quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Campanha de Aécio usou pesquisa com dados enganosos

 
No debate da Band, Aécio disse que pesquisas já o mostravam à frenta de Dilma em Minas
Informações de uma pesquisa de intenção de voto do instituto Veritá usadas na propaganda de segundo turno do tucano Aécio Neves são comprovadamente enganosas.

Quem confirma é o próprio dono do instituto que fez o levantamento, Adriano Silvoni. E também o estatístico responsável pelas pesquisas do Veritá, Leonard de Assis.
A informação infundada era a liderança de Aécio em Minas Gerais com 14 pontos de vantagem sobre Dilma Rousseff (PT): uma pesquisa que o mostrava com 57% ante 43% da petista.

O enredo que levou o PSDB a propagar esses números começa em 6 de outubro, logo após o primeiro turno, quando o Veritá conclui uma pesquisa nacional para presidente com 5.161 entrevistas, estudo registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o código BR-01067/2014.
 Tanto o número de entrevistas quanto os municípios de coleta de dados foram definidos pelo Veritá para retratar a disputa eleitoral no Brasil como um todo.
O total de eleitores ouvidos em Minas era suficiente para compor o quadro nacional, mas insuficiente para retratar a realidade local.
Assim, a pesquisa apontou Aécio com 54,8% em todo o Brasil contra 45,2% para Dilma, diferença de 9,6 pontos.
Segundo Assis, dias após a divulgação desse placar, o publicitário Paulo Vasconcelos, responsável pela propaganda de Aécio, pediu para que o Veritá fornecesse os dados das entrevistas feitas só em Minas.
"O estudo não foi feito com essa finalidade", diz. Silvoni, o dono do Veritá, confirma: "Para Minas, foram 561 questionários. Não é confiável".
Reprodução
Propaganda do PSDB no horário eleitoral com dados enganosos do instituto Veritá
Propaganda do PSDB no horário eleitoral com dados enganosos do instituto Veritá
Mesmo assim, eles acabaram autorizando o envio dos dados. "Eu falei: 'pode pegar, mas cite, por favor, que não representam a realidade de Minas'", lembra Assis.
Se fez mesmo o alerta, não adiantou. No dia 14 de outubro, às 17h06, o site do jornal mineiro "Hoje em Dia" publicou que, segundo o Veritá, Aécio tinha 57% dos votos de Minas contra 43% de Dilma, uma vantagem de 14 pontos.
Em seguida, a campanha do PSDB começou a distribuir um release dizendo que o tucano estava 14 pontos à frente no Estado. E na mesma noite, dirigindo-se à Dilma no debate da Band, o próprio Aécio citou: "Pesquisas [em Minas] mostram que estou mais de 10 pontos na sua frente".
Na época, o PT explorava a derrota do tucano entre os mineiros no primeiro turno. Na TV, a campanha de Dilma repetia: "Quem conhece Aécio não vota em Aécio".
No dia 15, os números não representativos do Veritá passaram a ser mostrados também na propaganda de TV do PSDB, que atribuiu a informação ao jornal "Hoje em Dia".
"Eles não podiam usar nesse contexto", diz Assis. "Nós avisamos [...] Usou na garganta. Não representa Minas. Não é o real cenário do Estado."
A Lei Eleitoral diz que a comprovação de irregularidade em dados publicados de pesquisa sujeita os responsáveis às penas de seis meses a um ano de detenção e multa.
Assis afirma que, ao entregar uma tabela com percentuais não representativos de cada Estado, fez questão de incluir uma nota sobre a não validade das informações.
No rodapé do documento que ele diz ter enviado, consta: "Resultados apresentados nesta tabela em cada Estado não podem ser considerados como estimativa do mesmo pois a pesquisa não foi planejada com tal objetivo".
CLIENTE
Além do problema dos números enganosos, a pesquisa do Veritá pode ter sido registrada de forma fraudulenta. No TSE, consta que o Veritá é, ao mesmo tempo, o contratado e o contratante do estudo, orçado em R$ 300 mil.
Dias atrás, num fórum de debates na internet que reúne profissionais da área de pesquisa, Leonard de Assis afirmou que o formulário do TSE foi preenchido dessa forma porque "o contratante [real] não quis aparecer".
À Folha, o estatístico confirmou a informação. Mas não quis dizer quem verdadeiramente pagou pelo trabalho.
Neste ponto, há uma divergência entre Assis e o dono do Veritá. Adriano Silvoni afirma que os recursos usados para a realização da pesquisa saíam do próprio Veritá.
Colaborou PAULO MUZZOLON, Folha de São Paulo 








terça-feira, 28 de outubro de 2014

KOTSCHO VÊ MÍDIA NO "FUNDO DO POÇO" APÓS DERROTA

Colunista Ricardo Kotscho diz que, ‘cegados pela intolerância, barões da imprensa ainda não se deram conta de que já nem elegem nem derrubam mais presidentes’; ele cita a tentativa de manipulação eleitoral com a publicação da capa-panfleto da revista "Veja" e defende que Dilma Rousseff apresente a criação de um marco regulatório das comunicações
247 – O colunista Ricardo Kotscho critica a postura dos “barões da imprensa” e sugere que a presidente Dilma Rousseff apresente a criação de um marco regulatório das comunicações diante da última tentativa de manipulação eleitoral da Veja. Leia:
2002, 2006, 2010, 2014.
Nas últimas quatro eleições presidenciais, a velha mídia familiar brasileira fez o diabo, vendeu a alma e foi ao fundo do poço para derrotar o PT de Lula e Dilma.
Perdeu todas.
Desta vez, perdeu também a compostura, a vergonha na cara e até o senso do ridículo.
Teve até herdeiro de jornalão paulista que deu uma de black bloc e foi sem máscara à passeata pró-Aécio em São Paulo, chamada de "Revolução da Cashmere" pela revista britânica "The Economist", carregando um cartaz com ofensas à Venezuela.
Antigamente, eles eram mais discretos, mas agora perderam a modéstia, assumiram o protagonismo.
Agora, não adianta rasgar as pregas das calças nem sapatear na avenida Faria Lima. "The game is over", como eles gostam de dizer em bom inglês.
Se bem que alguns já pregam o terceiro turno e pedem abertamente o impeachment da presidente reeleita Dilma Rousseff, que derrotou o candidato deles, o tucano Aécio Neves, por 51,6% a 48,4%. Endoidaram de vez. E não é para menos: ao final do segundo mandato de Dilma, o PT terá completado 16 anos no poder central, um recorde na nossa história republicana.
Só teremos nova eleição presidencial daqui a quatro anos. Até lá, terão que esperar no banco de reservas do poder os herdeiros dos barões de imprensa e seus sabujos amestrados, inconformados com o resultado das urnas, se é que vão sobreviver aos novos tempos da mídia democratizada. Cegados pela intolerância, ainda não se deram conta de que já nem elegem nem derrubam mais presidentes. Alguns ficaram parados em 1932 ou 1964, por aí. Vivem ainda em tempos passados, dos quais o Brasil contemporâneo não tem saudades. Devo-lhes informar que o país mudou, e não é mais o mesmo dos currais midiáticos de meia dúzia de famílias, hoje abrigadas no Instituto Millenium.
Diante da gravidade dos acontecimentos nas últimas 48 horas que antecederam a votação, a partir da publicação da capa-panfleto da revista "Veja", a última "bala de prata" do arsenal de infâmias midiáticas para mudar o rumo das eleições, não dá agora para simplesmente fingir que nada houve, virar a página e tocar a bola pra frente, como se isso fosse algo natural na disputa política. Não é.
Caso convoque uma rede nacional de rádio e televisão para anunciar os rumos, as mudanças e as primeiras medidas do seu novo governo _ o que se tornou um imperativo, e deve ocorrer o mais rápido possível, para restaurar a normalidade democrática no país ameaçada pelos pittbulls da imprensa _ a presidente Dilma terá que tocar neste assunto, que ficou de fora do seu pronunciamento após a vitória de domingo: a criação de um marco regulatório das comunicações.
No seu brilhante artigo "Dilma 7 X 1 Mentira", publicado pela Folha nesta segunda-feira, o xará Ricardo Melo foi ao ponto:
"Além do combate implacável à corrupção e de uma reforma política, a tarefa de democratizar os meios de informação, sem dúvida, está na ordem do dia. Sem intenção de censurar ou calar a liberdade de opinião de quem quer que seja. Mas para dar a todos oportunidades iguais de falar o que se pensa. Resta saber qual caminho Dilma Rousseff vai trilhar".
A presidente reeleita, com a força do voto, não precisa esperar a nova posse no dia 1º de janeiro de 2015. Pode, desde já, demitir e nomear quem ela quiser, propor as reformas que o país reclama, desarmando os profetas do caos e acabando com este clima pesado que se abateu sobre o país nas últimas semanas de campanha.
Pode também, por exemplo, anunciar logo quem será seu novo ministro da Fazenda e, imediatamente, reabrir o diálogo com os empresários e investidores nacionais e estrangeiros, que jogaram tudo na vitória do candidato de oposição, especulando na Bolsa e no dólar, e precisam agora voltar à vida real, já que eles não têm o hábito de rasgar dinheiro. Queiram ou não, o Brasil continua sendo um imenso mercado potencial para quem bota fé no seu taco e acredita na vitória do trabalho contra a usura.
O povo, mais uma vez, provou que não é bobo.
Valeu a luta, Dilma. Valeu a força, Lula.
Vida que segue.







domingo, 26 de outubro de 2014

Veja publica direito de resposta da coligação de Dilma Rousseff

TSE considerou que a revista não teve "qualquer cautela” ao publicar reportagem afirmando que a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula sabiam do esquema de corrupção da Petrobras

A revista Veja publicou, na madruga do domingo 26, o direito de resposta concedido ao Partido dos Trabalhadores pelo Tribunal Superior Eleitoral em relação à reportagem de capa da semanal. A matéria afirma que a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula sabiam do esquema de corrupção da Petrobras.
O ministro Admar Gonzaga, do TSE, concedeu na noite de sábado 25 o direito de resposta por considerar que a publicação não teve "qualquer cautela” e transmitiu a acusação de “forma ofensiva” e em “tom de certeza”. “Fácil perceber que a revista Veja desbordou do seu direito de bem informar para, de forma ofensiva e sem qualquer cautela, transmitir ao seu grande público, em tom de certeza, acusação de que Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva tinham ciência de fato criminoso sobre um dos badalados temas desta campanha presidencial”, afirmou na liminar.
Mais cedo, o mesmo ministro decidiu atender outra liminar que proíbe a Editora Abril, responsável pela publicação de Veja,de veicular publicidade da última edição em rádio, televisão, outdoor e propaganda paga na internet. "Tendo em vista que a Representada (revista Veja) antecipou em dois dias a publicidade da revista, entendo que a propagação da capa, ou do conteúdo em análise, poderá transformar a veiculação em verdadeiro panfletário de campanha, o que, a toda evidência, desborda do direito/dever de informação e da liberdade de expressão", justificou Gonzaga.
Ainda na sexta 25, o PT entrou, junto ao STF, com pedido de abertura de inquérito criminal para investigar o vazamento do suposto depoimento no qual o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, liga a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula ao esquema de corrupção na Petrobras. Segundo o PT, a informação publicada pela Veja é "inverídica, difamatória e caluniosa”.
Confira a íntegra da resposta da coligação de Dilma Rousseff
"A democracia brasileira assiste, mais uma vez, a setores que, às vésperas da manifestação da vontade soberana das urnas, tentam influenciar o processo eleitoral por meio de denúncias vazias, que não encontram qualquer respaldo na realidade, em desfavor do PT e de sua candidata.
A Coligação 'Com a Força do Povo' vem a público condenar essa atitude e reiterar que o texto repete o método adotado no primeiro turno, igualmente condenado pelos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por terem sido apresentadas acusações sem provas.
A publicação faz referência a um suposto depoimento de Alberto Youssef, no âmbito de um processo de delação premiada ainda em negociação, para tentar implicar a Presidenta Dilma Rousseff e o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ilicitudes. Ocorre que o próprio advogado do investigado, Antônio Figueiredo Basto, rechaça a veracidade desse relato, uma vez que todos os depoimentos prestados por Youssef foram acompanhados por Basto e/ou por sua equipe, que jamais presenciaram conversas com esse teor."







terça-feira, 21 de outubro de 2014

Aécio perde batalha da verdade

por Ricardo Melo

A frase atribuída ao nazista Joseph Goebbels —uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade— tem sido a resposta preferida do candidato Aécio Neves e sua equipe diante de críticas. O problema é quando a verdade, repetida mil vezes, continua sendo verdade, sem contraponto ou contraditório capaz de desmenti-la.


O candidato tucano construiu uma pista de pouso em propriedade familiar. A chave da mordomia ficava na mão de parentes, os quais, aliás, ele empregou aos montes. Tudo documentado. Nenhum estudo, mesmo fabricado às pressas, provou a necessidade da obra. Isso não é uma questão íntima. É dinheiro público queimado para fins pessoais. Existe uma ação em curso, por improbidade administrativa. É um fato, não depoimento selecionado de delação desesperada, desculpe, premiada.
O governo de Minas destinou uma gorda fatia de publicidade para empresas de telecomunicações dos Neves. Nem o candidato nega. É deselegante perguntar como o rapaz lida quando se encontram o público e o privado? Cabe aos brasileiros descobrir o montante, pois envolve gente disputando a Presidência. "Não registramos quanto foi gasto", respondem o tucano e seu staff.
Documentos do Tribunal de Contas de Minas Gerais apontavam suspeitas de irregularidades no governo do atual senador. A capivara foi citada durante um dos debates. Horas depois, a papelada desapareceu do site oficial do tribunal, uma instância pública (!). Tomou Doril. Sumiu. E nada se faz a respeito.
O drible no bafômetro e outros momentos pouco edificantes da rotina noturna do senador estão fartamente documentados na internet e imprensa escrita. Não são montagem, assim como não é falso o stand-up daquele artista de fim de noite que relacionou Maradona e Aécio quanto ao consumo de drogas. Hoje o mesmo personagem posa de aecista desde criancinha. Mas nunca desmentiu a performance.
Balela a história de que trazer a público tudo isso é baixaria etc, etc. Isso é falta de argumento de quem não tem resposta.
Pense bem: quantas vezes já não deparamos com indivíduos brilhantes (o que não é propriamente o caso...), mas com uma trajetória errática, que seríamos incapazes de indicar para uma função, mesmo menor, numa empresa? Não há nisso preconceito nenhum; somente o desejo de saber qual é a pessoa certa para o lugar certo.
"Ah, mas e os programas, as propostas?", indagam os puritanos habituais. Bem, todos conhecem o que pensam tanto Dilma quanto Aécio e seu braço direito, Armínio Fraga.
A primeira pelo que ela e seu partido fizeram nos últimos tempos no Planalto. Aécio, pelo que ele e sua equipe revelam em entrevistas e jantares. Coisas como corte de gastos sociais, esvaziamento de bancos públicos, encolhimento de salários, facão nas empresas, tarifaço, mudança nas leis trabalhistas e por aí vai. As tais medidas impopulares. Para ele, sem isto o Brasil vai piorar. Acredite quem quiser.
Com a campanha perto do fim, supostas regras de etiqueta surgem para esconder o essencial. Cortina de fumaça. Estão em jogo a vida e o futuro de milhões de pessoas. Elas têm todo o direito de conhecer quem pretende ocupar o cargo mais alto da República.
Pesquisas são só pesquisas. A depender delas, o PT não teria ganho no primeiro turno na Bahia e em Minas Gerais, Aécio não teria os votos obtidos em São Paulo, e o PMDB estaria fora do segundo turno no Rio Grande do Sul.
A questão não é satanizar institutos. É dar aos seus levantamentos o peso que merecem. Mais do que nunca, o primeiro turno mostrou que a palavra final é do eleitor, não de pesquisados. Da mesma forma que é patética a tática de carimbar como mentiras verdades inapagáveis, registradas em vídeo, áudio e folhas de papel.



ricardo melo Ricardo Melo, 58, é jornalista. Na Folha, foi editor de 'Opinião', editor da 'Primeira Página', editor-adjunto de 'Mundo', secretário-assistente de Redação e produtor-executivo do 'TV Folha', entre outras funções. Também foi chefe de Redação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), editor-chefe do 'Diário de S. Paulo', do 'Jornal da Band' e do 'Jornal da Globo'. Na juventude, foi um dos principais dirigentes do movimento estudantil 'Liberdade e Luta' ('Libelu'), de orientação trotskista.








Análise: Economia e educação impulsionam Dilma

 O equilíbrio na disputa pela Presidência continua, mas a inversão numérica entre Dilma e Aécio desloca a atenção para as próximas pesquisas. O quadro pode configurar o início de uma tendência pró-reeleição, assim como apenas oscilações dentro da margem de erro.
Nesses casos, garimpar dados nos cruzamentos dos resultados pode trazer algumas pistas do que motivou esse movimento.
Em menos de uma semana, a presidente cresceu em quase todos os segmentos do eleitorado, exceto entre os mais ricos e habitantes da região Sul. Pelo perfil socioeconômico e demográfico dos pontos conquistados nesse espaço de tempo, seu desempenho melhorou especialmente entre os jovens e integrantes da classe média.
Mas nada se compara ao peso dos cinco pontos percentuais conquistados no Sudeste, onde ela concentrou esforços nos últimos dias.
Aécio demonstra tendência oposta –perdeu pontos em vários estratos, especialmente nos níveis médios de escolaridade e renda.
Com as movimentações mais intensas nesses subconjuntos, conclui-se que as variações dos últimos dias concentram-se nos setores da classe média que mais cresceram ao longo dos 12 anos de gestão petista.
A classe média intermediária que vinha dividida, equilibrando uma disputa cristalizada nos extremos (pró-oposição entre os mais ricos e pró-governo entre os mais pobres), parece neste momento pender mais à reeleição de Dilma.
Ao se combinar ensino médio e renda familiar de até cinco salários mínimos, características que marcam o estrato, Dilma alcança 53% dos votos válidos, ante 47% de Aécio. Na pesquisa da semana passada, essas taxas correspondiam a 48% e 52%, respectivamente. Houve, portanto, uma inversão nas intenções de voto nesse segmento que representa a maior fatia do eleitorado, 35%.
Além dos excluídos (baixas renda e escola), esse é o único segmento de classificação socioeconômica em que Dilma aparece, mesmo que numericamente, à frente de Aécio. Em todos os outros, é o tucano que lidera.
editoria de arte/folhapress
Filho da inclusão da era Lula, esse setor da classe média vai se tornando mais sensível ao discurso da comparação entre as gestões do PT e os governos tucanos.
E não significa apenas o embate raso entre a candidata dos pobres e o candidato dos ricos. Esse imaginário já é comum e majoritário em todos os segmentos do eleitorado e parece ter peso relativo na composição do voto de diversos estratos.
A diferença está no fato de que esse subconjunto, mais que os outros da classe média, enxerga na candidata do PT, mais que no do PSDB, melhor preparo para administrar as duas principais áreas que lhe renderam ascensão social nos últimos anos –a educação e a economia.
Não é possível dizer ainda, com segurança se o sentimento desse contingente permanecerá estável ou não até domingo. Dependendo da estratégia de comunicação adotada pelas campanhas a partir de agora e no último debate, ele pode ser anulado ou, ao contrário, se intensificar.

Parte desses eleitores se mostra volúvel. No grupo, entre os 47% que escolhem Dilma, 3% não se mostram convictos. A taxa é de 4% entre os 41% que optam por Aécio.


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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Meritocracia à Aécio

Uma das palavras mais pronunciadas por Aécio nesta campanha é esta, meritocracia.


Faz parte, se entendo, de um esforço de se colocar como um grande gerente. No jargão corporativo, meritocracia é uma palavra muito empregada, bem como outra do repertório de Aécio: previsibilidade.


Como todos sabemos, meritocracia é escolher alguém pelos seus méritos, e apenas por eles.


Num mundo menos imperfeito, a mídia teria tratado de verificar a trajetória de Aécio para ver como, no caso pessoal dele, se manifestou a meritocracia.


Convenhamos: ele é um forte candidato à presidência, e informações sobre sua carreira profissional têm, mais que nunca, um torrencial interesse público.


Mas este mundo é muito imperfeito – e a mídia mais ainda.


A inépcia — ou má fé — de jornais e revistas não impediu, no entanto, que viralizassem na internet documentos que mostram a rápida ascensão de Aécio.


Examinemos o papel da meritocracia em sua jornada, iniciada cedo. As informações estão no site da Câmara dos Deputados. Nenhum repórter teria que suar, portanto, para prestar um serviço relevante aos eleitores. (Aqui, o link)


Aos 17 anos, Aécio foi nomeado secretário de gabinete parlamentar na Câmara dos Deputados. Seu pai, Aécio Cunha, era deputado federal pela Arena.


Segundo o site da Câmara, Aécio permaneceu nesta posição até os 21 anos.


Há, aí, um fato intrigante: conforme perfil feito pela insuspeita revista Época, Aécio fazia faculdade no Rio no mesmo período em que era secretário de gabinete.


Algum jornalista se interessou em esclarecer essa suposta ubiquidade meritocrática?


Mundo imperfeito, mundo imperfeito.


Aos 23 anos, de volta a Minas depois da estada no Rio, foi nomeado assessor pelo avô, o governador Tancredo Neves. Como avós sempre encontram méritos nos netos, Aécio poderia hoje dizer que ganhou o cargo graças à meritocracia.


Tancredo morreria em 1985, pouco antes de tomar posse como primeiro presidente civil depois da ditadura militar. (Ele vencera, ao lado do vice Sarney, eleições indiretas.)


Com Sarney na presidência, Aécio deu um salto. Aos 25 anos, era diretor da Caixa Econômica Federal.


O que o candidato Aécio diria, hoje, de um neto de político indicado para uma diretoria da Caixa aos 25?


Aparelhamento?


Como os jornais, que jamais trataram disso, falariam do caso se fosse um neto de Lula?


No Brasil, aparelhamento é quando os adversários fazem nomeações.


Quando você mesmo faz, é meritocracia. FHC nomeou seu genro diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, e o desnomeou depois do divórcio.


Serra deu emprego a Soninha e família na máquina estadual do PSDB.


Mas nada disso é aparelhamento.


A irmã de Aécio ocupa alto cargo público em Minas. O marido dela é peça-chave na campanha de Aécio. Um primo também. Cheque aqui, se tiver dúvida.


Na gestão do presidente Itamar Franco, o pai de Aécio, Aécio Cunha, foi nomeado presidente do Conselho de Administração do BNDES.


Tudo é meritocracia, naturalmente.


Graças à meritocracia à Aécio, Minas sob seu governo ficou em 22.o lugar entre os 27 estados brasileiros em crescimento econômico entre 2002 e 2010, segundo o IBGE.


O silêncio da mídia permite bravatas meritocráticas a Aécio. E não só meritocráticas: ele se sente protegido o suficiente para falar em “decência” mesmo depois de construir, com dinheiro público, um aeroporto numa fazenda da família.


Este silêncio é obsequioso, mas não gratuito. Caso Aécio se eleja, as grandes empresas de mídia podem se preparar para as copiosas quantidades de dinheiro público que choverão nelas em anúncios governamentais.


E em resposta à chuva de publicidade, o Brasil subitamente melhorará nas análises de Jabor, Merval, Míriam Leitão. A corrupção desaparecerá dos telejornais, dos jornais, das revistas. Se nem a compra da reeleição de FHC foi notícia, o que haverá de ser?


Como disse um genial economista conservador, “não existe almoço grátis”.



Leia também:

Aécio garante o emprego: da família !


Dilma: não fui nomeada para a Caixa com 25 anos



Aécio, mostra a carteira do trabalho!








Aécio admite que trabalhou para a Câmara enquanto morava no Rio

 O candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, admitiu em nota que foi contratado para trabalhar na Câmara dos Deputados, que fica em Brasília, mesmo enquanto ainda morava no Rio de Janeiro, em 1980. Na época, tinha 19 anos.
De acordo com o texto, o tucano cuidava da agenda do deputado Aécio Ferreira da Cunha –trata-se do pai de Aécio Neves que exercia mandato pelo PDS (Partido Democrático Social). A sigla é sucessora da Arena, legenda criada pela ditadura militar.
De acordo com a nota emitida pela assessoria de imprensa de Aécio, não havia nenhuma irregularidade no fato de ele estudar no Rio de Janeiro e trabalhar para o gabinete do pai. Os ocupantes de cargos na Câmara só passaram a ter que atuar em Brasília a partir de 2010, segundo o texto.
A assessoria de imprensa diz ainda que uma informação no site da Câmara, segundo a qual Aécio teria começado a trabalhar na Casa em 1977, está errada. A Coligação pediu a correção à Câmara.

A biografia de Aécio Neves, no site oficial do tucano, omite o período em que o presidenciável trabalhou remotamente para o gabinete do pai.






terça-feira, 14 de outubro de 2014

Governo mineiro não divulga gastos com rádios de Aécio

LUCAS FERRAZ
RICARDO MENDONÇA
FOLHA DE SÃO PAULO
 O governo de Minas Gerais se recusou várias vezes nos últimos anos a divulgar informações sobre despesas que realizou para veicular publicidade oficial em três rádios e um jornal controlados pela família do presidenciável tucano Aécio Neves, que governou o Estado de 2003 a 2010.
Embora reconheça que as empresas da família receberam verbas de publicidade no período em que Aécio era governador, o que não é vedado pela legislação, o governo estadual, que continua sob controle de aliados do tucano, diz não ser possível saber quanto cada veículo recebeu.
Editoria de arte/Folhapress
Aécio e sua família controlam a rádio Arco Íris, retransmissora da Jovem Pan em Belo Horizonte, e as rádios São João e Colonial, de São João del Rei, além do semanário "Gazeta de São João del Rei". Aécio é sócio da Arco Íris com a irmã mais velha, Andrea, e a mãe, Inês Maria Neves Faria.
Quando o irmão era governador, Andrea Neves coordenava um grupo de assessoramento do governo que tinha como atribuições "estabelecer diretrizes para a política de comunicação" e "manifestar-se previamente sobre a relação de despesas com publicidade", de acordo com o decreto que o regulamentou.
Em 2011, o PT pediu que o Ministério Público investigasse a publicidade nas empresas da família. O governo mineiro informou à Folha na época que a rádio Arco Íris recebera R$ 210.693 no ano anterior e disse que faria um levantamento detalhado sobre os gastos desde 2003, mas jamais ofereceu esses dados.
Em junho deste ano, a Folha voltou a questionar o Estado, com base na Lei de Acesso à Informação. Não houve resposta. O governo só respondeu após um segundo pedido de informações. "Não dispomos, de pronto, das informações tal como solicitadas, por tipo de mídia e por veículo de comunicação", disse, por escrito. "O sistema não é organizado dessa forma".
PADRÕES
O governo diz ter condições de saber quanto gasta com as agências que cuidam dos seus anúncios, mas não os valores repassados a cada veículo que os divulga. Mesmo assim, o governo afirma que não houve favorecimento às empresas da família de Aécio e que os repasses nunca destoaram dos padrões de mercado. Procurada, a assessoria da campanha do PSDB preferiu não se manifestar.
As respostas do governo mineiro contrastam com o padrão adotado pelos petistas no governo federal. A Secretaria de Comunicação da Presidência da República divulga na internet todos os pagamentos de órgãos da administração direta a veículos de comunicação desde 2009.
Em 2012, após pedido apresentado pela Folha com base na Lei de Acesso, o governo do Estado de São Paulo forneceu informações detalhadas sobre pagamentos feitos desde 2007. O governo federal não divulga os gastos das empresas estatais, assim como os governos estaduais.
Os gastos de Minas Gerais com publicidade oficial aumentaram em 300% durante o governo Aécio. Entre 2003 e 2010, último ano do seu segundo mandato, houve um salto de R$ 24 milhões para quase R$ 96 milhões, em valores corrigidos pela inflação.

A investigação aberta pelo Ministério Público Federal a pedido do PT em 2011 não chegou a lugar nenhum. O caso foi conduzido pelo então procurador-geral de Justiça, Alceu Marques, que encerrou a apuração afirmando não ter encontrado nenhuma irregularidade, mesmo sem ter analisado valores. Atualmente, ele é o secretário de Meio Ambiente do governo mineiro. 








sábado, 11 de outubro de 2014

SEM RENDA OFICIAL SUFICIENTE, AÉCIO CONSEGUIU AMPLIAR EM “50 VEZES” SEU PATRIMÔNIO IMOBILIÁRIO.

Ex-assessor de Tancredo se assusta ao folhear relatório sobre o crescimento patrimonial do ex governador de Minas Gerais e afirma: “Quem diria, aquele jovem vindo do Rio de Janeiro, após a eleição de seu avô ao governo de Minas em 1982, trazendo em sua mochila bermudas e camisetas. Seu primeiro terno foi comprado pronto na Mesbla, com recursos de seu avô”.
Esta realidade assusta não só aos ex-assessores de Tancredo, mas a todos que conhecem a história de Aécio Neves.
Jamais exerceu qualquer atividade empresarial, comercial ou industrial. Desde 1983 exerceu apenas cargo público, ou seja, recebeu salário, primeiro no governo de Minas como assessor de seu avô, depois diretor de loterias na Caixa Econômica Federal e deputado federal por quatro mandatos, até ser governador de Minas.
Em 2006, após seu primeiro mandato de governador, seu patrimônio já gerava desconfiança. Porém, o crescimento após 2006 ultrapassa qualquer explicação. A não ser que o governador tenha ganhado três prêmios acumulados da mega-sena sozinho.
Aécio Neves, então candidato a governador de Minas em 2006, declarou ao TRE/MG um patrimônio total de R$ 831.800,53. Apenas três anos depois de eleito para o segundo mandato, o governador mineiro, apenas em uma aquisição, conseguiu ampliar 50 vezes seu patrimônio imobiliário, adquirindo a participação de todos os herdeiros de seu avô Tancredo no luxuoso apartamento situado em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro. O total pago foi de R$ 12 milhões, à vista.
Há um farto folclore sobre a suposta vocação dos mineiros para serem econômicos e demonstrarem conservadorismo na administração dodinheiro. É bastante provável que a fama seja inteiramente injusta, mas a declaração de bens do governador de Minas bem que dá asas à ideia de que, “uai, tem mineiro guardando dinheiro no colchão, sô”.
O economista Aécio Neves, 49 anos, informou à Justiça Eleitoral em 2006 que possuía em espécie R$ 150 mil. Declarou ainda um apartamento na cobiçadíssima Avenida Epitácio Pessoa, no bairro carioca de Ipanema, que apareceu na declaração de bens de Aécio com o preço de R$ 109,55 mil.
Ele não discrimina o número de dormitórios que tem o imóvel, mas uma rápida pesquisa em classificados de jornal mostra que o dinheiro é pouco até mesmo para comprar um “quarto/sala” por ali.
O fato pode ter a ver com um hábito dos políticos. Eles costumam utilizar nas informações prestadas à Justiça Eleitoral os valores dos imóveis constantes das declarações de Imposto de Renda.
Nessas, o contribuinte é impedido de atualizar o valor do bem à luz dos preços de mercado porque o esfomeado Leão quer aumentar ao máximo a possibilidade de morder ganhos de capital elevados, aumentando artificialmente o lucro obtido pela eventual venda do imóvel. Em tese, à Justiça Eleitoral, o candidato deveria informar o valor real do bem.
Além do apartamento de seu avô, outros imóveis foram adquiridos no litoral, principalmente em Angra dos Reis. Em Angra, o preço dos imóveis ultrapassa o valor pago no apartamento de seu avô.
Até mesmo dois imóveis no exterior seriam de propriedade do governador mineiro. A maioria dos imóveis encontra-se registrado em nome de empresas, desta forma, o nome do governador não aparece.
No contrato social também consta como sócia outra pessoa jurídica, uma empresa de “participação”. Entretanto, a maior parte do patrimônio do governador de Minas está em nome de empresas registradas em paraísos fiscais e em fundos internacionais, como ficou provado na investigação realizada pela Polícia Federal nos fundos administrados pelo Banco Opportunity, de Daniel Dantas.
Nestas investigações, diversas remessas realizadas desde 2003 por doleiros da Construtora Andrade Gutierrez e Camargo Correia foram identificadas como sendo para Aécio. Estes dados já se encontram em poder do Ministério Público e Receita Federal.
Evidente que o governador mineiro encontra-se no grupo de brasileiros que estão “acima da lei”, a exemplo do senador José Sarney. Desta maneira, membros da Receita Federal entendem que dificilmente ele será punido.
Na verdade, após a redemocratização do País, estes “senhores” organizaram o novo cenário de poder no Executivo, Legislativo e Judiciário. As Cortes superiores de Justiça têm quase a totalidade de sua composição por indicação do presidente da República.
“De 1985 até hoje, no STJ e STF já se renovou desta forma uma aliança entre Sarney, Collor, Fernando Henrique, Itamar e Lula representa uma ameaça para independência e estabilidade do sistema judicial”, afirma um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal.
Políticos próximos de Lula informam que a recente posição de Aécio e de seu “escudeiro” Itamar Franco contra o Governo Federal é em retaliação às investigações feitas pela Receita Federal.
Senador do PSOL espera a presença da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para indagar a respeito da pressão feita por Dilma Rousseff em relação à investigação de Aécio.
Outra questão que está sendo apurada é a participação do governador junto com o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB) e o presidente da Assembleia Legislativa mineira, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), no mineroduto de 525 km de extensão para transportar o minério de ferro do sistema Minas-Rio, saindo de Conceição de Mato Dentro (MG) e chegando ao Porto de Açu, no Rio de Janeiro.
Obra que inclusive está para ser suspensa pelo Ministério Público Federal por irregularidades.
A participação do governador mineiro no setor elétrico seria também através de uma empresa. No inquérito, assusta a omissão da Codemig em relação aos pedidos da empresa de Daniel Dantas para pesquisa e exploração de jazidas minerais que pertencem à empresa mineira.
As investigações comprovam ainda que a diferença entre o valor declarado como da venda de nióbio de Araxá e o realmente recebido no exterior é escandaloso e estaria sendo administrado por um fundo pertencente ao Unibanco no exterior, que, por sua vez, vem aportando recursos no fundo que coincidentemente Aécio tem cotas.
Embora publicamente demonstre pouca amizade, Aécio é amigo desde a infância do proprietário do Unibanco, pois no mesmo prédio (apartamento adquirido por Aécio recentemente) sempre morou Walther Moreira Salles e seu avô Tancredo Neves.
Um dos procuradores da República encarregados das apurações foi procurado e nada quis afirmar, apenas advertiu ao Novojornal: “Relatar a totalidade do patrimônio de Aécio Neves antes da apresentação da denúncia seria trazer descrédito para o caso”.
O procurador tem razão, o crescimento patrimonial de Aécio realmente assustará, principalmente aos mineiros. Embora o enriquecimento de governadores de Minas Gerais após o término do período militar tornou-se natural.
Basta ver o patrimônio de Hélio Garcia e Newton Cardoso. Pouco visível fica o patrimônio de Itamar e Azeredo, que sempre utilizaram “intermediários” para tratar desses assuntos.




sábado, 4 de outubro de 2014

Eleitor deixa Aécio 'no vácuo' em caminhada em BH


Morador se nega a cumprimentar o candidato Aecio Neves em visita ao Aglomerado da Serra em Belo Horizonte MG
 Morador se nega a cumprimentar o candidato Aecio Neves
em visita ao Aglomerado da Serra em Belo Horizonte MG, 

O músico Fábio Martins, 39, morador de um conjunto de favelas da zona sul de Belo Horizonte, deixou o presidenciável Aécio Neves (PSDB) de mão abanando em ato de campanha do senador mineiro na comunidade.
O episódio aconteceu quando o tucano caminhava por uma viela do aglomerado da Serra, um dos quatro pontos da capital mineira onde ele fez campanha nesta sexta-feira (3).
O músico estava na varanda de sua casa. Quando Aécio se aproximou e estendeu a mão para cumprimentá-lo, Martins num primeiro instante esticou o braço, mas logo o recolheu, deixando o presidenciável no vácuo.
A cena durou poucos segundos. Diante da recusa, Aécio prosseguiu a caminhada, e Martins entrou em casa. O tucano estava acompanhado dos candidatos do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, e ao Senado, Antonio Anastasia, além de dezenas de militantes, a maioria contratada.
Procurado mais tarde pela Folha, o músico disse não ter preferência por nenhum candidato, mas que votará em Luciana Genro (PSOL) por "falta de opção". Segundo ele, o episódio com Aécio foi uma coisa "despretensiosa".
"Eu não tinha intenção", afirmou.
Segundo ele, as pessoas da campanha estavam espalhando santinhos pela rua, o que o desagradou. Depois, uma moça da campanha tentou lhe dar um santinho, e ele recusou.
Quando Aécio passava, essa mesma moça voltou e lhe disse para pegar na mão do Aécio. "Aí, na hora que eu olhei, ele [Aécio] já estava com a mão estendida. Eu estendi a mão para ele e falei: 'Só que não'."
Segundo o músico, alguns moradores da comunidade o chamaram de mal educado.
"Tudo bem, é um direito deles. O mesmo direito que ele [Aécio] tem de vir aqui pegar na mão dessa população humilde e forjar, eu também tenho o direito de não pegar na mão dele", disse Martins.
"A política eu faço ela com você, posso interferir em alguma coisa, posso interceder aqui no aglomerado para algum candidato. Eu não voto na Dilma, eu não voto na Marina, eu não voto em ninguém", disse.
"Mas eu sempre escolho um candidato. Eu vou votar na Luciana Genro, é a minha candidata para essa eleição. Não que ela seja... É por falta de opção. Eu não voto nulo, porque votando nulo eu acho que não estamos fazendo política", completou.
Martins disse que ato político como o ocorrido nesta sexta (3) em seu bairro "não é política, é politicagem".
Na ultima segunda-feira (29), Dilma esteve na mesma favela, onde fez campanha.