Por Nigel Hunt Reuters/Brasil Online
LONDRES (Reuters) - As fezes humanas poderão ter um papel chave em garantir a segurança alimentar no futuro, ajudando a prevenir uma queda acentuada na produção de trigo, entre outros alimentos, em razão da escassez de fósforo, disse a maior agência de certificação de orgânicos na Grã-Bretanha, a Soil Association. "Estima-se que apenas 10 por cento dos três milhões de toneladas de fósforo excretados pela população humana global todos os anos sejam devolvidos aos solos agrícolas", disse a agência.
Um suprimento adequado de fósforo é essencial para a formação das sementes, o desenvolvimento das raízes e a maturação das plantações. O suprimento de fósforo oriundo dos fosfatos naturais pode chegar a seu pico em 2033 e depois disso se tornar cada vez mais escasso e caro, indicou o relatório.
"Estamos completamente despreparados para lidar com a escassez de fósforo, com a queda na produção e o aumento no preço dos alimentos que se seguirá depois disso", afirmou a Soil Association.
Historicamente, na Europa, o fósforo era devolvido à terra por meio da aplicação de esterco animal e excrementos humanos. A prática, no entanto, foi substituída pelo uso de fosfato extraído de locais distantes a partir do século 19.
O relatório pediu uma mudança nos regulamentos da União Europeia para que se autorize o uso do material de esgoto tratado, conhecido como biosólidos, em terras que têm o certificado orgânico, sujeito às restrições apropriadas em questões como concentração de metais pesados.
Os regulamentos da UE proíbem o uso de biosólidos em áreas agrícolas orgânicas, por causa da preocupação com relação aos efeitos tóxicos dos metais pesados causados pela combinação de fezes humanas com outros produtos residuais, como efluentes industriais.
"Os níveis de metal pesado caíram nos últimos anos e agora estão baixos o suficiente para o movimento orgânico reconsiderar permitir que o esgoto tratado seja usado onde ele cumpra padrões rigorosos", disse o relatório.