segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Por que o ódio ao PT?

    O ódio ao PT e aos petistas em geral é um eixo importante sobre o qual também gira a campanha presidencial de 2014.

  Esse sentimento antigo, mani
fes-tado aberta- mente por adversários de influência forte no eleitorado de oposição, permanece em estado latente e se manifesta mais claramente nas “guerras” presidenciais. Em tempos de “paz” é cochichado pelos cantos do Congresso e, igualmente, em reuniões sociais onde não há preocupação em expor preconceitos.

Nesses salões mais elegantes, os petistas são tratados de corja.

Recentemente, o asco jorrou surpreendentemente da boca do senador Aécio Neves, um mineiro até então pacato com os adversários políticos. A competição acirrada fez o candidato a presidente pelos tucanos sair dos seus cuidados.

“Sei que não vou ganhar. Minha luta é contra o continuísmo dessa gente. É contra isso que vou lutar”, confidenciou a Jorge Bastos Moreno, de O Globo. Isso, ainda no início de campanha, revelou o jornalista.

Reação incomum a do mineiro Aécio Neves, neto de Tancredo.


  A tradicional cordialidade na sociedade mineira, por exemplo, apro-ximou o tucano Aécio do petista Fernando Pimentel. Em 2008, firmaram a aliança, com re- sistências no PT, para eleger o prefeito de Belo Horizonte. Acordo repudiado pelos petistas mineiros.
Na política, excetuadas as exceções, os adversários não são tratados como inimigos. Sabem que amanhã será outro dia e poderão estar no mesmo palanque.

O ódio embutido na frase de Aécio Neves tem explicação e antecedentes. Alguns bem mais explosivos e de maior violência verbal.
Em 2006, o senador Jorge Bornhausen (PFL-DEM) lançou uma provocação violenta contra a reeleição de Lula: “Vamos acabar com essa raça. Vamos nos livrar dessa raça por, pelo menos, 30 anos”. Falhou na previsão, como se sabe. Essas são algumas das raízes que fazem o ódio aflorar no processo eleitoral deste ano de forma mais transparente. O sentimento espalhou-se por uma parte considerável do eleitorado. De alto a baixo.

Para derrotar Dilma, um grande contingente de eleitores tucanos trocou de camisa. Optou por Marina. Aécio em poucos dias foi desidratado. Ele chegou a ter 23% das intenções de voto. Mas empacou. Dilma aproximou-se muito da possibilidade de vencer no primeiro turno. Aproximadamente, 30% dos eleitores formavam o grupo dos indecisos ou mostravam a intenção de votar em branco ou nulo.

O imprevisto jogou Marina na disputa. Ela rapidamente superou Aécio, que caiu para 15% das intenções de voto. Voltou a subir a 19% segundo o Ibope.

Trocar Aécio por Marina não é, efetivamente, resultado político adequado pelos critérios políticos mais tradicionais. A troca de candidato, no entanto, é fruto do medo de uma nova vitória do PT, cujo compromisso social assusta parte da sociedade com dificuldade de conviver com pobres.

Essa porção de privilegiados assusta-se com um pouco mais de igualdade. Da fonte do medo também brota o ódio.

Onda Marina perde força e Dilma abre vantagem, por Ricardo Kotscho

No final de agosto, Marina Silva pulou de 21 para 34% e empatou com Dilma Rousseff. Parecia mesmo um furacão virando de pernas para o ar a campanha presidencial. De lá para cá, porém, como confirma a nova pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, criou-se uma tendência e não apenas mais uma oscilação dentro da margem de erro: é Marina não parando de cair e Dilma subindo a cada semana, tanto no primeiro como no segundo turno.

A presidente candidata à reeleição abriu uma vantagem de sete pontos no primeiro (37 a 30%) e diminuiu para apenas dois a vantagem de Marina no segundo turno (46 a 44%), que chegou a dez pontos (50 a 40% em agosto), mostrando agora uma situação de empate técnico.

Dilma passou a liderar em todas as regiões do país, crescendo em todos os segmentos, a duas semanas do encerramento oficial da campanha. Ao mesmo tempo, a rejeição a Dilma, que chegou a 35, agora se estabilizou em 33%, enquanto a de Marina dobrou de 11 para 22%.

Nenhuma notícia foi boa para Marina desta vez: a vantagem dela sobre o tucano Aécio Neves, que chegou a ser de 19 pontos (34 a 15%), agora caiu para 13 (30 a 17%). A candidata do PSB caiu 4 pontos no sudeste, 4 entre as mulheres, 4 entre os católicos, 5 nas cidades médias e 6 na faixa de eleitores entre 25 e 34 anos, segundo o Datafolha.

O que aconteceu para justificar esta queda? Além do bombardeio de Dilma e Aécio contra a sua candidatura, percebe-se agora que Marina foi mais um fenômeno midiático do que político, que já não se sustenta. E a velha mídia com seus poderosos porta-vozes, que têm mais colunas do que a Grécia Antiga, voltou a acreditar que Aécio é ainda seu melhor candidato para tirar o PT do Palácio do Planalto, embora pelos números atuais só um milagre ou uma nova onda possa leva-lo ao segundo turno.

Escrevo tudo isso por dever de ofício, mas confesso aos leitores que ler tanta pesquisa é demais para a minha cabeça. Chego a me perguntar: para que serve esta banalização das pesquisas, uma atrás da outra, sem parar? Será que os institutos não acreditam nos seus próprios números e sempre resolvem fazer mais uma para ver se os resultados mudam? Será que o eleitor está mesmo interessado nestes levantamentos frenéticos ou eles só servem para orientar os financiadores de campanhas e os especuladores da Bolsa de Valores?

A esta altura, como podem notar, tenho mais perguntas a fazer do que respostas a dar. Conto com a ajuda dos comentaristas do Balaio para tirar estas minhas dúvidas.









sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Dilma, Bachelet, a CNV e a Lei da Anistia

dilma-bach

Discretos aos holofotes, os militares brasileiros estão em polvorosa na caserna, diante do anúncio da presidente do Chile, Michelle Bachelet, de que pretende anular a Lei da Anistia daquele país.
É que a presidente Dilma se inspirou no exemplo do Chile para criar a Comissão Nacional da Verdade, e os oficiais, veladamente, se perguntam se a petista não fará o mesmo por aqui sobre a Anistia.
A Lei de Anistia chilena foi sancionada pelo general Augusto Pinochet em 1978 e deu imunidade aos militares acusados de crimes de 1973 a 78. Em 2003, o então presidente Ricardo Lagos criou a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura, para investigar esses crimes.
A decisão de Bachelet de revogar a Lei da Anistia deu-se dia 11 de setembro, com os atentados que abalaram Santiago. O governo suspeita de militantes do falecido Pinochet. Bachelet pediu urgência ao Parlamento na tramitação de projeto de 2006 que revoga a lei. Se isso ocorrer, ela terá poderes para investigar e processar militares.
aliedo
Charge de ALIEDO – http://aliedo.blogspot.com
VISITA
Em abril, integrantes da Comissão da Verdade do Brasil visitaram o Chile e se reuniram com o ex-presidente Lagos. Como notório, o relatório final da CNV será entregue em dezembro à presidente Dilma.
Os militares – entre eles altos oficiais – nunca aceitaram a instalação da CNV, e torcem o nariz para Dilma. Uma tentativa de revogar a lei da Anistia pode causar instabilidade.




sábado, 13 de setembro de 2014

Lula diz que Marina Silva usa “inverdades” e não precisa chorar por ele

Ex-presidente rejeita lágrimas de candidata Marina Silva, derramadas ontem em entrevista; "Se ela quiser chorar, que chore por outras coisas, não por mim", reagiu Lula, de quem Marina disse temer "o que ele pode fazer contra mim"; "ela é quem tem de se explicar por que  ocupou todos os cargos do PT e agora está falando mal do PT", prosseguiu Lula,  para completar: "Na hora que eu tinha de escolher para quem ia entregar o direito de dirigir o País, tinha de entregar para a pessoa que achava mais preparada"
247 – O ex-presidente Lula rejeitou as lágrimas que a candidata Marina Silva, do PSB, verteu ao falar dele, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. "Se ela quer chorar, que chore por outras coisas, não por mim", reagiu Lula, ao ser abordado sobre a atitude da ex-ministra. Ela disse ter aprendido com o ex-presidente que "a esperança vence o medo", mas que não pode "controlar o que Lula pode fazer contra mim". Neste momento, lacrimejou.
Lula, ao que se viu, não se sensibilizou nem um pouco. Ao contrário. Ao fazer campanha no bairro do Sapopemba, em São Paulo, Lula desatou uma espécie de lição de moral sobre a adversária, do alto do palanque montado para a campanha do candidato a governador Alexandre Padilha:
- Não gosto de usar nomes de adversários em palanque. Mas hoje, supreendentemente, vi numa manchete que Marina chorou ao falar do Lula. A dona Marina não precisa falar inverdades para chorar por mim. Se ela quiser chorar, que chore por outras coisas., iniciou Lula ao público: 
- Nunca deixei de ter relações de amizade por causa de política. Nunca falei mal da dona Marina e vou morrer sem falar mal dela. Ela é quem tem que se explicar, porque ganhou todos os cargos do PT e agora está falando mal do PT. Um verdadeiro líder não muda de partido a toda hora, não muda de opinião. Ele evolui, assim como Dilma evoluiu - discursou Lula. O evento teve a presença de Padilha, do candidato a senador Eduardo Suplicy e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Lula deixou no ar a suspeita de que, para ele, as lágrimas de Marina tiveram origem no fato de ela não ter sido escolhida como sua sucessora política:
- Na hora que eu tinha de escolher para quem ia entregar o direito de dirigir o País, tinha de entregar para a pessoa que achava mais preparada", disse Lula, referindo-se à presidente Dilma Rousseff.
"ELA É QUE NOS ACUSOU DE TER COLOCADO LADRÃO NA PETROBRAS" - O ex-presidente se mostrou diretamente incomodado pelos ataques desferidos por Marina contra a gestão da Petrobras. Ela aproveitou a repercussão da delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa para acusar o PT de nomear diretores corruptos para a estatal. O presidente do PT, Rui Falcão, procurou justificar a dura resposta de Lula:
- Não temos atacado a candidata. Ao contrário, ela que nos acusou de ter colocado um ladrão na Petrobras. Está sendo processada por isso, inclusive, disse Falcão, que continuou:

- Temos criticado o programa dela. Não temos nada contra ela, temos contra o programa, discordamos dele. Não tem campanha do medo. Estamos dizendo que ela é apoiada pelos banqueiros. Será que o povo tem medo dos banqueiros? O programa dela fala em desmontar indústria, em dar independência ao Banco Central, em terceirização. Isso deve estar intimidando as pessoas quando conhecem o programa de governo dela. Não estamos estimulando o medo em relação a ninguém. Quem quer ser presidente da República, precisa ter mais controle, mais firmeza. Ela está com muitas idas e vindas, o que sugere insegurança na população — disse Falcão.




terça-feira, 2 de setembro de 2014

Análise: Dilma agora vende realismo contra utopias da Marina, ACORDA BRASIL


  Enquanto Marina Silva (PSB) junta a retórica e-conômica tucana a uma plataforma social ambiciosa, restou à pre-sidente-candidata Dilma Rousseff (PT) fazer reflexões sobre as dificuldades de ser governo.
Em contraste com a agenda desenvolvimentista de quatro anos atrás, que detalhava em minúcias as milhares de obras a serem feitas, a petista deixou as promessas de lado no debate entre os presidenciáveis.
Alvo preferencial de todos os adversários, Dilma recomendou pés no chão: falou de limitações orçamentárias, da crise internacional e da necessidade de barganhar apoios no Congresso.
Inédito em campanhas petistas ao Palácio do Planalto, tamanho realismo nasceu da necessidade de improvisar um contraponto à ascensão de Marina e seu programa de utopias e generalidades.


SAÍDA PELA TANGENTE

Questionada sobre a contradição entre promessas de austeridade fiscal e de mais gasto social, a candidata abrigada no PSB mimetizou a saída pela tangente já adotada por Aécio Neves (PSDB).

Sem dar detalhes, Marina disse que, com "as escolhas corretas", haverá mais eficiência na gestão do Orçamento.

A escolha de Dilma foi ampliar despesas em educação e transferência de renda, sacrificando o equilíbrio das contas públicas e o controle da inflação.

É difícil imaginar como promessas de mais gastos corrigiriam essa opção.

"Não são promessas", disse Marina, "são compromissos". Mas também há compromissos de restabelecer o cumprimento das metas de inflação e de aperto fiscal.

A minoria influente que comanda as operações no mercado financeiro, aparentemente, acredita que os segundos compromissos vêm na frente: a Bolsa de Valores sobe com a alta de Marina nas recentes pesquisas de intenção de voto.

Sintomaticamente, Aécio –o candidato naturalmente mais identificado com a agenda do mercado– limitou seus questionamentos à solidez da candidatura marinista. Ele se disse o mais indicado a conduzir uma política econômica "confiável".

SEGUNDA VIA

Ao final, pouco foi dito de concreto sobre o que, afinal, Dilma fez de errado –fora as críticas à gestão da Petrobras, que não bastam para explicar a prostração da economia e a alta da inflação.

Marina quis que a própria petista, a quem criticou por não assumir erros, se encarregasse da tarefa. "Pode parecer que estou plenamente satisfeita. Não estou", disse a presidente, no mais perto que chegou da autocrítica.