quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

HUMBERTO DE CAMPOS: DIÁRIO SECRETO (1886- 1934)

Em suas memórias Humberto de Campos (1886-1934), considerado um dos mais populares escritores brasileiros, registra uma visita que fez ao Edmundo Bittencourt, na ocasião este comenta que o recém-empossado Getulio Vargas deixasse as “cerimônias” e taxasse com “uma série de contribuições pesadas sobre todas as grandes fortunas deste país... Porque a verdade é que todas as grandes fortunas do Brasil foram feitas à custa do Tesouro...” e sai enumerando as grandes fortunas da época: a dos Guinle, a do Modesto Leal, do presidente Campos Sales e como se formaram...
Humberto de Campos também comenta “que sátiras anônimas, algumas impiedosas, visando a situação política. A propósito do assalto a todos os cargos rendosos por indivíduos procedentes do Rio Grande do Sul”.
Moral da história: mudou alguma coisa? Ou é a mesma história, apenas mudou os personagens.
Outra coisa interessante no Diário Secreto é uma narração de um “gaúcho residente no Rio de Janeiro resolveu visitar a sua terra... Ali chegando, comprou um bilhete de loteria do Natal” e ganha uma bolada fabulosa. “No auge da alegria correu a receber o prêmio, mas foi entrando de bar em bar, e bebendo de tudo”. Bêbado, o sortudo saiu jogando dinheiro fora “lançando-as ao vento à direita e à esquerda, ou dando pontapés nos pacotes como se fossem pedras da rua”. No outro dia ao ser servido o café no quarto, chega o funcionário do hotel com o “bule, o açucareiro, a xícara e o pão; e, com estes, um grande embrulho, descuidadamente amarrado”. O embrulho era o dinheiro.
Abismado, o sortudo indaga se lá não havia ladrões por lá e ouve como resposta que não: “foi tudo para o Rio de Janeiro...
Moral da história: mudou alguma coisa? Infelizmente não, a diferença é que não estão mais no Rio, agora Brasília.