sábado, 30 de novembro de 2013

Ministro das Telecomunicações abre o segundo dia do Fala Nordeste

O fortalecimento da radiodifusão e seu conteúdo em multiplataformas é o tema central da oitava edição do Fala Nordeste. Trata-se do Congresso de Radiodifusão do Nordeste que teve início nesta quinta e seguiu até ontem, 30 de Novembro, na Fábrica de Negócios, em Fortaleza (CE).

Estava  na programação do evento, assuntos como: "Novas Tecnologias para o Rádio: Internet, Redes Sociais e Convergência"; "Conectimídia"; "Multiplataformas para Rádio: Mídias Sociais e a Internet"; "Rádio Talk Popular: O Que Muda com a Passagem do AM para o FM"; entre outros.

O Fala Nordeste traz para a radiodifusão aquilo que é preciso para o seu dia a dia profissional, seja para o empresário, ou, para o profissional. Foi o que disse o presidente da ACERT e diretor de programação do Sistema Verdes Mares, Edilmar Norões. Ele ainda afirmou "estamos tranquilos e conscientes de que todos os palestrantes deixam o nosso congresso na condição de que estamos levando o melhor para os nossos afiliados".

Já, o Presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Daniel Pimentel Slaviero, que participou da abertura do Congresso na última quinta-feira, 29, disse, por sua vez, se tratar de um momento histórico para o setor, pois as emissoras poderão continuar prestando um serviço com qualidade.

Levando para a questão do diálogo, o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo Silva, disse que "essa talvez seja a principal fonte de entretenimento e informação da população brasileira, então um evento como esse é uma oportunidade que não poderíamos deixar de aproveitar para conversar". Paulo Bernardo também abriu a programação geral de palestras, falando sobre "Liberdade de Expressão e Modernização dos Serviços de Comunicação no Brasil".

Na ocasião, a vice-presidente da ACERT e coordenadora-geral do evento, Carmen Lúcia Dummar, pediu que considere e reavalie os valores da outorga e do aumento de potência, que seja colocado um maior peso no potencial econômico da Região Nordeste, e, não, na população. "Nós do 8º Fala Nordeste esperamos estar servindo à radiodifusão, além de podermos usufruir de um excelente conteúdo", finalizou Carmen Lúcia.

Àtila Varela, especial para O POVO Online







Lula ajudou a mudar o equilíbrio do mundo, avalia historiador Eric Hobsbawm

Fernanda Calgaro
Especial para o UOL Notícias
Em Londres

Hobsbawm se encontrou com Lula em Londres
Hobsbawm se encontrou com Lula em Londres
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas", opinou o historiador britânico Eric Hobsbawm, 94 anos. Ícone da historiografia marxista, ele se reuniu nesta quarta-feira (13) com Lula na residência do embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe. O convite foi feito pela equipe de Lula.
Autor do clássico "Era dos Extremos", Hobsbawm é considerado um dos maiores intelectuais vivos. Na saída da embaixada, ele deu uma rápida entrevista quando já estava sentado no banco de trás do carro, ao lado da mulher. Falando com dificuldade, o historiador teceu elogios ao governo Lula e disse que espera revê-lo mais vezes. O encontro durou cerca de uma hora e meia.
"Lula fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul." Em relação ao seu papel após o fim do seu mandato, Hobsbawm afirmou que, "claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente".
 "Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para [tocar] projetos de desenvolvimento na África, [especialmente] entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente", disse.
Sobre o encontro, disse que foi uma "experiência maravilhosa", especialmente porque conhece Lula há bastante tempo. "Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo."
A respeito da presidente Dilma Rousseff, Hobsbawm afirmou que só a conhece pelo que lê nos jornais e pelo que lhe contam, mas ressalta a importância de o país ter a primeira mulher presidente.

"É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher.  Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais", falou.





quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Furto de 5 galinhas e 2 sacos de ração vai parar no STF

02 de fevereiro de 2011
Caso de 2002 se arrastou por oito anos até ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país
Galinhas e a ração, avaliados em R$ 280, foram devolvidas antes que o processo entrasse na fila do Judiciário
FREDERICO VASCONCELOS 
FOLHA DE SÃO PAULO

No dia 30 de setembro de 2002, um caseiro gaúcho conhecido como "Garnisé" aproveitou a pouca vigilância do patrão e furtou da propriedade, em Porto Alegre, cinco galinhas e dois sacos de ração. Embora tenha devolvido as aves e a ração furtadas, nos oito anos seguintes o fato mobilizou o moroso Judiciário brasileiro.
"Garnisé", então com 26 anos, foi denunciado em 2006 sob a acusação de "subtrair coisa alheia móvel" (artigo 155 do Código Penal). O crime é passível de pena de um a quatro anos de prisão e multa. A ação penal contra ele somente veio a ser trancada em novembro último pelo Supremo Tribunal Federal.
Contrariando parecer do Procurador-geral da República, a 2ª Turma do STF acompanhou, por unanimidade, o voto do ministro Ayres Britto do STF, que reconheceu a "inexpressividade econômica e social" do furto. E mais: ressaltou que a coisa furtada já havia sido devolvida.
Ayres Britto entendeu que não era o caso de "se mobilizar a máquina custosa, delicada e ao mesmo tempo complexa" do Judiciário, para, afinal, "não ter o que substancialmente proteger ou tutelar", pois as penosas e a ração haviam sido restituídas.

PONTOS POLÊMICOS
Dois pontos polêmicos provocaram a longa tramitação. Inicialmente, uma juíza gaúcha recebeu a denúncia. Depois, outra magistrada, após interrogar "Garnisé", rejeitou a denúncia, com base no princípio da insignificância (ou seja, seria um crime de bagatela, fato que não constitui infração penal).
O Ministério Público apelou, pois entendeu que a juíza não poderia ter antecipado a absolvição. O Tribunal de Justiça gaúcho anulou a decisão da juíza.
A Defensoria impetrou habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça. No entanto, a 5ª Turma considerou que a conduta de "Garnisé" não poderia ser considerada irrelevante para o direito penal.
Os dois sacos de ração e as cinco galinhas foram avaliados em R$ 286. O STJ decidiu que, no caso de furto, "não se pode confundir bem de pequeno valor com o de valor insignificante".
Ou seja, o furto cometido por "Garnisé" não poderia ser considerado bagatela.
Essa controvérsia foi dirimida pelo ministro Ayres Britto. Ele viu na conduta do caseiro "muito mais a extrema carência material do paciente do que indícios de um estilo de vida em franca aproximação da delituosidade".






sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Globo indica que culpará Barbosa caso mensalão seja desmontado

Rede Globo dá sinais de que, se o mensalão ruir, o ministro Joaquim Barbosa é quem vai pagar a conta

joaquim barbosa mensalão globo

Barbosa pode ver aliados virarem as costas, enquanto o processo do mensalão vai sendo desmoralizado (STF)
Conquistada a condenação dos réus da Ação Penal 470, o chamado mensalão, a Globo agora quer transferir o ônus do golpismo para o STF, mais especificamente para Joaquim Barbosa. Não parece ser por virtude, mas por esperteza, que William Bonner passou um minuto no Jornal Nacional de  quarta-feira (20) lendo a notícia: “Divulgada nota de repúdio contra decisão de Joaquim Barbosa“.
O manifesto é assinado por juristas, advogados, lideranças políticas e sociais repudiando ilegalidades nas prisões dos réus do mensalão efetuadas durante o feriado da Proclamação da República, com o ministro Joaquim Barbosa emitindo carta de sentença só 48 horas depois das ordens de prisão.
O locutor completou: “O manifesto ainda levanta dúvidas sobre o preparo ou boa-fé do ministro Joaquim Barbosa, e diz que o Supremo precisa reagir para não se tornar refém de seu presidente”.
A TV Globo nunca divulgou antes outros manifestos em apoio aos réus, muito menos criticando Joaquim Barbosa, tampouco deu atenção a reclamações de abusos e erros grotescos cometidos no julgamento. Pelo contrário, endossou e encorajou verdadeiros linchamentos. Por que, então, divulgar esse manifesto, agora?
É o jogo político, que a Globo, bem ou mal, sabe jogar, e Joaquim Barbosa, calouro na política, não. E quem ainda não entendeu que esse julgamento foi político do começo ao fim precisa voltar ao be-a-bá da política. O PT tinha um acerto de contas a fazer com a questão do caixa dois, mas parava por aí no que diz respeito aos petistas, pois tiveram suas vidas devassadas por adversários, que nada encontraram. O resto foi um golpe político, que falhou eleitoralmente, e transformou-se numa das maiores lambanças jurídicas já produzidas numa corte que deveria ser suprema.
A Globo precisava das cabeças de Dirceu e Genoino porque, se fossem absolvidos, sofreria a mesma derrota e o mesmo desgaste que sofreu para Leonel Brizola em 1982 no caso Proconsult, e o STF estaria endossando para a sociedade a tese da conspiração golpista perpetrada pela mídia oposicionista ao atual governo federal.
A emissora sabe dos bastidores, conhece a inocência de muitos condenados, sabe da inexistência de crimes atribuídos injustamente, e sabe que haverá uma reviravolta aos poucos, inclusive com apoios internacionais. A Globo sabe o que é uma novela e conhece os próximos capítulos desta que ela também é protagonista.
Hoje, em tempos de internet, as verdades desconhecidas do grande público não estão apenas nas gavetas da Rede Globo, como acontecia na ditadura, para serem publicadas somente quando os interesses empresariais de seus donos não fossem afetados. As verdades sobre o mensalão já estão escancaradas e estão sendo disseminadas nas redes sociais. A Globo, o STF e Joaquim Barbosa têm um encontro marcado com essas verdades. E a emissora já sinaliza que, se ela noticiou coisas “erradas”, a culpa será atribuída aos “erros” de Joaquim Barbosa e do então procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Joaquim Barbosa, homem culto, deve conhecer a história de Mefistófeles de Goethe, a parábola do homem que entregou a alma ao demônio por ambições pessoais imediatas. Uma metáfora parecida parece haver na sua relação com a TV Globo. Mas a emissora parece que está cobrando a entrega antes do imaginado.
Helena Stephanowitz, RBA

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Diamante laranja é arrematado por preço recorde de US$ 31,5 mi

Diamante laranja de 14,82 quilates é visto em 31 de outubro de 2013, em Genebra
Um diamante laranja de 14,82 quilates, o maior de sua categoria, foi arrematado nesta terça-feira pelo preço recorde de US$ 31,5 milhões em um leilão da Casa Christie's, em Genebra.
Um diamante laranja de 14,82 quilates, o maior de sua categoria, foi arrematado nesta terça-feira pelo preço recorde de US$ 31,5 milhões em um leilão da Casa Christie's, em Genebra.
"No fundo da sala, 29 milhões de francos (US$ 31,5 milhões). Vendido!" - declarou o leiloeiro diante de mais de 200 pessoas no hotel de Genebra, onde a venda foi realizada.
"É um recorde mundial para um diamante laranja, é um recorde mundial do preço de venda por quilate para um diamante de cor", explicou o leiloeiro.
"É um preço fenomenal, um preço magnífico", acrescentou, explicando que algumas pessoas compram diamantes como um investimento, enquanto outros são apaixonados pelas pedras, "como alguém que compra um Picasso, ou um Van Gogh".
O comprador saiu da sala de leilões imediatamente após arrematar a pedra, em meio aos aplausos do público. A Christie's não deu informações sobre o novo proprietário do diamante, que é um grande colecionador.
Com 14,82 quilates, "The Orange" é classificado de "vívido", ou seja, tem uma cor particularmente intensa que capta a luz por todos os lados.
Do tamanho de uma grande amêndoa e de um brilho formidável, seu valor inicial foi estimado entre US$ 17 milhões e US$ 20 milhões.
Essa pedra excepcional foi descoberta na África do Sul e apresentada a colecionadores de todo o mundo.
"Os diamantes de cor são muito menos frequentes que os diamantes brancos, sobretudo, quando se trata de diamantes azuis, rosas, ou laranjas", explicou David Warren, responsável pela divisão de joias da Christie's.
"Quanto mais intensa é a cor, mais escassos são esses diamantes" e, quando alcançam pesos como o da peça apresentada nesta terça, "a escassez é ainda maior", acrescentou.
Warren explicou que, segundo o Instituto Gemológico americano, apenas há poucos diamantes no mundo classificados como "vívidos", e têm um peso inferior a quatro quilates.
Os diamantes de cor são um acidente da natureza, contou Warren. Originalmente, todos são "diamantes brancos, até que um agente corante penetre na terra e mude sua cor".
A moda atual é dos diamantes de cor.
Na quarta-feira à noite, a concorrente Sotheby's vai leiloar, também em Genebra, um diamante rosa excepcional de cerca de 60 quilates, por um preço estimado em US$ 60 milhões.
Esse é o maior diamante rosa já leiloado. Se alcançar o valor estimado, será o leilão de valor mais alto já atingido por um diamante ou uma joia.
Também nesta terça, a Christie's leiloou um colar de pérolas naturais de sete voltas, vendido por uma "família Real", a US$ 7,9 milhões.
Os compradores ainda puderam escolher um colar de esmeraldas da Colômbia, as mais belas segundo os especialistas, assinado por Cartier e proveniente da coleção Patiño, nome do rei do estanho, o boliviano Simón Patiño. A joia foi vendida por US$ 8,7 milhões.
Patiño havia comprado o colar de presente para sua mulher, em 1938. Desde então, permaneceu em sua família.







Paciente que venceu câncer diz que cura é melhor que ganhar Mega-Sena

RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A corretora de imóveis Paula Szyfer, 55, fez três tratamentos para sarna e outros tantos para alergia, até que, 11 meses depois dos primeiros sintomas, teve o diagnóstico de linfoma de Hodgkin, câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático. Sem família para dar apoio, procurou a Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), onde recebeu atendimento psicológico e jurídico gratuito. "O que a gente mais quer na vida é ter informação -foi isso o que recebi lá. A Abrale é minha família", diz ela, que hoje está curada.
Além de oferecer assistência a pacientes com doenças graves no sangue, a Abrale, liderada pela finalista do Prêmio Empreendedor Social 2013 Merula Steagall, produz e dissemina conhecimentos na área onco-hematológica, com impacto em políticas públicas.
Na Lata
Paula Szyfer, 55, é beneficiária da Abrale
Paula Szyfer, 55, é beneficiária da Abrale
Leia seu depoimento:
"Comecei a ter pneumonias sem causa e uma alergia insuportável em outubro de 2006. Foram quatro internações seguidas. Eu coçava, e a pele sangrava. Ninguém conseguia descobrir o que era. Fiz três tratamentos para sarna, mas as feridas no corpo só aumentavam. 
Onze meses se passaram, com dores nos ossos e musculares, febre e tosse. Até que, em agosto de 2007, fui para o hospital novamente. Pedi para dormir -havia dois meses que eu não sabia o que era isso. Eu não aguentava mais. 

O médico me examinou e pediu internação. Depois de ressonâncias, tomografia e biópsia, recebi a notícia de que tinha linfoma de Hodgkin, estágio 4, o mais grave de todos. Em resumo: estava com câncer do pescoço para baixo. 

O tratamento era muita quimio e radioterapia, além de transplante de medula. 'E se eu não fizer nada?', perguntei para o médico. 'Talvez você viva três ou quatro meses', ele respondeu.
 Como não tenho família que pudesse me dar apoio, perguntei se existia alguma associação e me indicaram a Abrale. Fui pessoalmente. Comecei sessões de terapia e recebi carinho. 

Foi a Abrale que entrou na Justiça contra a seguradora e liberou meu primeiro PET Scan [tomografia que permite diagnósticos mais precisos]. Também foi lá que consegui tratamento odontológico gratuito, depois de perder 12 dentes por causa da quimioterapia e dos corticoides. 

Em dezembro de 2007, peguei os exames e liguei para o médico. Ele disse: 'Você está melhor'. Quatro meses depois, finalmente, terminaram as quimioterapias. Recebi alta em agosto deste ano. Não sei se ganhar na Mega-Sena provoca a mesma sensação de felicidade. 

Quem está na associação ajuda os outros pacientes por amor. O que a gente mais quer na vida é ter informação -foi isso o que recebi lá. A Abrale é hoje minha família."





segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O DÍZIMO

Manoel e Maria estão num vôo para a Austrália para comemorar o quarto aniversário de casamento.
De repente, o comandante anuncia pelos alto-falantes:
- Senhoras e senhores, tenho más notícias... problemas graves nos motores, vamos tentar um pouso de emergência... há uma ilha não catalogada nos mapas... vamos aterrissar na praia.
Ele aterrissou com êxito, mas avisou aos passageiros:
- Isto aqui parece o fim do mundo - é improvável a possibilidade de resgate... talvez tenhamos que viver nessa ilha pelo resto de nossas vidas!
Nessa hora, Manoel pergunta para a mulher:
- Maria, você pagou o dízimo da IGREJA UNIVERSAL este mês?
- Ai, me perdoa Manoel. Com essa história de viagem, esqueci completamente!
Manoel, eufórico, agarra a mulher e tasca-lhe um beijão, o melhor de todo o casamento.
A Maria não entende e pergunta:
- Manoel por que você me beijou desse jeito?
E ele responde eufórico:
-ELES VÃO NOS ACHAR!

'O Céu é o destino, Jesus Cristo é o caminho e eu sou o dono do pedágio!
 Edir Macedo

domingo, 10 de novembro de 2013

Censo cósmico encontra bilhões de planetas que podem ser habitáveis como a Terra

Mountain View, Califórnia – Em algum lugar no universo, deve existir um planeta onde os vulcões fazem jorrar chocolate.
Na última segunda-feira, com base em uma nova análise de dados da sonda Kepler da NASA, astrônomos informaram que o número de planetas habitáveis do tamanho da Terra pode chegar a 40 bilhões apenas nesta galáxia.
Uma em cada cinco estrelas da galáxia que são parecidas com o Sol tem um planeta do tamanho da Terra orbitando em torno de si na zona Goldilocks – nem muito quente, nem muito fria – onde as temperaturas da superfície devem ser compatíveis com a água em estado líquido. É o que indica um cálculo hercúleo de três anos baseado em dados da sonda Kepler e realizado por Erik Petigura, estudante de pós-graduação da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
A análise de Petigura representa um grande passo em direção ao objetivo principal da missão Kepler, que foi medir qual fração de estrelas parecidas com o Sol têm planetas do tamanho da Terra na galáxia. Às vezes chamado de "eta-Terra", se trata de um fator importante para a chamada equação de Drake, usada para estimar o número de civilizações inteligentes no universo. O artigo de Petigura, publicado na segunda-feira na revista Atas da Academia Nacional de Ciências, acrescenta mais uma nuance interessante em um cosmos que tem se mostrado cada vez mais amigável e fecundo ao longo dos últimos 20 anos.
"Parece que o universo produz inúmeros ambientes que de alguma forma se assemelham à Terra no sentido de que são propícios para a vida", disse Petigura.
Ao longo das duas últimas décadas, os astrônomos registraram mais de mil planetas em torno de outras estrelas, denominados exoplanetas, e a sonda Kepler, em seus quatro anos de vida, antes de sofrer um problema mecânico em maio passado, compilou uma lista de cerca de 3500 outros candidatos. Os próximos resultados podem suscitar planos para encontrar um planeta gêmeo da Terra nos próximos anos e décadas – uma Terra 2.0, como diz o jargão – perto o suficiente daqui para ser estudado.
O mais próximo desses planetas pode estar a apenas 12 anos-luz de distância. "Essa estrela poderia estar visível a olho nu", disse Petigura.
Suas conclusões se baseiam em um relatório divulgado no início deste ano por David Charbonneau e Courtney Dressing, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, que descobriram que cerca de 15 por cento das estrelas menores e mais numerosos conhecidas como anãs vermelhas têm planetas parecidos com a Terra em suas zonas habitáveis. Usando pressupostos um pouco menos conservadores, Ravi Kopparapu, da Universidade Estadual da Pensilvânia, descobriu que metade de todas as anãs vermelhas possuem tais planetas. Os astrônomos estimam que existam pelo menos 200 bilhões de estrelas de todos os tipos na Via Láctea, o que leva a imaginar – quem sabe – que talvez haja alguns micróbios ou criaturas mais complicadas pela galáxia afora.
Geoffrey Marcy, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que orientou a pesquisa de Petigura e foi coautor do estudo, juntamente com Andrew Howard, da Universidade do Havaí, disse: "Este é o trabalho mais importante no qual eu já estive envolvido. Isso diz tudo. Existem outras Terras habitáveis por aí?"
"Estou com um friozinho na barriga", contou ele.
Em uma coletiva de imprensa realizada na sexta-feira para discutir os resultados, os astrônomos elogiaram profusamente a missão Kepler e sua equipe. Natalie Batalha, um dos principais nomes da missão Kepler, do Centro de Pesquisa Ames, da NASA, descreveu o projeto e seus membros como "o que a humanidade tem de melhor."
De acordo com o novo cálculo de Petigura, a fração de estrelas com planetas semelhantes à Terra é de 22 por cento, com uma margem de erro de 8 por cento, dependendo do modo como definimos a zona habitável.
Existem várias ressalvas. Embora esses planetas sejam do tamanho da Terra, ninguém sabe quais as suas massas e, portanto, se eles são rochosos como a Terra, se são bolas de gelo ou gás, e muito menos se é – ou será – possível habitá-los.
No entanto, temos motivos para acreditar, a partir de observações recentes de outros mundos, pelo menos alguns planetas do tamanho da Terra, se não todos eles, são de fato rochosos. Na semana passada, dois grupos de astrônomos anunciaram que um planeta do tamanho da Terra, chamado Kepler 78b, que leva 8,5 horas para completar a órbita em torno do seu sol, tem densidade equivalente a da Terra, embora seja quente demais para ser habitado por formas de vida.
"A natureza", como Petigura colocou, "sabe como produzir planetas rochosos do tamanho da Terra."
Além disso, o número é mais incerto do que poderia ser porque o sistema de apontamento da sonda Kepler falhou antes de completar seu levantamento principal. Como resultado, Petigura e seus colegas tiveram que extrapolar os planetas ligeiramente maiores do que a Terra, com translações um pouco mais breves e estreitas. Para os propósitos de sua análise, o "tamanho da Terra" considerado poderia ser qualquer um entre uma a duas vezes o diâmetro da Terra, e uma translação semelhante à da Terra ficaria entre 400 e 200 dias.
"Nós ainda não temos candidatos a planetas que sejam análogos exatos da Terra em termos de tamanho, órbita ou tipo de estrela", disse Batalha.
Já Charbonneau levantou "a questão assustadora que assombra a todos nós, caçadores de exoplanetas: será que a missão Kepler obteve dados suficientes?"
Embora a própria sonda Kepler tenha sido posta de lado enquanto astrônomos elaboram um novo programa que possa oferecer um sistema de apontamento menos flexível, ela proporcionou o envio de uma quantidade tão grande de dados que há resultados que valeriam a pena analisar ao longo de um ano inteiro, disse Batalha, além de investir no aperfeiçoamento dos dados já obtidos.
A sonda Kepler foi lançada em 2009 para realizar uma espécie de censo cósmico, monitorar o brilho de 150 mil estrelas distantes da Terra, nas constelações do Cisne e da Lira, procurando por pontos menos brilhantes que indicam a passagem de planetas na frente delas.
Petigura e seus colegas se restringiram a um subconjunto de 42 mil estrelas mais brilhantes e bem-comportadas. Eles descobriram 603 planetas, dentre os quais 10 tinham diâmetro que ficava entre uma Terra e duas Terras, e orbitavam em torno de uma zona definida por Petigura como habitável, onde receberiam entre um quarto e quatro vezes mais luz que a Terra recebe. No sistema solar, essa zona se estenderia do interior da órbita de Vênus até as áreas limítrofes da órbita de Marte.
Enquanto isso, utilizando-se de uma técnica inovadora emprestada de outros campos que trabalham com grandes bancos de dados, como a física de partículas, Petigura projetou um pipeline computacional para que pudesse inserir planetas falsos nos dados – 40 mil no total – e verificar com que eficiência o programa detectaria planetas de diferentes tamanhos e órbitas.
"Deu bastante trabalho", lembrou, explicando que teve que fazer testes com dezenas de bilhões de diferentes períodos para cada estrela a fim de encontrar planetas. "Felizmente, hoje em dia os computadores são baratos."
Sara Seager, astrônoma especializada em exoplanetas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que não esteve envolvida no estudo, disse que o teste com o pipeline computacional tinha tornado os resultados confiáveis. "Eu diria que os pequenos planetas estão em toda parte e são muito comuns – não importa de que maneira manipulamos os dados. No entanto, a sonda Kepler não está mais em atividade e nós não temos como conseguir mais dados. Então vamos ter que nos contentar com o que já temos como sendo a palavra final, por enquanto."
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Há muitas moradas na casa do meu pai


Por Ruy Lopes Freitas
Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. 

Vou preparar-vos o lugar. E quando eu for, e vos preparar o lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.


(João, capítulo 14, versículos 1 a 3.)

À parte uma multidão de religiosos que se contentam com as respostas milenares do saber teológico-metafísico, repugna à razão de qualquer um imaginar que as incontáveis galáxias, cada uma delas contendo bilhões de estrelas, serviriam apenas para a simples e ociosa contemplação dos habitantes de um minúsculo grão de poeira, orbitando em torno de uma insignificante estrela, que seria pouco mais do que um pirilampo, se comparada a outras (Vy Canis Majoris, por exemplo, é 2000 a 3000 vezes maior que o Sol). A Classificação Espectral de Harvard, partindo da mais quente para a mais fria, lista as classes O, B, A, F, G, K e M, cada uma subdividida em 10 subclasses, de 0 a 9. O Sol seria uma G2, ou seja, algo como um nível 43, num total de 70 níveis.
Quando Jesus se referiu às muitas moradas da casa de Deus, a que estaria aludindo? Grande parte dos teólogos cristãos faz incríveis pirotecnias e piruetas retóricas, para explicarem algo que praticamente não precisa de interpretação. Há efetivamente muitas outras moradas, além da Terra.
Provavelmente, o infinito pulula de vida. Há mundos nos mais variados níveis, orbitando em torno de inumeráveis estrelas, desde os gasosos, inóspitos ou incandescentes, até aqueles que abrigam vida, não neces- sariamente semelhante às formas que estamos habituados a ver. É óbvio que os conhecimentos científicos acumulados na Terra estão muito distantes de pro- piciarem a coleta de indícios físicos disso. Afinal de contas, o homem só se deslocou pouco mais de um segundo, se considerarmos a velocidade da luz. Quando falamos de distâncias interestelares, estamos falando de anos-luz. A Lua, único corpo celeste pisado pelo homem, além da Terra, está a cerca de 384.400 de quilômetros de nós, ao passo que a estrela mais próxima de nós (além do Sol), a Proxima Centauri, está a     40.104.949.521.180 km, ou 4,242 anos-luz.

AS MUITAS MORADAS DO ESPÍRITO NA ERRATICIDADE

Os espíritos que desencarnam não se tornam melhores nem mais evoluídos, ao se desligarem do corpo físico. Alguns, ainda extremamente apegados à vida material, nem conseguem afastar-se do meio físico em que viveram. Outros, entretanto, têm aumentada sua percepção. Os de nível mais elevado podem percorrer o espaço interestelar.
Espíritos sobrecarregados de culpas não expiadas vagueiam pelas sombras, em lugares lúgubres, de acordo com a multidão dos seus erros e remorsos, em companhia de outros irmãos desarvorados. Os líderes empedernidos, condutores e ma- nipuladores de multidões de irmãos que preferem viver no atraso en- contrarão arremedos das instituições equivocadas que dirigiram na Terra e ali comandarão hordas de espíritos obsessores e obsidiados. Os que vivem fechados na solidão do seu egoísmo, evitando fazer o mal, mas ainda despreparados para o bem, encontrarão lugares ermos e uma solidão que parecerá infinita. Aqueles que se esforçam sinceramente para corrigir os erros que cometeram encontram lugares agradáveis e a companhia de irmãos interessados em apoiar seus esforços bem intencionados. Tais lugares são na verdade psicosferas, moradas das almas sem localização geográfica.
Mesmo os espíritos mais com- prometidos com o atraso e a violência nunca estão abandonados pela bondade divina, uma vez que irmãos mais evoluídos estão sempre em busca daqueles que, cansados de sofrer e de praticar o mal, pedem sinceramente ajuda.





AS MUITAS MORADAS PARA A REENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

Os inumeráveis mundos habitados têm diferentes níveis de evolução. Para fins meramente didáticos, a codificação espírita os classifica em cinco níveis:
Mundos primitivos, destinados às pri- meiras encarnações de espíritos que a- penas despertam para a consciência da própria cons- ciência. Ali predo- mina a selvageria, e a vida é pouco mais que instintiva;
Mundos de expiação e provas, onde o mal sobrepuja o bem. A Terra se situa nesse grupo, o que faz com que vivamos envoltos por tantas misérias morais e pelo triunfo freqüente do mal;
Mundos de regeneração, onde as almas que ainda têm o que expiar recobram novas forças e repousam dos cansaços da luta. Mal e bem ali se equilibram;
 Mundos felizes, onde o bem supera o mal;
Mundos celestes ou divinos, habitados por espíritos purificados, onde o bem reina sem as sombras do mal.

DESTINAÇÃO DA TERRA. CAUSAS DAS MISÉRIAS HUMANAS

O estágio evolutivo do planeta Terra explica a predominância do mal e a frequência de mazelas, enfermidades, guerras e corrupção quase generalizada. Estudando nossa História, porém, vemos que no passado a maldade, a violência e a injustiça eram muito maiores e que a evolução intelectual é seguida (infelizmente de longe) pela evolução moral. Os hábitos e a legislação se abrandam, ao longo dos milênios de vida civilizada.

A origem da vida humana na Terra ainda não foi claramente identificada. Entre os 6 mil anos preconizados pela teologia judaico-cristã-muçulmana e os 4,4 milhões, até onde a arqueologia encontrou indícios da existência de hominídeos, ainda há um grande espaço de dúvidas.

Na aurora da humanidade, o homem levava uma vida meramente instintiva e ocupava todos seus dias na busca da sobrevivência. Convivia com a violência e a praticava contra seus irmãos, ainda sem uma idéia clara de bem e mal. A jornada evolutiva de cada um de nós está provavelmente permeada de violência e até de canibalismo. Mais tarde, no despertar das brumas da vida tribal para a aurora da vida civilizada, o homem passa a desenvolver hábitos mais condizentes com a vida em comunidade, ao passo que os códigos de leis vão gradualmente substituindo a força bruta como solução para os conflitos. Este seria provavelmente o momentum de transição do nosso planeta de mundo primitivo para mundo de provas e expiação.

A experiência individual de cada espírito, em suas jornadas reencarnatórias, varia ao infinito, de sorte que o processo civilizatório do planeta criou também ambientes em que incontáveis compromissos foram assumidos, a partir da multidão de erros e crimes que fomos cometendo, cada um de nós.

No entretempo, inteligências muitos superiores participaram desse processo, impulsionando o conhecimento e a tecnologia da humanidade. Os indícios remontam às cavernas, onde se encontram pinturas pré-históricas dignas de artistas do século XXI. Tornam-se mais fortes posteriormente, ora na construção de grandes monumentos, ora nas manifestações de filosofia extremamente superior à época em que surgiram. Ensina-nos a codificação espírita que foram obra de espíritos exilados de planetas que ascenderam a níveis mais elevados, por estarem detendo a marcha do progresso espiritual do planeta. Aqui vieram eles, não apenas reiniciar seu aprendizado, através dos duros meandros da dor, mas também auxiliar nosso processo civilizatório. São os grandes gênios da antiguidade, mas também os maiores tiranos. Isso talvez explique os aparentes mistérios de conhecimentos avançadíssimos de civilizações desaparecidas. Muitos deles evoluíram moralmente e se tornaram grandes mártires, que nos ensinaram as mais belas lições de fraternidade e fé no Criador. Muitos outros, tendo cumprido bem as duríssimas provas a que se submeteram, ganharam a oportunidade de reencarnar em planetas mais evoluídos, para se recobrarem. Outros talvez ainda se encontrem entre nós, alguns persistindo nos erros e entravando a rota evolutiva da civilização, outros propiciando-nos os maravilhosos avanços das ciências e das artes e da fraternidade.

Transcorridos milênios de história do- cumentada, aproxima-se o momento em que a Terra deverá passar, de mundo de expiação e provas, para outro estágio, de mundo de re- generação. Muitas religiões ociden- tais trazem esse conhecimento in- tuitivo. Isso deverá ocorrer ao lon- go do terceiro milênio. Os espíritos empedernidos que insistirem nos er- ros que retardam esse processo deverão ser exilados para outros mundos primitivos, para o duro reinício. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

“Preconceito contra Bolsa Família é fruto da imensa cultura do desprezo”, diz pesquisadora.

O Programa Bolsa Família fez 10 anos.
Hoje é considerado o maior projeto de transferência de renda do mundo e atende  a 13,8 milhões de famílias e o valor médio do benefício é de R$ 152. No conjunto, beneficia cerca de 50 milhões de brasileiros e é considerado barato por especialistas: custa menos de 0,5% do PIB.
Para avaliar os impactos desse programa a socióloga Walquiria Leão Rego e o filósofo italiano Alessandro Pinzani realizaram um exaustivo trabalho de pesquisa, que se estendeu de 2006 a 2011. Ouviram mais de 150 mulheres beneficiadas pelo programa, localizadas em lugares remotos e frequentemente esquecidos, como o Vale do Jequitinhonha, no interior de Minas.
O resultado da pesquisa está no livro Vozes do Bolsa Família, lançado há pouco. Segundo as conclusões de seus autores, o incômodo e as manifestações contrárias que o programa desperta em alguns setores não têm razões objetivas. Seria resultado do preconceito e de uma cultura de desprezo pelos mais pobres.
Os pesquisadores também rebatem a ideia de que o benefício acomoda as pessoas. “O ser humano é desejante. Eles querem mais da vida como qualquer pessoa”, diz Walquiria, que é professora de Teoria da Cidadania na Unicamp.
Na entrevista abaixo – concedida à repórter Isadora Peron – ela fala desta e de outras conclusões do trabalho.

Como surgiu a ideia da pesquisa?
Quando vimos a dimensão que o programa estava tomando, atendendo milhões de famílias, percebemos que teria impacto na sociedade. Nosso objetivo foi avaliar esse impacto. Uma vez que o programa determina que a titularidade do benefício cabe às mulheres, era preciso conhecê-las. Então resolvemos ouvir mulheres muito pobres, que continuam muito pobres, em regiões tradicionalmente desassistidas pelo Estado, como o Vale do Jequitinhonha, o interior do Maranhão, do Piauí…

E quais foram os impactos que perceberam?
Toda a sociologia do dinheiro mostra que sempre houve muita resistência, inclusive das associações de caridade, em dar dinheiro aos pobres. É mais ou menos aquele discurso: “Eles não sabem gastar, vão comprar bobagem.” Então é melhor que nós, os esclarecidos, façamos uma cesta básica, onde vamos colocar a quantidade certa de proteínas, de carboidratos… Essa resistência em dar dinheiro ao pobres acontecia porque as autoridades intuíam que o dinheiro proporcionaria uma experiência de maior liberdade pessoal. Nós pudemos constatar na prática, a partir das falas das mulheres. Uma ou duas delas até usaram a palavra liberdade. “Eu acho que o Bolsa Família me deu mais liberdade”, disseram. E isso é tão óbvio. Quando você dá uma cesta básica, ou um vale, como gostavam de fazer as instituições de caridade do século 19, você está determinando o que as pessoas vão comer. Não dá chance de pessoas experimentarem coisas. Nenhuma autonomia.
Está dizendo que essas pessoas ganharam liberdade?
Estamos tratando de pessoas muito pobres, muito destituídas, secularmente abandonadas pelo Estado. Quando falamos em mais autonomia, liberdade, independência, estamos nos referindo à situação anterior delas, que era de passar fome. O que significa dizer de uma pessoa que está na linha extrema de pobreza e que continua pobre ganhou mais liberdade? Significa que ganhou espaços maiores de liberdade ao receber o benefício em dinheiro. É muito forte dizer que ganhou independência financeira. Independência financeira temos nós – e olhe lá.
O que essa liberdade significou na prática, no cotidiano das pessoas?
Proporcionou a possibilidade de escolher. Essa gente não conhecia essa experiência. Escolher é um dos fundamentos de qualquer sociedade democrática. Que escolhas elas fazem? Elas descobriram, por exemplo, que podem substituir arroz por macarrão. No Nordeste, em 2006 e 2007, estava na moda o macarrão de pacote. Antes, havia macarrão vendido avulso. O empacotamento dava um outro caráter para o macarrão. Mais valor. Elas puderam experimentar outros sabores, descobriram a salsicha, o iogurte. E aprenderam a fazer cálculos. Uma delas me disse: “Ixe, no começo, gastei tudo na primeira semana”. Depois aprendeu que não podia gastar tudo de uma vez.
A que atribui a resistência de determinados setores da sociedade ao pagamento do benefício?
O Bolsa Família é um programa barato, mas como incomoda a classe média (ela ri). Esse incômodo vem do preconceito.
Fala-se que acomoda os pobres.
Como acomoda? O ser humano é desejante. Eles querem mais da vida, como qualquer pessoa. Quem diz isso falsifica a história. Não há acomodação alguma. Os maridos dessas mulheres normalmente estavam desempregados. Ao perguntar a um deles quando tinha sido a última vez que tinha trabalhado, ele respondeu: “Faz uns dois meses, eu colhi feijão”. Perguntei quanto ele ganhava colhendo feijão. Disse que dependia, que às vezes ganhava 20, 15, 10 reais. Fizemos as contas e vimos que ganhava menos num mês do que o Bolsa Família pagava. Por que ele tem que se sujeitar a isso, praticamente à semiescravidão? Esses estereótipos tem que ser desfeitos no Brasil, para que se tenha uma sociedade mais solidária, mais democrática. É preciso desfazer essa imensa cultura do desprezo.
No livro a senhora diz que essas mulheres veem o benefício como um favor do governo.
Sim, de 70% a 80% ainda veem o Bolsa Família como um favor. Encontramos poucas mulheres que achavam que é um direito. Isso se explica porque temos uma jovem democracia. A cultura dos direitos chegou muito tarde ao Brasil. Imagino que daqui para a frente a ideia de que elas têm direito vai ser mais reforçada. Para isso precisamos, porém, de políticas públicas específicas. Seriam um segundo, um terceiro passo… Os desafios a partir de agora são muito grandes.

Qual é a sua avaliação geral do programa?
Acho que o Bolsa Família foi uma das coisas mais importantes que aconteceram no Brasil nos últimos anos. Tornou visíveis cerca de 50 milhões de pessoas, tornou-os mais cidadãos. Essa talvez seja a maior conquista.
Entre as mulheres que ouviu, alguma foi mais marcante para a senhora?
Uma das mais marcantes foi uma jovem no sertão do Piauí. Ela me disse: “Essa foi a primeira vez que a minha pessoa foi enxergada”. Tinha uma outra, do Vale do Jequitinhonha, que morava num casebre, sozinha com três filhos. Quando começou a contar a história dela, perguntei qual era a sua idade, porque parecia que já tinha vivido muita coisa. Ela respondeu: “29 anos”. E eu: “Mas só 29?” Ela: “Mas, dona, a minha vida é comprida, muito comprida.” Percebi que falar que “a minha vida é muito comprida” é quase sinônimo de “é muito sofrida”.



sábado, 2 de novembro de 2013

Emoção marca fim de romaria de Juazeiro do Norte

 Milhares de romeiros visitaram, ontem, o túmulo onde estão os restos mortais do padre Cícero Romão Batista, no altar da Capela do Socorro, em Juazeiro do Norte, durante o último dia de peregrinação da Romaria de Finados, considerada a maior do ano.

Romeiros visitam o túmulo onde estão os restos mortais de Padre Cícero, na Capela do Socorro, no último dia de peregrinação Foto: Roberto Crispim

Durante toda a manhã, a movimentação de romeiros foi constante. Muitos se ajoelhavam em frente ao túmulo do "padim" Cícero para agradecer pelas graças alcançadas. Houve também aqueles que, demonstrando forte emoção, choravam copiosamente enquanto faziam novos pedidos e orações.

Para o pároco da Basílica, Joaquim Cláudio, a Romaria de Finados deixa a certeza de que os fiéis mantêm a fé nos ensinamentos da Igreja Católica e no legado de Padre Cícero. "Estas milhares de pessoas que dividiram conosco os momentos desta romaria confirmam a fé que depositam na Igreja e no Padre Cícero".

A agricultora Josefa de Lima, 68, derramou lágrimas no altar. "Pedi ao meu ´Padim´ que mantenha a saúde dos meus filhos e que minha filha caçula consiga um emprego", disse ela. Natural de Pernambuco, ela diz retornar à sua casa, em Belém do São Francisco, com o sentimento de dever cumprido.

As próximas romarias em Juazeiro acontecem em janeiro. A partir do dia 4, será celebrada a Romaria dos Santos Reis e, no dia 18, terá inicio a Romaria de São Sebastião.  



Mínimo multiplicador (Carta Capital)

Em uma década, o Bolsa Família retira 22 milhões de brasileiros da miséria e dinamiza a economia nos grotões
MINADOR DO NEGRÃO, no interior de Alagoas, está acostumada a conviver com o drama da seca. A recente estiagem secou os reservatórios de água, comeu o verde das pastagens e dizimou 20% do gado. À planície avermelhada, pontuada por mandacarus e palmas, é a mesma de 50 anos atrás, quando o município serviu de cenário para o longa-metragem Vidas Secas, inspirado no romance de Graciliano Ramos. Apesar da paisagem desoladora, o comércio local prospera como em nenhum outro momento de sua história. Muitos moradores atribuem o feito ao Bolsa Família, programa de transferência de renda do governo federal, “As pessoas aqui sobrevivem da agricultura. Se não chove, não tem nada. Agora, a mulher recebe o beneficio, faz umafeirinha nacidade e alimenta a economia”, afirma a prefeita, Maria do Socorro Ferro, do PSDB, indiferente ao DNApetista do programa. Os repasses federais contemplam 872 famílias na cidade, mais de dois terços da população.
“Não fosse essa renda, muita gente teria morrido de fome.”
  O programa atende atualmente 13,8 milhões de famílias brasileiras, o equivalente a um quarto da população. O valor médio do benefício é de 152 reais. Para 2013, o orçamento previsto chega a 24 bilhões de reais. O elevado investimento tem retorno. Cada real transferido pelo governo gera 2,4 reais no consumo final das famílias, segundo um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) no dia 15. O efeito multiplicador não para por aí. Cada real gasto pelo programa resulta 110 incremento de 1,78 real no PIB. “Ao garantir uma renda mínima aos mais pobres, há um aumento do consumo que faz a economia prosperar”, afirma economista Marcelo Neri, presidente do IPEA.
Passados dez anos do lançamento do programa, os ganhos sociais também são incontestáveis. Entre 2002 e 2012, a extrema pobreza retrocedeu 69,2%. Mais de 22 milhões de brasileiros abandonaram a miséria. “O Bolsa Família, isoladamente, foi responsável por 28% dessa queda. E também por 12% da redução da desigualdade social”, diz Neri.
Um a um, os mitos em torno do Bolsa Família foram derrubados, avalia a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. “Muitos diziam que as famílias pobres deixariam de trabalhar para vivera custa do governo. E mentira, 74% dos beneficiários adultos trabalham”, afirma a ministra. “A acusação mais cruel era a de que as mulheres teriam mais filhos para receber um benefício maior. Nos últimos dez anos, a taxa de natalidade caiu cerca de 20% em todo o Brasil. Entre as cadastradas no Bolsa Família, a queda foi bem maior: 30%, Com mais acesso à informação eà saúde, elas se preocupam mais com métodos contraceptivos, ter famílias menores. São pobres, não oportunistas.”

Em 2012, um estudo publicado pela revista científica Lancet, do Reino Unido, revelou os efeitos do programa na redução da mortalidade infantil. Ao comparar os municípios com menor ou maior cobertura do Bolsa Família, restou comprovado que os óbitos reduziram 17% a mais nesses últimos. Coordenado por Maurício Barreto, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, o trabalho avalia a evolução dos indicadores de saúde entre 2004e 2009. “Quando analisamos a mortalidade de crianças por causas relacionadas à pobreza, o impacto é ainda maior. As mortes por diarreia caíram 46% e os óbitos por desnutrição, 58%.”
O efeito decorre da segurança alimentar. mas também das condicional idades impostas pelo programa. Para receber o benefício, é preciso manter o calendário de vacinação das crianças em dia. As gestantes são obrigadas a fazer o pré-natal em hospitais da rede pública. EmMinador do Negrão, onde a desnutrição e a mortalidade infantil sempre tiveram taxas epidê-miças, nenhu ma criança morreu por três anos consecutivos. “Não há como negar a melhora das condições de saúde da população”, afirma Nielly Ferro, enfermeira de um posto de saúde na zona rural.

Os impactos na economia local são perceptíveis. Até oinício do ano, 290 mil beneficiários tornaram-se empreendedores. É o caso de Cícera Sofia. Após sete anus de benefícios, ela fez questão de cortar o cartão magnético usado para sacar o benefício com uma tesoura. “Não queria cair em tentação de gastar um dinheiro que não tenho mais direito”, explica, calmamente, ao repetir o gesto dramático no balcão da loja. Ao prosperar com a venda de bijuterias de porta em porta, ela decidiu desligar-se do Bolsa Família. “O programa injetou vida na economia. 
A maioria dos meus clientes é de beneficiários”, afirma. Dois de seus filhos cursam u ensino superior.
As relações trabalhistas também sofreram profundas mudanças. Segundo uma pesquisa do International Food Folicy Research Institute, o programa contribuiu para a diminuição do trabalho infantil em todos os grupos etários entre 2005 e2009. No campo, os frutos são colhidos até por adultos. “Antes, os agricultores eram praticamente escravos nas fazendas, o patrão pagava o que queria”, afirma o secretário municipal de Assistência Social, Gileno Calixto. “Agora, os lavradores exigem melhores salários. Não por acaso, os fazendeiros odeiam o Bolsa Família.”
Cleiton Pereira frequenta a faculdade
Órfão de pai antes de completar 1 ano, Cleiton Pe-reira encarou uma vida de privações. Sem perspectiva de trabalho na região, a mãe migrou para São Paulo, onde trabalhou como doméstica. 0 pouco que ganhava mandava para os filhos, sob os cuidados dos avos, A sorte mudou em 2003, quando a família foi cadastrada no programa federal. “O valor do benefício, para quem não tem nada, é uma fortuna”, avalia Pereira, que se desligou em 20.10. Aos 28 anos, ele é gestor do programa no município e frequenta a Faculdade de História.
0 governo sempre teve a expectativa de reduzir a evasão escolar com o programa, mas surpreendeu-se com as pesquisas que revelam a melhora 110 desempenho dos alunos. Dois anos atrás, 7,2% dos estudantes cadastrados abandonaram os estudos, taxa bem inferior à média nacional: 10,8%. No Nordeste, uma das regiões mais beneficiadas, a taxa de aprovação no ensino médio também é superior (82,7% ante 74,3%).

Desde 2009, a comprovação da frequência escolaré condição obrigatória para a família receber o benefício. “O Boi sa afeta diretamente fatores que interferem no aprendizado, como a frequência e a possibilidade de envolvimento com o trabalho infantil”, explica Armando Simões, autor de uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Sussex em 2012. Ele conclui que o tempo de participação no programa, associado ao valor per capita pago às famílias, contribui para a melhora dos resultados escolares.
Ao garantir autonomia financeira às mulheres, o programa também permitiu a muitas se livrarem de casamentos difíceis, com maridos alcoólatras ou violentos. O fenômeno foi bem captado nos depoimentos coletados pela socióloga Walquíria Leão Rego, que entrevistou centenas de beneficiárias em regiões pobres. A pesquisa culminou no livro Vozes do Bolsa Família, escrito em parceria com Alessandro Pinzani, da Universidade Federal de Santa Catarina. “Ao possibilitar o planejamento sobre a própria vida, as mulheres ganharam mais autonomia”, explica.
Segundo a socióloga, a maioria dos países desenvolvidos tem programas de transferência de renda. Na Suécia, por exemplo, a política começou nos anos 1930. Nos EUA, a primeira versão da Assistência Nutricional Suplementar, conhecido popularmente como Food Stamp, é de 1939. Atualmente, 47 milhões de norte-americanos recebem o auxílio. “As políticas sociais sempre serão criticadas, sobret udo pela grande mídia, independentemente do partido que colocá-las em prática”, opina.
Em setembro, o economista Paul Krugman viu-se obrigado a defender nas páginas do diário The New York Times o FoodStamp, alvo de uma ferrenha campanha contra ria liderada pelos conservadores. O deputado republica no Paul Ryan, presidente do Comitê Orçamentário da Câmara, chegou a declarar que uma assistência alimentar “convence pessoas capazes de trabalhar a levarem vidas de dependência ecomplacência”, E uma versão ianque do argumento tupiniquim do “bolsa-vagabundo”.
Nobel de Economia, Krugman não teve dificuldade para rebater o argu mento falacioso, Lembrou que quase dois terços dos beneficiários são idosos, crianças ou deficientes. Além disso, várias pesquisas concluem que as crianças beneficiadas nos anos 1960 e 1970 tornaram-se adultos mais produtivos e saudáveis do que àqueles excluídos do programa. “Até mesmo alguns dos sabichões conservadores sabem que a guerra contra a assistência alimentar prejudicará o Partido Republicano, porque faz com que os republicanos pareçam mesquinhos e determinados a promover uma guerra de classes.”
No interior de Alagoas, o retrato da formatura no ensino fundamental de Ana Carla Justino, de 15 anos, ocupa local de destaque na parede da sala. Filha de agricultores, seus pais tiveram de abandonar os estudos para trabalhar na roça. Os 170 reais do benefício ajudaram a família a atravessar a pior fase da seca, a pagar o tratamento de asma de u m dos irmãos e a mantê-la na escola. “Já pensou a filha de um agricultor ser alguém importante?”, pergunta, orgulhoso, Carlos. Soares da Silva, pai da adolescente que pretende ser médica,
*Colaborou Rodrigo Martins
Revista Carta Capital