sábado, 21 de janeiro de 2012

Burocratas, mas com diploma

O Brasil já tem mais de 1 000 gestores públicos, carreira que melhorou o governo de países como França e Estados Unidos. Para ganhar aumento, eles têm de estudar
Patrick Cruz
Tiago Falcão
  Tiago Falcão é secretário nacional de renda e cidadania. na secretaria, uma divisão do Ministério do Desenvol- vimento Social e Combate à Fome, ele coordena o programa Brasil sem Misé- ria, que pretende acabar com a pobreza extrema no país e foi um estandarte da campanha que levou Dilma Rousseff à Presidência da República.
Falcão é economista e especialista em políticas públicas e gestão gover- namental. Vinicius Carvalho é presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Assumiu a função em junho, no turbilhão de mudanças da legislação que transformou o órgão antitruste brasileiro no Supercade.
  Carvalho, com formação em direito, é, assim como Tiago Falcão, especialista em políticas públicas e gestão governamental. Francisco Franco, também especialista em políticas públicas e gestão gover- namental, é presidente da Casa da Moeda desde fevereiro.
 Chegou ao posto tendo como uma de suas missões imprimir perfil técnico a um cargo pilhado pela sanha política — o atual presidente substituiu Luiz Felipe Denucci, que havia sido indicado pelo PTB e foi demitido por suposto recebimento de propina.
 Os três, Falcão, Carvalho e Franco, têm em comum o fato de haver cursado a Escola Nacional de Ad- ministração Pública. Na Enap, como é chamada, foram habilitados a e- xercer a função de ges- tores públicos — ou “EPPGG”, como os a- pelidou a burocracia de Brasília, entusiasta das si- glas. Eles ajudam a i- lustrar a diferença que faz quando tarefas-chave do serviço público são entregues a quem não está lá apenas por ter bons padrinhos políticos.
   No governo Dilma, pela primeira vez o Brasil passou a ter mais de 1000 gestores públicos na ativa. É um marco positivo para o país. Ainda que os gestores representem apenas 0,2% do total do funcionalismo público federal, esse milhar de servidores de elite — são, mais precisamente, 1045 pessoas — é um sinal de que, ainda que com atraso, o Brasil segue a trilha já percorrida por países como França e Estados Unidos.
 Nesses países, os gestores formulam políticas governamentais indepen- dentemente de quem está no governo. É o que sacramenta a ideia de que os governos passam — e o Estado fica.


 O Brasil fez enormes progressos ao colocar mais gente qua- lificada nos chamados car- gos comissionados”, diz Elsa Pilichowski, espe- cialista em governança pública da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. “Colocar as pessoas certas no lugar certo tem de ser a prioridade de qualquer governante.”

Foram gestores públicos que ajustaram o Bolsa Família — que teve um comeco titubeante. mas depois se transformou em um programa do governo Lula reconhecido internacionalmente. No Cade. Viniciuz Carvalho e Carlos Kagazzo. superintendente-geral do órgão e também gestor, comandaram a até aqui elogiada repaginação do Cade, que tomou mais ágil a análise de fusões e aquisições de empresas. Trajano Quinhões. gestor público e presidente da associação nacional da categoria, coordena, pelo Ministério do Meio Ambiente. o Áreas Protegidas da Amazônia. Em junho, o programa, que dá apoio a 95 unidades de conservação, foi premiado pelo governo americano como um dos mais abrangentes na área ambiental no mundo. "O que eu faço é parte da defesa de metade do bioma amazônico", afirma Quinhões. “Isso orgulharia qualquer um."
 

 
 


 

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