segunda-feira, 30 de junho de 2014

Brasil faz a melhor Copa, A COPA DAS COPAS segundo imprensa estrangeira

  • Alexandre Loureiro/Getty Images
    O Maracanã será o palco da final da melhor Copa já vista por 38,5% dos jornalistas entrevistados
    O Maracanã será o palco da final da melhor Copa já vista por 38,5% dos jornalistas entrevistados
  • Os jornalistas estrangeiros estão gostando da Copa do Mundo do Brasil. Um pesquisa feita pelo UOL Esporte com 117 profissionais constatou com o Mundial deste ano é o melhor já visto pela maioria deles.
    O levantamento ouviu jornalistas na primeira fase e concluiu que 38,5% dos entrevistados consideram o Mundial brasileiro como o melhor já visto. A Copa do Mundo de 2006, que foi realizada na Alemanha, aparece na segunda posição da pesquisa, com 19,7% das respostas. Vale destacar que 16,2% dos jornalistas disseram estar cobrindo sua primeira competição.
    O torneio organizado na África do Sul, em 2010, fica em terceiro lugar na lista, com 5,1%. Já o palco do tetracampeonato brasileiro em 1994, nos EUA, foi o quarto melhor mundial na opinião dos profissionais.
    Aparecem na sequência Itália-1990 (3,4%), França-1998 (3,4%), Japão e Coreia-2002 (3,4%), México-1986 (1,7%), México-1970 (1,7%) e Alemanha-1974 (0,9%). Entre os entrevistados, 1,7% não respondeu a pesquisa.






sábado, 21 de junho de 2014

As lições do desenvolvimento social recente no Brasil

O DESAFIO DA DESIGUALDADE
O maior legado de Lula não é só o Bolsa Família. O principal mérito de seu governo foi montar uma estratégia macroeconômica articulada com o desenvolvimento social e ancorada no crescimento, na geração de emprego e renda, na valorização do salário mínimo, no aumento do gasto social, no incentivo às políticas universais.

A pobreza declinou sensivelmente nos últimos nove anos. Mais de 28 milhões de brasileiros suplantaram a “linha de pobreza” monetária definida pelo Banco Mundial (US$ 2 por dia). O contingente de pobres caiu de 36% para 20% da população total. A desigualdade social também refluiu: a renda domiciliar per capitados estratos mais pobres cresceu 50%, ante 12% auferidos pelos mais ricos.

O que justifica esse progresso? Muitos atribuem apenas ao programa Bolsa Família. Essa explicação minimalista é endossada pelas organizações internacionais.

Na divulgação do relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi ressaltado que “jamais se viu a pobreza e a desigualdade caírem tão depressa” como no Brasil. Esse avanço foi motivado pelo crescimento e pelo Bolsa Família, “um exemplo de política social copiado no mundo inteiro, inclusive em países mais desenvolvidos”.1 A contribuição do salário mínimo e da Seguridade Social foi nula. Mais grave, o relatório prega nova reforma ortodoxa na Previdência e minimizam o papel do crescimento e seus reflexos no mundo do trabalho. Esse reducionismo não é fruto de desconhecimento: o buraco é mais embaixo.



Nova embalagem do Estado mínimo

De forma dissimulada, observa-se, em escala global, o desenvolvimento de uma astuta estratégia de marketing visando transformar o programa brasileiro numa “solução” milagrosa para erradicar a pobreza no mundo. Furtivamente, procuram elevá-lo ao status de “case” internacional de sucesso a ser difundido em todo o mundo. Usam-no como a nova embalagem do fracassado Estado mínimo.

A lógica aparente é impor a focalização como um teto para todos os países subdesenvolvidos, cujos sistemas de proteção social foram destruídos pelo tsunami neoliberal. Mas também pretendem utilizá-la como moeda de troca para a iminente reforma dos regimes de welfare state europeus – medida de austeridade para fazer frente à crise fiscal.

O objetivo pode não ser garantir padrões mínimos de seguridade, mas assegurar padrões máximos de gasto social. Programas dessa natureza são relativamente baratos como porcentagem do PIB.

Estão trocando a embalagem, mas preservando o conteúdo. De forma sub-reptícia, ressuscitam a famigerada proposta dos três pilares elaborada pelo Banco Mundial nos anos 1990.2 O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) passou a denominar propostas dessa natureza de “universalização básica”.3 Não seria melhor chamar de “focalização para todos”?

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) elaborou a proposta do Piso de Proteção Social Básica.4 Em síntese, defende que todos os países do mundo deveriam oferecer um conjunto de serviços sociais para pobres, desempregados, idosos, viúvos, órfãos e inválidos. Também deveriam incluir o pagamento de um benefício monetário para famílias com crianças, “a exemplo do que o governo brasileiro garante com o pagamento do Bolsa Família”.

A proposta inspira-se nos programas focalizados adotados no México, Chile, Namíbia e Nepal, entre outros. Mas a grande estrela global, sem dúvida, é o “case” brasileiro, “considerado o maior programa de transferência social em escala mundial que beneficia 46 milhões de pessoas com um custo que equivale aproximadamente a 0,4% do PIB”.

A despeito de ser um retrocesso em relação à Convenção 102 da OIT, datada de 1953, o Piso de Proteção Social Básica foi aprovado pela ONU e recebeu apoio entusiástico de uma multiplicidade de organismos. Formou-se uma “coalizão global” favorável que reúne diversos órgãos da ONU (FAO, Pnud, Unesco, Unicef, entre inúmeros outros), o FMI, o Banco Mundial e o BID. Com a crise, os países do G20 também endossam a iniciativa, vista como “importante estabilizador econômico”.

No Brasil, o quadro não é diferente. Setores da oposição lutam incansavelmente pela paternidade do filho pródigo. Setores do governo também reproduzem a visão minimalista do sucesso recente, sobretudo no cenário internacional.



Incompreensão e reducionismo

Essas visões demonstram incompreensão acerca das características do complexo sistema de proteção social brasileiro consagrado em 1988. Além disso, apequenam o legado do ex-presidente Lula, que foi muito além do meritório programa Bolsa Família.

Seu maior legado foi montar uma estratégia macroeconômica articulada com o desenvolvimento social e ancorada no crescimento econômico, na geração de emprego e renda, na valorização do salário mínimo, no aumento do gasto social, no incentivo às políticas universais e no avanço das políticas voltadas para o combate à pobreza, com destaque para o Bolsa Família.

Mais que isso, superamos etapa estéril em que “focalização” (Estado mínimo) e “universalização” (Estado de bem-estar) eram vistas como paradigmas excludentes. Passamos a considerá-las estratégias complementares e convergentes. O programa Brasil sem Miséria, recém-lançado pelo governo federal, caminha nesse sentido.



O que explica o desenvolvimento social recente?

A questão social foi eleita como um dos eixos do desenvolvimento. Conjugaram-se, com êxito, estabilidade econômica, crescimento, distribuição de renda e inclusão social. Essa estratégia está ancorada em seis núcleos sumarizados a seguir.



1. Crescimento econômico

O crescimento é a mais efetiva das políticas sociais. É ele que explica a redução da pobreza na China de 57% para 14% entre 1980 e 2005. Vistos como “estratégia única”, programas focalizados são limitados. Caso contrário, a pobreza no México não alcançaria metade de sua população.

O PIB do Brasil, após crescer mais de 7% ao ano (1950-1980), caiu para a medíocre taxa média anual de 2,1% (1981-2003). Estudos recentes da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) mostram uma inquestionável correlação entre crescimento do PIB per capita e redução da incidência da pobreza em dezenove países da América Latina e Caribe. A renda per capita brasileira praticamente ficou estagnada entre 1980 e 2003 – enquanto setuplicou na China e dobrou na Índia.

Após 25 anos, a partir de 2006 o crescimento econômico voltou a ter destaque na agenda. Uma sinalização foi o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), visando à coordenação de investimentos públicos e privados na infraestrutura econômica e social.

Com a crise internacional, essa postura foi reforçada, e medidas anticíclicas foram adotadas. Setores estratégicos tiveram redução de impostos. A meta de superávit primário foi reduzida. A política monetária foi afrouxada pela redução dos juros e dos compulsórios. Os bancos públicos ampliaram a oferta de crédito (que praticamente dobrou em relação ao PIB). Papel central foi desempenhado pelo BNDES, cujos desembolsos quase triplicaram na segunda metade da década passada. Em parte, o crédito pessoal foi direcionado para pequenos empreendedores urbanos, para a agricultura familiar e para os funcionários públicos e aposentados, realimentando a cadeia do consumo e impulsionando o mercado interno.

O PIB cresceu a taxas médias anuais de 5% (o dobro da média das décadas anteriores). O PIB per capita quase triplicou entre 2002 e 2010 (de US$ 2.870 para US$ 8.217). A arrecadação cresceu, e as contas públicas melhoraram (a relação dívida líquida/PIB declinou de 60% para 40%).

O crescimento deflagrou uma espiral virtuosa de geração de emprego e renda que realimenta o consumo, a produção e os investimentos.



2. Geração de emprego e renda

O crescimento impulsionou o mundo do trabalho. A taxa de desemprego caiu pela metade. Mais de 12 milhões de empregos formais foram criados. A renda domiciliar per capitacresceu com vigor. O rendimento médio real dos trabalhadores e o consumo das famílias voltaram a crescer, após longos períodos de encolhimento.



3.  Aumento do gasto social

O crescimento ampliou as fontes de financiamento da política social, abrindo espaços para o aumento do gasto social federal, que duplicou, em termos reais, entre 2002 e 2009; em proporção do PIB, passou de 13% para 16%; o gasto per capita subiu 60%.



4. Valorização do salário mínimo

A estratégia também privilegiou a valorização do salário mínimo, que experimentou aumento real de mais de 80% entre 2003 e 2011. Em São Paulo, o custo da cesta básica como proporção do salário mínimo caiu pela metade (1995-2010). Muitos “iluminados” diziam que o aumento do salário mínimo quebraria a Previdência Social. Ocorreu o contrário.



5. Políticas universais

A experiência brasileira de proteção social é singular. Nos últimos anos da década de 1970 até 1988, caminhamos na contramão do mundo. Seguimos a rota inversa do neoliberalismo. Fomos salvos pelo movimento político. O notável movimento social que lutava pela redemocratização do país construiu uma agenda de mudanças que visava, em última instância, acertar contas com a ditadura militar. Naquele momento, não havia solo fértil para germinar a investida neoliberal.

A rota forjada pelo movimento social tinha como destino a Assembleia Nacional Constituinte. Após uma árdua marcha, a Constituição da República aprovada em 1988 restabeleceu a democracia e consagrou as bases de um sistema de proteção social inspirado no Estado de bem-estar social europeu, ancorado nos princípios da universalidade, da seguridade e da cidadania.

É verdade que, entre 1990 e 2005, os ventos liberalizantes também sopraram por aqui. Passada essa longa fase de tensões, a inflexão ocorrida na política econômica a partir de 2006 começou por aplicar o pilar inconcluso do projeto de reformas desenhado pelas forças que lutavam contra a ditadura militar, apoiado em três núcleos centrais:5 a restauração do Estado democrático de direito; a construção de um sistema de proteção social, inspirado nos princípios do Estado de bem-estar social; e a concepção de uma nova estratégia macroeconômica, direcionada para o crescimento econômico com distribuição de renda.

A Constituição de 1988 consagrou os dois primeiros. Todavia, a sociedade foi incapaz de viabilizar o terceiro. Com o crescimento, a partir de 2006, começamos a construí-lo.

Não pode haver dúvidas sobre o papel desempenhado pela Seguridade Social no desenvolvimento social recente. Sem ela, 70% dos idosos estariam abaixo da linha de pobreza – ante os atuais 10%.

Observe-se que em meados de 2011 a Seguridade Social concedeu 34,8 milhões de benefícios diretos, assim distribuídos: Previdência Urbana (16,6 milhões); Previdência Rural (8,4 milhões); proteção aos idosos pobres e pessoas com deficiência (3,8 milhões); e Seguro-Desemprego (6 milhões). O caráter distributivo desses programas fica mais evidente se também contabilizarmos os seus beneficiários indiretos. Segundo o IBGE, para cada beneficiário direto há dois indiretos, membros da família. Dessa forma, a Seguridade Social favorece, direta e indiretamente, cerca de 104 milhões de pessoas, a metade da população do país.

Mais de dois terços desses benefícios equivalem ao piso do salário mínimo. A notável elevação real do mínimo ampliou a renda dessas famílias – o que também explica o motor do crescimento baseado no consumo interno.



6. Políticas focalizadas de combate à pobreza

Finalmente, o sexto núcleo da estratégia de desenvolvimento social foi a expansão dos programas de combate à pobreza, com destaque para o Bolsa Família. É verdade que milhões de pessoas pobres saíram dessa condição pela simples fuga para empregos e salários mais elevados, aproveitando as oportunidades abertas pelo mercado de trabalho.

A redução da pobreza também foi fruto de uma gama enorme de outros programas sociais, com destaque para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Grande parte da pobreza brasileira concentra-se na área rural. Na última década, o PIB da agricultura cresceu mais que o PIB nacional. A queda do índice Gini no campo foi maior que no meio urbano. A chamada “nova classe média” no campo passou de 21% para 35% da população rural. Em dez anos, a migração rural caiu pela metade. No ranking do índice de “felicidade futura” medido pelo Gallup World Poll (132 países), o Brasil rural é o terceiro colocado. Passamos a Dinamarca, que era recordista mundial.

Em parte, essa melhora é explicada pelas oportunidades abertas no mercado de trabalho, pelo Bolsa Família e demais programas sociais (Previdência Rural, Benefício de Prestação Continuada, Pronaf, entre outros).



A lição brasileira

A partir de 2006, caminhamos no sentido de construir uma nova estratégia de desenvolvimento social articulada com a política econômica. Essa é a lição que muitos brasileiros e o mundo deveriam aprender – e que expressa o verdadeiro legado de Lula.

A agenda brasileira para o futuro, definitivamente, não é aquela que os organismos internacionais querem impor ao mundo. Nosso desafio central é consolidar as conquistas de 1988, bem como os avanços e convergências obtidos recentemente. Isso depende de uma duríssima corrida de superação de obstáculos. Um deles é a redução das despesas financeiras, o maior item do gasto público. Somos líderes mundiais em taxa real de juros e vice-líderes no ranking de maiores pagadores de juros em proporção do PIB. Se Macunaíma vivesse hoje, certamente diria: “Ou o Brasil acaba com os juros, ou os juros acabam com o Brasil!”.


Eduardo Fagnani é professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho).

1 André Barrocal, “OCDE: Brasil tem avanço extraordinário e redução da pobreza inédita”, Carta Maior, 26 out. 2011.
2 Ver Banco Mundial, Envejecimiento sin crisis: políticas para la protección de los ancianos y la promoción del crecimiento, Oxford University Press, 1994; e World Bank, Investing in health [Investindo em saúde], Oxford University Press, 1993.
3 Banco Interamericano de Desenvolvimento, “Universalismo básico: una nueva política social para América Latina”, Washington, 2006.
4 M. Cichon, C. Behrendt e V. Wodsak, La iniciativa del Piso de Protección Social de las Naciones Unidas, Alemanha, Friedrich-Ebert-Stiftung, 2011.
5 “Esperança e mudança: uma proposta de governo para o Brasil”, Revista do PMDB, ano II, n.4, Rio de Janeiro, Fundação Pedroso Horta, 1982.







quarta-feira, 18 de junho de 2014

Os esqueletos de Aécio


Ninguém é obrigado a ser candidato a presidente. Mas quem abraça a causa deve saber que sua vida está sujeita a ser esquadrinhada – Mirian Cordeiro que o diga. O tucano Aécio Neves, agora candidato oficial do PSDB, parece incomodado nesta missão.

Ainda pré-candidato, Aécio começou mal. Decidiu fugir de perguntas incômodas, atacar as críticas como obra de um submundo e acionar a Justiça para tentar limpar uma biografia no mínimo controvertida. Nada a favor dos facínoras que inventam mentiras em redes sociais para desqualificar adversários. Mas daí a ignorar questionamentos vai uma distância enorme. 
A repórter Malu Delgado, da revista "piauí", prestou um belo serviço ao escrever um perfil do tucano. Lá estão prós e contras, alinhados com sobriedade e rigor jornalístico. Cada um que chegue às suas conclusões. Por enquanto, elas soam desfavoráveis ao candidato.
Deixe-se de lado qualquer falso moralismo. É direito do eleitor sabatinar quem se propõe a dirigir o país. A fronteira entre o público e o privado se esmaece, sem que isso signifique a condenação a priori de qualquer um. 
Vídeos na internet mostram práticas nada republicanas, como gostam de falar, por parte do então governador de Minas Gerais. Entre outras façanhas em bares e blitze, montou uma tropa de choque midiática para sufocar críticas. 
Tanto fez que a guilhotina tucana decapitou sem piedade inúmeros jornalistas em Minas Gerais. Os testemunhos estão à disposição, basta querer ver e ouvir. 
Sombras permanecem. A questão das drogas é uma delas, e cabe ao candidato refutá-las ou não; ao eleitor, mensurar a sinceridade dos depoimentos e até que ponto o tema interfere na avaliação do postulante. Aécio tem se embaralhado frequentemente no assunto. Adotou como refúgio a acusação de que tudo não passa de calúnias. Ao vivo, acusou jornalistas reconhecidamente sérios de dar vazão a rumores eletrônicos. Convenceu? Algo a conferir. 
Na reportagem citada, destaca-se um mistério. Uma verba de R$ 4,3 bilhões, supostamente destinada à saúde, sumiu dos registros oficiais do Estado. Apesar de contabilizada na propaganda, a quantia inexiste nos livros de quem teria investido o dinheiro. 
O caso foi a arquivo sem ter o mérito da questão examinado. A promotora autora da denúncia insiste na ação de improbidade. Na falta de esclarecimentos dos acusados, aguarda-se o veredicto da Justiça. 
Esqueletos à parte, na convenção de sábado (14) Aécio teve a chance de ao menos apresentar um programa que justificasse a candidatura. Perda de tempo. O evento faria corar a banda de música da finada UDN. Discursos mirabolantes se esforçaram para preencher o vazio de alternativas. 
Ouviram-se insistentemente anátemas contra a corrupção. Ninguém se referiu, contudo, às peripécias do mensalão mineiro e às manobras, também nada republicanas, do correligionário Eduardo Azeredo para escapar de uma condenação. 
O distinto público continua sem saber se o salário mínimo vai mudar, se a aposentadoria fica como está, se haverá um tarifaço e quais medidas um governo tucano propõe para melhorar o bem-estar do povo. Ministérios serão cortados, esbraveja o senador. Mas quais? A reeleição, comprada a peso de ouro pelo seu partido na gestão FHC, vai mesmo acabar? A respeito disso tudo, o que ressoa é o eco das tais "medidas impopulares". 
Em lugar de propostas, metáforas mal construídas que começam com brisa, crescem para ventania e acabam em tsunami. Talvez porque Minas não tenha acesso ao mar. 
Se quiser seguir em frente, Aécio Neves está muito a dever. Saiu da zona de conforto mineira, em que a imprensa é garroteada impiedosamente para abafar desmandos de gestão. O jogo mudou, e o neto de Tancredo deve providenciar urgentemente garrafas para vender. 
Não adianta apostar apenas no erro do adversário. Amante de relógios caros, muitos deles capazes de quitar com seu valor dezenas e dezenas de prestações de aspirantes a uma casa própria, o tucano já deveria ter aprendido que quem sabe faz a hora, não espera acontecer.






terça-feira, 17 de junho de 2014

Homens armados tentam retirar posseiros de fazenda, em Pilar

Homens armados tentam retirar posseiros de fazenda, em Pilar
Homens armados tentaram retirar, hoje pela manhã, mais de 40 famílias de posseiros da fazenda Recreio – conhecida como Paraíso pelos trabalhadores -, no município de Pilar. A denúncia está sendo feita pelo deputado estadual Frei Anastácio (PT), que está na área, juntamente com a representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Tânia Maria.

“Os cinco capangas armador chegaram na área comandados por Ivan Bichara Sobreira Filho,que se diz dono das terras mas está numa briga jurídica com Pedro Ribeiro Veloso Neto,em consequência de negócios particulares entre os dois. O mais grave é que Ivan Bichara, mesmo sem a posse legal da terra, já está negociando a fazenda com terceiros que estavam desmatando ilegalmente a área e foram impedidos pelos posseiros”, disse Frei Anastácio.

O deputado afirma que a fazenda, com mais de 400 hectares, tem 40 famílias de posseiros que moram no imóvel há mais de 50 anos. “Essas famílias estão lutando pelos seus direitos adquiridos. Os trabalhadores já foram prestar queixa na delegacia de Pilar, sobre as ameaças de morte que estão sofrendo, constantemente, dos capangas armados”, informou o deputado.

Segundo o deputado, é lamentável que ainda hoje, em pleno século XXI, ainda exista resquício do latifúndio, que tanto massacrou trabalhadores e usa as mesmas formas de repressão do passado. “O que estamos vendo é um conflito entre duas famílias tradicionais, de um lado brigando pela terra, e os posseiros do outro reivindicando seus direitos. Um é filho de um ex-governador e o outro descendente de latifundiários”, relatou o deputado
Fonte: PB Agora




sábado, 14 de junho de 2014

OAB SOBRE BARBOSA: PIOR QUE OS DITADORES!

NOTA DE REPÚDIO

A diretoria do Conselho Federal da OAB repudia de forma veemente a atitude do presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, que expulsou da tribuna do tribunal e pôs para fora da sessão mediante coação por segurança o advogado Luiz Fernando Pacheco, que apresentava uma questão de ordem, no limite da sua atuação profissional, nos termos da Lei 8.906. O advogado é inviolável no exercício da profissão.  O presidente do STF, que jurou cumprir a Carta Federal, traiu seu compromisso ao desrespeitar o advogado na tribuna da Suprema Corte. Sequer a ditadura militar chegou tão longe no que se refere ao exercício da advocacia. A OAB Nacional estudará as diversas formas de obter a reparação por essa agressão ao Estado de Direito e ao livre exercício profissional. O presidente do STF não é intocável e deve dar as devidas explicações à advocacia brasileira.



Diretoria do Conselho Federal da OAB

Brasília, 11 de junho de 2014





quinta-feira, 12 de junho de 2014

Brasil dá largada para a Copa, o maior evento de sua história

Copa começa e escreve um novo capítulo na história do Brasil

 Detalhe das grades de bloqueio no Itaquerão; Na hora do jogo, só poderá passar quem tiver o ingresso ou credencial em mãos
Oficiais da polícia fazem os últimos ajustes na segurança do Itaquerão, que será palco da abertura da Copa nesta quinta-feira
Presidente da Argentina deseja a Dilma "uma verdadeira festa" na Copa




domingo, 8 de junho de 2014

Copa do Mundo e política

Por Francisco Frassales Cartaxo
Éramos oito pessoas, quatro casais. Os homens trabalhávamos na Sudene, exceto um que fora punido após o golpe, acusado de exercer atividades subversivas quando exercia a vice-presidente da UNE. Costumávamos sair juntos nos fins de semana para jogar conversa fora, quase sempre em bares à beira-mar de Olinda. Os papos sérios, contudo, se davam em nossas casas, porque nessa época havia espias oficiais em todos os lugares. O simples ato de ouvir a Rádio Havana ou Rádio Moscou era atitude suspeita, “subversiva” tanto quanto citar notícia veiculada pela BBC de Londres e até mesmo A Voz da América. Sempre havia um “dedo duro”, agente do SNI – Serviço Nacional de Informação, pronto para denunciar um colega de trabalho ou de escola, um vizinho, um parente.
O grupo de casais tinha divergências ideológicas e políticas. Um traço comum, porém, unia a todos: a oposição ao regime militar, então presidido pelo general Garrastazu Médici, o período de maior repressão da ditadura, com rigorosa censura à imprensa, prisões arbitrárias, tortura e morte em dependências policiais e militares. Ao aproximar-se a Copa do Mundo de 1970, surgiu a dúvida.
Torcer a favor ou contra a seleção brasileira?
É bom lembrar que o ditador Médici fez praça de populista, o marketing oficial a explorar seu gosto pelo futebol. Sua imagem, com o rádio de pilha ao ouvido, inundava o Brasil, ao som de músicas “patrióticas” (“Prá frente Brasil, salve a seleção/ Setenta milhões em ação”) na ânsia de capturar a paixão do torcedor para o regime. Regime que mantinha em seus porões sob forte pressão física e psicológica contestadores políticos, homens e mulheres. Poucos sabiam disso. Nós, os quarto casais, obtínhamos informações clandestinas que circulavam a boca pequena e pela escuta de emissoras de rádio do exterior, captadas em ondas curtas.
Nesse contexto, torcer contra a seleção canarinha parecia tarefa “revolucionária”, de resistência à ditadura! Com esse espírito entramos no clima da Copa de 1970. O grupo se reunia na residência de um de nós para ver os jogos. Cerveja, vodca, tira-gosto. Em frente à televisão, o ambiente era igual ao de qualquer grupo de torcedores. Com uma diferença, a tensão assumia ares dramáticos: ser ou não a favor de nossa seleção. Uma tensão desconfortável, às vezes, envergonhada, lá no fundo da alma roendo uma dúvida, nada de dar o braço a torcer, o regime vai faturar a vitória do Brasil no México, propalar que o tri é “deles”, os algozes do povo brasileiro. E nós vamos ajudar essa gente? Vamos? Absurdo. Vamos colaborar com o inimigo? Tudo isso e muitas outras interrogações passavam por nossas cabeças, na antevéspera da Copa do Mundo de 1970.
Passavam. Apenas passavam em nossas cabeças, mas quando o Brasil balançava as redes do adversário, a vibração era enorme, gritos, pulos de alegria, abraços e beijos num festejo igual ao de todo o povo brasileiro onde houvesse um aparelho de TV ou um rádio... As dúvidas sumiam. Ficava o gosto bom da vitória. Pouco importa se os generais iriam faturar. Assim foi em 1970, na conquista do tricampeonato.
Em 2014, será diferente? O gol nos fará esquecer o governo capenga da presidente Dilma. É certo. Passada a Copa, aí sim, serão outros quinhentos! 







quinta-feira, 5 de junho de 2014

Apenas quatro países destinam 10% do PIB para a educação


A meta para o gasto público brasileiro em educação aprovada nesta terça (3) pelo Congresso está bem acima do padrão seguido pelas principais economias mundiais.

Em nenhuma delas as despesas dos governos com o ensino se aproximam de 10% do PIB (Produto Interno Bruto).

Esse é o patamar a ser atingido pelo Brasil até 2024, de acordo com o texto do Plano Nacional de Educação, que segue para sanção da presidente Dilma Rousseff (PT).

Na base de dados das Nações Unidas, percentuais do PIB de dois dígitos são encontrados apenas em alguns poucos países pequenos.

De 2008 para cá, os exemplos são Lesoto (13%, a maior proporção), Cuba, Timor Leste e São Tomé e Príncipe.

São casos em que as dimensões minúsculas das economias -e, no caso cubano, também as peculiaridades do regime comunista- distorcem as estatísticas.

Entre os países com maior peso na renda mundial, reunidos no G-20, os desembolsos com a educação variam de 2,8%, na Indonésia, a 6,3% do PIB no Reino Unido, de acordo com a ONU.

No Brasil, são 5,8%, um dos maiores percentuais do grupo. Já pela metodologia mais ampla adotada pelo governo, a despesa chegou a 6,4% do PIB em 2012.

PRIORIDADE

A medida da despesa como proporção do PIB indica o grau de prioridade atribuído a uma atividade -em outras palavras, qual a parcela dos recursos disponíveis do país é destinada ao setor.

Se os dados mostram que a fatia da renda brasileira aplicada na educação está entre as mais altas do mundo, isso não significa um padrão de ensino igualmente elevado -afinal, a renda do país é apenas mediana quando dividida pela população.

A França, por exemplo, aplica no ensino um percentual do PIB semelhante ao do Brasil hoje, mas a renda per capita francesa é o triplo da brasileira, considerando o poder de compra das moedas.

Reduzir essa diferença por meio do aumento do gasto total é uma tarefa difícil, mesmo no prazo de uma década.

Um ponto percentual do PIB significa um gasto anual de R$ 52,9 bilhões, mais que o dobro do Bolsa Família; três pontos percentuais superam o dobro da receita da extinta CPMF, o imposto do cheque.

O gasto brasileiro por aluno da rede pública tem crescido rapidamente nos últimos anos, com a ajuda do envelhecimento da população, que diminui o número de crianças e jovens.

Em 2011, o gasto público médio por estudante ficou em R$ 4.916. Trata-se de um aumento de mais de 140% em uma década, em valores corrigidos pela inflação.





segunda-feira, 2 de junho de 2014

'Demanda inédita' faz faltar moeda brasileira na Grã-Bretanha

Getty Images
Turistas britânicos temem chegar ao Brasil sem ter nenhum real para usar no comércio e hotéis
Dois dos maiores fornecedores de moedas estrangeiras na Grã-Bretanha informaram à BBC que estão sem moeda brasileira disponível, poucos dias antes do início da Copa do Mundo.
A casa de câmbio Travelex já não tem mais reais para vender nas agências dos aeroportos de Heathrow, em Londres, e de Manchester, depois de registrar um aumento de 1.000% na demanda.
"Sendo um dos poucos fornecedores de moeda estrangeira com estoque de real, observamos níveis inéditos de demanda. Como resultado, há uma escassez temporária em nossas lojas dos aeroportos de Heathrow e Manchester", disse Elvin Eldic, chefe de vendas para a Grã-Bretanha na Travelex.
"Estamos trabalhando muito para redistribuir os estoques em nossa rede e esperamos uma grande entrega de reais brasileiros nos próximos dias, a tempo para os torcedores viajarem para o Brasil para o jogo da Inglaterra contra a Itália", acrescentou.
Os Correios, que também vendem moedas estrangeiras em 11,5 mil agências em toda a Grã-Bretanha, informaram que até o final de semana não terão mais reais para vender.
"Os Correios estão tendo uma demanda sem precedentes pelo real nesta semana, com um aumento de 400% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado", disse Andrew Brown, do departamento de moedas estrangeiras da empresa.
"Isso resultou em uma falta temporária da moeda em nossas agências. Os estoques serão repostos até o final de semana para os torcedores que viajam para o Brasil para o primeiro jogo da Inglaterra (em 14 de junho)."
"Recomendamos que qualquer pessoa que viaje ao Brasil encomende moeda com antecedência em nossas 11,5 mil agências ou online", afirmou, recomendando também aos turistas que tragam dólares americanos, com o (duvidoso) aviso de que "eles são aceitos em todo o país".

Problemas em Recife

Bryan Alexander, que é de Birmingham, vem ao Brasil na próxima quinta-feira.
"Minha hospedagem em Recife tem que ser paga em reais, mas minha agência local dos Correios me disse que não há reais no estoque", disse.
"Os Correios estavam anunciando no website uma taxa especial para (compra de) reais, então esperei para comprar. Mas agora, quando procurei online, a opção para compra de reais não está lá. Agora estou preocupado, vou chegar no Brasil à noite, sem levar a moeda local", acrescentou.
"Isso parece incompetência de administração. Não há uma falta global de reais brasileiros, então por que não temos o bastante?", questionou Keith Pilbeam, professor de economia e finanças intenacionais na City University de Londres.
"Cabe às casas de câmbio estimar a demanda por uma moeda em particular e estocar de acordo", acrescentou.






domingo, 1 de junho de 2014

As mulheres, um bispo, a justiça social e a CNBB expulsam Joaquim Barbosa

texto de 30 05Querida aluna Lohayne

Escrevo-te pela segunda vez porque refletirei contigo a partir e em torno da mesma lamentável personagem sobre a qual te escrevi na primeira, Joaquim Barbosa.

Ontem o Brasil conheceu a feliz decisão deste senhor, a de deixar a Presidência e o Supremo Tribunal Federal, lugares que ocupou por engano e falta de competência da assessoria do ex Presidente Lula, induzindo-o ao erro ao nomeá-lo para ser sabatinado pelo Senado Federal.

Não é fácil, mas também não é impossível remover um tirano que se ocupa de um poder legítimo para exercer o autoritarismo truculento.

Desde as primeiras manifestações JB demonstrou má e equivocada formação humanística para exercer a justiça. Portou-se como o autêntico “profissional”, que age cega e irracionalmente no cumprimento de regras e de imposições de quem nele manda, como verdadeiro joguete de forças fora do Supremo Tribunal Federal.

Joaquim Barbosa agiu com frieza e inapropriadamente na lida com a justiça. Sem suficiente formação jurídica, como criticam os que entendem de direito, débil de conhecimento social e político, seus atos foram frutos de um coração amargo, carregado de ódio e de vingança, de uma razão superficialmente alimentada, de um rosto amarrado e de gestos duros, demonstrou não compreender que antes de julgar deveria amar as pessoas e a justiça, já que esta nasce do amor ao próximo e à verdade.

Joaquim Barbosa - ferindo fundamente as bases da justiça - usou o posto de ministro – do grego diácono, aquele que serve as mesas dos necessitados e injustiçados – e de presidente (neste caso com “p” minúsculo”) para julgar sem provas e até para escondê-las, com o objetivo de negar direitos básicos a quem contemplou com seu ódio e com o cumprimento das ordens de quem nele mandou, fora do tribunal, como se denunciou amplamente, sem necessidade agora de escrever sobre isso.

O ainda indevidamente presidente do STF, no desempenho desbragado do autoritarismo, fez espetáculo de seu cargo, agindo como ator desqualificado e incompetente. O canal de TV da Justiça, um órgão estatal, portanto, do povo brasileiro, foi usado por aquele algoz como meio para aparecer e projetar-se destilando o ódio que caiu em rede nacional e mundial, dando material para os jornalões, para as revistas conservadoras e das páginas e telas sangrentas alimentar atitudes, discursos e desrespeito promovidos por setores absolutamente atrasados e perversos, ainda influentes na sociedade brasileira.

Porém, aqui na minha insignificância de lutador de planície, querida Lohayne, eu sentia e pensava que nada é eterno, até mesmo a destruição do ódio gerado por uma pessoa que errou o caminho e tomou o bonde do diabo. Esse equívoco traiçoeiro de sua história deixei claro na minha carta e reflexões, que explodiu nacional e internacionalmente, repercutida por grandes blogs e sites, juntando-me a tantos que denunciavam pela internet a barbárie no STF, alimentado fartamente pelos holofotes da mídia dos poderosos, os mesmos que faturam milhões de reais do poder público, malversando o dinheiro do povo.

O ódio nunca aparece numa pessoa num repente quando ocupa um cargo de expressão. O ódio aparece mais quando a pessoa que odeia se expõe mais, porém deixa rastros nos passos rancorosos dados anteriormente. Em todos os atos provocados pelo ódio há uma linha invisível que os liga e os acumula, formando um padrão de leitura e de percepção, rico para a análise psicanalítica e psiquiátrica.

Joaquim Barbosa sempre agiu com ódio. Não foi rancoroso e vingativo somente quando escondeu provas que lançariam luzes sobre o alarmado e propagandeado “mensalão do PT”. Não foi somente rancoroso quando negou o direito consagrado de réus a quem odeia de ser julgados em instâncias anteriores ao STF, como possibilidade de revisão de penas e do debate democrático sobre pessoas tão importantes e históricas no Brasil. Foi odioso ao desrespeitar e afrontar colegas seus no tribunal somente porque “ousaram” discordar dele, como aconteceu com o Ministro Luis Roberto Barroso. Como um déspota confundiu a emanação da justiça, que só se aproxima da verdade quando construída coletivamente, substituindo a democracia pensando-se como único capaz de julgar absoluto acima de seus pares, principalmente dos que se orientam por inspirações diferentes das suas.

Na senda do ódio Joaquim Barbosa perdeu a sensibilidade sobre o lastro social de suas próprias raízes, esquecendo-se da história de preconceitos de seus irmãos negros, tão barbaramente massacrados pelos preconceitos em nosso País, que eles constroem a duras penas desde a primeira hora do Brasil. Paulo Moreira Leite conta em sua coluna uma coisa estarrecedora sobre esse descompromisso de Joaquim. Pessoas a quem odeia e persegue lutaram por sua indicação ao STF movidas pela grandiosa razão que ele se esquece, a negritude. Esquece-se da barbárie que nega a grandiosa humanidade dos negros ao ponto de mantê-los amordaçados e marginalizados em relação ao poder. Conta Paulo Moreira Leite: “O diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato (condenado a 12 anos na AP 470) foi procurado para dar apoio, pedindo a Gilberto Carvalho que falasse de seu nome junto a Lula. José Dirceu (condenado a 10 anos e dez meses, reduzidos para sete contra a vontade de Joaquim), também recebeu pedido de apoio. Dezenas – um deputado petista diz que eram centenas – de cartas de movimentos contra o racismo foram enviadas ao gabinete de Lula, em defesa de Joaquim. Assim seu nome atropelou outro juristas negros – inclusive um membro do Tribunal Superior do Trabalho, Carlos Alberto Reis de Paula – que tinha apoio de Nelson Jobim para ficar com a vaga.” As pessoas a quem Barbosa odeia enxergaram a alma do nosso povo, por isso apostaram que o juiz negro ocuparia de maneira digna o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal.

No plenário do Senado Federal duas mulheres se rebelaram contra os maus tratos impetrados por Joaquim Barbosa contra uma mulher, sua ex-esposa. Se duas ex-militantes do PT cumprissem a ameaça de subir às tribunas, Heloísa Helena na do Senado e Luciana Genro na da Câmara Federal para denunciá-lo de violência contra a mulher, a aspiração de Joaquim se sepultaria para sempre. Porém, um dos homens atingidos por seu ódio socorreu o futuro ministro do STF sob a argumentação de que o que estava em jogo eram as injustiças dos preconceitos contra os negros. Continua no mesmo artigo nosso grande jornalista PML, que me emociona ao referir-se ao trabalho visionário em favor da justiça social do impoluto então Deputado José Genuíno: “Argumentou que a indicação representava um avanço importante na vitória contra o preconceito racial e convenceu as duas parlamentares. (Dez anos depois desse gesto, favorável a um cidadão que sequer conhecia, Joaquim formou sucessivas juntas médicas para examinar o cardiopata Genoíno. Uma delas autorizou a suspensão da prisão domiciliar obtida na Justiça).”

Por todas as razões que o levaram aos umbrais da suprema justiça Joaquim Barbosa também caiu: por ser injusto com a verdade, com a justiça e ingrato com quem acreditou e investiu nele; com quem apostou na luta contra as injustiças aos negros, às mulheres e aos pobres.

Joaquim Barbosa começou a resvalar para a vala lamacenta dos traidores desde que pisou nos caminhos da justiça até chegar à Presidência da Suprema Corte. Mas caiu definitivamente quando este insignificante lutador o enfrentou daqui da trincheira deste blog. Quando te escrevi pela primeira vez o post intitulado “Joaquim Barbosa é uma chaga social violenta e malcheirosa“, e que ficou neste blog por dias sem a menor repercussão, a minha amiga Lili Abreu o postou no seu blog “A Justiceira de Esquerda”, para depois repercutir nos grandes sites, os mais sérios e competentes, o chão de Joaquim Barbosa rachou definitivamente. Logo a seguir alguns de seus amigos da Veja e da Folha de São Paulo me responderam e, sem querer, ajudaram a incendiar sua floresta infestada de injustiças. O próprio Joaquim Barbosa acessou este blog por várias vezes, como percebi no verso onde se situa a estatística.

Depois Miruna protestou contra as arbitrariedades de Joaquim Barbosa ao desrespeitar os direitos de seu pai Genoíno à prisão domiciliar por causa de sua grave cardiopatia. Sua voz feminina ecoou de certa forma a violência sofrida pela ex-esposa de Barbosa. As mulheres ajudaram a afastar do campo da justiça quem pratica a injustiça.

Por fim, somente agora, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – através de nota denunciou o espírito vingativo de Joaquim Barbosa alegando que isso gera vinganças e violências na sociedade. Os bispos levantamos a voz profética que denuncia a injustiça e propõe justiça social, a legítima vertente de todos os atos justos. Enfim, são reforços para a marcha promovida pelo MST e pelos movimentos sociais, neste dia 29 de maio, à frente da STF para exigir de Joaquim Barbosa o cumprimento da lei e o respeito aos direitos humanos.

Felizmente, Lohayne, os injustos não são eternos e suas injustiças não perduram. No que fazia, Joaquim Barbosa ameaçava a democracia e excitava o fascismo golpista. Que bom para o Brasil e para o povo que se vá!

Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, também nessa situação.