, até o anoitecer. Que chefiava o ataque por parte da Coluna era o capitão (depois General) Cordeiro de Farias e suas baixas à morte dos oficiais – Cap. Peres e Pretinho além de sair gravemente ferido o 1ª Tenente Agenor.
Segundo relatos oficiais e oficiosos, o Pe. Aristides foi torturado e trucidado, juntamente com seus amigos, e teriam sido conduzidos com vida até um barranco onde foram assassinados (degolados). Neste local foi erguido um monumento ao Pe. Aristides, sendo este local o mesmo onde construiremos o museu da Coluna Prestes, com o objetivo de relatar a história do cotidiano de quase 1500 homens e mulheres que percorreram a pé e a cavalo quase 2500 Km do Território Brasileiro, numa marcha que durou quase 02 anos e 07 meses e atravessou mais de 13 Estados do Brasil. Registraremos a trilha da Coluna Prestes e a histórica marcha marcada pelo calor das batalhas.
Conflito na Passagem da Coluna Prestes em Piancó
Região situada no Oeste do estado brasileiro da Paraíba, o Vale do Piancó foi um dos locais por onde a Coluna Prestes esteve em sua incursão. Para muitos seriam os "Cavaleiros da Esperança", mas para outros, essa corrente de cunho militar, liderada por Prestes e com idéias comunistas, era mais um grupo que abalaria a região com suas idéias mas, quando com o poder em suas mãos, não faria nada para ajudar realmente a população pobre da região.
É provável que uma certa "rivalidade", que pode ser notada no Brasil, entre Nordestinos e Sulistas tenha também alimentado esse foco de resistência na cidade de Piancó, aos pés da Serra de Santo Antônio. Contudo não pode ser explicado a real motivação dos "heróis do Piancó", mas essa batalha esta listada como uma das grandes resistências a Coluna. Como supor que essa incursão de revoltosos no território paraibano teria como epílogo uma tragédia na Vila de Piancó.
Claro na Wikipédia devemos nos conter apenas a imparcialidade, porém a mesma não é observada em vários livros de história, onde a defesa da atitude do grupo de Prestes é diretamente ligada as idéias do escritor e nem de longe contestadas. Por esse motivo não está clara a idéia que levou a um padre do interior nordestino, ligado a política local, e identificado por sua população como um grande líder, a organizar um grupo armado, e muito menos os ideais que levaram alguns civis a se juntarem nesta causa.
De evidente, temos apenas o fato de não discutirmos - pois não há dúvidas - o trucidamento frio e requintado do Padre, chefe da política local, e de mais 16 pessoas, entre as quais estão o Prefeito Municipal, funcionários públicos e pessoas humildes.
Sendo assim, esta lógica nos leva a crer que nem tudo que lemos sobre Prestes é verdade, e que o fato de sua passagem pelo sertão agrediu a população, pois para muitos nordestinos o nome Coluna Prestes é clara referência a má conduta militar e um tempo de medo e crueldades que por muitas vezes, como é o caso de Piancó, faziam uma cidade inteira fugir, aguardar e retornar para suas casas e lojas, agora saqueadas pelos rebeldes.
Inicio dos Fatos:
A notícia da ocupação de Coremas, que fica a 28 km de Piancó, foi divulgada na tarde de segunda-feira dia 8 de fevereiro de 1926, e durante a noite iniciou a retirada das famílias que, pelo vexame em que saiam, abandonaram residências, muitas roupas e utensílios, ficando a Vila quase despovoada. Permaneceram exclusivamente as famílias de Manoel Cândido, Ten. Antônio Benício e seu destacamento policial composto por 15 praças, o alfaiate Isidoro, Padre Aristides e amigos, civis armados armados do Sr. João Galdino, e outras pessoas que se ofereceram.
9 de fevereiro de 1926
Às 06:30 da manhã chegara a Piancó o Ten. Manuel Marinho, vindo de Patos em um caminhão, conduzindo armas, munição e cinco praças, somando assim um total de 20 soldados.
Quando Sargento Arruda fazia a distribuição do armamento e munição, e Ten. Benício organizava os quatro piquetes a Coluna penetrava na vila pela rua do Conselho Municipal. Segundo Sr. Dantas os primeiros disparos foram da Coluna, já Pe. Otaviano, em seu livro "Os mártires de Piancó", afirma que o primeiro tiro fora dos piancoenses. Histórias populares dizem que o primeiro oficial vinha montado, vestindo culotes, paletó azul-marinho e portando uma bandeira branca. Mas não há certeza.
Sargento Arruda e outros resistiram na casa do Juiz Dr. Abdon Assis em frente ao Conselho. A Coluna recuou, retornando vinte minutos depois procurando envolver a Vila pelo nascente e poente. Do lado Sul haviam dois piquetes, um comandado pelo alfaiate Isidoro e Francisco Lima, e outro por amigos de Pe. Aristides na casa do Sr. Mario Leite.
Foi possível manter resistência até às 14:00 horas, sendo feita uma retirada dos piancoenses, uma vez verificada a impossibilidade material de prolongar a luta. Entretanto, o pessoal do Padre continuou resistindo ainda por meia hora quando, para facilitar o ataque, os rebeldes jogaram uma granada numa das janelas e tomaram as salas da frente, havendo ainda alguma resistência brevemente cessada, com recuo dos sitiados para o interior da casa onde estava o Padre. Em fuga foram atingidos José Lourenço e João Monteiro. Esse último , embora ferido, conseguiu escapar. Também escaparam uma criada e duas crianças que se evadiram às 13:00 horas.
Sangue no Barreiro
Haviam poucos vestígios de sangue na casa. O padre e seus amigos foram conduzidos ainda com vida para o barreiro. É com comoção que pessoas mais antigas da cidade contam que o barreiro estava completamente tinto de vermelho. Veja agora as palavras de um dos rebeldes, em Santana dos Garrotes, que ajudaram a trucidar o Padre.
"Perdemos um oficial, que todo o Piancó queimado não pagaria, mas, também o chefe, Padre Aristides, foi para a sepultura, num barreiro, com seus próprios pés"
14 de fevereiro 1926
Integrantes do Jornal O Combate, editado em Cajazeiras adentraram na cidade nesse dia e localizaram a mulher que fugiu por ordem do Padre. A mesma narrou o fato: o Padre sentindo-se cercado mandou ao muro Rufino, seu guarda de confiança, a ver o que era possível fazer. Rufino, deparando-se com o ataque, voltou e disse ao Padre que, se saíssem morreriam e se ficassem dentro de casa haviam de morrer. Nesse momento dos enormes estampidos se fizeram ouvir: eram granadas e bombas de gás. O pessoal que brigava sentiu forte dor de cabeça, não havendo remédio o Padre aconselhou o uso de açucar. Sendo a casa invadida o pessoal resistia no corredor.
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Padre Aristides |
*Biografia:
Filho de Jorge Ferreira da Cruz e D. Joana Ferreira da Cruz, padre Aristides foi uma figura marcante da história política dos legalistas da Paraíba, no semi-árido, Vale do Piancó. Sua marca registrada na história, é fruto não só de sua carreira política mas também de sua trágica morte, sendo ele trucidado por integrantes da Coluna Prestes, em um barreiro.
Esse artigo tem base em pesquisa, livros e Literatura de cordel, seus fatos na narração, feita na mesma semana na imprensa Estadual, pelo senhor Sebastião Dantas, testemunha ocular.
Deu início ao primário no Colégio de Antônio Gomes Barbosa. Segundo Padre Otaviano, não era um bom aluno, pois não demonstrava interesse pelo Português e Latin. Sendo ele um pouco abstrato, tinha um vocabulário exíguo, soltando por várias vezes, verdadeiros disparates, durante a conversação. Nunca havia lido uma poesia, e não lhe agradava a literatura.
Recebeu, no dia 1 de Novembro de 1901, das mãos de Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Diocese da Paraíba, a coroa de Sacerdote.
Em 25 de Agosto de 1902 passou a ocupar a função de novo vigário da Freguesia na Vila de Piancó, onde entrou triunfantemente.
Em Julho de 1912 foi afastado do comando da Igreja, por não obedecer ordens emanadas da Diocese da Capital.
Apesar de afastado, não manifestava sentimentos de rebeldia contra a igreja. Amargamente, queixava-se da falsidade de outras figuras políticas de Piancó. Dizia que homem sem liberdade não era homem. Assim fincando raízes não só em suas coerentes posições, mas também na cidade.
Em 1915, foi eleito Deputado. Agora as rédeas da política piancoense, anteriormente comandada pela Família Leite, estava em suas mãos. Foi reeleito por mais duas legislaturas consecutivas.
Aristides, o homem que comandou os legalistas de Piancó contra os comandados de Luís Carlos Prestes.